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A escolha de Moisés

“A vida é feita de escolhas. Quando você dá um passo para frente, alguma coisa fica para trás.” (Autor desconhecido)     

     Você já precisou fazer muitas escolhas ao longo da sua vida?

     A pergunta parece tola, pois a resposta obviamente é sim. Mas ela serve para entendermos a linha de raciocínio que será seguida no artigo.

     Algumas dessas escolhas são muito simples. Por exemplo, a roupa que vai usar para trabalhar ou mesmo para ficar em casa. Porém, outras são muito importantes e sérias. Logo, requerem profunda reflexão, uma vez que as consequências podem afetar toda a vida, inclusive a de pessoas que amamos ou até de quem não se relaciona conosco diretamente.

     Já faz um bom tempo que a história de alguém que precisou fazer uma importante escolha fica saltitando em minha mente: Moisés. Por certo, para muitos, ela não passa de uma narrativa de ficção, o que deve ser respeitado. Afinal, é um direito que lhes assiste. Mas, para aqueles que creem que a Bíblia é a Palavra de Deus e que já tiveram uma experiência pessoal com o Senhor, ela é real e traz grandes e atuais ensinamentos. E esses indivíduos também merecem respeito. 

     Só para relembrar os fatos, segue um breve resumo do que está em Gênesis 41 ao 50 e nos primeiros capítulos de Êxodo: Por causa de uma grande seca em Canaã, os descendentes de Abraão foram morar no Egito, quando José era o Governador. Lá, cresceram muito e prosperaram. E isso começou a incomodar o faraó que governava, o qual não conhecia a história de José. Assim, com medo de os descendentes de Abraão quererem tomar o poder, decidiu oprimi-los, transformando-os em escravos.

     Para complicar, o governante ordenou que matassem os meninos de dois anos para baixo e também que as parteiras matassem os que nascessem a partir daquele decreto. Desse modo, enfraqueceria o povo hebreu e o manteria subjugado. E assim o fez.

     No entanto, Joquebede conseguiu esconder seu filho por três meses. Porém, chegou um momento em que isso não mais era possível. Por isso, colocou o garoto em um cesto e o pôs no rio. Lá, ele foi resgatado pela filha do faraó, a qual decidiu adotá-lo como filho e deu-lhe o nome de Moisés (do hebraico Moshe, que quer dizer “criança”, “filho” ou “tirado das águas”).

     Moisés cresceu no palácio. Foi instruído em toda a ciência do Egito e era poderoso em palavras e obras, como lemos em Atos 7:22. Contudo, chegou o momento no qual ele descobriu que não era egípcio e, sim, hebreu. Por conseguinte, não concordava com as injustiças sofridas por seu povo. Então, quando viu um egípcio ferindo um hebreu, interveio, matando o agressor. E, para não ser  pego e punido, fugiu (Êxodo 2:11-22).

     Nesse ponto da história, quero fazer uma pergunta: Se estivesse no lugar dele, vivendo com todos os privilégios que lhe eram oferecidos no palácio, você iria se preocupar com meros escravos?

     Para dizer a verdade, talvez, se fosse eu, iria fingir que não tinha visto nada ou que não tinha nada a ver com aquele povo escravizado. Afinal, agora eu era filho da princesa, respeitado e quem sabe mimado. Além disso, não tinha nenhuma culpa de ter sido criado como egípcio. Portanto, para que me envolver em questões que não me diziam respeito?

    Mas não foi isso que aconteceu. Veja o que as Escrituras registram em Hebreus 11:23-27: “Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei. Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que, por um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa. Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível”.

      Evidentemente, essa história vai ter muitos fatos novos como, por exemplo, a retirada do povo hebreu do Egito e sua condução à Terra de Canaã. Todavia, quero destacar alguns pontos importantes e fazer uma contextualização que nos envolve também.

  • “Pela fé…”: A decisão de Moisés foi tomada não apenas como resultado da razão ou da racionalidade, mas envolveu a fé.

