Seria isso possível?
Por mais absurdo que pareça ser ou que de fato seja o que diz o título, ele reflete exatamente o pensamento de muitas pessoas. Até mesmo entre aquelas que se dizem cristãs.
Outro dia, por exemplo, ouvi da boca de uma aluna um declaração que confirma o que foi dito. Segundo me disse, ela era uma serva de Deus e exercia um ministério.Porém, um dia, foi traída pelo marido. Resultado? Jogou tudo para o alto. Abandonou o marido – e realmente tinha o direito de fazê-lo. A igreja. Deus. Sim, Ele mesmo, pois, conforme desabafou comigo, o Senhor não deveria ter deixado o marido traí-la. Se aconteceu, então Ele era o culpado. E, como tal, foi posto no banco dos réus.
Lamentavelmente, ela não é um caso isolado. Há muitas pessoas assim. Boa parte afastou-se completamente. Outros continuam freqüentando assiduamente a igreja, contudo totalmente decepcionados com o Senhor e, como conseqüência disso, magoados, revoltados, incrédulos. Na realidade, tais pessoas não mais adoram a Deus em espírito e em verdade, como é o desejo Dele e a quem procura (João 4:23,24). Apenas cumprem “tarefas religiosas”. “Assinam o ponto” na igreja.
Mas será que o Senhor é mesmo o culpado de nossas tragédias pessoais? Ou é o próprio homem o responsável?
Para entendermos melhor, pensemos num exemplo bem próximo da nossa realidade: João é pai de vinte filhos. É amoroso, justo, fiel, um educador extremamente sábio e trata todos de igual modo. Inclusive quando precisa corrigi-los. Além disso, não é autoritário; logo, não os obriga a nada. Somente os ensina e mostra-lhes o melhor caminho: da ética, da moral, da justiça, da honestidade, da integridade, do sucesso pessoal, da responsabilidade social etc…etc… e permite que eles façam suas escolhas.
Que pai maravilhoso, não? É do tipo que todos gostariam de ter.
No entanto, um deles se torna a “ovelha desgarrada” da família e opta por andar errante, como ocorreu com o filho pródigo da parábola de Jesus (Lucas 15:11 ao 33). E sua opção o leva impreterivelmente a toda sorte de males, incluindo neles a infidelidade (conjugal ou de outra área), as drogas, a violência, ao crime, a desonestidade; enfim, a toda forma de corrupção moral.
Pensando e agindo com equidade, seria, por acaso certo, apontar o dedo para esse pai e atribuir-lhe culpa pelos erros do filho? Seria sensato e humano colocá-lo no banco dos réus? Seria justo julgá-lo, considerá-lo responsável pelas desgraças causadas pelo filho e condená-lo, a fim de que pague por tais crimes?
Tenho certeza absoluta de que, se você é uma pessoa que preza a justiça, dirá que não é justo responsabilizá-lo. Por certo falará que o filho deve pagar por todo o mal que fez. Agirá dessa forma principalmente se for um pai zeloso e mesmo assim sabe que os filhos cometem deslizes inexplicáveis e que fogem ao seu controle. Como dizem as Escrituras em Ezequiel 18:20: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai levará a iniqüidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”.
Querido, esse mesmo raciocínio pode ser aplicado em relação a Deus. Como Pai perfeito (ao contrário de nós, que somos falíveis e imperfeitos), Ele nos ensinou com esmero todas a virtudes e valores mais nobres existentes e que são fundamentais a uma vida de integridade e também deu-nos o direito de escolha: “Eis que hoje ponho diante de vós a bênção e a maldição; a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos mando; porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes” (Deuteronômio 11:26 ao 28).
Nesse texto, fica bem claro que Deus deu ao povo de Israel, por meio de Moisés, o livre-arbítrio, porque não quer que sejamos robôs teleguiados por um controle remoto que fica em poder Dele. Infelizmente, por sermos limitados e termos uma natureza pecaminosa, ou seja, que tende sempre a fazer coisas erradas, muitas vezes – ou a maioria delas – optamos pelo mal e não apenas magoamos nossos semelhantes mas também deixamos o coração de Deus entristecido, dilacerado.
Sendo assim, é completamente injusto e insensato atribuir ao Senhor a culpa pelos erros de nossos semelhantes, sejam eles cônjuges, pais, irmãos, amigos ou qualquer outra pessoa. E mesmo os nossos próprios deslizes e fracassos.
Outrossim, como Pai perfeito, Deus deseja sempre o melhor para nós. Por isso, ainda que tantas vezes o entristecemos, ele sempre nos perdoa quando reconhecemos e pedimos perdão e nos dá uma nova chance e faz a seguinte declaração: “Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais” (Jeremias 29:11). Então, que tal tirar Deus do banco dos réus e entronizá-lo em nosso coração?
José Paulo
28/09/2009 at 12:34
Muito Bom. Continuem firmes no ministério que Deus lhes deu.
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