“Pois que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?” (Mateus 16:26 – NVI)
Já faz bastante tempo que tenho observado e refletido sobre muitas situações, comportamentos e atitudes de bastantes cristãos. Isso porque continuamente vemos ou ouvimos coisas que são incoerentes com o exercício da fé professada e, sobretudo, com os ensinos bíblicos.
Para início de conversa, é importante lembrar que o cristianismo se diferencia de outras religiões por não ser simplesmente um conjunto de regras e rituais. Ao contrário, consiste em um estilo de vida ensinado pela Palavra de Deus e um relacionamento pessoal com o Senhor, cujo maior expoente e modelo é Cristo. Ademais, as Sagradas Escrituras por inteiro devem ser o manual de fé e prática de todo discípulo do Senhor.
Logo, independentemente de onde ou em que situação estivermos, precisamos agir de acordo com os ensinos bíblicos. Como disse o apóstolo Paulo em sua segunda carta a Timóteo, “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (3:16-17).
Se toda a Escritura é inspirada por Deus, não apenas algumas partes dela, e tem essa finalidade, como cristãos temos que colocar em prática as instruções que ela traz. Caso contrário, iremos na contramão da vontade do Senhor para nossa vida. Consequentemente, estaremos em pecado e deixaremos de desfrutar as bênçãos prometidas por ele, especialmente a salvação eterna. Observe, portanto, a declaração de Tiago em sua epístola: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” – 4:17.
Para ficar mais claro, vou trazer uns exemplos disso que estou tentando explicar, a fim de que entenda melhor e faça um autoexame (e eu também). E, se verificar que não está tudo bem, você poderá ou deverá rever e corrigir seu modus operandi, isto é, seu modo de operar ou de agir.
Contudo, preciso enfatizar que meu papel não é o de juiz, mas de porta-voz da Palavra de Deus. Sendo assim, gostaria que você pedisse ao Espírito Santo que desvende seus olhos, para que veja as maravilhas da lei do Senhor, seguindo o exemplo do Salmista (Salmos 119:18). Então, vamos lá?
– Quando algum servo do Altíssimo mente, sobretudo para obter alguma vantagem, está tudo bem?
As Escrituras revelam que não. Jesus disse que o diabo (com letra minúscula mesmo, para não dar moral a ele) é o pai da mentira. Também está escrito: “Ficarão do lado de fora [do céu] os cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os idólatras e todos os que amam e praticam a mentira” – Apocalipse 22:15.
– Quando alguém é idólatra, está tudo bem?
Não. Há muitos textos bíblicos ensinando que Deus não admite a idolatria. Veja um deles: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” – Êxodo 20:3-5.
Outro texto no qual o Senhor deixa claro que não aceita a prática da idolatria está em Isaías 42:8: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor, às imagens de escultura”.
Vale recordar ainda que praticar a idolatria vai muito além de prestar culto a imagens ou a pessoas. Tudo aquilo que é colocado no lugar de Deus se transforma num ídolo. Pode ser a formação acadêmica, o trabalho, o cônjuge, filhos, dinheiro, sexo, o álcool e outras drogas, bens e riquezas, o clube do coração ou o time de futebol, os pets e tantas outras coisas.
Quanto aos animais de estimação, não existe nenhum mal em tê-los e em cuidar bem deles. Aliás, a Bíblia recomenda que devemos tratar bem os animais. Veja: “O justo cuida bem dos seus animais, mas o coração dos ímpios é cruel” – Provérbios 12:10. O problema está nos excessos. Na zoolatria, isto é, no endeusamento que vemos hoje.
– Quando alguém pratica a fornicação, comete adultério ou se envolve em qualquer outro tipo de imoralidade sexual, está tudo bem?
Absolutamente, não. O prazer sexual foi algo criado por Deus e, de fato, é algo maravilhoso; uma dádiva carinhosa do Altíssimo. No entanto, como acontece em relação às demais coisas da vida, o Eterno estabeleceu regras e limites, a fim de que realmente seja uma bênção (para o indivíduo, casal, família, igreja e sociedade), não uma pedra de tropeço, geradora de sofrimento e perdição.
Portanto, quando uma pessoa não obedece aos mandamentos e ensinos divinos, deixa de estar sob o guarda-chuva protetor do Pai. Como consequência, aquilo que geraria alegria e felicidade se torna uma grande pedra de tropeço, que fere todos aqueles que estão, direta ou indiretamente, ligados ao problema.
Então vejamos alguns textos que falam sobre esse tão relevante assunto:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” – Mateus 5:27-28.
“Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará” – Hebreus 13:4.
