Sempre se soube que a leitura exerce um papel assaz importante no desenvolvimento intelectual e cultural do indivíduo. Porém, muitas vezes, essa afirmação soava como “papo de professor para convencer os educandos a ler”.
Felizmente, hoje a Neurociência desmistifica essa idéia e prova de modo inquestionável que as vantagens do ato de ler transcendem e muito o desenvolvimento do intelecto e a ampliação da bagagem cultural, o que já seria o bastante para que todos se sentissem motivados a ler.
Segundo essa Ciência, a leitura é imprescindível porque ela ativa e estimula algumas áreas do cérebro que nenhuma outra atividade consegue.
Ademais, segundo especialistas dessa área, para o leitor assíduo, há outro benefício impagável: tem muito menos probabilidade de desenvolver Mal de Alzheimer. Alguns deles afirmam que são apenas 10% de chance contrapondo-se aos 90% do não-leitor.
Meu querido, os benefícios mencionados acima devem motivá-lo, deixá-lo entusiasmado o suficiente para que você desenvolva o hábito da leitura. No entanto, a você que é cristão e quer desfrutar das dádivas do Criador, ser cabeça, estar por cima e não por baixo, quero deixar uma palavra especial.
Como educador há muitos anos e, sobretudo, como servo do Altíssimo, tenho observado algo que não é novo, mas que é extremamente importante você saber ou recordar: as pessoas que lêem com regularidade possuem uma competência lingüística muito maior do que os não-leitores, isto é, sabem falar, escrever e interpretar textos. Por exemplo: um aluno que chega às minhas mãos no projeto denominado Educação de Jovens e Adultos (Eja), também conhecido como “Supletivo”, que lê com freqüência, mesmo que tenha ficado bastante tempo sem freqüentar a escola, tem muito mais facilidade de assimilar os conteúdos, de se expressar oralmente ou através da escrita que outro que ficou menos tempo afastado da escola mas não lê com constância.
Outra observação que almejo fazer é que o leitor possui um vocabulário bem mais rico que os demais, ou seja, usa termos que transcendem os limites da mesmice do cotidiano, sabe diferenciar contextos (situações de comunicação) que permitem usar a linguagem coloquial (informal) daqueles que são formais e, por conseguinte, requerem o uso da norma culta (padrão). Logo, sabem entrar e sair de cabeça erguida de quaisquer lugares e/ou situações, sem pagar “micos”.
Isso parece simples ou, para muitos, até mesmo desnecessário falar, contudo não é. Primeiro, porque o mundo desenvolvido e globalizado em que vivemos valoriza o conhecimento, a formação escolar além do que inúmeras pessoas, inclusive servos de Deus, imaginam. Dentre esses requisitos basilares está a competência lingüística, isto é, a capacidade de comunicar-se bem oralmente e por escrito. Em segundo lugar, é uma maneira de valorizar-se como pessoa e como profissional.
Cabe nesse ponto mencionar que trabalhei cerca de um ano e meio com treinamento e encaminhamento de adolescentes-aprendizes para o mercado de trabalho e comumente muitos deles eram reprovados nos testes escritos e nas entrevistas justamente porque não dominavam a norma padrão da língua.
Muitos educadores e profissionais das mais diversas áreas consideram preconceito e discriminação considerar desqualificado para o mercado de trabalho quem não possui tal requisito. No entanto, se você parar um pouco para refletir sobre isso, concluirá, primeiro, que é impossível remar contra a correnteza. Se o mercado exige determinadas competências e habilidades, não adianta alguém querer ser diferente, fazer o oposto. Em segundo lugar, caso fosse um empresário, certamente você também daria preferência a candidatos mais bem qualificados às vagas oferecidas.
LEITURA DO LIVRO DE DEUS
Apesar de saber do valor inestimável dessa prática, lamentavelmente inúmeros cristãos afirmam categoricamente que não gostam de ler, que não têm paciência para isso, que ficam com sono e não conseguem se concentrar e blá-blá-blá…
Muito me entristece e preocupa essa argumentação porque quem faz essa declaração geralmente não lê um livro, um gibi, uma revista, um jornal, uma bula de remédio, um poema e… também não lê a Bíblia. Contentam-se em ouvir o pastor ou qualquer outra pessoa lendo um trecho das Escrituras nas reuniões em que se faz presente (talvez, só aos sábados e aos domingos), pois consideram ser o bastante.
Será que tais pessoas contentam-se em ir a um restaurante e ficar observando quem está saboreando um apetitoso prato ou em sentar-se à mesa e “degustar” somente o delicioso aroma dos pratos que os chefes de cozinha fizeram ou estão fazendo? Ou: será que considerariam “o bastante” alimentar o corpo físico apenas aos sábados e domingos e de segunda à sexta ficarem em jejum?