Penso que se ele tivesse usado apenas a razão não teria feito o que fez. Logo, entendo que existem situações nas quais a fé deve se sobrepor à razão. Isso porque a fé inteligente inclui Deus e o coloca no comando. Porém, a razão normalmente exclui o Senhor e nos coloca no controle, podendo gerar consequências catastróficas, sobretudo quando envolvem questões relacionadas à vida espiritual.

Veja: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem” – Hebreus 11:1.

  • A consequência direta da fé foi receber forças e discernimento para fazer uma escolha que mudaria para sempre a vida dele e de seu povo.

Essa escolha, como já vimos, o fez perder sua posição de filho da princesa e todas as regalias resultantes disso. Conosco não é diferente. Muitas vezes, também somos levados a tomar decisões que parecem resultar em perdas. E isso pode nos deixar apreensivos ou mesmo nos desesperar. Mas, quando elas têm a direção de Deus, gerarão conquistas muito maiores e melhores do que os prejuízos.

Especialmente quando decidimos entregar nossa vida ao Senhor e nos tornar seus discípulos, a impressão que temos é que vamos perder muitas coisas. Por exemplo: alguns argumentam que não vão poder fumar, beber, se relacionar sexualmente com muitas pessoas, ir a determinados lugares ou perder amigos.

No entanto, aquilo que ganhamos do Senhor é tão maravilhoso que todas essas “coisinhas de estimação” não fazem nenhuma falta, pois o Espírito Santo nos faz sentir plenos, saciados e realizados com aquilo que o Pai aprova. Assim, para se sentir feliz ou ter prazer, você não precisará daquilo que Deus desaprova. E Deus lhe dará amigos de verdade, pois, se o deixarem por causa da sua fé, não eram de fato seus amigos.

Como você sabe (ou talvez não saiba), o Egito é uma figura ou uma metáfora do mundo, o qual oferece um prazer momentâneo como foi o do povo hebreu naquele lugar, ou ilusório, que escraviza, que faz sofrer. Assim, ao decidir cortar o cordão umbilical que o ligava àquele lugar, Moisés vai começar a andar no centro da vontade de Deus. Foi fácil? Em hipótese alguma! Mas necessário. 

  • “… tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa”.

No versículo acima, entendemos que pela fé Moisés já visualizava um futuro muito melhor do que aquilo que fazia parte da realidade atual dele. E ele sabia que a recompensa divina de fato compensava as perdas do momento. Ele já possuía a convicção de que passaria a eternidade com Deus: “E esta é a promessa que ele {Jesus} nos fez: a vida eterna” – 1João 2:25.  

  • “Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível”.

    Aqui, quero destacar três coisas: ele deixou o Egito pela fé. Considerando que o Egito é uma figura do mundo (esse sistema corrupto e corruptor que nos cerca), quebrar os vínculos que tem com ele não é nada fácil, mas é preciso e possível.

     A fé tira o temor. Tudo o que é novo ou desconhecido causa temor. Porém, a fé inteligente (não teórica ou com fanatismo) substitui o medo e a insegurança pela ousadia, confiança e segurança em Deus. 

     Ele ficou firme, como vendo o invisível. Isso também é resultado da fé. Ela nos mantém firmes e constantes, pois é como se víssemos aquilo que é invisível.

     O apóstolo João nos lança luz sobre isso ao dizer: “Quem crê no Filho de Deus em si mesmo tem o testemunho; quem em Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus – 1 João 5:10-13.

     Em outras palavras: a fé genuína nos permite saber que temos a vida eterna, conquistada por Cristo para nós através da sua morte e ressurreição. E isso faz toda a diferença em nossa vida.  

