“A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria, emprega tudo o que possuis na aquisição de entendimento.” (Provérbios 4:7)
Não precisa ser um expert no assunto para saber que hoje as pessoas têm muito mais informações e conhecimentos do que quem viveu nas gerações anteriores à nossa. Basta comparar uma criança com menos de dez anos com uma da década de 1970 que verá uma gritante diferença entre sua bagagem cultural.
Se isso é bom ou ruim, depende do ponto de vista de cada indivíduo, e meu objetivo aqui não é entrar nessa discussão. O que desejo refletir com você é que existe uma grande diferença entre ter conhecimento e ser sábio. Para isso, antes de qualquer coisa, quero dizer que todos nós somos inteligentes.
Logicamente, a recente descoberta da existência de múltiplas inteligências nos permite entender de modo mais claro e preciso por que um se destaca mais em Matemática e outro, em Português, por exemplo. Também é óbvio que a manifestação da inteligência de um indivíduo é consequência direta da sua vontade, dedicação, determinação e disciplina para aprimorar seus conhecimentos, habilidades e competências. Como disse Albert Einstein: “90% transpiração e 10% inspiração”.
Mas… qual a diferença entre ser inteligente e ser sábio? Sei que poderiam ser dadas aqui diversas explicações e, por certo, todas elas teriam fundamento. Porém, quero expor meu conceito, baseado nas Escrituras Sagradas: Sabedoria é usar a inteligência para o bem, e isso em todas as áreas da vida.
Quando se trata da vida espiritual, a Bíblia diz: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que cumprem os seus mandamentos; o seu louvor permanece para sempre” – Salmos 111:10. Contudo, como essa área rege todas as demais, é preciso avaliar se tememos ou não a Deus. Obviamente, temor não é ter medo, mas respeito e obediência devidos ao Senhor.
Outra demonstração clara de sabedoria é afastar-se do mal. Veja o que declara Salomão em Provérbios 14:16: “O sábio teme, e desvia-se do mal, mas o tolo encoleriza-se e dá-se por seguro”. Logo, se você foge do mal, está demonstrando ser uma pessoa que tem esse atributo, virtude ou qualidade.
Conforme está explícito na definição de sabedoria, ser sábio é usar a inteligência para o bem. Para entender melhor, basta você dar uma olhada na História da humanidade que verá tantas pessoas inteligentes, entretanto nem um pouco sábias. Pense em Hitler, por exemplo. Todavia, não precisa ir longe. Caso olhe ao seu redor, há de enxergar pessoas assim. Quem sabe, olhando para si mesmo verá que em determinadas situações você não foi tão sábio quanto desejava ou precisava ser.
Juntando-se a isso, Pitágoras, 570 A.C., grande filósofo e matemático, declara: “Escuta e serás sábio. O começo da sabedoria é o silêncio”. Que frase profunda! Hoje, o que mais vemos são pessoas falando além da conta, sem nenhuma sensatez ou conhecimento do assunto ou da situação. E geralmente o resultado disso não é bom para ninguém. Aliás, muitas vezes é catastrófico.
A segunda parte da fala de Pitágoras também é muito importante. Portanto, devemos pensar um pouco sobre ela. Existe uma tendência natural de querermos sair por aí falando… Falando… Falando… No entanto, o filósofo mostra outro caminho a percorrer. E ele, muito provavelmente sem saber, estava confirmando o que a Bíblia nos ensina sobre esse assunto.
Veja o que disse Salomão: “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido”- Provérbios 17:28. Agora, leia esse texto na Nova Versão Internacional: “Até o insensato passará por sábio, se ficar quieto, e, se contiver a língua, parecerá que tem discernimento”.
Interligando as duas falas, veremos como é necessário usar o silêncio como o começo da sabedoria. Quando ouvimos primeiro, temos a possibilidade de processar a informação, refletir sobre ela e somente depois, se for pertinente, verbalizar a opinião a respeito. Por isso, sempre que oportuno, digo para as pessoas com quem trabalho: “Falar é prata. Calar é ouro. Ouvir é diamante.”
Talvez seja por essa razão que Jesus repetiu diversas vezes a seguinte frase: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito {Santo} diz às igrejas” (Apocalipse, capítulos 2 e 3) e nos evangelhos o Senhor disse, algumas vezes, algo semelhante: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, segundo lemos em Mateus 13:9. O Mestre sabia perfeitamente que ouvir é a ponte que liga uma pessoa à sabedoria.
Conforme já havia dito, sabedoria é usar inteligência para o bem. E, se você é um cristão que realmente deseja obedecer a Deus, convido-o a repensar comigo se temos sido verdadeiramente sábios. Sinto muita tristeza, e às vezes uma “santa” revolta, quando vejo, nas redes sociais ou em outras mídias, comentários tão imprudentes, deseducados e perigosos.
Talvez, sem refletir sobre nossos atos, julgamos, condenamos e mandamos para a masmorra ou para o inferno determinadas pessoas. Porém, como disse o apóstolo Paulo, se não me engano, “não temos aprendido assim”. Não convém que seja desse modo, pois não fomos chamados para ser juízes, mas testemunhas de Cristo. Em contrapartida, em muitas passagens bíblicas lemos que Deus é o justo juiz e que ELE julga com equidade, ou seja, de forma justa e imparcial, respeitando o direito do indivíduo e com o verdadeiro conhecimento da situação.
Outra coisa que não poderia deixar de falar é que muitas pessoas fazem suas críticas ou seus julgamentos supondo estarem defendendo o Reino de Deus. Os fariseus também pensavam assim. Saulo, cujo nome foi mudado pelo Senhor para Paulo, era um deles. Por isso, perseguia os cristãos (inclusive consentiu na morte de Estevão – Atos 8:1 ao 3).
Contudo, quando a caminho de Damasco foi confrontado por Jesus, ficou muito claro que o agora apóstolo estava perseguindo o próprio Cristo (ver Atos 9:4 e 5). Logo, ele havia se metido numa tremenda roubada. Sendo assim, ficou evidente que, em vez de defender o Reino de Deus, ele se tornara inimigo do Senhor. O que não é nada bom, não é mesmo?
Portanto, quero lhe sugerir que releia o texto inicial (Provérbios 4:7), no qual está escrito que a sabedoria é a coisa principal e que precisamos adquiri-la. Também o convido a pensar em Isaías 11:2, onde se lê: “O Espírito do Senhor repousará sobre ele {Jesus}, o Espírito que dá sabedoria e entendimento, o Espírito que traz conselho e poder, o Espírito que dá conhecimento e temor do Senhor”.
O melhor de tudo é que o mesmo Espírito que estava em Cristo também nos foi dado (João 14:16 ao 18, 26). Logo, podemos ser agraciados com a mesma capacitação que nosso Mestre e Senhor. Por fim, Tiago 1:5 nos orienta: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida”.
Se assim você fizer, tenho certeza de que o Senhor o tornará uma pessoa cada vez mais sábia, capaz de julgar seus próprios atos (I Coríntios 11:31 e 32), apta e capacitada para entrar e sair diante do Senhor e das pessoas de modo que o bom aroma de Cristo seja exalado através da sua vida (II Coríntios 2:14 ao 17) e que a beleza dele seja vista em você. Além disso, certamente não se pegará lutando contra Deus, mas em prol da sua obra e do seu povo. Além disso, será uma pessoa equilibrada, moderada ou prudente, como nos dizem as Sagradas Escrituras em II Timóteo 1:7.