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“Nem tudo que reluz é ouro”

Ló olhou demoradamente para as planícies férteis do vale do Jordão, na direção de Zoar. A região toda era bem irrigada, como o jardim do Senhor, ou como a terra do Egito.

“Ló olhou demoradamente para as planícies férteis do vale do Jordão, na direção de Zoar. A região toda era bem irrigada, como o jardim do Senhor, ou como a terra do Egito (Isso foi antes de o Senhor destruir Sodoma e Gomorra.).” (Gênesis 13:10)     

     Há um ditado popular que diz: “Nem tudo que reluz é ouro”. Penso que ele é, de fato, muito verdadeiro. Basta-nos buscar em nossa memória episódios nos quais fomos traídos por nossos olhos que os encontraremos. Eles se iludiram com a aparência de coisas e pessoas que, com a convivência ou com um conhecimento mais completo, mostraram-se muito diferentes daquilo que demonstravam ser. Muitas vezes, geraram prejuízos irreparáveis, não apenas financeiros, mas também em outras áreas, como a emocional.

     Na Bíblia, encontramos diversas histórias que ilustram muito bem a afirmação acima. Uma delas, por exemplo, começa a ser contada a partir do momento em que Deus fala com Abrão (o qual passou a ser chamado de Abraão) e lhe diz para sair da terra onde ele morava e do meio da parentela – Gênesis 12:1-3.

     Em Gênesis 12:5, lemos que Ló, seu sobrinho, também seguiu para o lugar ao qual o Senhor decidira levar Abraão e Sara para começar a escrever uma nova história com eles, iniciando um povo, o qual, posteriormente, passaria a se chamar Povo de Israel.

     Quando chegamos a Gênesis 13:2, 5 e 6, lemos o relato de que tio e sobrinho haviam prosperado muito e possuíam grandes rebanhos. Como consequência, careciam de muito espaço e pasto suficientes. Ao que tudo indica, tal necessidade levou os pastores dos dois homens a contenderem seriamente – Gênesis 13:7. 

     Como Abraão era um homem justo, sensato e sábio, chamou o sobrinho e fez o comentário a seguir: “Ora, não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos/parentes somos” – Gênesis 13:8.

     Ele sabia que conflitos frequentemente geram prejuízos. Por essa razão, devem ser evitados. Afinal, relacionamentos arranhados por discussões levam à perda da comunhão, da confiança e, inevitavelmente, ao distanciamento. 

     Prosseguindo, o tio disse ao sobrinho: “A região inteira está à sua disposição. Escolha a parte da terra que desejar e nos separaremos. Se você escolher as terras à esquerda, ficarei com as terras à direita. Se preferir as terras à direita, ficarei com as terras à esquerda” – Gênesis 13:9.

     Ei! Espere um pouco! Parece haver alguma coisa errada aqui! Quem foi chamado por Deus? Abraão. Quem era mais velho? Abraão. Quem tinha maior autoridade e direito naquela sociedade? Abraão. A quem Deus fizera as promessas? A Abraão.

     Ora, então era ele quem devia fazer a escolha primeiro! Mas parece que ele não foi justo consigo mesmo, com sua mulher, nem com seus empregados. Como pode isso? Será que ele havia perdido o bom senso?

     Observe que logo acima eu disse “parece”. Na realidade, apenas à primeira vista temos essa impressão, pois, com o desenrolar da história, perceberemos que a decisão tomada por Abraão foi muito sábia. Com ela, ele ensina-nos grandes lições, as quais certamente também podem livrar-nos de grandes perigos disfarçados de campinas verdejantes, com cara de Jardim do Éden ou de Paraíso.

     Um dos ensinamentos já vimos: “Nem tudo que reluz é ouro”. Ou seja: Nem tudo que aparenta ser valioso, verdadeiro ou importante, de fato o é. Pode ser apenas um laço ou uma armadilha que levará à ruína financeira, familiar, relacional, moral ou espiritual. E foi o que aconteceu com Ló e sua família, como veremos a seguir. 

     Como Abraão era um homem temente a Deus, tinha plena consciência de seu chamado e passara a conhecer de perto quem o chamara e lhe fizera promessas. Por isso, estava convicto de que a bênção não estava necessariamente naquela campina bem irrigada, a qual se parecia com o Jardim do Éden – Gênesis 13:10. Ela estava com o Senhor. Logo, em qualquer lugar que escolhesse habitar, seria abençoado e prosperaria, porque o Abençoador, estaria presente – Yahweh-shamah.  

     Evidentemente, muitas vezes Deus orienta uma pessoa a mudar de lugar, de emprego, de condição, de “amigos”, de hábitos, comportamentos, atitudes, conceitos e de muitas outras coisas. E, quando o Altíssimo dá diretrizes assim, é porque ele sabe o que não sabemos, vê o que não vemos e pode fazer por nós o que jamais poderemos sozinhos.

     No entanto, tais mudanças só trarão benefícios se vierem recheadas de obediência, humildade, temor ao Senhor e convicção de que ele se faz presente e cuidará para que suas promessas se cumpram à risca, pois “fiel é o que prometeu” e “vela por sua palavra para fazê-la se cumprir” – Hebreus 10:23; Jeremias 1:12.

     Foi tal certeza que fez com que Abraão não ficasse preso à tradição patriarcal e àquilo que seus olhos estavam vendo. Na verdade, ele descansou nos braços do Pai, sabendo que o Senhor cuidaria de todos os detalhes da sua vida e futuro. E cuidou!

     A partir de Gênesis 13:10 ao 13, começamos a entender que Ló realmente fora traído por seus próprios olhos: no lugar que escolheu para viver, estava Sodoma. Essa cidade, assim como Gomorra, era habitada por homens maus e grandes pecadores contra o Senhor – v 13. Mas, pelo que percebemos, isso Ló não enxergou a princípio, posto que seus olhos estavam ofuscados pelo fascínio das coisas materiais, possíveis lucros e poder.

     Conforme veremos nos próximos capítulos, Ló prosperou grandemente no que diz respeito a conquistas materiais. Também entendemos que ele se tornou uma pessoa importante e influente. Provavelmente um juiz, uma vez que o vemos sentado às portas da cidade (O processo geralmente era realizado nas portas da cidade: os juízes ficavam sentados, os litigantes ficavam de pé ) – Gênesis 19:1.

     Entretanto, apesar de ter prosperado e se tornado influente em Sodoma, como vemos nos capítulos 18 e 19 de Gênesis, teve grandes prejuízos, os quais só não foram maiores e piores ainda porque Abraão intercedeu por ele junto a Deus. Mesmo assim, quase entregou suas filhas para serem estupradas pelos homens daquele lugar. Além disso, sua mulher foi transformada numa estátua de sal, visto que desobedeceu a uma ordem expressa de Deus, numa clara demonstração de que o coração dela já estava preso àquele lugar, valores e costumes que ofendiam ao Senhor.

     Se isso não bastasse, na fuga, Ló não teve como levar os bens que conquistara. Aliás, só não foi destruído junto com a cidade porque seu tio intercedeu por eles junto a Deus, conforme já vimos. Assim, notamos claramente que todas as conquistas materiais e o status adquirido ao longo do tempo não valeram a pena, pois quase custaram sua vida e toda a sua família. 

     Por outro lado, com Abraão aconteceu algo indescritível. Após a escolha feita por Ló, o Senhor lhe disse: “De onde você está, olhe para o Norte, para o Sul, para o Leste e para o Oeste: Toda a terra que você está vendo darei a você e à sua descendência para sempre. Tornarei a sua descendência tão numerosa como o pó da terra. Se for possível contar o pó da terra, também se poderá contar a sua descendência. Percorra esta terra de alto a baixo, de um lado a outro, porque eu a darei a você. Então Abrão mudou seu acampamento e passou a viver próximo aos carvalhos de Manre, em Hebrom, onde construiu um altar dedicado ao Senhor” ─ Gênesis 13:14-18.

     Observe que Deus confirmou a promessa de abençoar Abraão e sua descendência. Em outras palavras: Assegurou que estaria com seu servo onde quer que ele estivesse. Isso significa que mesmo o sobrinho tendo escolhido o lugar que parecia ser o melhor aos olhos humanos, não importava. O melhor lugar do mundo é aquele em que o Senhor se faz presente. Inclusive há um cântico cristão que diz: “Em terra ou mar, seja onde for / É céu andar com meu Senhor” (Música Com Cristo é céu / Cantor cristão, 490).

      Hoje não é diferente. Muitas pessoas (e me incluo nisso) têm feito escolhas baseadas apenas em avaliações e conclusões pessoais, as quais resultam daquilo que os olhos veem e a mente limitada e falível considera bom. Por conseguinte, as colheitas geralmente ficam abaixo das expectativas ou geram apenas prejuízos.

     No entanto, se hoje ouvirmos a voz de Deus, e não endurecermos o nosso coração, certamente viveremos isto: “Se vocês estiverem dispostos a obedecer, comerão os melhores frutos desta terra…” ─ Isaías 1:19. E a História mostra que essa promessa se cumpriu à risca na vida de Abraão e na de seus descendentes, enquanto permaneceram dispostos a obedecer às Palavras do Senhor.

