Deus cuida de mim – Kleber Lucas
“Extra! Extra! Uma enorme epidemia de anões está se espalhando por todo o mundo. Ninguém sabe onde ela teve início, e nem quando, e até o momento não se conseguiu detectar as causas. Mesmo as maiores autoridades nesse assunto estão estupefatas diante desse fenômeno jamais visto em toda a história da humanidade, e não conseguiram encontrar uma solução à altura para esse ‘problema’. Especula-se que, se a epidemia continuar se alastrando com essa velocidade, em poucas décadas, talvez na próxima geração, haverá apenas pessoas com estatura abaixo da média, o que poderia comprometer a estrutura da sociedade atual e afetar a qualidade de vida dos baixinhos, uma vez que quase todas as coisas foram projetadas por e para indivíduos considerados ‘normais’, segundo os padrões estabelecidos pela população dos nossos dias.”
Queridos, certamente se vocês lessem ou ouvissem uma notícia mais ou menos com essas palavras ficariam atônitos e preocupados, ou no mínimo intrigados com o fenômeno descrito e desejosos de que os cientistas descobrissem as causas e encontrassem uma solução definitiva para esse mal. Porém, infelizmente, há um bom tempo esse “fenômeno” tem atingido a Igreja do Senhor e os cristãos em geral parecem não estar preocupados, ou nem mesmo assustados, pois a redução de tamanho vem ocorrendo de forma processual, lenta e contínua. Pior ainda: tudo indica que muitos de nós não têm percebido a existência dessa epidemia. Mais ainda: parecem não notar que aos poucos também vêm diminuindo de “tamanho”, no que diz respeito à vida espiritual, e isso é extremamente nocivo, destrutivo a nós mesmos, à nossa família e, conseqüentemente, à Igreja do Senhor Jesus.
Talvez vocês me perguntem quais são as causas desse mal e se existe solução plausível para ele, e eu lhes respondo tomando como base as Escrituras Sagradas, porque somente elas trazem o diagnóstico e o remédio mais confiáveis, visto que os exames e os medicamentos foram feitos pelo Médico dos médicos, aquele que conhece a nossa estrutura e lembra-se de que somos pó: Deus.
Em primeiro lugar, é preciso que tenhamos ciência e consciência do problema. A Palavra de Deus nos mostra claramente que Ele não quer que seu povo seja ignorante, isto é, desconhecedor tanto da sua palavra quanto dos acontecimentos que fazem parte da história da humanidade, que também é a nossa história. Vejamos, por exemplo, o que o Senhor nos diz por meio do profeta Oséias: “O meu povo foi destruído porque lhes faltou o conhecimento; porque o meu povo me rejeitou, eu também o rejeitarei” (4:6). O apóstolo Paulo certa vez falou assim: “Meus irmãos, acerca dessas coisas não quero que vocês sejam ignorantes”. Por quê? Certamente porque quando somos desconhecedores de algo não conseguimos usufruir dos nossos direitos civis e, principalmente, dos nossos direitos espirituais conquistados através de tanto sacrifício por Cristo lá na cruz do calvário. Entendemos, então, que a ignorância traz destruição: dos sonhos pessoais, da família e, principalmente da Igreja do Senhor.
Depois de termos essa consciência, faz-se necessário que busquemos o conhecimento, conforme ensina o Pai em Oséias 6:3, 6: “Então conheçamos e prossigamos em conhecer… porque Eu quero misericórdia e não sacrifício, e o conhecimento de Deus mais do que sacrifícios”. E o apóstolo Pedro nos adverte: “Antes cresçamos na graça e no conhecimento de Deus” (3:18).
Vejam, queridos, que sempre houve uma preocupação do Senhor em relação ao nível de conhecimento do seu povo. Isso ocorre uma vez que o desconhecimento nos torna presas fáceis do maligno. Com certeza vocês já passaram por situações nas quais se sentiram como anões diante de gigantes justamente pelo fato de não conhecerem seus direitos. Talvez até foram humilhados por alguém injusto e prepotente, que se aproveitou da situação para tirar algum proveito ou simplesmente com o intuito de mostrar-se superior. E eu gostaria de chamar sua atenção para esse perigo, visto que o adversário das nossas almas age de maneira semelhante. Ele se aproveita da falta de conhecimento dos filhos de Deus para fazê-los presas suas, oprimindo, manipulando, escravizando, impedindo-os de crescerem espiritualmente. Logo, se a pessoa não cresce, jamais poderá ser usada nas mãos do Senhor como instrumento de bênção na vida de outros (entes queridos ou não), barrando, assim, o crescimento do Reino de Deus aqui na terra, e tirando o direito de muitos outros de desfrutarem dos benefícios divinos.
Aqueles cujo crescimento espiritual é abaixo da expectativa divina vivem sempre dependendo excessivamente de outros (pastores, líderes em geral ou “daqueles irmãos cheios da unção de Deus”) para superarem suas dificuldades. É obvio que a própria Bíblia nos aconselha a “comunicarmo-nos com os santos nas nossas necessidades”, e, em hipótese alguma, eu iria pensar, falar ou ensinar o contrário. Longe de mim esteja isso. Porém, o excesso de dependência parece demonstrar que nos esquecemos de que o Senhor Jesus revestiu com autoridade todos os seus discípulos, conforme se pode ver nos textos seguintes: Lucas 9:1,2,6 / 10:1,3,9,17 ao 20 / 24:49 / Marcos 16:15 ao 20 / Mateus 28:18 ao 20 / Atos 1:8. E isso é terrivelmente ruim, pois dá a entender que Deus tem alguns filhos prediletos, aos quais Ele capacita, o que não é verdade e entristece o coração Dele, que não faz acepção de pessoas. Por conseguinte, é preciso que assumamos a nossa posição de autoridade e sejamos menos dependentes de pessoas, como o são os bebês, e mais do Senhor.
Amados, se o crescimento espiritual é uma preocupação e um desejo do Pai celeste para nós, deve ser também a nossa, pois, que pai terreno há que não se preocuparia se visse seu filho nascer e permanecer do mesmo tamanho por meses, anos, décadas, ou a vida inteira? Tenho certeza absoluta que vocês mesmos ficariam imensamente tristes e preocupados, caso isso ocorresse com seus filhos. Também que pessoa ficaria satisfeita consigo mesma se continuasse com a mesma estatura de quando nasceu? Creio que sua resposta será: nenhuma. Portanto, é imprescindível que passemos por todas as fases de crescimento espiritual, assim como acontece com o desenvolvimento físico do ser humano.
Por tudo isso, gostaria que vocês refletissem sobre a sua condição espiritual e tomassem as providências cabíveis e necessárias para que pudessem estar no centro da vontade de Deus. Lembrando-se de que Jesus advertiu o povo dizendo: “Vós errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mateus 22:29). E o Senhor não quer que continuemos a errar o alvo, a pecar, por causa da ignorância. Ele não quer que sejamos portadores de nanismo espiritual, isto é, crescimento . É meu desejo também que tenham ciência de que somente atingiremos a estatura almejada pelo Senhor através do estudo da Palavra, do jejum, da oração, da freqüência às reuniões regulares da Igreja, dos momentos de comunhão a sós com o Senhor, tendo como exemplo o Senhor Jesus que enquanto viveu como homem-Deus sempre reservava momentos diários com o Pai. Enfim, anseio que todos vocês e eu não sejamos anões, porque Deus não é a Branca de Neve, e a minha oração constante a Deus é que Ele nos abra os olhos para que vejamos as maravilhas da lei dele (Salmo 119:18) e que o Espírito Santo nos auxilie no processo de busca e de crescimento no Senhor.