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Os improváveis

Os improváveis

     

“Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” (1 Samuel 16:7)

      Uma das coisas mais admiráveis em Deus é o seu modus operandi, ou seja, seu modo de operar ou agir. A razão pela qual penso assim é que seu jeito de fazer as coisas ou suas escolhas geralmente caminham na contramão daquilo que vemos no mundo. Isso, às vezes, deixa meio confusos aqueles que não têm intimidade com ele. Mas devo confessar uma coisa a você: até quem anda com ele nem sempre consegue entender alguns de seus métodos.

      Outro dia, eu estava lendo para minha esposa mais um capítulo do livro Sabedoria para vencer, do escritor Mike Murdock (Muito bom, por sinal!). De repente, algo que ele escreveu me fez lembrar a história de duas pessoas: Gideão e Davi. E, conversando com ela, veio-me ao coração a vontade de compartilhar com você algumas reflexões sobre os improváveis para o mundo, os quais se tornam prováveis para Deus.   

      Quando lemos o capítulo 6 do livro de Juízes, vemos que o povo de Israel havia se desviado dos caminhos do Senhor e, em consequência disso, estava sendo oprimido pelos midianitas e amalequitas – 6:1-6. Estes privavam os israelitas de suas colheitas, apossavam-se dos seus rebanhos, e os estava deixando na miséria.

      No entanto, havia um remanescente fiel, isto é, pessoas que não se corromperam, que não se envolveram com as práticas pecaminosas do mundo, que não beberam do seu vinho, não comeram dos seus manjares contaminados, nem se prostraram diante dos seus deuses. E esse, pelo que se infere pelo contexto, era o caso de Gideão. Além disso, o texto bíblico também diz “então, os filhos de Israel clamaram ao Senhor” – 6:6b.

      O Senhor ouviu o clamor deles e, como é misericordioso, decidiu livrá-los mais uma vez (Juízes 6:7-10), assim como acontecera quando seu povo estava sendo escravizado no Egito e clamara por socorro. Para isso, evidentemente, quis envolver pessoas, as quais precisariam de um líder. Afinal, aquilo que o ser humano pode fazer, o Eterno não faz; apenas capacita aquele que ele escolheu.

      Geralmente, quem é escolhido para liderar? Pense numa empresa que se preza. São pessoas fortes, experientes, aptas e habilidosas, que já provaram seu valor e sua competência para exercer tal função. Todavia, o conceito de valor de Deus parece ser bem diferente do nosso.

      Certo dia, estava Gideão malhando trigo no lagar para o salvar dos midianitas. Para início de conversa, lagar é o lugar adequado para espremer uvas, não para fazer esse serviço. Isso significa que esse homem bolou uma estratégia interessante para não ser surpreendido pelos inimigos e, assim, suprir as necessidades da sua família – 6:11. 

      Enquanto fazia o serviço, ainda que não tivesse percebido, estava sendo observado pelo Anjo do Senhor, que se aproximou dele e disse: “O Senhor é contigo, varão valoroso” – 6:12. “Mas Gideão lhe respondeu: Ai, senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém, agora, o Senhor nos desamparou e nos deu na mão dos midianitas” – 6:13.

      Pela resposta, percebemos que ele não havia compreendido que o mal que lhes sobreviera era consequência da desobediência do povo ou as circunstâncias adversas o fizeram ter dúvidas, como ocorreu com João Batista em relação a Jesus (Mateus 11:2-11).

      Com muitas pessoas também acontece algo semelhante. Elas têm dificuldade de entender que, muitas vezes, os sofrimentos pelos quais passam é efeito de ações, escolhas e comportamentos errados. Por exemplo: se nos alimentamos mal ou temos uma vida sedentária, por certo teremos problemas de saúde. Se agimos de forma impensada, podemos gerar atritos com o cônjuge, filhos, amigos colegas de trabalho ou quaisquer pessoas.

      Mas o que quero frisar, ou seja, destacar nessa história é a maneira como nós nos vemos e o jeito que Deus nos vê, pois, em muitas ocasiões ou situações, são bem diferentes. Note que, a seguir, o Anjo do Senhor olha para ele e diz: “Vai nesta tua força e livrarás a Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei eu?” – 6:14.

