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Bem-aventurados

01 maio

sermão A palavra de Deus é maravilhosa.  Nela, sempre encontramos o alimento certo, do qual nossa alma precisa em todas as situações pelas quais passamos e também para nossa condição espiritual e emocional do momento que estamos vivendo. Por essa razão, sempre que posso, gosto de compartilhá-la oralmente ou através da escrita.

Justamente por esse motivo, almejo compartilhar com você algumas reflexões sobre o Sermão da Montanha, o qual, como é de seu conhecimento, foi proferido por Jesus e também é chamado de “As bem-aventuranças”. Desejo fazê-lo porque nos últimos dias senti de colocar vários dos versículos desse sermão para a leitura dos meus alunos e tenho entendido que o Espírito Santo quer falar conosco através desse belíssimo texto. Então, eu o convido a refletir comigo a respeito de algumas verdades sobre ele e contidas nele.

A primeira delas é que estamos vivendo dias de grande crise de integridade em todos os níveis e segmentos da sociedade. Infelizmente, até mesmo entre o povo de Deus essa crise pode ser percebida, pois, muitos dos que se dizem cristãos têm se deixado corromper. E, quando se trata de pessoas que nunca tiveram temor ao Senhor, a degradação moral pode ser multiplicada bastantes vezes.

Para tais pessoas, o que mais importa é levar vantagem, mesmo que precise passar por cima de tudo e de todos e do modo mais inescrupuloso possível. Para esses indivíduos, os valores morais, espirituais e a ética nada significam, uma vez que sua data de validade está vencida há muito tempo. O pior é que a consciência deles já está cauterizada. Desse modo, nem percebem o mar de lama no qual estão naufragando: “Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência (I Timóteo 4:2).

A segunda verdade é que, para quem deseja viver uma vida dentro dos parâmetros estabelecidos por Deus, o Mestre dos mestres trouxe orientações que permitirão manter sua integridade mesmo vivendo nesse mundo tão corrupto e corruptor. Como estou certo de que você anseia por viver dignamente diante de Deus e da sociedade, convido-o a navegar pelas águas profundas desse ensino do Senhor, registra-do em Mateus 5: 1 ao 11.

Antes de começar a falar especificamente sobre cada bem-aventurança, creio ser importante registrar o significado bíblico da palavra bem-aventurado: feliz; que tem a felicidade celestial; que desfruta da graça (favor) de Deus ou ainda que está no céu.

No versículo 3, o Mestre diz: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Entendo que quando o Senhor declarou essa bem-aventurança, ele se referia às pessoas que têm um coração humilde. Basta lembrar que ele conhecia plenamente o ser humano e sabia do orgulho e da arrogância que habitavam o coração do homem da sua época, especialmente dos líderes religiosos, os quais faziam de tudo para se demonstrarem superiores e subestimaram até mesmo Cristo. Esqueceram-se de que “a humildade precede a honra” (Provérbios 15:33; 18:12).

Também hoje o homem não é diferente. É só olhar ao nosso redor que veremos indivíduos assim. A arrogância e o orgulho de tantos contemporâneos de Cristo  e dos nossos dias fizeram e ainda fazem descrer de Deus e supor que não têm necessidade de se arrependerem de seus pecados e de aceitarem Jesus como seu Senhor e Salvador pessoal. Também estes se acham superiores e acima do bem e do mal. Logo, segundo Cristo, estão fora do reino de Deus. A não ser que mudem de atitude, marcham a passos largos para a perdição eterna.

Na segunda bem-aventurança, o Senhor diz: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados” (v 4). Obviamente, esse choro pode estar relacionado ou ser consequência de muitas coisas, tais como: enfermidades, problemas familiares ou conjugais, desemprego e tantos outros que afligem o ser humano. Entretanto, penso que esse choro dito pelo Mestre trata especialmente do sofrimento por que passam aqueles que decidem assumir sua fé em Cristo. No entanto, por experiência própria, entendo que, independentemente da razão das lágrimas derramadas, o Senhor as enxuga e nos conforta. Quantas vezes já tive as minhas enxugadas pelo meu Senhor e Mestre! Nas horas mais horrendas e difíceis pelas quais passei, ali estava ele com sua toalha e com seu magnífico amor.

