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O ladrão da praia

02 jan

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Recentemente, eu e minha família estávamos na praia. Era uma bela manhã de sábado e, como voltaríamos para casa no início da tarde, resolvemos aproveitar os últimos momentos ali. Meu filho mais velho não queria ir. Queria que eu fizesse logo o check out, mas decidimos ir mesmo assim. E fomos.

Quando lá chegamos, havia poucas pessoas; por isso, sentimo-nos mais à vontade e confiantes para deixar nossos pertences embaixo do nosso guarda-sol para brincarmos.

Nosso primogênito não quis entrar na água e ficou sob a sombra junto com nossa bolsa. Porém, depois da insistência da mãe, resolveu brincar na areia. Para isso, afastou-se um pouco, deixando nossos pertences à mercê de quem por ali passasse. (Não quero que pense, no entanto, que estou atribuindo a ele ou a ela a culpa pelo roubo.)

Em dado momento, algumas pessoas que haviam montado uma barraca próxima dos nossos objetos, comunica minha esposa que tínhamos sido roubados. Alguém havia percebido nosso descuido e levou algumas coisas de relativo valor financeiro.

No entanto, o que mais nos chateou foi o fato de ter levado nossa câmera fotográfica onde estava o registro de todos os lugares e momentos vividos pela família. Portanto, tinha um valor sentimental e emocional que jamais será recuperado, pois, ainda que voltássemos aos mesmos lugares, a emoção e a percepção das coisas, os sentimentos e até as pessoas não seriam mais os mesmos.

Talvez, neste momento, você esteja se perguntando: “O que eu tenho a ver com isso?”.

Já lhe digo. De todas as situações vividas, sejam elas boas ou más, podemos extrair lições, que nos farão mais experientes. Dessa não foi diferente. Passei a refletir sobre isso e comparar com o que ocorre quando achamos que podemos ficar à vontade, que tudo está tranquilo, que nada de mal vai nos acontecer e permitimos que o maior ladrão deste mundo (satanás – com letra minúscula mesmo, que é para ele não se sentir importante) nos roube. O quê? A paz, a alegria, a felicidade, a salvação eterna e muitas outras coisas que nos são preciosas.

Como creio ter sido o Espírito Santo que me fez extrair algo de bom dessa experiência, quero compartilhar com você de forma detalhada como esse roubo foi possível. Vamos lá?

Primeiramente, não tive ouvidos para ouvir aquilo que o meu filho estava falando. Ao contrário, até fiquei meio irritado com ele porque não queria aproveitar aqueles momentos com a família. Da mesma maneira acontece em nossa vida espiritual: muitas vezes, não temos ouvidos para ouvir/acatar o que o Espírito Santo está nos dizendo, seja através das Escrituras, de um irmão, de um acontecimento ou por meio da nossa consciência. Não entendemos sua voz mesmo quando fala conosco de modo audível. Esquecemo-nos de que o Senhor nos diz várias vezes “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito {Santo} diz às igrejas” (Apocalipse 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22; Mt 11:15).

Em segundo lugar, confiamos demais que não aconteceria nada, que estávamos seguros. E isso nos tornou extremamente vulneráveis. Acaso não é assim também em relação à nossa vida espiritual?

Confiar demais em nós mesmos, em outros ou supor que o ladrão da nossa alma não está nem aí conosco deixa o caminho aberto para a ação do roubador. Certamente, é por esse motivo que o Espírito Santo inspirou Pedro a escrever: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (I Pedro 5:8). Veja o Mesmo texto na Nova Versão Internacional: “Estejam alerta e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar”.

Penso ser também por essa razão que o Senhor nos diz em Jeremias 17:5,7,9: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! (…) Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. (…) Enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e perverso: quem o conhecerá?”.

Entendo que  esse confiar aqui quer dizer confiar cegamente ou depositar toda a sua confiança. Isso porque tanto o meu coração quanto o seu são imperfeitos, limitados, influenciáveis e influenciados por nossa natureza pecaminosa e pode nos trair a qualquer momento. Por outro lado, formando uma antítese, Deus assegura que é bendito quem confia Nele e espera Nele, ou seja, tem a felicidade celestial, a felicidade verdadeira. Aleluia! Graças a Deus!

Em terceiro lugar, assim como não conseguimos recuperar os pertences roubados, aquilo que deixamos ou deixarmos o maligno retirar de nós dificilmente teremos de volta. Isso  só será possível se a pessoa se  voltar para Deus de corpo, alma e espírito, já que apenas Ele tem o poder de restituir aquilo que foi subtraído dela. Sejam bens materiais, a paz, a alegria, a motivação, a felicidade, a salvação eterna ou quaisquer outros pertences que lhe são valiosos (Ler Isaías 65:21 ao 24).