     Para finalizar, almejo fazer mais algumas considerações:

  • A cada passo que damos para a frente, deixamos algo para trás, conforme diz o texto de abertura. Nesse caso, o que Moisés deixou parecia ser grandioso, mas ele conquistou coisas muito maiores, inclusive a certeza de que estava no centro da vontade de Deus. E mais: o Senhor falava diretamente com ele: “E falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo…” – Êxodo 33:11 – e por meio dele libertou o povo hebreu da escravidão. Por isso, ele tipifica Cristo, que nos liberta do mundo de pecados e injustiças de toda sorte.
  • Se fizermos as escolhas certas, se escolhermos o Senhor, se obedecermos aos seus mandamentos, se entregarmos nossa vida a Cristo, para que ele seja nosso Senhor e Salvador, nós também receberemos uma grande recompensa: paz de espírito hoje e a vida eterna ao lado do Senhor (João 3:16).
  • Diante disso, cabe a cada um de nós colocar na balança aquilo que o sistema mundano, corrupto e corruptor, tem a nos oferecer e aquilo que o Senhor quer nos dar. Aquilo que pesar mais na balança deve ser o que escolheremos. O mundo oferece prazeres momentâneos e, muitas vezes, ilusórios, que provocam mais sofrimento e insatisfação do que paz interior. Mas o Senhor dá algo eterno e pleno.
  • Assim, compete a cada um de nós decidir se crê na existência de Deus ou não; se Jesus de fato existiu ou não; se as Escrituras Sagradas são a Palavra de Deus ou não; se existe vida eterna ou não; se existe céu e inferno ou não; se vale a pena ou não assumir um compromisso com o Senhor ou não.
  • O que escolher então? Como já foi dito, está em nossas mãos o poder de escolha. Mas, “Se vocês estiverem dispostos a obedecer, comerão os melhores frutos desta terra” – Isaías 1:19. E, se estivermos dispostos a crer e a obedecer ao Senhor, passaremos a eternidade com o Pai: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo…” – Mateus 25:34.
  • Jesus disse aos discípulos que quem escolhe servi-lo não fica sem recompensa: “Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a vida eterna – Mateus 19:28,29.

Sendo assim, faço a mesma escolha que Josué: “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor – Josué 24:15.

Para ouvir: Eu escolho Deus – Thalles Roberto

 
 

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Quebrando paradigmas e escolhendo ser diferente

Já faz um bom tempo que esse tema tem povoado minha mente. Para dizer a verdade, não sei exatamente por que ele teima em ir e vir. Porém, devo confessar a você que quando isso ocorre entendo que o Senhor tem algo a me ensinar sobre ele. E por que não a você também?

     Partindo, portanto, desse ponto de vista, eu o convido a meditar um pouco sobre ele. Para isso, antes de começar a argumentação, preciso relembrar que paradigma, do grego paradeigma, é algo que serve de modelo, exemplo ou padrão a ser seguido em determinada situação.

     Mas vai além disso. A ideia mais aceita de paradigma remete ao filósofo Thomas Kuhn (1922-1996), autor da obra A Estrutura das Revoluções Científicas (Perspectiva, 1997), em cujas palavras “paradigma é uma estrutura mental composta por teorias, experiências e métodos que serve para organizar a realidade e seus eventos no pensamento humano”.

    Ao analisar a definição dada pelo filósofo, percebemos a abrangência, a complexidade e a importância de tratar dessa questão, especialmente quando o analisamos à luz das Escrituras Sagradas. Razão pela qual desejo falar dessa quebra em algumas áreas da vida: social, espiritual, familiar e pessoal, uma vez que tais modelos ou padrões interferem diretamente em nosso dia a dia, seja de forma positiva ou negativa.

    Para começar a argumentar, convido você a refletir comigo sobre alguns relatos bíblicos, os quais ajudarão a compreendê-lo mais profundamente e poderão nos auxiliar a fazer determinadas quebras e a escolher algo melhor.

    O primeiro deles está em 2 Reis 16:1 ao 9 e trata da história do rei Acaz. No versículo 2, encontramos a seguinte declaração: “… e não fez o que era reto aos olhos do Senhor, seu Deus, como Davi, seu pai/antepassado”. E, nos versículos seguintes, há uma lista de coisas erradas que ele fez e também das consequências de suas atitudes e ações, as quais atingiram em cheio não apenas o monarca, mas também sua família e todo o povo de Israel.