Suponho que não. Estou certo de que se fosse feita uma “proposta indecente” dessa, quase 100% das pessoas recusariam por saberem que não suportariam passar cinco dias consecutivos a cada semana sem ingerir alimento.
Concordo com elas. A não ser por se tratar de uma abstinência para consagrar-se ao Senhor e ter maior comunhão com Ele, não é adequado, uma vez que o indivíduo pode sofrer bastantes prejuízos, como perder a resistência e tornar-se suscetível a diversas doenças e até morrer em conseqüência delas.
Aplicando esse mesmo raciocínio à vida espiritual, verificaremos que não se alimentar da Palavra de Deus com regularidade também traz como resultado a desnutrição, a inanição, que, fatalmente, levará a pessoa à morte espiritual, ou seja, pode ficar tão fraco, que será alvo fácil do maligno e perder o foco e conseqüentemente, afastar-se dos caminhos do Senhor.
As Escrituras Sagradas estão repletas de textos que falam da leitura Palavra e meditação. Especialmente no livro dos Salmos, vemos Davi repetidamente mencionando que lia e meditava diuturnamente sobre os mandamentos do Senhor. Vemos, por exemplo, no salmo 119:99,100, o rei declarando ser mais sábio do que seus mestres e que os mais velhos porque meditava constantemente sobre os mandamentos do Senhor.
Salomão também falou insistentemente a respeito da importância da leitura, meditação e da necessidade de pedir inteligência, entendimento, conhecimento e sabedoria a Deus. Basta ler os capítulos 2, 4,8 e 9 que o veremos insistindo sobre isso.
No capítulo 4:7, por exemplo, lemos que a sabedoria é a coisa principal. E como adquiri-la? Ele mesmo menciona em diversos textos que é através da leitura.
Se pensarmos em Jesus e nos transportarmos para o deserto quando ele estava sendo tentado ou nas situações em que os fariseus ou os saduceus queriam questioná-lo ou pegá-lo em contradição, vemo-lo derrotando o maligno ou calando a boca daqueles hipócritas usando uma arma poderosíssima, tanto para ataque quanto para defesa, chamada Espada do Espírito – a Palavra de Deus (6:17).
Se tantos homens de Deus fizeram questão de deixar registrada a eficácia da leitura e da meditação e o próprio Cristo também fez questão de trabalhar esse tema e hoje a Ciência corrobora tudo o que a Palavra diz sobre isso, sem sombra de dúvida nós precisamos levar essas informações em consideração e mais que isso: passar a colocá-las em prática.
Um grande exemplo para todos os que querem refletir mais a respeito do valor da leitura, especialmente pastores e líderes em geral, é John Wesley, que viveu no século XVIII e é o fundador da Igreja Metodista. Mesmo sem ter os recursos da Ciência que temos hoje à sua disposição, veja Mateo Lelièvre registra no livro biográfico desse grande homem de Deus, cujo título é João Wesley – Sua Vida e Obra, publicada no Brasil pela Editora Vida:
“Embora considerasse a vida religiosa de seus cooperadores uma condição essencial, nunca descuidava da cultura intelectual deles. Desde as primeiras conferências estabeleceu um plano de estudos e leituras sistemáticas, e nunca deixou de estimulá-los no trabalho; recomendava-lhes que se levantassem às quatro da manhã, conforme ele mesmo fazia, para que tivessem tempo de estudar sem descuidar de suas obrigações pastorais.
Na Conferência de 1766, Wesley teve uma conversa muito séria com seus pregadores a respeito desse assunto, e a parte essencial dela foi consignada em ata:
‘Por que não possuímos conhecimentos mais amplos? Porque estamos ociosos. Esquecemo-nos da primeira regra: Sejam diligentes, não permaneçam ociosos um só memento. Nunca se ocupem com coisas supérfluas. Nunca desperdicem tempo, nem fiquem mais do que o absolutamente necessário num lugar. Temo muito que haja deficiências nesse particular, e poucos entre nós estejam livres de ter infringido a regra. Quantos de vocês empregam tantas horas por dia na obra de Deus quantas utilizam antes na obra dos homens? Conversamos e conversamos, ou lemos história, ou realizamos a primeira coisa que nos ocorre fazer. É nosso dever, e dever imprescindível, corrigir esse mal, ou nos retirar completamente deste ministério.