      Com você e comigo não é diferente. Em Malaquias 3:6, o Senhor disse a seu povo: “Porque eu, o Senhor, não mudo”. Obviamente, o contexto era outro, mas o princípio, ou seja, a base do entendimento ou raciocínio, é o mesmo. Logo, assim como o Altíssimo foi com Abraão e com tantos outros servos fiéis a ele ao longo da História, também há de ser conosco.  

      Certa feita, Jesus disse: Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão ─ Marcos 13:31. Portanto, aquilo que o Senhor prometeu há milhares de anos a quem lhe obedecesse continua e continuará valendo. Acredito que você mesmo tem experiências concretas da fidelidade de Deus em sua vida e família. Sendo assim: “… cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu Hebreus 10:22,23.

     Antes de concluir este artigo, sinto em meu coração a necessidade de retornar ao episódio envolvendo a esposa de Ló. Como já visto, havia uma ordem expressa do Senhor para saírem daquele lugar apressadamente e não deviam olhar para trás. Todavia, ela olhou e, segundo a Bíblia, foi transformada numa estátua de sal. Mas por que ela desobedeceu a Deus? E por que ele foi tão severo com ela?

     Como eu já disse, o Senhor vê coisas que não vemos, conhece o que não conhecemos e pode fazer o que sozinho não podemos. Então, ele sabia que o “simples” fato de olhar para trás seria uma clara demonstração de que seu coração estava naquele lugar e não estava disposta a mudar, porque o “tesouro” dela passara a ser o estilo de vida e os valores daquelas pessoas, as quais eram más e grandes pecadoras contra o Senhor – Gênesis 13:13.

     Certa feita, Jesus fez uma declaração que vem ao encontro do que aconteceu com essa mulher: “Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” – Lucas 12:34. Portanto, aquela olhadela revelava o que havia se tornado o maior tesouro dela. E não era Deus, nem seus mandamentos. Infelizmente.

     Ao olhar para trás, mesmo que não tivesse proferido nenhuma palavra de lamentação sobre sua necessidade de sair dali, estava declarando ao Senhor que o estilo de vida e valores de Sodoma eram mais importantes do que seu relacionamento com ele. Assim, não deu alternativa ao Pai.

     Esse trágico acontecimento serve de lição e de alerta a todos nós. O estilo de vida e os valores do mundo atual em muitos aspectos não têm agradado ao Senhor. E, segundo as Escrituras, um dia ele também dará a ordem para deixarmos este mundo, uma vez que tem um lugar melhor, reservado para todos os que receberem Jesus como seu Senhor e Salvador pessoal: “{Jesus} Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” e “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês e, quando tudo estiver pronto, virei buscá-los, para que estejam sempre comigo, onde eu estiver” – João 1:11 ao 13; 14:1 ao 6.

      Se existe essa promessa da parte do Senhor, precisamos fazer uma avaliação minuciosa do nosso coração, pois, “onde estiver o nosso tesouro, ali também estará o nosso coração”. Portanto, que o nosso maior tesouro seja o Senhor Jesus Cristo e tudo o que lhe diz respeito.

     Para finalizar, gostaria de fazer umas breves considerações:

  • A bênção não está necessariamente em um determinado lugar, mas onde Deus estiver conosco. Logo, podemos viver uma vida próspera e feliz mesmo em lugares ou condições totalmente improváveis ou desfavoráveis aos olhos humanos (mesmo que esses olhos sejam os nossos mesmo).
  • A escolha feita por Ló pareceu a seus próprios olhos ser a mais inteligente, mas o tempo revelou que ele estava completamente enganado, uma vez que os prejuízos foram enormes e irreversíveis.
  • Abraão pôs seus olhos em Deus e suas promessas. Por isso, ele e sua descendência desfrutaram, e desfrutam, das mais copiosas bênçãos.
  • Se mantivermos nossos olhos no Senhor, também viveremos uma vida próspera e feliz, pois ele continua sendo o mesmo ontem, hoje e eternamente – Hebreus 13:8.
  • Precisamos estar atentos ao que dizem as Escrituras, porque, mesmo que nem todas as coisas sejam pecados, podem ser grandes embaraços que nos afastarão do Caminho: “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” – Hebreus 12:1,2.
  • Quanto a cada um de nós, vale a pena fazer a seguinte pergunta: “Existe alguma campina verdejante me atraindo?” Talvez, para alguns seja o sexo desaprovado por Deus. Para outros, as drogas, o dinheiro conquistado de forma desonesta, o orgulho, a avareza ou qualquer outra coisa abominável aos olhos do Senhor.
  • “Portanto, quer comamos, quer bebamos ou façamos outra qualquer coisa, façamos tudo para a glória de Deus” – 1 Coríntios 10:31. Que esse seja nosso propósito e nosso estilo de vida! Que almejemos as coisas eternas, não as terrenas e passageiras!
  • “Que a graça, a misericórdia, a paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, sejam com vocês na verdade e amor” – 2 João 1:3.
 

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Mal transformado em bem

“Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos. (Gênesis 50:20)       

     Certamente todos nós já fomos vítimas de alguma injustiça ou, pelo menos, nos consideramos injustiçados por alguém. Afinal, as relações humanas são muito complexas e, às vezes, mesmo que uma pessoa não perceba, age de maneira injusta ou algo que fez, até inconscientemente, é interpretado como um ato injusto, causando muito sofrimento à vítima.

     Para piorar, quando a injustiça é praticada por alguém muito próximo e, principalmente por uma pessoa a quem amamos, a dor se torna muito maior. Como resultado, muitos adoecem gravemente por não suportarem esse terrível fardo. Outros passam a planejar uma maneira de se vingar. Tais pessoas consideram que pagando o mal com outro mal se sentirão melhor. Mas seria realmente a melhor forma ou a que o Senhor ensina a fazer?

     Quando olhamos para as Escrituras Sagradas, encontramos diversas histórias de pessoas que foram vítimas de algumas injustiças e traições. Em especial, Jesus. Embora nunca tenha praticado o mal contra ninguém, muitos agiram de forma completamente injusta para com ele, mesmo tendo recebido dele apenas o bem. No entanto, hoje, quero tomar como referência uma das histórias mais enriquecedoras: a de José, filho de Jacó (ou Israel), a qual está registrada em Gênesis, do capítulo 35 ao 50.

    José era o penúltimo filho. Os irmãos dele o consideravam o “queridinho do papai”. Para piorar, o pai o mandava ir aonde os demais filhos pastoreavam os rebanhos e trazer um relatório do que estava acontecendo nos campos. Obviamente, os outros o consideravam um fofoqueiro. Além disso, passou a ter uns sonhos um tanto esquisitos, os quais levaram seus irmãos a entender que José governaria sobre eles, e isso os deixou ainda mais furiosos. Mas a gota d’água foi o fato de o pai deles dar uma túnica colorida para esse jovem, indicando que ele seria o líder. Isso os fez sentir inveja e tomar a decisão de se livrarem daquele peso – Gênesis 37: 1 ao 24.

     Primeiramente, queriam matá-lo – vv 18 – 20. Quando Rúben, o primogênito soube, interveio e não os deixou tirar a vida do irmão. Porém, lançaram-no num poço. Mais tarde, quando passou uma caravana de comerciantes ismaelitas, Judá sugeriu que vendessem José, mesmo sem o consentimento do primogênito, o qual era naturalmente o líder deles. E foi isso que aconteceu. O jovem foi vendido e levado para o Egito – v 25 ao 31. Posteriormente, contaram ao pai aquela história de que uma fera o havia devorado. Essa foi a primeira grande injustiça sofrida pelo moço.

     No capítulo 39, lemos o relato de que José foi vendido como escravo a Potifar, o capitão da guarda do faraó. Lá, Deus o fez prosperar grandemente: “E o Senhor estava com José, e foi varão próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio” – Gênesis 39:2.

     Ao perceber que José era uma pessoa diferenciada e abençoada, Potifar o colocou como administrador de todas as coisas em sua casa. E, em consequência disso, veja o que ocorreu: “E aconteceu que, desde que o pusera sobre a sua casa e sobre tudo o que tinha, o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo” – Gênesis 39:3 ao 6.

    Por ser um jovem atraente e de boa aparência, a mulher do patrão começou a cobiçá-lo e desejava se relacionar sexualmente com ele. Contudo, José lhe respondeu dessa forma: “Eis que o meu senhor não sabe do que há em casa comigo e entregou em minha mão tudo o que tem. Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus?” – Gênesis 39:8,9.

    A mulher, porém, estava decidida convencê-lo. Como o rapaz se recusava a trair Potifar, e sobretudo ao Senhor, ela inventou a história de que José tinha tentado forçá-la a se relacionar com ele. Isso fatalmente o levou à prisão. Afinal, o que supostamente ele fizera era gravíssimo – Gênesis 39:10 ao 20. Assim se torna vítima de mais uma enorme injustiça.   

     Paremos um pouco aqui. Responda-me com sinceridade: Esse jovem não tinha motivos mais do que suficientes para se revoltar contra Deus e as pessoas que lhe provocaram tanto sofrimento? Já que ele estava longe de casa e tendo a possibilidade de se dar bem até com a mulher do “chefe”, a qual devia ser bonita e atraente, por que não o fez? Para a maioria das pessoas de hoje, certamente esse jovem era um grande tolo. Mas… Será que era mesmo?

