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Mais que boas intenções

08 fev

pedro chora

Pedro respondeu: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!”          (Mateus 26:33)

Faz algum tempo que o tema sobre o qual vou conversar com você tem passeado pela minha cabeça. E, quando isso acontece, começo a dar mais atenção e importância a ele, por entender que Deus quer falar alguma coisa comigo e com sua vida também.

Para situar você, vamos conhecer ou relembrar o contexto no qual Pedro disse a frase presente no texto de abertura, a qual faz parte do seguinte episódio, registrado em Mateus 26:17 ao 35: Estava chegando o dia da Festa dos Pães Asmos e os discípulos perguntaram ao Senhor onde ele queria que eles preparassem a comida da Páscoa. Então, o Mestre os orientou sobre esse assunto com muita precisão.

Mais tarde, quando se reuniram para essa celebração, Jesus disse-lhes que um deles iria traí-lo. Evidentemente, isso os entristeceu e cada um começou a se questionar se seria ele próprio o traidor. Então o Mestre revelou que seria Judas Iscariotes. Depois, todos comeram, beberam, cantaram um hino e saíram para o Monte das Oliveiras.

A partir desse momento, o Senhor começa a falar claramente sobre o que vai acontecer. Assim, Pedro, sempre o mais afoito, disse: “Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei” – Mateus 26:33. Ou, como fala a Nova Versão Internacional, “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei”.

Quando olho para esse texto, não posso deixar de admirar esse homem. Ao dizer isso, ele revela o quanto amava o Mestre e reconhecia sua importância na vida dele e dos outros também. Por certo, andar com o Senhor tinha ressignificado sua vida, isto é, atribuído um novo sentido a ela.

Talvez, antes de conhecer Jesus, ele vivia sem esperança, com um vazio interior inexplicável e realizava seus afazeres cotidianos de forma mecânica, simplesmente porque era obrigado a fazê-los. Afinal, precisava trabalhar, sustentar a casa, pagar os impostos… precisava sobreviver naquele mundo injusto e cruel, dominado pelos romanos.

Por isso, ao ouvir o Mestre falar “aquelas coisas”, imediatamente reagiu daquela forma. Ele foi impulsionado pelas boas intenções existentes em seu coração. E creio piamente que Pedro estava sendo 100% sincero ao declarar que ainda que todos abandonassem o Senhor, ele nunca o abandonaria.

É aqui que está o xis da questão. Ele falou movido pelas boas intenções; porém, elas não são suficientes. Diante do caos ou das adversidades em geral, precisamos mais do que isso para ficar ao lado de Cristo. Quantas vezes nós também prometemos alguma coisa ao Senhor, com sinceridade, entretanto, quando não sai do nosso jeito, fracassamos e não cumprimos a promessa, não é mesmo?

Diante disso, conhecendo profundamente a alma humana, o Senhor o alertou, dizendo:  Asseguro-lhe que ainda esta noite, antes que o galo cante, três vezes você me negará” – Mateus 26:34. E o Mestre não estava sendo rude. Somente tentou mostrar que Pedro ainda não tinha uma compreensão correta do que aconteceria, nem estava pronto para enfrentar a situação caótica que presenciaria. Não porque ele era covarde, mas por ser humano como qualquer outra pessoa; por isso, falível. E Simão precisava conhecer sua fraqueza, para vencê-la.

Por não se conhecer direito, ele faz mais uma declaração corajosa: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei”. E todos os outros discípulos disseram o mesmo – Mateus 26:35. Ao fazerem isso, os demais também demonstraram que não tinham noção de suas fraquezas e limitações. Que coisa! Esses homens me fazem lembrar de pessoas conhecidas nossas. De quem? De nós mesmos!!!

Se prosseguirmos lendo a história, veremos que Judas realmente traiu o Senhor, que Jesus foi preso, que Pedro ainda teve mais uma atitude corajosa tentando “salvar” Jesus e que todos os discípulos fugiram com medo de serem pegos pelos soldados romanos.

Quando chegamos ao versículo 69, novamente Pedro entra na história. No entanto, não é mais aquele homem destemido, o qual disse que mesmo que fosse preciso morrer, nunca negaria Jesus. Agora, está amedrontado e, quando uma criada se aproximou dele e afirmou: “Você também estava com Jesus, o galileu”, ele negou diante de todos, declarando: “Não sei do que você está falando” – Mateus 26:70.

Veja o que registra o texto na sequência: “Depois, saiu em direção à porta, onde outra criada o viu e disse aos que estavam ali: “Este homem estava com Jesus, o Nazareno”. E ele, jurando, o negou outra vez: “Não conheço esse homem! – Mateus 26:71 e 72.

Observe que a princípio ele apenas negou a Jesus (Se é que posso dizer apenas.). Já no segundo momento, ele jurou que não conhecia o Senhor. Nesse ponto, o medo havia devorado sua coragem e temeu por sua vida. Não era para menos. Afinal, ele tinha visto, de longe, o que estavam fazendo com Aquele que se mostrara poderoso e que se tornara a esperança de uma vida melhor, sem a opressão romana. Mas não parou por aí.