“Mas, quanto aos tímidos/covardes, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” – Apocalipse 21:8.
“A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de maneira santa e honrosa, não dominado pela paixão de desejos desenfreados, como os pagãos que desconhecem a Deus” – 1 Tessalonicenses 4:3-5.
Penso ser importante registrar que um dos motivos pelos quais Deus rejeitou Esaú foi o fato de ele ser fornicador. Observe: “E ninguém seja fornicador ou profano, como Esaú, que, por um manjar, vendeu o seu direito de primogenitura” – Hebreus 12:16. Portanto, todos nós devemos estar atentos à nossa conduta no que tange à área sexual, uma vez que NINGUÉM é forte o suficiente para se permitir ser desafiado com situações relacionadas a sexo.
Inclusive, enquanto orientava Timóteo, o apóstolo Paulo disse: “Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” – 2 Timóteo 2:22. Nesse caso, então, fugir não é sinal de fraqueza, mas de sabedoria e discernimento espiritual. Fazendo assim, não correremos o risco de ser reprovados e rejeitados pelo Senhor também. Além disso, não faremos outros sofrerem.
– Quando alguém mata, pratica qualquer tipo de violência contra seu próximo, age com orgulho, murmura, é ingrato, despreza sua esposa, abandona os filhos à própria sorte ou trapaceia, está tudo bem?
Evidentemente, não! As Sagradas Escrituras nos mostram que todas as coisas citadas são reprovadas pelo Senhor. E, para tornar mais fácil de entender, o Mestre resumiu quais são os principais mandamentos: “E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” – Marcos 12:29-31.
Entendo que uma das coisas que Cristo quis ensinar nessa ocasião foi a seguinte: Se cada um de nós amar a Deus de forma verdadeira e intensa e ao nosso próximo como a nós mesmos, jamais aprovaremos o que ele desaprova.
Além disso, não agiremos de forma arbitrária e injusta para com o nosso semelhante. E, se por um acidente de percurso, pisarmos na bola com o Eterno e/ou com aqueles que são a imagem e semelhança dele, logo reconheceremos nosso erro, arrepender-nos-emos e buscaremos a reconciliação com Deus e com as pessoas que ferimos. Também estaremos vigilantes, para não cometermos as mesmas falhas e erros já cometidos.
Há, ainda, algo que entendo ser importante e necessário registrar aqui. Hoje, para muitos, inclusive cristãos, a verdade se tornou relativa. Por isso, argumentam assim: “Isso é a sua forma de entender, mas eu entendo ou penso diferente” ou “Isso é pecado para você, porém para mim não é”.
Também existem aqueles que argumentam: “Essa é a sua verdade, não a minha”. Todavia, em se tratando do cristão, não há a minha verdade ou a sua verdade. Existe apenas a Verdade, que é a Palavra de Deus. Observe o que diz o texto a seguir: “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. […] Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres”.
Em outra situação, o Mestre declarou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” – João 14:6. Em outras palavras: só existe uma verdade, a qual está revelada e personificada em Cristo. E é ela que deve prevalecer sempre.
Outros usam a fala de um líder sem compromisso com a Palavra de Deus como muleta para justificar suas atitudes e comportamentos errados: “O pastor Fulano de tal diz que não tem problema fazer isso”. Outros declaram: “O influencer Fulano de Tal disse que não tem problema nenhum fazer isso porque Deus é amor”. Existem também aqueles que justificam suas práticas e condutas dizendo: “Todo mundo faz” ou ainda “Não tem nada a ver”.
No entanto, apesar de parecerem bons argumentos ou justificativas, são verdadeiras armadilhas que podem prender e escravizar os incautos, irreverentes ou incrédulos. Afinal, devemos fazer o que é reto e justo aos olhos de Deus, não aos nossos. Também não devemos tomar como verdade inquestionável ou padrão de conduta aquilo que prega a sociedade decaída e degradada na qual estamos inseridos.
Em diversas passagens bíblicas, vemos as seguintes declarações sobre determinados reis: “E fez o que era reto aos olhos de Deus” ou “E fez o que era mau aos olhos de Deus”. Veja um exemplo disso: “E Asa fez o que era bom e reto aos olhos do Senhor, seu Deus, porque tirou os altares dos deuses estranhos e os altos, e quebrou as estátuas, e cortou os bosques” – 2 Crônicas 14:2-3.
Leia ainda a declaração sobre o rei Josias: “Josias fez o que era reto aos olhos do SENHOR, andou em todo o caminho de Davi, seu pai, e não se desviou nem para a direita nem para a esquerda” – 2 Reis 22:2.