     Na sequência, mais uma vez encontramos algo maravilhoso: O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor. E o carcereiro-mor entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do cárcere; e ele fazia tudo o que se fazia ali. E o carcereiro-mor não teve cuidado de nenhuma coisa que estava na mão dele, porquanto o Senhor estava com ele; e tudo o que ele fazia o Senhor prosperava – Gênesis 39:21-23.  

    No capítulo 40, encontramos o relato de que o padeiro e o copeiro do rei cometeram um “deslize” e foram parar no cárcere. Lá, cada um deles teve um sonho e o contaram para José, o qual lhes deu a interpretação. E aconteceu exatamente como fora dito. Então, José fez um pedido ao copeiro: “Porém lembra-te de mim, quando te for bem; e rogo-te que uses comigo de compaixão, e que faças menção de mim a Faraó, e faze-me sair desta casa; porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e tampouco aqui nada tenho feito, para que me pusessem nesta cova” – Gênesis 40:14,15. No entanto, o copeiro se esqueceu da promessa feita ao intérprete de seu sonho – Gênesis 40: 23. Então, mais uma injustiça foi anotada na lista.

    Segundo vemos no capítulo 41 que, passados dois anos do sonho do copeiro, o faraó teve uns sonhos estranhos, aos quais nenhum dos adivinhadores e sábios do Egito soube dar a interpretação. Nesse momento, o copeiro se lembrou de José, da promessa que lhe fizera e contou para o faraó o acontecido na prisão – Gênesis 41: 9 ao 13.

     Após esse relato, o monarca ordenou que trouxessem José. Então, contou-lhe tudo o que sonhara e ouviu a explicação sobre o significado do sonho. Mas, além da interpretação dada, houve também a sugestão de como o governante deveria agir a partir daquele momento – Gênesis 41:14 ao 37. Nesse dia, começou a mudança radical na vida desse jovem tão fiel a Deus e às pessoas em seu entorno.

     Conforme lemos nos versículos de 38 a 47, José foi nomeado a governador de todo o Egito, sendo menor em poder e autoridade apenas em relação ao faraó. Tudo estava nas mãos desse homem honrado, agora com trinta anos de idade.

     Com a autoridade dada pelo rei, José começou a colocar o plano indicado por Deus em ação. E tudo foi acontecendo como já era de se esperar, pois o Senhor o fez prosperar nesse negócio também – Gênesis 41: 48 ao 57. Mas o melhor da restituição de Deus ainda estava por vir. E veio.

    No capítulo 42, passamos a saber que a fome também chegara à terra de Canaã e, consequentemente, à casa de Israel/Jacó, pai de José. Por isso, quando souberam que no Egito havia alimento para comprar, seus irmãos receberam autorização de Israel para irem até lá adquirir mantimentos. E foram.

     Tempos depois, acabando a comida, seus irmãos precisaram ir novamente ao Egito. Lá, José se revela a eles e recebe autorização do faraó para toda a família morar naquele lugar. Aliás, receberam tudo o que era bom e necessário para viverem naquele país. E assim aconteceu.

     No entanto, passados vários anos, o pai deles morreu. Como seus irmãos ainda tinham a consciência pesada pelo mal que fizeram, ficaram muito temerosos, supondo que José ia se vingar de todos eles: “Vendo, então, os irmãos de José que o seu pai já estava morto, disseram: Porventura, nos aborrecerá José e nos pagará certamente todo o mal que lhe fizemos” – Gênesis 50:15.  

    Em consequência desse medo, enviaram representantes para falar com José: “Portanto, enviaram a José, dizendo: Teu pai mandou, antes da sua morte, dizendo: Assim direis a José: Perdoa, rogo-te, a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam” – Gênesis 50:16,17.   

    Depois desse episódio, eles mesmos foram ter com o irmão, prostraram-se diante dele e disseram: “Eis-nos aqui por teus servos” – Gênesis 50:18. Certamente, estavam reconhecendo não apenas seus erros do passado, mas também o poder e autoridade de José sobre eles. Isso os deixava amedrontados e sentindo-se reféns daquela situação. Assim, supunham que seriam punidos pela injustiça cometida há tantos anos. E, pelo que declararam, estavam dispostos a aceitar a posição de servos.

     Para dizer a verdade, analisando a situação do ponto de vista humano, José tinha todo o direito de se vingar de seus irmãos e de transformá-los em seus escravos. Afinal, eles o prejudicaram severamente. Quantas coisas ele deixou de viver junto com o pai, o irmão mais novo, amigos e, talvez, com uma namorada! Quanto sofrimento físico e emocional!… Quem sabe, poderia ter se casado, gerado filhos, sido feliz…

    Mas agora o jogo mudara. Estavam no território governado justamente por quem havia sofrido tantas injustiças da parte deles. Portanto, seria mais do que compreensível se o coração desse homem estivesse cheio de ódio, mágoa, ressentimentos, traumas e revoltas a ponto de culminar com uma punição à altura de sua dor. Porém, não foi o que aconteceu.

     Não?! Não! Veja o que José lhes disse: “Não temais; porque, porventura, estou eu em lugar de Deus? Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande. Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos meninos. Assim, os consolou e falou segundo o coração deles” – Gênesis 50:19-21.

     Agora chegamos à parte mais importante dessa história. Sendo assim, gostaria que você estivesse atento a cada palavra a seguir:

  • Por que Deus estava com esse jovem e o fazia prosperar em tudo que ele realizava lá no Egito, conforme lemos em algumas passagens bíblicas?

“E o Senhor estava com José, e foi varão próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio.” (Gênesis 39:2)

“O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor.” (Gênesis 39:21)

Entendo que o Senhor o fez prosperar porque, apesar de ter sofrido tantas injustiças, ele, como Jó – Jó 1:22, não pecou nem atribuiu falta/culpa alguma a Deus. Muitas pessoas, mesmo que indireta ou inconscientemente, culpam o Senhor pelas injustiças ou desgraças que lhes sobrevêm. Por isso, se revoltam e viram as costas para ele.

Ademais, mesmo distante da casa de seu pai e estando no meio de um povo com costumes e valores diferentes dos seus, esse jovem manteve sua fé, integridade, dignidade e fidelidade ao Senhor.

Em tese, para ele teria sido muito mais fácil aceitar a proposta da mulher de Potifar. Certamente, isso lhe traria alguns benefícios, regalias e prazer. Sem contar que sua família jamais ficaria sabendo. No entanto, veja a declaração dele: “Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus? – Gênesis 39:9.

Infelizmente, é muito comum vermos pessoas que de fato foram vítimas de injustiças e traição ou que se sentem prejudicadas se vingarem fazendo o mesmo ou algo semelhante.

Por exemplo: Quando um cônjuge é traído e faz o mesmo, não está revelando somente a deformidade de caráter do outro, mas do seu próprio. Dessa maneira, abrem mão de seus valores e compromisso com Deus e pecam também. Será que agindo assim são, aos olhos de Deus, diferentes dos outros?

Tais pessoas se esquecem de que seu caráter não é e não pode ser formado a partir do caráter de outros, mas do caráter de Cristo, pois o autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:2) e o exemplo a ser seguido é ele, não seus semelhantes – João 13:15. Em outras palavras: José não usou como pretexto ou justificativa o pecado dos que o prejudicaram para pecar também.

  • Outra razão é que esse moço não permitiu que o ódio e outros sentimentos ruins tomassem conta de seu coração. Isso fica claro em suas conversas com seus irmãos, quando diz: “Não temais; porque, porventura, estou eu em lugar de Deus?” – Gênesis 50:19.

Evidentemente, se ele fosse movido por sentimentos ruins, jamais diria essa frase. Ao contrário, teria aproveitado a oportunidade para jogar na cara os erros dos irmãos e vingar-se da melhor maneira que conseguisse.

José entendeu o que muitos de nós não entendem: “Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor. (…) Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” – Romanos 12:19, 21.

A justiça humana é sempre imperfeita e parcial, pois somos limitados e não conseguimos ir além daquilo que está diante dos nossos olhos. Mas a de Deus é perfeita e imparcial. Logo, nada melhor do que entregar nossas questões nas mãos dele, pois ele pelejará por nós, e nós nos calaremos – Êxodo 14:14.

  • Outra coisa importantíssima está registrada em Gênesis 50:20: “Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande” – Gênesis 50:20.

     Ao dizer isso, ele nos traz algumas revelações muito relevantes: não era aquela forma que Deus ia usar para garantir a sobrevivência e a continuidade de seu povo. Ele sempre tem um plano muitíssimo melhor para seus filhos: “Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que esperais” – Jeremias 29:11.

     Além disso, vemos a clareza de entendimento de José ao dizer que seus irmãos realmente haviam intentado o mal contra ele, mas que o Senhor tinha transformado o mal em bem. Ele não agiu com hipocrisia. Também entendeu por que o Deus fizera essa transformação.

     Quando estamos no olho do furacão, geralmente não conseguimos enxergar com essa clareza. Ao contrário, vemos apenas a tragédia. Entretanto, penso que hoje Deus também age assim. Até podem planejar o mal contra nós e, a princípio, parece-nos que atingiram seu objetivo. Mas, se tivermos a ajuda do Espírito Santo, certamente teremos condições de ver a ação do Senhor em nosso benefício.

     Talvez, você esteja pensando: “Ele está falando isso por não conhecer a minha história nem a minha dor”. Isso é verdade. Todavia, ainda que eu as conhecesse, provavelmente não faria muita diferença. O que importa de fato é que o Senhor sabe tudo a seu respeito. E, apesar de serem histórias, épocas, culturas e motivações diferentes, o princípio da ação de Deus continua sendo o mesmo: cuidar de seus filhos – Mateus 7:7 ao 11.