Leia você mesmo as palavras do evangelista Mateus relatando o que aconteceu na sequência: “Pouco tempo depois, os que estavam por ali chegaram a Pedro e disseram: “Certamente você é um deles! O seu modo de falar o denuncia”.
Aí ele começou a se amaldiçoar e a jurar: “Não conheço esse homem!” Imediatamente um galo cantou
” – Mateus 26:73 e 74.

Agora, ele desceu mais um degrau, revelando a fragilidade humana: começou a se amaldiçoar e a jurar. Aqui, há uma revelação de quem somos nós diante da adversidade. Contudo, não pense que estou julgando e condenando Pedro. Provavelmente, nós faríamos o mesmo ou, pelo menos, algo semelhante. Talvez, até pior.

No final do versículo 74, Mateus nos diz que “imediatamente o galo cantou”. Aí a casa caiu. Veja: “Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus tinha dito: “Antes que o galo cante, você me negará três vezes”. E, saindo dali, chorou amargamente”.

O cantar do galo entra no coração desse homem como uma espada afiada de um soldado romano. E ele chora. Porém, não é um chorinho bobo. Chora amargamente. Lágrimas de culpa. De arrependimento. De tristeza. De reconhecimento de sua pequenez.

Apesar de as Escrituras não registrarem, penso que, a partir daquele momento, Pedro ficou revoltado consigo mesmo e deprimido. Talvez, não se alimentasse direito. Não conseguisse dormir. Não quisesse conversar com ninguém. Estivesse com o coração e a mente dilacerados por todos esses sentimentos, sem conseguir se perdoar.

Se a história terminasse aqui, seria muito triste. Mas, graças ao bondoso Senhor, não parou. Tudo aconteceu como Jesus tinha dito: ele foi preso, açoitado, despido, humilhado, xingado, cuspido e escarnecido. Depois de tudo isso, crucificaram-no com uma coroa de espinhos evidenciando todo o deboche e a incredulidade. No entanto, a morte não foi seu fim. O Mestre ressuscitou, como também já havia informado que aconteceria. Aleluia!!!

E quanto a Pedro? Que fim levou? Ele decidiu voltar à velha vida que tinha antes, ou melhor, retomar as atividades como pescador. Veja o que diz João 21: “Vou pescar”, disse-lhes Simão Pedro. E eles disseram: “Nós vamos com você”. Eles foram e entraram no barco, mas naquela noite não pegaram nada”.

Que coisa!!! Parece que tudo estava dando errado na vida de Pedro e também na dos outros. Porém, o Senhor não planejara para eles (nem para nós) uma vida de fracassos, de tristezas ou de frustrações. Logicamente, todos passamos por tribulações, temos frustrações, sofremos perdas significativas, e fracassamos em várias coisas.

Isso faz parte da vida e muitas delas (quem sabe todas) geram um amadurecimento emocional e espiritual, os quais nos dão o suporte necessário para enfrentarmos outras situações adversas que vierem, de cabeça erguida, sabendo que se Deus estiver conosco, venceremos as batalhas. Mesmo que não aconteça do nosso jeito e no tempo que consideramos o mais adequado.

Com Pedro, não foi diferente. Ele, por certo, não esperava que (re) encontraria o Senhor naquele lugar, depois de uma longa noite de insucesso e canseira. Mas foi o que aconteceu – João 21: 6 ao 13. Jesus já os estava aguardando. Ao chegarem, Cristo perguntou-lhes se tinham alguma coisa para comerem. E eles, sem o reconhecerem, disseram que não.

A seguir, o Mestre lhes diz para lançarem a rede do lado direito. E, quando o fizeram, não conseguiam recolhê-la, pois estava recheada com 153 grandes peixes. Nesse momento, João reconheceu o Senhor. Ao saber que era o Mestre, Pedro colocou sua roupa, pulou no mar e foi em direção a ele.

Depois desse milagre, todos se reuniram para jantar. Mas ainda faltava alguma coisa. Pedro devia estar muito feliz com a presença do Mestre, porém envergonhado por tudo que fizera. E Jesus não fora até eles só para realizar mais um milagre comum, se é que posso dizer assim, uma vez que nada do que o Senhor fez é comum. É só uma forma de diferenciar o que ele iria fazer.

Havia um propósito maior. O Senhor precisava restaurar seu discípulo amado, que estava ferido pela culpa e por tantos outros sentimentos negativos. Mas, muitas vezes, o processo de cura só acontece quando a pessoa é confrontada para que ela reflita sobre o que ocorreu e verbalize o que está em seu coração. E Pedro precisava disso. Mais do que todos ali presentes. Jesus tinha uma missão importantíssima para ele, entretanto era necessário que seu servo querido estivesse completamente restaurado.