      Ao observá-lo, o Anjo do Senhor viu valor nele. Notou qualidades ou características que não temos condições de identificar com precisão. Nem ele próprio conseguia enxergá-las. Provavelmente, Deus enxergou fidelidade, insatisfação com a opressão e a vergonha em que viviam, vontade de mudar, espírito de liderança, resiliência e/ou outras tão importantes quanto às mencionadas.

      Por não ter essa percepção de si mesmo, Gideão passa a apresentar justificativas ou razões para mostrar que não era apto para a missão que lhe estava sendo dada. Veja: “E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai” – 6:15.   

      Olhando friamente, parece que esse homem tinha razão de pensar dessa maneira. Primeiro, precisamos lembrar que Israel estava enfraquecido militarmente. Segundo, ao que indica ele não era um guerreiro. Porém, mesmo que fosse, as circunstâncias agora eram totalmente adversas. Logo, havia motivo para pensar desse jeito. Em terceiro lugar, sua família era a mais pobre da tribo de Manassés. Em quarto, e para piorar, ele era o menor da casa do pai dele.

      Essa realidade familiar e pessoal o levou a desenvolver um grande complexo de inferioridade. Assim, considerava-se totalmente inapto para fazer aquilo para o que estava sendo chamado. Todavia, mesmo se considerando incapaz, aos olhos de Deus, que a tudo vê de forma integral, Gideão era a pessoa certa para livrar os israelitas daquela terrível opressão que, fatalmente, os levaria à ruína total.

      A seguir, Deus lhe disse: “Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás os midianitas como se fossem um só homem” – Juízes 6:16. Aqui estava o motivo do sucesso desse homem: O Senhor estaria com ele. Gideão não lutaria sozinho. Além dos homens que estariam ao seu lado (Um grande exército formado por 300 homens!!! –  Juízes 7:7), o General Invicto promoveria uma das mais extraordinárias vitórias que o povo de Israel já havia presenciado.

      Como um bom representante de todos nós, Gideão queria uma prova de que de fato aquela palavra era verdadeira e provinha do Senhor. Então fez a prova do novelo de lã duas vezes – Juízes 6:36 ao 40. E Deus lhe respondeu conforme a solicitação feita.

      Dessa maneira, Gideão, que era um improvável, que tinha tudo para ser um fracassado e ser destruído junto com seu povo, tornou-se um líder respeitado, um sucesso, porque Deus enxergou valor nele.

      Apesar de as Escrituras não dizerem claramente, penso que muitos duvidaram da sua competência e debocharam dele. Talvez para boa parte dos israelitas ele se tornara motivo de chacota. Contudo, para o Altíssimo, não. O Senhor acreditava nele. E isso fez e faz toda a diferença. E ainda faz toda a diferença!

       Mas esse homem não foi o único improvável. Há muitos outros cujos nomes estão na Bíblia. Veja alguns deles:

– Abraão e Sara: Eram de família idólatra (Josué 24:2), Sara era estéril e ambos já estavam numa fase da vida em que gerar filhos passara a ser um sonho distante. No entanto, o Senhor apareceu a ele e ordenou que saísse da casa do pai dele, fosse para uma terra que lhe mostraria e prometeu abençoá-lo, engrandecer o nome dele e torná-lo pai de uma grande nação – Gênesis 12:1-3. E foi justamente o que aconteceu. Ipsis litteris, isto é, tal como está escrito.

– Jacó: não era o primogênito. Logo, não tinha naturalmente o direito à bênção da primogenitura. Todavia, Deus o escolheu, pois viu que ele era diferente de Esaú, o qual era profano e fornicário – Hebreus 12:16.

– Jefté: era filho de Gileade com uma prostituta, ou seja, um bastardo. Por isso, foi rejeitado pelos irmãos e expulso por eles. Apesar de todas as adversidades, tornou-se um homem valente e guerreiro valoroso – Juízes 11:1.

     Como Israel estava sendo oprimido pelos Amonitas, os líderes dos israelitas imploraram pela ajuda de Jefté – Juízes 11 e 12. Assim, esse homem começou a escrever sua nova história, agora como um dos juízes mais proeminentes do povo judeu. E mais: seu nome também faz parte da Galeria dos Heróis da Fé – Hebreus 11:32.    

– Raabe: além de não pertencer ao povo judeu, era uma prostituta. Logo, sua ficha era bem suja. Contudo, pelo que podemos inferir da história dela, quando ouviu falar do Deus de Israel e seus portentosos milagres, reconheceu-o como seu Senhor e recebeu essa menção na Galeria dos Heróis da Fé: “Pela fé, Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias”Hebreus 11:31.  