    O que quero dizer é que, independentemente do que lhe aconteceu, o Senhor pode mudar por completo o rumo da sua história, como fez com José. Quando tudo indicava que ele ficaria por um longo tempo na prisão, Deus deu sonhos ao faraó, o que gerou a oportunidade perfeita para honrar seu filho. Hoje, ele pode fazer algo semelhante com você.

     Há ainda outro motivo pelo qual Deus fez com que José fosse bem-sucedido em tudo o que fazia, embora não pareça aos olhos humanos, e o tornou governador. Estou me referindo à sua capacidade de perdoar. (Isso está totalmente ligado ao que já foi dito.) Como vimos, com a morte de Jacó, os irmãos pensaram que iam ser punidos. Mas foram perdoados. Aliás, ao que tudo indica, já haviam sido perdoados há muito tempo.

     Perdoar é fundamental. Não porque o ofensor merece. Primeiro, é preciso por ser um mandamento do Senhor: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós” – Mateus 6:14.  E mais: “Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas” – Marcos 11:26. 

     Outro motivo pelo qual devemos perdoar é para nos libertarmos do pesado fardo cheio de mágoa, amargura, ressentimento, ódio e revolta. Tais sentimentos, segundo a Ciência, mas também segundo a Bíblia, só nos fazem adoecer em todas as áreas (emocional, mental, relacional, física e espiritual).

     O apóstolo Paulo apresenta mais uma razão pela qual devemos liberar perdão. Veja o que ele disse: “E a quem perdoardes alguma coisa também eu; porque o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos por Satanás, porque não ignoramos os seus ardis” – 2 Coríntios 2:10,11.

     Mas… Como seríamos vencidos pelo maligno? Simples: Ele usaria esses sentimentos ruins para nos torturar. Poderia levar-nos à depressão, ao desejo de vingança, à revolta contra Deus por supor que ele é o culpado pelo nosso infortúnio ou infelicidade. Para piorar, em muitos casos, ele sugere o suicídio como maneira de se livrar do sofrimento ou um assassinato. E o tiro de misericórdia é conduzir-nos à perdição eterna, pois quem não perdoa também não recebe o perdão de Deus – Mateus 6:15. Por isso, quando tomamos a decisão de perdoar, o maior beneficiado somos nós mesmos.

     Agora, o motivo final da ação de perdoar é libertar a pessoa que ofendeu e prejudicou. Sei que em muitos casos a pessoa não está nem um pouco preocupada com isso. Nesse caso, a responsabilidade é toda dela e as consequências também. O que importa de fato é que façamos a nossa parte, em obediência a Deus.

     Juntando-se a tudo o que já foi dito, existe outro motivo que o levou a ser honrado: reconhecer que sua capacidade de interpretar sonhos não vinha de si mesmo, mas do Senhor. Veja: “E respondeu José a Faraó, dizendo: Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó” – Gênesis 41:16. Isso demonstra que realmente conhecia a Deus e era humilde. Afinal, ele poderia aproveitar a oportunidade para se autopromover. Porém, não o fez. Deus a glória ao Senhor.

     Agora, só me resta dizer que faz alguns meses que venho refletindo sobre a história de José, especialmente sobre a parte na qual ele diz: “Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande” – Gênesis 50:20. E, mais uma vez, a conclusão a que cheguei é que Deus continua transformando o mal em bem, com um propósito: conservar-nos   com saúde relacional, física, mental, emocional e espiritual, ou seja, com vida de verdade. Talvez, seja por querer conservar seu casamento, sua família, seus filhos, sua integridade e dignidade, sua igreja e assim por diante.  

     Também concluí novamente que o caráter de uma pessoa não está diretamente ligado à sua idade, mas ao seu compromisso com o Senhor. Quando José foi para o Egito, tinha cerca de dezessete anos. Era muito jovem ainda. Mesmo assim, manteve sua fé, integridade, dignidade e fidelidade a Deus, a despeito de todas as dificuldades e tentações por que passou.

      Por isso, tentar justificar suas falhas com base na idade é, no mínimo, falta de hombridade e de humildade para reconhecer que errou. Mas não podemos nos esquecer das seguintes palavras: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” – Provérbios 28:13. E ainda: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” – 1João 1:9.

     Por fim, preciso registrar: Deus não aceita desculpas ou justificativas para o erro. Mas “a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” – Salmos 51:17.

 

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Palavras com que se escreve uma nova história

     “Desvenda os meus olhos, para que eu veja as maravilhas da tua lei.”               (Salmos 119:18 – ARC)

     Se eu lhe perguntasse quantas vezes leu ou ouviu palestras sobre a Parábola do filho pródigo, certamente você teria dificuldade para dizer a quantidade. No entanto, penso que foram muitas. Afinal, mesmo quem tem pouca familiaridade com as Escrituras Sagradas, conhece alguma coisa a respeito dessa narrativa.

     Desse modo, a princípio parece desnecessário escrever mais um artigo sobre essa história contada por Jesus. Porém, a Palavra de Deus é uma fonte inesgotável de água para o sedento e sempre existe algo para aprender com ela ou, pelo menos, relembrar. E entendo ser justamente por esse motivo que mais uma vez fui levado pelo Espírito Santo a ministrar sobre ela e, agora, a escrever a seu respeito.

     Quando olhamos para o início do capítulo 15 de Lucas, encontramos o seguinte registro: “E chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles” – 15:1 e 2. Por causa dos comentários inconvenientes desses homens, o Senhor contou três parábolas: A ovelha perdida, A dracma perdida e O filho pródigo.

     A partir do versículo 11, o Mestre começa a contar essa história, dizendo: “Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda” – Lucas 15:11,12.

     Pedir a herança antes da morte do pai era um grande desrespeito. Soava como se desejasse que ele morresse ou que já estivesse morto. Contudo, esse não é o único significado problemático por trás do pedido do jovem. Pedir sua parte antecipadamente era consequência da ingratidão que habitava sua alma. E o efeito disso não podia ser outro: ele não conseguia ver o que desfrutava estando na casa do pai: amor, proteção, segurança, suprimento para suas necessidades básicas e, sobretudo, a presença de seu genitor.

     A ingratidão sempre culmina com a insatisfação. Por isso, todas as coisas materiais ou imateriais recebidas ou não eram vistas ou não eram valorizadas. O simples fato de estar ali o sufocava e, talvez, o revoltava. Quem sabe, ele se sentia reprimido. Impossibilitado de fazer o que viesse à sua cabeça. De satisfazer todos os seus desejos carnais. Assim, para esse jovem, a casa do pai deixou de ser um lar e passou a ser uma prisão.

     O texto continua: “E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente” – Lucas 15:13

     Uma coisa relevante é que aquele filho não saiu de casa logo após ter recebido a parte da herança que lhe cabia por direito, mas alguns dias depois.

     Essa informação é muito interessante e importante. Indica que ele teve tempo para refletir sobre o que fizera. Para se arrepender e se corrigir diante do pai. Talvez, ele tenha vivido um grande conflito interior. Quem sabe, a consciência o acusou e mostrou a necessidade de que pedisse perdão ao pai. Mas não o fez. Não deu ouvidos a ela e convenceu a si mesmo de que ir para longe do pai era o melhor a fazer.

     E se foi. Resoluto. Inconsequente. Com mil planos em sua cabeça, vislumbrando apenas os supostos benefícios resultantes da decisão tomada. Sem dúvida, se lhe passava na mente algum pensamento negativo, logo ele o afugentava bravamente. Afinal, ele era jovem. Dono da própria vida. Sabia o que estava fazendo. A seus próprios olhos, onipotente.

     Esse cenário é diferente do que vemos hoje? Penso que não. Quantas pessoas conhecidas abandonam a Casa do Pai por se sentirem desse jeito! Infelizmente, muitos de nós, em algum momento, desejamos fazer isso também. E, se não a deixamos fisicamente, o fazemos espiritualmente.

     Como diz a Bíblia em Atos 7:39, muitos hebreus que deixaram o Egito sob a liderança de Moisés, o libertador enviado pelo Senhor, voltaram para lá em seu coração (Atos 7:39). Da mesma maneira, voltamos ou nos voltamos para o mundo, deixando-nos enganar pela suposta liberdade que há fora da Casa do Pai e, como o jovem da parábola, tornamo-nos pródigos também.

     Ainda no versículo 13, somos informados de que esse rapaz foi para uma terra longínqua. Isso nos leva a entender que ele almejava romper completamente os laços com seu pai e com seu irmão. Não queria correr o risco de sofrer interferências indesejáveis ou indesejadas.

     No início, parece que tudo transcorreu como ele sonhara. Geralmente quem possui dinheiro consegue fazer muitos “amigos”. Ter os namorados ou as namoradas que desejar. Sexo à vontade. E muito mais… Mas, sempre que acaba o dinheiro, tais pessoas desaparecem, como num passe de mágica, pois a riqueza pode “comprar” momentos de atenção e prazer e supostas amizades. Todavia, jamais comprará amor verdadeiro ou amigos de fato.