É bom lembrar que, enquanto vivemos neste mundo, todos nós estamos sujeitos a passar por situações nas quais o choro é inevitável. Entretanto, haverá um tempo em que não choraremos mais, pois o sofrimento será banido definitivamente da nossa vida. Veja o que diz Jesus em Apocalipse 21:4: “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque as primeiras coisas são passadas”.  Aleluia!!! E o melhor de tudo é que, neste tempo, estaremos diante do nosso Mestre e Senhor. Na terceira, ele declara: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (v 5).  No mundo atual, praticamente inexiste mansidão. Por qualquer motivo, até mesmo o mais tolo ou banal, as pessoas perdem o controle e, como se diz popularmente, “descem do salto”, fazem e falam absurdos, ferindo  aqueles com quem convivem, especialmente seus entes queridos. Muitos se arrependem amargamente depois; porém, ou já é tarde demais ou não há mais conserto para os estragos feitos. Logo, como é possível ser feliz de fato, se magoamos nosso próximo? Por isso, é preciso que desenvolvamos o domínio próprio e peçamos sabedoria a Deus para sabermos agir com equilíbrio e com equidade para com todos, sobretudo para com nossos familiares e amigos.

Além disso, penso que os mansos aos quais o Mestre se refere são, também, aqueles que professam sua fé com inteligência espiritual, sem se alterar quando questionados a respeito dos fundamentos dela ou quando são zombados ou discriminados em consequência dela. Talvez seja por esse motivo que em algumas versões bíblicas está escrito humildes. Aliás, de que adiantaria professar uma fé que não é seguida por frutos que a confirmam? Certamente é por isso que a Bíblia diz que a mansidão é um fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:22). Portanto, para ser manso de verdade ou humilde (nesse sentido), faz-se necessária a ação do Santo Espírito em nós. E, para tais pessoas, Jesus promete uma recompensa: herdarão a terra ou terá um lugar ao lado do Senhor.

No versículo 6, o Mestre declara: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”. No mundo atual, o que mais vemos é injustiça e pessoas injustas. Hoje, ser justo ou correto é assumir o risco de ser tachado como tolo. Para todo lado que olharmos, veremos a injustiça predominando. Quando se trata do meio político e empresarial então, a coisa fica feia. Mas, se olharmos para nós ou para aqueles com quem convivemos, ficaremos pasmos ao percebermos quantas vezes somos injustos nas pequenas coisas ou sofremos com a injustiça de indivíduos bem próximos de nós. Parece que ela passou a fazer parte da Constituição Federal. Porém, para quem almeja ser realmente bem-aventurado, é preciso estar atento a suas ações, a fim de que não proceda desse modo tão terrível. E, caso passemos a ter consciência de que pisamos na bola com alguém, devemos pedir perdão ao Senhor e à pessoa, caso seja possível. E, ainda quando houver condições, recompensá-la para que possamos gozar da felicidade proveniente da graça de Deus para conosco.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” – declara Jesus no versículo 7. Mas o que é ser misericordioso? Misericórdia é um sentimento de compaixão, despertado pela desgraça ou pela miséria alheia. A expressão misericórdia tem origem latina e é formada pela junção de miserere (ter compaixão), e cordis (coração). “Ter compaixão do coração” significa ter capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém, ser solidário com as pessoas ou perdoar as ofensas das quais se é vítima.

Observe que pela definição dessa palavra fica evidente ser algo essencial a todos nós. No entanto, não apenas para sermos beneficiados por ela. Há, no ser humano, uma forte tendência de querer que os outros lhe sejam misericordiosos. Porém, muitas vezes, essa mesma pessoa não tem um coração compassivo para com o seu próximo. E, lógico, não deve ser apenas venha a nós e, ao vosso reino, nada. Não foi assim que o Mestre ensinou e não deve ser esse nosso modo de proceder. Ao contrário: quando usamos de misericórdia para com outra pessoa, Deus usa dela para conosco também. Vale lembrar ainda que Jesus ensinou a não fazermos aos outros aquilo que não almejamos que façam a nós(Mt 7:12).

Já no versículo 8, o Senhor fala: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”. Penso que todo cristão anseia estar na presença de Deus, assim como o Pai deseja. Ele deixa isso bem claro desde a criação do homem, pois a Bíblia registra que na viração do dia ele vinha conversar com o primeiro casal. Depois, o Senhor mantém contato com seus filhos através dos profetas e posteriormente enviou seu Filho para reatar esse relacionamento, o qual fora interrompido por causa do pecado. Contudo, para que possamos ver o Pai, é preciso que nosso coração esteja limpo. Quando falamos em limpeza, entendemos essa palavra como “ausência de impurezas, máculas ou sujeira. Em se tratando do nosso coração, significa a necessidade de não haver em nós pecado. Mas… o que é pecado? É a presença de comportamentos, atitudes, sentimentos, pensamentos, ações, crenças, vícios, certos hábitos ou quaisquer outras práticas não aceitas por Deus, o qual é sabedor de que eles trazem consequências altamente prejudiciais a um indivíduo. Deus estabeleceu limites não por ser um carrasco ou um estraga-prazer. Ao contrário, ele sabe que aquilo que até produz satisfação momentânea a um filho seu, resultará em frustração, decepção, tristeza, depressão ou, em casos mais graves, em morte.