Em quarto lugar, quero dizer-lhe que mesmo que tivéssemos procurado ajuda de pessoas comuns ou mesmo da polícia, dificilmente obteríamos de volta o produto do roubo. De igual modo, quando o adversário da nossa alma retira algo de nós, é quase impossível alguém nos oferecer ajuda totalmente eficaz. Por mais que se esforce, o ser humano é limitado e, em consequência disso, seu auxílio também o é. Logo, precisamos lembrar que “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Salmo 46:1).

Em quinto lugar, quero dizer que até hoje sinto falta daquilo que nos  subtraíram, especialmente das fotos e gravações arquivadas na câmera. Porém, tivemos que seguir em frente e adquirir outros novamente.

Assim também se faz necessário quando o maligno rouba-nos alguma coisa: mesmo que sintamos falta daquilo e que nos revoltemos, precisamos tocar o barco para frente, como diz o bom e velho ditado e seguir a orientação dada pelo escritor da Epístola aos Hebreus, que diz: “… corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé…” ou como está escrito na Nova Versão Internacional: “… corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé…” (Hebreus 12:1b e 2a).

Vale lembrar que na maioria das vezes não é fácil seguir sem olhar para trás, todavia faz-se necessário acatarmos o ensinamento do apóstolo Paulo, que diz: “… mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus…” (Filipenses 3:13b e 14).

Agir dessa maneira é realmente preciso, a fim de não ficarmos travados e, desse modo, deixemos de viver o novo de Deus. Para exemplificar, hoje temos uma câmera melhor. Também em relação ao que o adversário da nossa alma surrupiou, Deus pode e quer nos dar algo melhor e, assim, “a glória desta última casa será maior que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, declara o Senhor dos Exércitos” (Ageu 2:9). Em outras palavras: se nos voltarmos para o Senhor, ele dará algo superior àquilo que o maligno levou de nós.

Em sexto lugar, sinto necessidade de dizer que jamais podemos subestimar o adversário. Para entendermos melhor, quero convidá-lo a pensar nos esportes. Quantas vezes você já viu um time ou uma seleção com jogadores mais experientes e habilidosos perderem para outros menos gabaritados?

A penúltima luta do maior lutador de MMA do mundo, o brasileiro supercampeão Anderson Silva, também parece ser muito esclarecedora sobre a assertiva acima. Ainda que ele afirme que não subestimou seu oponente Chris Weidman, as imagens parecem revelar que sim, e isso lhe custou o título de campeão mundial. Por essa razão, sempre digo ao meu filho mais velho que jamais devemos subestimar alguém, pois podemos ser surpreendidos e sofrer uma grande derrota.

Agora, neste domingo, 29/12/2013, ele tentou recuperar o cinturão, mas sofreu uma grave lesão, a qual o deixará fora dos ringues por mais de seis meses e talvez nem consiga mais lutar como antes ou não terá o mesmo respeito dos adversários que vierem a desafiá-lo como teve ao longo de sua carreira.

Nessa mesma linha de raciocínio, não posso deixar de mencionar  a história de Sansão, a qual está registrada no livro de Juízes do capítulo 13 ao 16. Nela o vemos  subestimando os filisteus e também aquilo que Deus lhe dera: a força descomunal para defender o povo de Israel. Sua forma leviana de agir lhe trouxe grandes prejuízos e por fim para vingar a desonra sofrida derrubou as colunas do templo de Dagom matando seus adversários, porém, lamentavelmente, morreu junto com eles.

Evidentemente, vemos o nome de Sansão no rol dos heróis da fé em Hebreus 11:32, e isso por ter se arrependido e se reconciliado com o Altíssimo. Mas também vemos que suas atitudes impensadas geraram consequências terríveis. Logo, podemos concluir que devemos evitar tudo aquilo que é evitável, para que não tenhamos a necessidade de viver o que Deus não planejou para nós.

Para finalizar, quero deixar registradas novamente as palavras de Pedro: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”. Portanto, não podemos e não devemos agir como na história que ocorreu comigo e com minha família, para que não sejamos surpreendidos por aquele que veio para matar, roubar e destruir. Ao contrário, devemos ser não apenas pessoas inteligentes que aprendem com os próprios erros, mas sábios, pois estes aprendem com os erros dos outros.

 

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2 Respostas para “O ladrão da praia

  1. Novaes

    20/03/2014 at 11:32

    Bela história. Esta experiência permite uma reflexão sobre a forma que conduzimos a nossa vida espiritual, achamos que está tudo tranquilo, calmo. No entanto, Satanás não descansa um só instante.

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    • Marcos e Márcia Araújo

      13/04/2014 at 12:49

      Verdade, Novaes! Devemos estar atentos a todo instante.

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