     Em minha cidade natal, houve um jovem que ganhou milhões na loteria. Comprou uma fazenda, de porteira fechada – com todo o maquinário, toda a estrutura e o todo o gado que nela havia. Carro novo. Conquistou mulheres. Vivia cercado de “amigos”. Sentado num bar, pagava comida e bebida para todos. Entretanto, quando o dinheiro acabou, os supostos amigos e as moças que o bajulavam passaram a ignorá-lo. O choque de se ver sem todas as regalias compradas pelo dinheiro o deixou doente e, por fim, foi parar num hospital psiquiátrico. Quando recebeu alta, passou a ser “invisível”. Aqueles que antes se diziam seus amigos, agora fugiam dele, fingindo não o conhecer.     

     Por certo, ocorreu algo semelhante com a personagem dessa narrativa. No versículo 13, lemos que o moço desperdiçou todos os seus bens, vivendo irresponsavelmente. Para piorar, veio uma grande fome sobre aquela terra e ele começou a passar necessidade (v 14). O tempo de glória acabara.

     Com fome e sem o dinheiro da herança, o jovem busca trabalho para se sustentar e, desesperado, aceita um cargo que nenhum judeu jamais pensaria ocupar: cuidador de porcos.

      Segundo a lei do Antigo Testamento, porcos eram animais impuros, de maneira que aquele que tivesse contato com esses animais também se tornaria impuro. Portanto, a aceitação desse trabalho, demonstra a total degradação a que chegara esse rapaz.

      Por acaso, não acontece algo semelhante com muitos dos que abandonam a Casa do Pai? Ao chegarem espiritual e financeiramente ao “fundo do poço”, fazem coisas que antes eram inimagináveis, por serem impuras, imorais, degradantes ou humilhantes aos olhos de Deus. 

     Apesar de ter conseguido um trabalho, a história relata que o jovem continuava a passar fome, chegando a desejar a comida que era dada aos porcos, mas nem isso lhe davam – Lucas 15:15 e 16. Em outras palavras: naquele momento, ele estava sendo tratado como um ser inferior àqueles animais.

     Quando esse rapaz passa a ser tratado como inferior aos porcos, podemos dizer que, para a cultura da época, ele não tinha mais valor nenhum. Mas, surpreendentemente, este não foi o seu fim. Que bom!

     O início da grande reviravolta começa a acontecer quando entra em cena outra palavra: reconhecimento. No versículo 17, lemos: “E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!”.

     Para entendermos melhor, preciso dizer que, quando escreve “caindo em si”, o autor quer dizer que o jovem reconheceu a situação em que estava e como havia errado com seu Pai. Num sentido comum ou corriqueiro, reconhecer significa tomar conhecimento, trazer à mente de novo, certificar-se. Mas vai além disso.Na prática, quer dizer: ter um novo conhecimento ou olhar com outros olhos para o mesmo objeto ou situação. E, ao fazer isso, a pessoa consegue enxergar aquilo que até então não lhe era visível.

     Agora, com seus olhos abertos, ele consegue fazer um julgamento correto da situação na qual se encontrava e uma comparação justa entre sua vida atual e a que tivera na Casa do Pai. Assim, o reconhecimento torna-se o pontapé inicial para a transformação da história desse rapaz.

     O arrependimento autêntico é o primeiro efeito causado pelo reconhecimento. O segundo, a humildade: “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus trabalhadores/jornaleiros” – Lucas 15:18,19.

     Arrependimento verdadeiro sempre é acompanhado pela humildade. Sem ela, até pode haver remorso, vergonha de uma atitude tomada, mas nunca verdadeiro arrependimento. Sem a humildade, é possível que o jovem decidisse ir para uma terra ainda mais distante, para evitar que seu pai, irmão e conhecidos soubessem de sua situação degradante. Entretanto, sendo humilde, ele decide não fugir, mas voltar à Casa do Pai.  

     Seu arrependimento é tão verdadeiro e profundo que entende não mais merecer ser tratado como filho. Para o jovem, era mais prudente pedir que seu pai o aceitasse como um trabalhador diarista, sem compromisso formal, recebendo por dia trabalhado. De fato, ele havia compreendido a gravidade do que fizera. Mas o pai tinha outros planos para seu filho. Como Deus também tem para todos nós, pródigos, que decidimos voltar para Casa.

     No versículo 20, vemos que o jovem realmente volta para casa. Penso que houve um grande conflito interior, que aconteceu uma batalha entre o orgulho e a humildade. Suponho que o jovem temeu enfrentar o pai e que, muito provavelmente, pensou em desistir. Mas prosseguiu. Felizmente!

     Ainda nesse versículo, vemos que o pai avistou o filho ainda longe, correu até ele, e o beijou. Algo parece errado. Não era o filho quem devia correr em direção ao pai? Aliás, esse jovem deveria ter se prostrado aos pés do pai em sinal de arrependimento e humildade. Seria o mais lógico a fazer.

     Há muitas lições importantes nessa parte da história, para as quais devemos atentar. Uma delas é que quando decidimos voltar para a Casa do Pai, ele está à espera e ansioso por esse momento. Observe que o pai o avistou ao longe. Ora, isso dá a entender que esse homem estava olhando para a estrada a esperar o retorno do filho. Como o Pai Celestial também sempre aguarda, ansioso, o regresso de filhos pródigos que compreenderam que a Casa dele é o melhor lugar onde um filho pode estar.

     Outra lição é: o pai sabia que, ao voltar para casa, o filho demonstrava estar arrependido, tendo reconhecido os próprios erros. Por isso, o pai o recebe de braços abertos. Assim também Deus, quando nos vê no caminho de volta para casa, recebe-nos calorosamente, sem apontar para nós um dedo de acusação e/ou nos repreender pelas atitudes vergonhosas.

     Para aquele pai, assim como para nosso Pai Celestial, o arrependimento sincero era mais importante do que os erros cometidos. Como sinal disso, o pai pede a seus empregados que tragam para o filho: roupas novas (para cobrir uma possível nudez), restaurando sua dignidade; um anel (para restaurar seu status de filho e herdeiro) e sandálias, para que pudesse caminhar seguro, sem se ferir.

     Em seguida, aquele pai ordena que tragam o bezerro cevado, reservado para eventos especiais, para fazerem um churrasco e comemorar o retorno do filho – Lucas 15:23. Aquela era uma ocasião especialíssima. Logo, merecia uma festa. Isso lembra o que Jesus disse: “Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” – Lucas 15:7.  

      A seguir, o pai justifica o motivo da celebração: “… porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se” – Lucas 15:23. Que maravilha! Agora aquele filho estava reintegrado à família! Ele certamente enfrentaria problemas em consequência de seus atos (como a rejeição do irmão). No entanto, ele venceria porque novamente estava na casa e na presença de seu pai e podia contar com ele para ajudá-lo.

     Para concluir, bastam apenas algumas considerações:

  • Ainda que sejamos ou ajamos como pródigos, o Pai Celestial sempre está de braços abertos para receber aqueles que reconhecem seus erros, arrependem-se sinceramente e retornam para Casa.
  • Ainda que o filho não entendesse o que significa graça (favor a quem não merece) e perdão, foi justamente o que o Pai, generosamente, lhe ofereceu. Você pode não entender profundamente também. Não importa. Mesmo sem compreender, é isso que o Senhor tem para lhe oferecer quando decidir voltar para a Casa Dele.
  • Você é mais importante do que seus erros. Por isso, Deus enviou Jesus para morrer em seu lugar: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” – João 3:16
  • Os erros sempre trazem consequências negativas, como aconteceu com Davi. Mas, estando na Casa do Pai, você receberá a ajuda necessária para vencer (Romanos 8:26).
  • Não existe dúvida de que depois do perdão e aceitação recebidos na Casa do Pai, aquele filho tornou-se grato por tudo.
  • Estando na casa do Pai, mesmo que não tenha tudo o que deseja ou pensa que merece, você tem o bem maior – a presença e o amor do Pai.
  • Não seja como muitos, que querem a parte da herança (as bênçãos), mas não querem o Pai e a presença dele.

     Compreendemos, dessa maneira, que não existe nada melhor para alguém do que estar e viver na Casa de Deus. Ainda que as propostas do mundo sejam tentadoras, certamente são apenas passageiras e ilusórias. Assim, a alegria e o prazer que geram não valem a pena. Milhões de pessoas já se iludiram com elas e, depois de muito sofrerem, compreenderam que estavam erradas e voltaram.

     Portanto, se esse for o seu caso, volte também. E, se você não saiu fisicamente, mas seu coração já está no mundo, ainda é tempo de refletir e de tomar a decisão de permanecer na Casa do Pai. Por fim, lembre-se de que seu reconhecimento, arrependimento, humildade gerarão graça, perdão, aceitação e acolhimento da parte do Pai Celestial. E é com elas que se escreve uma nova história de vida, de paz, vitória e felicidade verdadeira.

Para ouvir: Filho Pródigo – Voz da Verdade

 

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Amado como Jesus

Deus me ama

Geralmente as crianças gostam de brincar com seus pais. Uma dessas brincadeiras é competir para ver quem ama mais o outro.  É até engraçado ver como são criativas na maneira de “medir” o tamanho desse amor.

Algumas delas chegam a declarar que esse sentimento pelos pais é maior que o mundo inteiro. Os pais, por sua vez, também dizem o mesmo. E, lógico, todos ficam muitos felizes. Afinal, quem não gosta de se sentir amado dessa forma?