Ezequias também foi outro que tinha o selo de qualidade concedido por Deus: “No terceiro ano do reinado de Oséias, filho de Elá, rei de Israel, Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá, começou a reinar. Ele tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Abia, filha de Zacarias. Ele fez o que o Senhor aprova, tal como tinha feito Davi, seu predecessor. Removeu os altares idólatras, quebrou as colunas sagradas e derrubou os postes sagrados. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés havia feito, pois até àquela época os israelitas lhe queimavam incenso. Ela era chamada Neustã. Ezequias confiava no Senhor, o Deus de Israel. Nunca houve ninguém como ele entre todos os reis de Judá, nem antes nem depois dele. Ele se apegou ao Senhor e não deixou de segui-lo; obedeceu aos mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés” – 2 Reis 18: 1-6.
Veja que esses homens receberam a aprovação do Eterno e o selo de qualidade das suas ações, atitudes e conduta. Além deles, felizmente há muitos outros que fizeram o que era reto, justo e bom aos olhos do Pai. Agindo com integridade, eles levaram o povo a fazer o mesmo, pois geralmente somos guiados pelo exemplo e guiamos outros, para o bem ou para o mal também.
Por isso, ao instruir Tito, Paulo recomenda: “Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra incorrupção/integridade, gravidade [seriedade], sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” – Tito 2:7-8.
Por outro lado, lamentavelmente outros reis, ao passarem pelo teste de qualidade do céu, receberam o carimbo com a seguinte menção: Reprovados pelo Criador. Veja um desses casos: “Acabe, filho de Onri, fez o que era mau aos olhos do SENHOR, mais do que todos os que o precederam. Ele não apenas achou que não tinha importância cometer os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, como também se casou com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e passou a prestar culto a Baal e a adorá‑lo” – 1 Reis 16:25, 30-33.
Nos exemplos dados, fica muito claro que todos nós devemos estar atentos às nossas atitudes, comportamentos, conceitos e valores. Isso porque o certo é aquilo que o Senhor considera certo. O errado é aquilo que Deus considera errado. Nesse caso, não é a nossa opinião que importa e não somos nós que ditamos as regras, mas o Senhor, que é soberano.
Portanto, algo não se torna correto porque a maioria ou muitas pessoas fazem. Também não se torna certo porque a mídia, com seus apelos e apeladores, tenta persuadir e incutir na nossa cabeça. Por outro lado, alguma coisa não se torna errada porque a minoria ou poucas pessoas estão fazendo.
Ao contrário, muitas vezes é sinal de que estamos no caminho certo. Ouça Jesus falando: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” – Mateus 7:13-14.
Agora, sinto que já posso dizer: Tenho boas notícias para você! Pode até não estar tudo bem no momento, mas pode perfeitamente ficar tudo bem. Como?
A Bíblia Sagrada não apenas apresenta nossos problemas, fraquezas, limitações ou pecados. Ela traz o remédio de Deus para todas as coisas. Então, caso estejamos enquadrados naquilo que não é reto, justo nem bom aos olhos do Pai, vejamos o que a Palavra do Eterno tem a nos dizer.
Comecemos, portanto, pelo texto de Provérbios 28:13: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”.
Nesse texto, fica evidente que o segredo do nosso sucesso espiritual está em confessar as transgressões ao Senhor, pois isso mostra que houve reconhecimento, arrependimento, humildade e vontade de obedecer ao Senhor.
Já em 1 João 1:7-10, está escrito: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós”.
Que lindo e reconfortante! Não somos perfeitos, mas se formos sinceros, certamente alcançaremos perdão dos pecados e, além disso, o Senhor nos livra do poder do pecado.
Mike Murdock, grande escritor e palestrante internacional, diz em algumas de suas obras: “Deus não espera que sejamos 100% perfeitos, mas que sejamos 100% sinceros”. Então, havendo essa disposição de mente e de espírito, certamente teremos o discernimento dado pelo Espírito Santo para entendermos o que é bom, reto e justo aos olhos de Deus e o que é mal também aos olhos do Senhor.
Assim procedendo, um dia, quem sabe em breve, ouviremos o Senhor Jesus nos dizendo: “Venham, benditos de meu Pai, possuam por herança o Reino que está preparado para vocês desde a fundação do mundo…” – Mateus 25:34. Então, poderemos participar da ceia juntamente com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e estar com ele por toda a eternidade, “porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” – João 3:16. Então, mesmo que não tenhamos ganhado o mundo inteiro, se nossa alma estiver em paz com o Senhor, na realidade ganhamos tudo.
Sugestão de música: Se Deus Não Tiver | Fernanda Tomadon