    O segundo relato está registrado em 2 Reis 18:1 ao 12 e em Isaías 38. Esses textos se referem a Ezequias, filho de Acaz e seu sucessor no trono. Já no versículo 3, encontramos a seguinte declaração: “E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Davi, seu pai/antepassado”. A seguir, também temos o registro de diversas ações desse rei, as quais demonstram claramente por que ele foi digno dessa menção honrosa.

    Que interessante!!! Ele cresceu num ambiente cheio de paradigmas nocivos. O pior é que os exemplos ruins vinham de seu próprio pai. Desse modo, o mais provável seria reproduzir aquilo que observava nele. No entanto, vemos que ele ESCOLHEU ser diferente, e para melhor. Por isso, suas ações e seu governo foram aprovados pelo Senhor.  

     Vejamos algumas de suas obras que receberam a aprovação de Deus: ele fez o que era reto aos olhos do Senhor, não a seus próprios olhos (v 3); aboliu a idolatria (v 4); confiou no Senhor com todo o seu coração (v 5); não se apartou de Deus e guardou seus mandamentos (v 6); conduziu-se com prudência e se revoltou contra a servidão ao rei da Assíria e não o serviu (v 7).  

     Suas ações como rei trouxeram benefícios não só a ele, como também a todos os israelitas. Por amá-lo e aprovar seu governo, quando adoeceu, o Senhor enviou o profeta Isaías para avisá-lo de que deveria pôr sua casa em ordem porque ia morrer. Então ele orou a Deus e foi atendido, recebendo de presente mais 15 anos de vida (Isaías 38). Percebemos, assim, que ele tinha crédito com o Altíssimo.

   A terceira história que quero mencionar é a de Manassés, filho de Ezequias e seu sucessor (2 Reis 21:1 ao 18). Pela lógica, por ser filho de uma pessoa temente a Deus, ele também seria um homem íntegro diante do Senhor. Porém, veja o que se relata dele: “E fez o que era mal aos olhos do Senhor…” (2 Reis 21:2).

    Na sequência, existe uma grande lista de coisas más que ele realizou: praticou as mesmas coisas abomináveis que os povos pagãos (v 2); era profundamente idólatra (v 3 ao 5); envolveu-se com a feitiçaria e outras práticas ocultistas, o que era proibido por Deus – v 6 – (Ver Deuteronômio 18:9 ao 14; Isaías 8:18) e derramou muito sangue inocente (v 16). Além disso, leia o que ele fez: “Porque Manassés de tal modo os fez errar {fez o povo errar}, que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel” – 2 Reis 21:9.

    Nos versículos 6 e 7, ainda lemos o seguinte: “… e instituiu adivinhos e feiticeiros, e prosseguiu em fazer mal aos olhos do Senhor, para o provocar à ira. Também pôs uma imagem de escultura, do bosque que tinha feito, na casa de que o Senhor dissera a Davi e a Salomão, seu filho: Nesta casa e em Jerusalém, que escolhi de todas as tribos de Israel, porei o meu nome para sempre”.

    Observe que ele fez tais coisas para provocar a ira do Senhor. Note que ele era um sujeito petulante, atrevido, desabusado. Desafiou a Deus, como se ele pudesse lutar contra o Senhor. Mesmo tendo o bom exemplo do pai, Manassés ESCOLHEU ser diferente, mas para o lado negativo. Evidentemente, isso trouxe sérios prejuízos a si mesmo e ao povo que governava, gerando muito sofrimento.

    Em 2 crônicas 33:10, lemos: “E falou o Senhor a Manassés e ao seu povo, porém não deram ouvidos”. Observe que Deus tentou trazê-los de volta à razão e à fé. Entretanto, não deram ouvidos e, por essa razão, veio o julgamento do Senhor. Quando o rei caiu em si, arrependeu-se, converteu-se de seus maus caminhos e clamou a Deus, e este usou de misericórdia para com Manassés e o abençoou.