Evidentemente, não é possível calcular a intensidade de um sentimento. Não existe um “amorômetro” para fazer a medição. No entanto, pode-se percebê-la e senti-la através de palavras, gestos e atitudes da pessoa que diz amar.

Não sei explicar por que, mas faz um bom tempo que sempre penso no quanto Deus nos ama. E, nessas ocasiões, sempre me vem à mente a fala de Jesus registrada em João 17:23: “Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste”.

Esse texto faz parte da oração de Cristo pelos discípulos. Veja a profundidade dele. O Senhor declara que o amor do Pai para conosco é igual ao do Pai para com ele. Isso gera em meu coração uma alegria sem medida. Ser amado por Deus dessa maneira é algo reconfortante e motivador, não é mesmo?

Mas há algo ainda melhor. Esse amor não está relacionado apenas à salvação eterna. Obviamente, seu objetivo principal e sua manifestação maior atingem seu ponto máximo no sacrifício de Jesus para nos salvar, como lemos em João 3:16: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Entretanto, ele vai muito além, pois Deus sempre nos surpreende, manifestando-o em todas as áreas da nossa vida. Podemos perceber isso diariamente através da paz que ele permite haver em nosso coração, mesmo quando passamos por desertos, vales, tempestades e pelo fogo. Vemos ainda seu amor materializado como, por exemplo, pela provisão diária do alimento, da saúde, do trabalho, da família e de tantas outras maneiras.

Talvez você até me questione, dizendo que não tem visto essas coisas em sua vida. Então, eu o convido a fazer uma lista, escrita ou mesmo mentalmente, de tudo aquilo que um dia você considerou como bênção recebida de Deus. Se o fizer com atenção e sinceridade, não há dúvida de que vai se surpreender com o tamanho dela.

Sendo assim, quero convidá-lo a alegrar-se grandemente por ser amado de forma tão intensa e singular.  Lembre-se de que Jesus era o Unigênito Filho de Deus. Logo, alguém muito especial. Ao enviá-lo para morrer em nosso lugar, o Pai estava fazendo a mais bela declaração de amor que já foi feita neste mundo. Aproveite o momento para, também, agradecer ao Senhor por amar você do mesmo modo e com o mesmíssimo amor com que ama Jesus.

 

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Movendo o coração de Deus

“Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações.”

(Esdras 8:23)

movendo o coração

Há muitas passagens bíblicas que tratam do assunto oração. Aprecio todas elas. Todavia, existem algumas que me cativam mais do que outras por causa da sua profundidade, expressando verdades tão importantes para a vida de quem deseja tocar e mover o coração de Deus. Uma delas está registrada em Esdras 8:21 ao 23.

Esse texto está no seguinte contexto: Esdras havia saído da Babilônia rumo a Jerusalém com a missão de reconstruir o templo, que fora destruído e, desde então, estava abandonado. Porém, como ele dissera a Artaxerxes, rei da Babilônia, que a bondosa mão do Senhor era com aqueles que o buscam, ficou com vergonha de pedir ao soberano a liberação de alguns soldados para fazerem a segurança da comitiva.

Diante disso, a única estratégia para fazer a viagem em segurança foi a que vemos a seguir: “Então apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos filhos e para todos os nossos bens” – v 21.

Que coisa linda! O mais belo, no entanto, vemos no versículo 23, o qual traz a seguinte declaração de Esdras: “Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações”. Assim, eles puderam chegar ao destino (Jerusalém) em paz, pois contaram com o exército do Deus Vivo para lhes dar a proteção necessária. E lá ele e seus ajudantes conseguiram realizar a obra para a qual se sentiram chamados: restaurar o Templo onde cultuavam ao Senhor.

Hoje também não é diferente, pois, como lemos em Malaquias 3:6, Deus não mudou. Também em Hebreus 13: 8 há uma confirmação dessa verdade: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente”. Sendo assim, também podemos desfrutar dessa bênção.

Eu não sei quais são suas necessidades neste momento. Contudo, de uma coisa estou convicto: você também pode mover o coração de Deus através do jejum e da oração. Isso porque, ao agir dessa maneira, demonstrará ao Senhor que reconhece sua limitação como ser humano e também que entendeu a necessidade de tirar um tempo para Ele, abrindo mão daquilo que gosta de comer, beber ou de fazer para falar sobre suas carências, angústias, decepções e da sua gratidão por todas as bênçãos já recebidas.

Talvez num primeiro momento você possa até supor que está perdendo tempo. Porém, mais tarde, verá que abrindo mão do que já possui para estar aos pés do Senhor em jejum e oração dará a oportunidade para Deus presenteá-lo com aquilo que você ainda não tem.

Portanto, faça como Esdras. Ele havia falado ao rei Artaxerxes que a mão de Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles (v 22). Mas não ficou apenas na fala. Ao contrário, buscou a face do Senhor e o coração Dele foi tocado. Você também pode tocar o coração do Pai. E, quando Ele se move por causa da oração e do jejum de um servo Seu, o milagre acontece. Pense nisso. Tire um tempo para falar com Deus sobre tudo o que considerar importante.

 

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Segundo o coração de Deus

Coração de Deus.jpg II

“… Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração…” (Atos 13:22)

     Outro dia, enquanto ministrava um estudo na escola bíblica, perguntei aos participantes qual seria, de acordo com o ponto de vista deles, a razão pela qual Deus fez tal declaração.     Evidentemente, as respostas foram muitas e variadas. Por exemplo: ele era obediente; temente; adorava ao Senhor com inteireza de coração; era destemido e justo; quando pecou, reconheceu seu erro e prostrou-se, arrependido, aos pés de Deus; e outras tão relevantes e verdadeiras quanto essas. Mas, para mim, ainda faltavam justificativas, as quais considero muito importantes. Por isso, almejo compartilhá-las com você.

Davi amava Deus, a Sua palavra  e também estar no templo. Em toda a sua trajetória de vida, constatamos isso em suas declarações e atitudes. Porém, é no livro dos Salmos que fica ainda mais clara essa intensa paixão. E, como entendo que a história dele pode nos inspirar e motivar, convido você para ver alguns textos que esclarecem o que foi dito acima.

Veja o que ele declara: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?” e também: “Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água” (Salmos 42:2; 63:1; veja ainda 143:6).

Muitos de nós temos sede de muitas coisas: dinheiro, fama, sucesso, reconhecimento humano, atenção e carinho (o que é justo), riquezas, bens materiais e coisas semelhantes a essas. Já Davi tinha sede de Deus. Mas… o que significa isso? Quer dizer que tinha um desejo vivo, ardente e imoderado, o  qual o levava a buscar a face do Senhor continuamente.

Mais uma razão está no fato de o salmista ter imenso prazer em ir ao templo do Senhor: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor” – Salmo 122:1. Ele chega ao ponto de dizer que “vale mais um dia nos teus átrios do que em outras partes mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos ímpios” – Salmo 84:10.

Outro motivo pelo qual Deus se refere a Davi dessa maneira é seu prazer em meditar na e guardar a palavra do Pai. Veja o Salmo 119:20,140,174: “Como anseio pelos teus preceitos!”; “Como anseio pelos teus preceitos!” “Anseio pela tua salvação, Senhor, e a tua lei é o meu prazer”.

O resultado de tudo isso não poderia ser outro: tornar-se um homem segundo o coração de Deus, sábio e bem-sucedido. Veja: “Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro. Os teus mandamentos me tornam mais sábio que os meus inimigos, porquanto estão sempre comigo. Tenho mais discernimento que todos os meus mestres, pois medito nos teus testemunhos. Tenho mais entendimento que os anciãos, pois obedeço aos teus preceitos” – Salmo119:97ao100.
Se Davi colheu tantos frutos por causa da sua forma de ser e de agir em relação ao Senhor, também nós podemos. No entanto, é preciso atentar para as mesmas coisas que ele. Em outras palavras: ter sede de Deus, isto é, um desejo vivo, ardente e sem moderação; amar a Sua palavra (Uma pesquisa recente revelou que apenas 26% dos evangélicos leem a Bíblia diariamente. Que triste!); alegrar-se quando pode ir à casa do Pai; sentir prazer na lei do Senhor, pois é bem-aventurado o homem que possui esse sentimento e medita na Sua lei de dia e de noite – Salmo 1º:2 e 3. Agindo assim, certamente seremos pessoas segundo o coração de Deus.

 

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Andar com Deus – Abraão

passos na areia

Andar com Deus é algo realmente muito importante e necessário, sobretudo em dias tão trabalhosos como estes nos quais vivemos (II Timóteo 3: 1 ao 5). Por essa razão, almejo compartilhar com você uma porção a mais desse apetitoso tema, pois, já diz o bom e velho ditado: “Diga-me com quem andas, que direi quem tu és”.

Nos artigos anteriores, conversamos um pouquinho sobre Enoque(  Andar com Deus – Enoque) e Noé(Andar com Deus – Noé). Agora, seguiremos os passos de Abraão, para aprendermos ou relembrarmos algumas coisas de fato preciosas e relevantes à nossa caminhada na fé, sempre com o objetivo de estar, a cada novo amanhecer, mais próximo daquele que nos criou com tanto amor e para seguir suas pisadas de cabeça erguida e com fé inabalável.

