“… mas, sobre tua palavra, lançarei a rede.”
Tudo o que Jesus fez é, de fato, maravilhoso e inegavelmente importante. Entretanto, existem alguns dos milagres realizados por ele que realmente me fascinam por trazerem preciosíssimas lições para nossa vida espiritual e também aos afazeres diários. Um deles é o que está registrado em Lucas 5:1 ao 11, que trata de uma pesca, a qual se tornou maravilhosa.
Nesse episódio, vemos que o Mestre tinha curado a febre da sogra de Pedro. Por causa disso, muitos começaram a trazer enfermos e possuídos por demônios para serem curados e libertos. Pelo que se entende o Senhor passou a noite inteira abençoando as pessoas. Mas ele também precisava descansar, pois, somente assim, renovaria suas forças para ter condições de continuar a realizar grandes obras em benefício do povo. Por essa razão, retirou-se para um lugar deserto, onde poderia, enfim, repousar um pouco (Lucas 4:37 ao 44).
No entanto, sua fama corria velozmente e logo o encontraram e a multidão o apertava para ouvir a palavra de Deus às margens do lago de Genesaré. Então Jesus viu dois barcos junto à praia e os pescadores lavando as redes. Nesse momento, Ele teve uma boa ideia: entrar num daqueles barcos, a fim de ficar mais à vontade e visualizar melhor as pessoas. Aliás, o Mestre sempre tinha boas ideias para resolver os problemas que lhe apresentavam.
Depois de entrar no barco, pediu a Simão (Pedro) que se afastasse um pouco da terra, sentou-se e começou a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, o Senhor teve outra boa ideia, como sempre. Ele ordenou a Pedro que fosse para um lugar onde as águas fossem mais profundas e lançasse as redes para pescar.
Ora, tal ordem parecia um tanto insensata e injusta com Pedro e os demais pescadores. Eles haviam trabalhado a noite inteira e não tinham conseguido nada. Certamente estavam exaustos, desanimados, decepcionados e preocupados. Mesmo sendo profissionais e conhecendo os melhores lugares para pescar, voltaram de mãos vazias. Por esses motivos, era direito deles se recusarem a cumprir a ordem. Ninguém tinha razão de questioná-los se assim fizessem.
Nesse ponto, já podemos identificar algumas preciosas lições. A primeira é que devemos fazer como aquelas pessoas, as quais seguiram o Mestre para ouvirem a palavra de Deus, pois “nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4:4).
A segunda: Jesus sempre vê quem está trabalhando. Ele viu Simão e seus ajudantes. Sem dúvida, o Mestre também enxergou o coração daqueles homens os quais, provavelmente, estavam preocupados, pois como iriam cumprir os compromissos daquele dia se não haviam pegado nenhum peixe? Ele também vê nosso esforço e nossas preocupações.
A terceira: Jesus teve uma boa ideia para solucionar aquele problema. Ele usou os recursos humanos e materiais que os pescadores possuíam para, com eles, trazer a provisão da qual careciam. Com você e comigo não é diferente. Sempre temos alguma coisa em nossas mãos que podem ser usadas pelo Senhor para ele realizar o milagre do qual necessitamos. Com eles, foram os barcos e as redes; já com Moisés foi a vara. Certamente, você tem algo que Cristo pode usar para trazer à existência o desejo do seu coração. Pense um pouco e descobrirá ( Ler Marcos 6:30 ao 44).
A quarta: o Mestre não fará aquilo que está ao nosso alcance. Decidir obedecer à voz dele era uma escolha de Pedro e dos demais, organizar e colocar as redes no barco, remar até o lugar onde havia águas profundas e lançar as redes fazia parte das possibilidades e responsabilidades daqueles homens. Porém, atrair os peixes para a rede era algo da competência do Senhor (Isaías 1:19).
A quinta: mesmo que sejamos profissionais altamente capacitados, há ocasiões e situações nas quais não conseguimos obter êxito em nossos empreendimentos. Somente nosso conhecimento e experiência são insuficientes para gerar provisão ou resolver um problema que se nos apresenta.
Aqueles pescadores eram homens experientes, entretanto não conseguiram pescar. Por isso, precisamos entender a importância de buscar socorro no Senhor (Salmos 46).
A sexta: precisamos fazer como Pedro. Ele demonstrou sua insatisfação e decepção a Jesus, dizendo: “Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada” (Lucas 5:5). Logicamente, o Senhor sabia de tudo isso, pois é onisciente. Mas era necessário verbalizar. E Pedro falou com todas as letras e sons. Conosco não é diferente. Precisamos dizer ao Senhor em oração quais são nossas decepções, frustrações, tristezas, dilemas, problemas, revoltas, medos, incertezas e quaisquer outras dificuldades ou necessidades. Agindo assim, certamente o Mestre terá uma excelente ideia para nos socorrer. Digo isso porque, muitas vezes, contamos todas as nossas necessidades e sonhos a pessoas em quem confiamos, mas nos esquecemos de falar com Deus. Mesmo que tais amigos tenham ótimas intenções para conosco, raramente conseguem resolver definitivamente nossos problemas. Todavia o Senhor pode. Afinal, ele está atento às nossas orações e nada lhe é impossível (Salmos 34:4, 15, 17 ao 19, Lucas 1:37).
A sétima: precisamos dizer como Simão: “…mas, sobre tua palavra, lançarei a rede”. Muitos de nós temos lançado a rede sobre a palavra de qualquer pessoa, da mídia, nossa ou até do maligno e nos esquecemos da Palavra de Deus. Como consequência disso, quebramos a cara e ficamos arrasados. Há até aqueles que culpam o Senhor por seus insucessos. Esquecem-se de que nunca compartilharam com Ele seus sonhos e necessidades. Ainda assim o colocam no banco dos réus e consideram-no culpado por suas desgraças. Contudo, quem conhece a Bíblia não pode e não deve agir desse modo.
A oitava: a obediência gera grande provisão divina. Os pescadores, liderados por Pedro, decidiram obedecer a Jesus. O resultado dessa decisão está expresso no versículo 6: “E, fazendo assim, colheram tal quantidade de peixes que as redes começaram a rasgar-se”. Veja que fantástico! Eram tantos pescados que precisaram da ajuda de seus companheiros que estavam em outro barco. É sempre assim. Quando optamos por obedecer ao Senhor, ele sempre nos surpreende com sua abundante graça.
A nona: quando Pedro viu a realização desse milagre, prostrou-se aos pés de Jesus, reconhecendo-o como Senhor e a si mesmo como pecador (5:8). De fato deve ser assim. Ao vermos a obra do Mestre, devemos ter esse mesmo reconhecimento e postura.
A décima: Pedro ficou atemorizado diante de Jesus. Mas o Senhor lhe disse: “Não temas”. Também a nós ele diz o mesmo. Não precisamos ficar com medo dele. Devemos apenas reconhecê-lo, adorá-lo e estar dispostos a ouvir a sua doce e suave voz a nos falar.
Para finalizar, quero incentivá-lo a refletir sobre tais lições e a fazer como Pedro, isto é, declarar: “Já tentei muito do meu jeito, mas não consegui nenhum resultado positivo. Porém, segundo a sua palavra lançarei a minha rede”. Procedendo desse modo, certamente você será surpreendido pelo Senhor, pois ele sempre tem uma excelente idéia para socorrê-lo e sua pescaria também será maravilhosa.