    Veja o que diz o texto: “E ele, angustiado, orou deveras ao Senhor, seu Deus, e humilhou-se muito perante o Deus de seus pais, e lhe fez oração, e Deus se aplacou para com ele, e ouviu a sua súplica, e o tornou a trazer a Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o Senhor é Deus” – 2 Crônicas 33:12,13.

    Diante do caos, Manassés DECIDIU ser diferente e se voltar para Deus. Assim, teve uma segunda chance e a agarrou com unhas e dentes, sendo totalmente restaurado pelo Senhor, o qual sempre está disposto a perdoar e a acolher o pecador arrependido, como lemos em 1 João 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.

     Mas… e quanto a nós hoje?

     Certamente também é necessário que quebremos determinados paradigmas sociais e escolhamos ser diferentes. A sociedade na qual estamos inseridos está recheada de exemplos ou modelos a não serem seguidos.

     Quando observamos as ideologias que a mídia incansavelmente tenta incutir em nossa mente, vemos o quanto precisamos estar enraizados no que nos ensina a Palavra de Deus para não sermos vitimados por elas. Afinal, como disse o salmista no Salmo 119:105: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho”.

     Se a Palavra de Deus é lâmpada e luz para o cristão, e é, deve estar acesa ou ligada. Caso contrário, não cumprirá seu papel. Logo sua Bíblia deve estar aberta e ser lida, estudada e analisada minuciosamente. E isso porque é o que dizem as Sagradas Escrituras, não a mídia, que deve iluminar seus pés e seu caminho e nortear suas ações, comportamentos e crenças.

     Novelas, seriados exibidos pela televisão, filmes e desenhos animados (aparentemente inocentes) e letras de músicas transmitem costumes e comportamentos totalmente contrários aos que o Senhor nos ensina. Basta lembrar as ideologias que determinados Youtubers, chamados de influencers digitais, disseminam e tentam incutir na cabeça de todas as pessoas, especialmente as mais jovens.

     Vemos isso claramente ao tratarem de questões relacionadas ao casamento. À sexualidade, à família, ao culto ao corpo, à busca desenfreada pelo prazer sexual. Ao desrespeito aos pais e ao próximo e tantas outras coisas que são explícitas e, pior ainda, aquelas que vêm de forma implícita ou subentendida e vão, sorrateiramente, se alojando na mente de todos nós.

     Inclusive, com o passar do tempo, tudo isso pode ser reproduzido por nós como se fossem as coisas mais normais ou corretas do mundo. Por isso, não apenas precisamos, mas devemos confrontar aquilo que tem se tornado comum em nosso dia a dia com aquilo que as Escrituras Sagradas ensinam. Assim, não seremos seduzidos e enganados pelo brilho do mal, o qual vem disfarçado com aroma, sabor e cores do bem.

     Outros paradigmas que precisamos quebrar estão ligados a práticas religiosas. Muitas vezes, herdamos de nossos pais ou antepassados determinadas crenças que, apesar de serem repassadas a nós com as melhores intenções e sinceridade, não estão em harmonia com o que a Bíblia ensina.   

   Em Deuteronômio 18:9 ao 14 e Isaías 8:18, por exemplo, vemos que o Senhor abomina e proíbe o ocultismo e todas as suas ramificações. Já em Êxodo 20:1 ao 6, vemos Deus proibindo a idolatria, ou seja, que se considere qualquer ser ou objeto como digno de ser cultuado ou venerado.

    Sendo assim, mesmo que nossos pais nos ensinaram a fazer isso, não podemos fazê-lo, pois a Palavra do Senhor deve prevalecer. Como disse o apóstolo Pedro e outros apóstolos quando queriam obrigá-lo a fazer algo contrário à vontade do Altíssimo: “Mais importa obedecermos a Deus do que aos homens” – Atos 5:29. Ou como está na versão King James: “Ao que Pedro e os demais apóstolos disseram: É necessário que primeiro obedeçamos a Deus; depois, às autoridades humanas”.