Para essa jornada bíblica, navegaremos em Gênesis 12:1 ao 3. Porém, se você quiser aprofundar-se um pouco mais, pode ler até o versículo 9. Veja, então, o que diz: “Então o Senhor disse a Abrão: Sai da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de você um grande povo/nação, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados”.

Em primeiro lugar é preciso entender que Deus queria escrever uma nova história com esse homem. No entanto, para que isso fosse possível, era necessário trocar o nome dele de Abrão (pai ilustre, pai excelso ou grande pai) para Abraão (pai das multidões ou pai de muitos). Logo, entendemos que andar com o Senhor requer de nós mudanças operadas por Ele, porque nem sempre o que somos está em harmonia com a vontade dele. Com esse servo foi o nome, já que não condizia com aquilo que o Senhor faria dele. Conosco podem ser outras coisas que não estão ou não são coerentes com a vontade do Pai.

O segundo aprendizado é que ele precisaria fazer uma mudança geográfica em sua vida, ou seja, ir para outro lugar. Qual a razão disso? Muitas vezes o lugar onde estamos ou no qual vivemos amarra-nos e nos impede de caminhar com Deus. Vale lembrar que Tera, pai de Abraão, era idólatra (Gênesis 11:31; Josué 24:2), o que, fatalmente, trazia influências negativas ao filho. Talvez nós não careçamos de uma mudança de lugar, mas de postura, de opinião, de situação, da maneira de crer ou de ver, a fim de que agrademos ao Senhor.  Quem sabe, uma tradição humana deve ser deixada para trás.

Outra preciosa lição é que Deus tinha algo melhor para Abraão. Se o orientou a sair daquela região, é porque havia preparado algo excelente para ele. Conosco também não é diferente. Caso sejamos orientados a fazer alguma mudança de rota em nossa vida é porque o Senhor tem bênçãos reservadas para nós. Entretanto, era preciso crer e sair dali para poder ver o que Deus lhe preparara com tanto carinho. Ele podia dizer não ao Pai, contudo decidiu falar sim e, por isso, desfrutou das copiosas bênçãos que lhes foram preparadas. Também podemos escolher o não, mas, se dissermos sim ao Senhor, suas dádivas inundarão nossa vida, e viveremos o melhor do Pai (Isaías 1:19).

A quarta grande lição é que Deus, de livre e espontânea vontade, prometeu abençoá-lo, segundo lemos nos versículos 2 e 3. Isso nos revela que o Senhor tem prazer de presentear quem decide seguir suas determinações. Pense em você mesmo. Caso seja pai ou mãe, seu coração não regozija quando o filho ouve suas instruções? Não se sente mais motivado a presenteá-lo? Como pai que sou, creio que sua resposta é sim. Portanto, entendo que Deus, que se declara nosso Pai, age do mesmo modo conosco.

Há muitos outros aprendizados. Todavia, desejo colocar apenas mais um: Deus prometeu abençoá-lo grandemente, porém esperava que ele se tornasse uma bênção (V 2). Penso que com você e comigo não é diferente. Não podemos e não devemos ser mar-morto, ou seja, aquele que só recebe, mas do qual nada transborda para suprir a necessidade de outrem. É necessário que sejamos abençoadores, pois a fé sem obras é morta em si mesma, conforme declara a Bíblia em Tiago 2:17 e 22).

Desse modo, finalizo dizendo: decida andar com Deus e seguir para onde ele tem determinado em sua Santa Palavra, mesmo que pessoas próximas a você tenham outras companhias e estejam caminhando para lugares estranhos e contrários à vontade do Senhor. Determine em seu coração ser uma bênção a cada dia em que o sol raiar e estar no lugar determinado pelo Senhor.

 
 

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Andar com Deus

Enoque andava com Deus

Recentemente, eu disse à minha esposa que existem, na Bíblia, algumas declarações sobre homens e mulheres de Deus, as quais sempre me vêm à mente. Elas possuem um grande significado espiritual não apenas para eles, mas também para cada um dos que querem estar em comunhão com o Senhor e no centro da Sua vontade.  E, por considerá-las relevantes, almejo compartilhá-las com vocês. Mas, como são várias, agora falarei sobre apenas uma.

A primeira delas diz respeito a Enoque. Há poucos registros sobre esse homem, por isso não sabemos exatamente o que ele fez que tanto agradasse a Deus. No entanto, independentemente de sabermos ou de deixarmos de saber, em Gênesis 5:22 diz: “E andou Enoque com Deus 300 anos…”. Já no versículo 24, lemos: “E andou Enoque com Deus; e já não foi encontrado, pois Deus para si o tomou”. Ou como declara a Nova Versão Internacional: “… pois Deus o havia arrebatado”.

Que palavra maravilhosa! Enoque fez uma sábia escolha. Provavelmente, muitos de seus contemporâneos optaram por andar sozinhos, seguindo seus próprios pensamentos, ouvindo seu coração (nem sempre tão sábio) e agindo de acordo com seus conceitos, muitas vezes equivocados, e preconceitos. Quem sabe tantos de seus familiares ou amigos decidiram ouvir orientações de pessoas sem nenhum temor ou compromisso com o Senhor e seguir a estrada da vida com elas. Entretanto esse homem decidiu andar com o Pai.  Como consequência de sua escolha, o Senhor o tomou para si.

Todavia, não se engane. Creio que não foi nada fácil nadar contra a correnteza. Estou certo de que muitos dos que se diziam seus amigos ou mesmo familiares quiseram convencê-lo de que estava perdendo tempo e sendo tolo por procurar viver com integridade e fidelidade a um Deus a quem nunca tinham visto.

Considerando que viveu 365 anos, talvez em sua juventude Enoque nadou a favor da correnteza, isto é, de acordo com os princípios do mundo como os demais de sua geração. Por isso, estava em paz com as pessoas, mas não com o Senhor. Contudo chegou o momento no qual ele entendeu seu desígnio e passou a nadar contra a correnteza, o que exigiu dele grande esforço e coragem.

Talvez, por toda a pressão sofrida, em algum momento ele tenha pensado que estava agindo como um tolo confiando em Deus. É possível que, por causa da sua fé, sofreu alguns prejuízos de ordem financeira ou relacional. Pode ser que perdeu grandes amigos ou que familiares se afastaram dele, deixando-o triste, chateado ou até magoado. Mas ele não desistiu. Não perdeu o foco. Ele prosseguiu marchando em direção a Deus com quem por certo tivera muitas e belas experiências.

Quem sabe sua história tenha alguma semelhança com a desse homem. Talvez, por professar sua fé no Senhor, pessoas importantes para você passaram a discriminá-lo, como aconteceu com minha família quando tomou a decisão de entregar sua vida a Cristo.

Talvez, justamente nesse momento da sua vida você tem questionado ou se questionado se realmente vale a pena servir ao Senhor, manter sua integridade, crer e manter sua fé em um Deus ao qual nunca viu. Mas, creia, tenho uma boa notícia para você: vale, sim, a pena seguir em frente. Há um avultado galardão para aqueles que seguem caminhando, mesmo que em vales, desertos ou montanhas, conforme nos diz o escritor aos Hebreus, capítulo 11:35: “Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão”.  Ou seja: existe grande ou exagerada recompensa.

Para finalizar, quero voltar a Enoque. Lembre que andar com Deus trouxe-lhe um excelente resultado: o Senhor o tomou para si. Certamente, havia milhares e milhares de pessoas em sua época. Entretanto só ele recebeu esse presente do Pai. Somente ele entrou para a História. No entanto, a melhor notícia que tenho para você é que o Senhor também quer tomá-lo para si. Portanto, mantenha sua fé, sua confiança e sua integridade a Deus. Não desista. Persista. Prossiga para o alvo, pois: “Nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Filipenses 3:20 e 21).

 

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Bem-aventurados

sermão A palavra de Deus é maravilhosa.  Nela, sempre encontramos o alimento certo, do qual nossa alma precisa em todas as situações pelas quais passamos e também para nossa condição espiritual e emocional do momento que estamos vivendo. Por essa razão, sempre que posso, gosto de compartilhá-la oralmente ou através da escrita.

Justamente por esse motivo, almejo compartilhar com você algumas reflexões sobre o Sermão da Montanha, o qual, como é de seu conhecimento, foi proferido por Jesus e também é chamado de “As bem-aventuranças”. Desejo fazê-lo porque nos últimos dias senti de colocar vários dos versículos desse sermão para a leitura dos meus alunos e tenho entendido que o Espírito Santo quer falar conosco através desse belíssimo texto. Então, eu o convido a refletir comigo a respeito de algumas verdades sobre ele e contidas nele.

A primeira delas é que estamos vivendo dias de grande crise de integridade em todos os níveis e segmentos da sociedade. Infelizmente, até mesmo entre o povo de Deus essa crise pode ser percebida, pois, muitos dos que se dizem cristãos têm se deixado corromper. E, quando se trata de pessoas que nunca tiveram temor ao Senhor, a degradação moral pode ser multiplicada bastantes vezes.

Para tais pessoas, o que mais importa é levar vantagem, mesmo que precise passar por cima de tudo e de todos e do modo mais inescrupuloso possível. Para esses indivíduos, os valores morais, espirituais e a ética nada significam, uma vez que sua data de validade está vencida há muito tempo. O pior é que a consciência deles já está cauterizada. Desse modo, nem percebem o mar de lama no qual estão naufragando: “Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência (I Timóteo 4:2).