Mas como conseguir isso? Empregar a manhã inteira, ou pelo menos cinco de cada vinte e quatro horas, na leitura dos livros mais úteis, o que se deve fazer com constância e regularidade. Mas eu leio somente a Bíblia. Nesse caso, devem ensinar os outros a lerem somente a Bíblia, pela mesma razão e a não escutar mais do que a Bíblia. Mas, se assim fosse o caso, não necessitariam de pregar. Jorge Bell dizia assim; e quais foram os frutos? Pois agora nem Lê a Bíblia, nem faz qualquer outra coisa. Isso é fanatismo consumado. Se vocês não precisam de outro livro senão a Bíblia, já superaram o apóstolo Paulo. Ele necessitava de outras leituras. Mas não gosto da leitura. Adquiram esse hábito mediante a prática, ou voltem à sua ocupação original. Mas cada pessoa tem seu gosto especial. Portanto, uns lêem mais do que outros; mas ninguém deve ler menos do que estes. Mas não tenho livros. Eu darei a cada um de vocês, à medida que os forem lendo, os livros necessários até o valor de cinco libras, e quero, ainda, que os cooperadores zelem para que todas as numerosas sociedades montem uma biblioteca cristã para o uso de seus pregadores.’
Não é absolutamente fantástico o que diz esse grande homem de Deus?
Quando li esse trecho da biografia dele, fiquei boquiaberto e encantado com sua sabedoria e visão sobre a importância da leitura, principalmente porque ele o disse em 1766, uma época em que a maioria valorizava somente a força física, não dispunha de tantos livros e/ou recursos financeiros e a Ciência, tenho por certo, não sabia quase nada sobre o valor do ler no desenvolvimento intelectual de um indivíduo.
Uma pessoa assim sem dúvida é digna do nosso respeito, admiração e, sobretudo, de que a imitemos – evidentemente não como um “ídolo” – mas pelo mesmo motivo que o escritor da carta aos hebreus disse: “Para que não vos façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé herdam as promessas.” E também: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para sua maneira de viver.” (Hb 6:12; 13:7).
Por tudo isso, não poderia deixar de mui respeitosamente usar as palavras desse mestre, em forma de pergunta, para que todos nós refletíssemos seriamente sobre ela e alçássemos nossa voz em oração ao Senhor, com o intuito de adquirirmos inteligência espiritual suficiente para entendermos a profundidade do que Wesley disse. Eis a pergunta: “Já superamos o apóstolo Paulo?”.
Se com todas as limitações existentes naquela época, esse Homem de Deus (com letra maiúscula mesmo) exortou, motivou e dispôs-se a investir recursos financeiros para que seus pastores se tornassem leitores, hoje, com tudo o que temos à nossa disposição, com as facilidades e quantidade de material publicado, porventura deveria ser diferente ou considerado menos relevante?
Por considerar extremamente relevante e coerente com o que está sendo dito, quero acrescentar ao que foi exposto nesse texto o resultado de uma pesquisa feita pelo psicólogo Carlos Brito, da Universidade de Pernambuco, em parceria com suas alunas Karlise Maranhão Lucena e Bruna Roberta Pires Meira sobre a importância da leitura de contos de fadas.
Segundo ele, essa pesquisa concluiu que a leitura desse gênero textual estimula a imaginação e ainda pode nos afastar da violência, uma vez que quem costuma ler contos infantis dá menos atenção aos jogos eletrônicos e ainda assumem uma postura crítica em relação a eles, solta a imaginação com mais facilidade e, como lê e ouve mais histórias, tem respostas na ponta da língua sobre vários assuntos.
Ao conversarem com os estudantes, os pesquisadores também observaram que os que gostam de contos de fadas se expressam com mais facilidade que os outros. Conforme concluiu Carlos Brito: “O contato com os livros de literatura infantil, sobretudo os de contos de fadas, permite às crianças falar, ler e se expressar de maneira harmoniosa. Além disso, elas são capazes de analisar e desenvolver certos assuntos com mais facilidade” (Disponível em:http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/3830).
Confesso que ao ler esse texto não pude resistir à tentação de mencioná-lo aqui, a fim de que você, querido leitor, possa refletir sobre o papel fundamental da leitura. Apesar de contos de fadas fazerem parte da literatura infantil, o mesmo princípio básico pode ser aplicado a outros gêneros textuais e a qualquer faixa etária do leitor.
Embora essa constatação e argumentação já fossem suficientes para me sentir impelido a enxertá-las aqui, há outro motivo especial que me impeliu a trazer ao seu conhecimento o resultado dessa pesquisa: a extrema importância da leitura das histórias bíblicas para nossos filhos. Ora, se contos de fadas trazem resultados tão benéficos às nossas crianças, acaso as histórias da Bíblia sobre Deus e sua ação através de grandes homens que tiveram a sabedoria e humildade para se colocarem à disposição do Senhor para cumprir os propósitos Dele não surtirão efeitos infinitamente mais positivos ainda? Será que, em especial, as parábolas de Jesus – inspiradas pelo Espírito Santo – não tornarão nossas crianças com muito mais habilidade e competência lingüística do que estórias que nasceram simplesmente da imaginação humana limitada e falível, suscetível a influências malignas? E mesmo para nós, adultos, porventura o Livro de Deus não trará incalculável desenvolvimento em todas as áreas da nossa vida, sobretudo na espiritual, intelectual e lingüística?