Pedro negara o Senhor três vezes. Mais do que isso: havia jurado e praguejado, afirmando não o conhecer. Por essa razão, o Mestre, por três vezes, o questiona: “Simão, filho de João, você me ama realmente mais do que estes?” – João 21:15. E Pedro respondeu-lhe: “Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo” – João 21:17.

Penso que cada vez que Jesus perguntava era como se estivesse espremendo uma ferida com pus, que precisava ser totalmente eliminado dali. Se o ferimento não fosse sarado, Pedro não estaria em condições para voltar a ser feliz e, muito menos, para exercer o ministério para o qual o Senhor o chamaria, que era cuidar daqueles que assumiriam um compromisso com Cristo.

Evidentemente, como bem disse Pedro, Jesus sabia de todas as coisas, inclusive que esse discípulo estava profundamente arrependido. Isso fica claro quando a Bíblia declara que ele havia chorado amargamente depois de ouvir o galo cantar. No entanto, essa confissão pública ia fortalecê-lo espiritualmente e não deixaria brechas para o maligno atormentá-lo, acusando-o.

Em outras palavras, uma confissão sincera gera perdão e cura. Por esse motivo, quando agimos de modo que desagrada a Deus, o que significa pecar, precisamos assumir nossa culpa e confessá-la ao Senhor. Observe que Pedro não ficou tentando justificar seus erros. Ele bem podia dizer a Jesus que os romanos e os líderes judeus eram muitos cruéis ou que ele havia feito aquelas declarações sem saber ao certo o que significaria. Antes, assumiu seu erro.

Leia o que disse Davi no Salmo 32:1 ao 5: “Como é feliz (ou bem-aventurado) aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados! Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa e em quem não há hipocrisia! Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer. Pois de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; minha força foi se esgotando como em tempo de seca. Então reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas. Eu disse: “Confessarei as minhas transgressões ao Senhor”, e tu perdoaste a culpa do meu pecado”.

Davi havia pecado gravemente. Porém, quando foi confrontado pelo profeta Natã, agiu como Pedro, ou seja, não tentou justificar seus erros. Ao contrário, prostrou-se diante de Deus e confessou sua transgressão. Como rei, ele poderia ter se achado acima do bem e do mal. Contudo, ele entendeu que antes de ser o homem mais poderoso de Israel, era um ser humano como qualquer outro. Consequentemente, precisava de perdão como qualquer pessoa.

Gostaria, ainda, que você atentasse para a fala de Davi no salmo 32. Ele declara que a pessoa cujos pecados são perdoados é feliz. Também revela que enquanto tentou esconder seus erros só atraiu para si coisas ruins. Não é revelador isso?

Hoje, a Ciência tem mostrado que a falta de perdão ao outro, a si mesmo e o sentimento de culpa geram doenças psicossomáticas, inclusive diversos tipos câncer, depressão, ansiedade e tantos outros males. Sendo assim, não seria importante que cada um de nós fizesse uma reflexão e uma avaliação daquilo que temos vivido, especialmente quando nos sentimos sem paz, sem alegria, ansiosos, amargurados, insatisfeitos e infelizes?

TALVEZ, tudo isso tem sido resultado de pecados cometidos. E tais sentimentos somente serão eliminados caso exista arrependimento e confissão a Deus. Observe que estou apenas sugerindo que converse consigo mesmo e com o Senhor sobre sua condição ou situação atual. Mas se as Escrituras Sagradas e também a Ciência falam sobre a seriedade desse assunto, precisamos, TODOS NÓS, dar uma atenção especial a ele.

Ainda preciso dizer que boas intenções não resolvem todas as coisas. Muitas vezes, por mais que queiramos, pisamos na bola com o Senhor, negando-o com nossas atitudes e comportamentos. Justamente por essa razão precisamos ter humildade para rever determinadas práticas e abandoná-las, caso detectemos, à luz da Palavra de Deus, que elas desagradam ao Altíssimo por serem pecaminosas.

E quanto a Pedro? O que aconteceu com ele? A partir daquele encontro com o Mestre, tornou-se um corajoso servo do Senhor. Levou o evangelho a muitas pessoas (Atos 2:41; 4:4). Também enfrentou a terrível oposição dos fariseus com grande ousadia (Atos 4:18 ao 20; 5:28 e 29). Enfim, foi grandemente usado por Deus para pregar as boas novas de salvação em Cristo Jesus.

E Davi? Depois de sua reconciliação com o Senhor, passou a ser chamado de “um homem segundo o coração de Deus” – Atos 13:22. Então, você e eu também podemos viver em paz com o Pai e ser felizes, pois também foi para isso que Cristo morreu em nosso lugar lá na cruz do Calvário: “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os seus corações, nem tenham medo” – João 14:27. Finalmente preciso dizer que o Senhor tem um plano melhor para cada um de nós, no qual não existe espaço para contínuas derrotas e infelicidade.

 

Sugestão: Perdão (Ludmila Ferber e Ana Nóbrega)

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