Para exemplificar, tomemos com referência a mágoa, o ressentimento ou o ódio. Segundo dizem alguns especialistas, guardar tais sentimentos no coração pode resultar no desenvolvimento de determinados tipos de câncer como, por exemplo, no fígado, no estômago ou no intestino. Sem contar que, como diz o ditado, esses sentimentos são um veneno que uma pessoa toma e quer que a outra morra. Além do que já foi dito, creio ser importante recordar o que o Senhor nos diz em Isaías 59:1 e 2: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir.  Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça”. Em outras palavras: somente pode entrar ou estar na presença do Pai aquele cujo coração está puro. Mas, como, se todos nós somos pecadores?

Para essa pergunta, o apóstolo João tem uma belíssima resposta: “… e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. (…) Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” (I João 1: 7b e 9). Perdoar os pecados e purificar de toda injustiça significa  purificar o coração, deixá-lo limpo e, consequentemente, apto ou digno de estar diante de Deus, uma vez que esse é o sonho dele, o qual foi mediado por Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor (João 3:16; 14 1 ao 2). Além desses, o Mestre declarou: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (V 9). Em outras versões, esse mesmo texto diz “os que promovem a paz”, “aqueles que buscam a paz” ou “trabalham pela paz”. Porém, quando olhamos ao nosso redor, vemos tantos países, famílias ou indivíduos fazendo exatamente o contrário disso, ou seja, promovendo a guerra, a desordem, a violência (física ou psicológica). Atraindo, desse modo, a desgraça, o medo, o ódio, a insegurança e tantos outros males. Como resultado, a infelicidade tem reinado neste mundo, em todos os níveis, aspectos e segmentos.

No entanto, o pior de tudo é que muitas famílias e casais têm vivido em pé de guerra. Esquecem, dessa maneira, que o projeto de vida para eles é a felicidade. Como sempre digo  à minha família, o mundo pode estar desabando lá fora, mas, se dentro da nossa casa houver paz, tudo se resolve. Por isso, nossa casa ou nosso lar devem ser um pedacinho do céu aqui na terra.  Portanto, é extremamente importante que cada um de nós seja um pacificador, um promotor da paz, alguém que busca a paz mesmo em meio à tempestade. Não podemos ser como aqueles que jogam gasolina no fogo; ao contrário, precisamos ser como o competente bombeiro, sabendo usar o extintor adequado para acabar com o incêndio. É fácil? Mil vezes, não. Porém, se pedirmos ajuda ao Espírito Santo, certamente ele nos ajudará a melhorar a cada dia (Romanos 8:26). E, assim, poderemos ser chamados de filhos de Deus.

Há, ainda, outras bem-aventuranças sobre as quais não falei para não me alongar muito. Entretanto, penso que se conseguirmos refletir sobre as aqui presentes e, acima de tudo, almejar ser um desses bem-aventurados, já estaremos no caminho certo e a caminho da verdadeira felicidade – aquele que provém da presença real de Deus em nós. Portanto, admoesto-o a não abrir mão desse presente tão maravilhoso do Pai para seus filhos: a bem-aventurança.

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1 comentário

Publicado por em 01/05/2015 em Estudos Bíblicos

 

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Uma resposta para “Bem-aventurados

  1. Miguel

    02/05/2015 at 01:41

    Enquanto caminhamos, aventurando-nos, facilmente podemos não perceber que os ventos que provém do mundo carregam nossa vela para mares bravios e à má conduta sob o timo ainda potencializa e certifica o naufrágio. Bem-aventurarmo-nos por estes mares significa acima de tudo, em breve resumo, ser lúcido em meio à esquizofrenia, em meio ao esquecimento imposto da Verdade. É sentirmo-nos filhos e como bons filhos, agirmos, exclusivamente, a todo instante de maneira obediente. Pois, sábio é o que ama a correção e a todos foi mandado:
    “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5:48).
    Agradeço por cada sentença por ti escrita Marcos.
    Professor, não podes medir o zelo e a estima que tenho por ti.
    De ti, como um canal, advieram muitas boas influências. Que nosso Pai nos acalente, e que nos confirme em sua Eternidade. Pois, mesmo que sejamos aves raras em meio à tantas e tantas galinhas e águias enganadas, se tornamo-nos vivificados pela Água que nos mata a sede, então somos a maioria e somos os que herdarão a presença nos novos céus e nova terra.
    Que façamo-nos merecedores. Assim seja.
    Miguel Lieira Neto.

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