Objetivando encorajá-lo e ajudá-lo a desenvolver esse hábito, caso você ainda não seja um leitor assíduo (pois está lendo esse livro), quero deixar mais um comentário que considero de muito valor: Há muitos saberes que não adquirimos nos bancos das universidades, ainda que venhamos freqüentar as melhores do mundo. Só os temos à disposição nas mais diversas obras publicadas sobre algum tema em questão. E mais: com o privilégio de consultar à hora que precisarmos. Ademais, quero deixar algumas dicas que considero importantes, já que a experiência de quase três décadas como “papa-livros” e duas como professor. São elas:
1ª. É preciso administrar sabiamente o tempo. Muitos dizem que não têm tempo, o que não é verdade. Todos têm. Basta gerenciar adequadamente e verá que há sim: no ônibus, trem ou metrô a caminho do trabalho; após as refeições na empresa; na fila do banco; antes de dormir; na sala de aula (depois de fazer as atividades propostas pelo professor).
2ª. Para desenvolver o hábito de ler, comece com cinco ou dez minutos diários no máximo. Muita gente, que nunca leu, de uma hora para outra resolve ler. Então pega um livro de quinhentas páginas e começa a leitura. É evidente que vai odiar, cansar-se, ficar sonolento e… jogá-lo fora.
3ª. Comece com textos curtos e que sejam de seu interesse. Caso goste de ler a Bíblia, comece pelos salmos ou pelos evangelhos
(o de João, por exemplo). Somente depois que estiver mais familiarizado com os pequenos é que você pode ou deve ler mais longos ou livros.
4ª. Procure iniciar o desenvolvimento do hábito da leitura lendo textos escritos com linguagem mais acessível, de fácil compreensão. Se começar por textos muito difíceis e não estiver entendendo, certamente perderá o prazer de ler.
5ª. Evite ler deitado, pois, se você for bom de sono, sem que perceba, começará a “viajar”, não aproveitará nada do que leu e fatalmente dormirá.
6ª. Caso considere fundamental ler, mas mesmo assim não tenha paciência, encare como uma tarefa como qualquer outra que precisa cumprir. Lembre-se de que quase todos os remédios são ruins ao paladar, porém produzem efeitos benéficos ao paciente.
Para terminar, quero assegurar-lhe que, se encarar como um “gigante” a ser vencido, você certamente será vitorioso e em um ano, no máximo, estará lendo com muito mais desenvoltura, estará bem mais sábio, com um vocabulário enriquecido, terá mais competência lingüística e começará a ler por prazer (se é que já não estava). E, finalmente, descobrirá que valeu a pena.
Hozania
21/07/2017 at 17:39
Boa tarde!
Amei o texto, nunca interessei muito por leitura. Más depois dessa tenho certeza que vou começar a ler. Um forte abraço
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Hozania
21/07/2017 at 17:25
Hozania
Amei o texto, nunca interessei muito por leitura. Más depois dessa tenho certeza que vou começar a ler. Um forte abraço
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maria botelho
27/05/2011 at 13:10
bom dia, estou muito agradecida primeiramente a Des e depois ao senhor que deixou essa mensagem de insentivo a leitura eu particulamento não gosto de ler, atualmente estou fazendo um curso de serviço social a distância e estou tendo muita dificuldade pois é muta leitura e estou muito preoculpada pois já tenho duas notas baixas, só é textos, estou a ponto de dexistir mais depois destas palavras maravilhosas decidir estudar e tentar novamente no curso já pedir a Deus sabedoria, mas como posso te-la se eu não leio . muito obrigada quando poder mande mensagens eu preciso muito.
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ALE
06/10/2009 at 18:44
Adorei o texto, estava procurando sobre o assunto, pois quero entender porque não consigo mais fazer leituras e principalmente com relação a minha necessidade, já que estou tentando uma bolsa de mestrado e não consigo ler sobre o tema da prova.
Vou tentar aplicar aqueles 06 pontos.
Grande Abraço!
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Verbenea
12/05/2009 at 17:46
Amei todo o conteudo…tou fazendo minha monografia sobre ´´Leitura´´ não quer me enviar algo legal sobre leitura?
abraço
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