     Evidentemente as Escrituras nos ensinam a honrarmos aos nosso pais. Em Efésios 6:1 ao 3, está escrito: “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, porque isso é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que vivas bem e tenhas vida longa sobre a terra” (Ver também Êxodo 20:12).

    No entanto, quando os ensinamentos dos nossos pais vão em sentido contrário aos do Senhor, devemos optar por fazer a vontade de Deus. Por outro lado, é preciso explicar com todo o respeito as razões bíblicas pelas quais decidimos cultuar a Deus de outra maneira.

     Em outras ocasiões, precisamos romper padrões familiares ligados não diretamente à forma de cultuar ao Senhor, mas em relação a certos conceitos ou hábitos que não são saudáveis. Em algumas famílias, por exemplo, é comum xingar ou falar palavrões. E, ao olharmos para a Bíblia, vemos que lá está escrito que não devemos falar palavras torpes, mesmo que sejam culturalmente aceitas. Em outras, existe o hábito de beber ou fumar, o que também não é aprovado pelo Senhor, dados os riscos que traz à saúde e à sociedade.  

     Por fim, existem paradigmas pessoais que devem ser destruídos. No meu caso (permita-me dar dois exemplos pessoais), precisei quebrar o complexo de inferioridade, o qual me fazia sentir incapaz de realizar as coisas que chegavam às minhas mãos, mesmo os outros enxergando capacidade em mim. É óbvio que isso me impediu de conquistar muitas coisas.  

    No entanto, quando o Senhor desvendou os meus olhos e me fez enxergar que eu também era capaz, mudei da água para o vinho. Não foi fácil, mas foi necessário. Às vezes, até hoje esse “bicho” quer me atrapalhar; porém, agora tenho as armas de Deus (descritas na sua Palavra) que me ajudam a derrotar esse gigante. E ESCOLHER ser diferente, pois também sou feito à imagem e semelhança do Senhor e posso pedir sua ajuda – Tiago 1:5.  

    Outro paradigma que precisei quebrar diz respeito à demonstração de carinho a meus filhos e à minha esposa. Meus pais não tinham o hábito de falar palavras carinhosas (E não os estou culpando, pois certamente os pais deles também não tinham; apenas fazendo uma constatação). Eles demonstravam amor de outras formas, como preocupação com nosso bem-estar, por exemplo. Mas eu ESCOLHI ser diferente, e Deus tem me ajudado a ser.

     Sei que muitos de nós temos que derrotar alguns gigantes que nos atrapalham e quebrar alguns modelos, sejam eles sociais, espirituais, familiares ou pessoais. Também tenho convicção de que quase sempre não é fácil ou que muitas vezes relutamos e não queremos reconhecer que tais paradigmas existem e também a necessidade de os destruir. Todavia, quando tomamos consciência disso e agimos, passamos a nos sentir livres de um pesado fardo que carregávamos sobre os ombros. Assim, podemos caminhar a passos largos, firmes e constantes em direção aos sonhos que temos e que desejamos realizar.

    Portanto, quero encorajá-lo a fazer uma busca ou uma varredura em seu interior, a fim de verificar se ainda há algum paradigma a ser rompido. Também o incentivo a escolher ser diferente (para melhor). A escolha é sua. Ninguém pode tomar essa decisão em seu lugar. Só você. Contudo, se achar que não consegue sozinho, quero lembrá-lo de que você tem um ajudador que o ajuda a vencer suas fraquezas: o Espírito Santo – Romanos 8:26.

    Sugestão de músicas:Gênesis” (Brother Simion) e   “Quero Que Valorize/O Mover Do Espírito” (Ludmila Ferber )  

 
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Publicado por em 01/06/2020 em Estudos Bíblicos

 

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