A segunda verdade é que, para quem deseja viver uma vida dentro dos parâmetros estabelecidos por Deus, o Mestre dos mestres trouxe orientações que permitirão manter sua integridade mesmo vivendo nesse mundo tão corrupto e corruptor. Como estou certo de que você anseia por viver dignamente diante de Deus e da sociedade, convido-o a navegar pelas águas profundas desse ensino do Senhor, registra-do em Mateus 5: 1 ao 11.

Antes de começar a falar especificamente sobre cada bem-aventurança, creio ser importante registrar o significado bíblico da palavra bem-aventurado: feliz; que tem a felicidade celestial; que desfruta da graça (favor) de Deus ou ainda que está no céu.

No versículo 3, o Mestre diz: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Entendo que quando o Senhor declarou essa bem-aventurança, ele se referia às pessoas que têm um coração humilde. Basta lembrar que ele conhecia plenamente o ser humano e sabia do orgulho e da arrogância que habitavam o coração do homem da sua época, especialmente dos líderes religiosos, os quais faziam de tudo para se demonstrarem superiores e subestimaram até mesmo Cristo. Esqueceram-se de que “a humildade precede a honra” (Provérbios 15:33; 18:12).

Também hoje o homem não é diferente. É só olhar ao nosso redor que veremos indivíduos assim. A arrogância e o orgulho de tantos contemporâneos de Cristo  e dos nossos dias fizeram e ainda fazem descrer de Deus e supor que não têm necessidade de se arrependerem de seus pecados e de aceitarem Jesus como seu Senhor e Salvador pessoal. Também estes se acham superiores e acima do bem e do mal. Logo, segundo Cristo, estão fora do reino de Deus. A não ser que mudem de atitude, marcham a passos largos para a perdição eterna.

Na segunda bem-aventurança, o Senhor diz: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados” (v 4). Obviamente, esse choro pode estar relacionado ou ser consequência de muitas coisas, tais como: enfermidades, problemas familiares ou conjugais, desemprego e tantos outros que afligem o ser humano. Entretanto, penso que esse choro dito pelo Mestre trata especialmente do sofrimento por que passam aqueles que decidem assumir sua fé em Cristo. No entanto, por experiência própria, entendo que, independentemente da razão das lágrimas derramadas, o Senhor as enxuga e nos conforta. Quantas vezes já tive as minhas enxugadas pelo meu Senhor e Mestre! Nas horas mais horrendas e difíceis pelas quais passei, ali estava ele com sua toalha e com seu magnífico amor.

É bom lembrar que, enquanto vivemos neste mundo, todos nós estamos sujeitos a passar por situações nas quais o choro é inevitável. Entretanto, haverá um tempo em que não choraremos mais, pois o sofrimento será banido definitivamente da nossa vida. Veja o que diz Jesus em Apocalipse 21:4: “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque as primeiras coisas são passadas”.  Aleluia!!! E o melhor de tudo é que, neste tempo, estaremos diante do nosso Mestre e Senhor. Na terceira, ele declara: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (v 5).  No mundo atual, praticamente inexiste mansidão. Por qualquer motivo, até mesmo o mais tolo ou banal, as pessoas perdem o controle e, como se diz popularmente, “descem do salto”, fazem e falam absurdos, ferindo  aqueles com quem convivem, especialmente seus entes queridos. Muitos se arrependem amargamente depois; porém, ou já é tarde demais ou não há mais conserto para os estragos feitos. Logo, como é possível ser feliz de fato, se magoamos nosso próximo? Por isso, é preciso que desenvolvamos o domínio próprio e peçamos sabedoria a Deus para sabermos agir com equilíbrio e com equidade para com todos, sobretudo para com nossos familiares e amigos.

Além disso, penso que os mansos aos quais o Mestre se refere são, também, aqueles que professam sua fé com inteligência espiritual, sem se alterar quando questionados a respeito dos fundamentos dela ou quando são zombados ou discriminados em consequência dela. Talvez seja por esse motivo que em algumas versões bíblicas está escrito humildes. Aliás, de que adiantaria professar uma fé que não é seguida por frutos que a confirmam? Certamente é por isso que a Bíblia diz que a mansidão é um fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:22). Portanto, para ser manso de verdade ou humilde (nesse sentido), faz-se necessária a ação do Santo Espírito em nós. E, para tais pessoas, Jesus promete uma recompensa: herdarão a terra ou terá um lugar ao lado do Senhor.

No versículo 6, o Mestre declara: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”. No mundo atual, o que mais vemos é injustiça e pessoas injustas. Hoje, ser justo ou correto é assumir o risco de ser tachado como tolo. Para todo lado que olharmos, veremos a injustiça predominando. Quando se trata do meio político e empresarial então, a coisa fica feia. Mas, se olharmos para nós ou para aqueles com quem convivemos, ficaremos pasmos ao percebermos quantas vezes somos injustos nas pequenas coisas ou sofremos com a injustiça de indivíduos bem próximos de nós. Parece que ela passou a fazer parte da Constituição Federal. Porém, para quem almeja ser realmente bem-aventurado, é preciso estar atento a suas ações, a fim de que não proceda desse modo tão terrível. E, caso passemos a ter consciência de que pisamos na bola com alguém, devemos pedir perdão ao Senhor e à pessoa, caso seja possível. E, ainda quando houver condições, recompensá-la para que possamos gozar da felicidade proveniente da graça de Deus para conosco.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” – declara Jesus no versículo 7. Mas o que é ser misericordioso? Read the rest of this entry »

 
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Publicado por em 01/05/2015 em Estudos Bíblicos

 

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Pesca maravilhosa

pesca maravilhosa

“… mas, sobre tua palavra, lançarei a rede.”

 

Tudo o que Jesus fez é, de fato, maravilhoso e inegavelmente importante. Entretanto, existem alguns dos milagres realizados por ele que realmente me fascinam por trazerem preciosíssimas lições para nossa vida espiritual e também aos afazeres diários. Um deles é o que está registrado em Lucas 5:1 ao 11, que trata de uma pesca, a qual se tornou maravilhosa.

Nesse episódio, vemos que o Mestre tinha curado a febre da sogra de Pedro. Por causa disso, muitos começaram a trazer enfermos e possuídos por demônios para serem curados e libertos. Pelo que se entende o Senhor passou a noite inteira abençoando as pessoas. Mas ele também precisava descansar, pois, somente assim, renovaria suas forças para ter condições de continuar a realizar grandes obras em benefício do povo. Por essa razão, retirou-se para um lugar deserto, onde poderia, enfim, repousar um pouco (Lucas 4:37 ao 44).

No entanto, sua fama corria velozmente e logo o encontraram e a multidão o apertava para ouvir a palavra de Deus às margens do lago de Genesaré. Então Jesus viu dois barcos junto à praia e os pescadores lavando as redes. Nesse momento, Ele teve uma boa ideia: entrar num daqueles barcos, a fim de ficar mais à vontade e visualizar melhor as pessoas. Aliás, o Mestre sempre tinha boas ideias para resolver os problemas que lhe apresentavam.

Depois de entrar no barco, pediu a Simão (Pedro) que se afastasse um pouco da terra, sentou-se e começou a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, o Senhor teve outra boa ideia, como sempre. Ele ordenou a Pedro que fosse para um lugar onde as águas fossem mais profundas e lançasse as redes para pescar.

Ora, tal ordem parecia um tanto insensata e injusta com Pedro e os demais pescadores. Eles haviam trabalhado a noite inteira e não tinham conseguido nada. Certamente estavam exaustos, desanimados,  decepcionados e preocupados. Mesmo sendo profissionais e conhecendo os melhores lugares para pescar, voltaram de mãos vazias. Por esses motivos, era direito deles se recusarem a cumprir a ordem. Ninguém tinha  razão de questioná-los se assim fizessem.

Nesse ponto, já podemos identificar algumas preciosas lições. A primeira é que devemos fazer como aquelas pessoas, as quais seguiram o Mestre para ouvirem a palavra de Deus, pois “nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4:4).

A segunda: Jesus sempre vê quem está trabalhando. Ele viu Simão e seus ajudantes. Sem dúvida, o Mestre também enxergou o coração daqueles homens os quais, provavelmente, estavam preocupados, pois como iriam cumprir os compromissos daquele dia se não haviam pegado nenhum peixe? Ele também vê nosso esforço e nossas preocupações.

A terceira: Jesus teve uma boa ideia  para solucionar aquele problema. Ele usou os recursos humanos e materiais que os pescadores possuíam para, com eles, trazer a provisão da qual careciam. Com você e comigo não é diferente. Sempre temos alguma coisa em nossas mãos que podem ser usadas pelo Senhor para ele realizar o milagre do qual necessitamos. Com eles, foram os barcos e as redes; já com Moisés foi a vara. Certamente, você tem algo que Cristo pode usar para trazer à existência o desejo do seu coração. Pense um pouco e descobrirá ( Ler Marcos 6:30 ao 44).

A quarta: o Mestre não fará aquilo que está ao nosso alcance. Decidir  obedecer à voz dele era uma escolha de Pedro e dos demais, organizar e colocar as redes no barco, remar até o lugar onde havia águas profundas e lançar as redes fazia parte das possibilidades e responsabilidades daqueles homens. Porém, atrair os peixes para a rede era algo da competência do Senhor (Isaías 1:19).

A quinta: Read the rest of this entry »

 

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