– Rute: não era judia, mas, por seu temor a Deus, tornou-se bisavó de Davi.

– Davi: era o mais novo de Jessé. Portanto, humanamente falando, não seria o escolhido para ser rei de Israel. Além disso, não era da linhagem real. Até Samuel, que era um homem de Deus, se surpreendeu quando o Senhor o escolheu.

      Assim, apesar da improbabilidade, tornou-se o rei mais importante do Povo de Deus. Entretanto, não foi perfeito. Aliás, sua biografia mostra uma grande nódoa em sua vida: cometeu adultério e foi o mentor intelectual da morte de Urias, marido de Bate-Seba, com quem pecara. Porém, por ter se arrependido de verdade, recebeu o perdão divino e ainda foi chamado de “um homem segundo o coração de Deus” – Atos 13:22.  Além do mais, o Senhor honrou sua memória, permitindo que da descendência dele nascesse Jesus Cristo, o qual é chamado de Filho de Davi. E o nome de Davi também está na Galeria dos Heróis da Fé – Hebreus 11: 32.

      O que dizer, então, do ex endemoninhado gadareno que se tornou um missionário entre seus conterrâneos, sendo enviado pelo próprio Cristo – Lucas 8:26-39?

E a mulher samaritana, a qual tinha uma vida reprovável, mas, após seu encontro com Jesus, foi transformada e também falou aos samaritanos sobre o Messias, levando muitos deles a reconhecerem Jesus como o Cristo – João 4:1-30? E quanto a Pedro? Ele havia declarado que se fosse preciso morreria com o Senhor. Todavia, pouco tempo depois, negou conhecer o Mestre não uma, mas três vezes e até praguejou, tentando despistar quem lhe apontava o dedo – Lucas 22:54-62. E quanto a Paulo de Tarso? O perseguidor de cristãos, que se tornou o grande evangelista de gentios e o maior escritor do Novo Testamento.

      Por certo, aos olhos da maioria de nós, as pessoas já citadas e tantas outras cujas histórias trazem manchas e cicatrizes jamais poderiam ser consideradas mulheres ou homens de Deus. No entanto, o Senhor não nos vê nem nos trata como nossos pares. Ele vê infinitamente além daquilo que está diante dos nossos olhos. Por isso, se nos arrependermos e permitirmos que Ele nos transforme e forje em nós o caráter dele, o Eterno perdoa nossos pecados (por mais terríveis que tenham sido – Provérbios 28:13; 1 João 1:9) , regenera nosso coração, permite que o Espírito Santo venha morar em nós, transforma nossa vergonha em dupla honra, nossas lágrimas de tristeza em alegria e nos dá a chance de escrever uma nova e vitoriosa história em parceria com ele.           

      Além dessas pessoas mencionadas, há muitas outras, sobre quem o escritor da Epístola aos Hebreus declara: “E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e dos profetas, os quais, pela fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos. As mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos a fio de espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra.” – Hebreus 11:32 ao 39.

      Mas tenho uma coisa para lhe falar: através dos séculos, há muitos heróis e heroínas da fé, os quais desconhecemos completamente, uma vez que suas histórias não foram registradas ou não chegaram até nós. Entretanto, o Eterno conhece cada um destes pelo nome – 2 Timóteo 2:19, são reconhecidos no céu e, certamente, tem reservado para eles um grande e avultado galardão – Hebreus 10:35.

      Também não poderia deixar de dizer algo assaz importante: Quem sabe, por causa dos erros que você cometeu durante uma fase da sua jornada, muitas pessoas (até da própria família ou comunidade) não o consideram como alguém digno. Talvez, nem mesmo você se considera. Mas você não está sozinho.

      Como já foi dito, bastantes homens e mulheres cometeram erros graves; porém, seu arrependimento e conversão sinceros tocaram o coração de Deus, o qual os perdoou e os transformou em pessoas dignas, honradas, respeitáveis e respeitadas. E, acredito, VOCÊ é ou pode ser um destes heróis da fé.

       Quem sabe, seu problema não seja o cometimento de erros graves, mas uma visão completamente negativa de si mesmo, um grande complexo de inferioridade  a ponto de presumir que não possui nenhum valor ou habilidade. Se for esse o seu caso, tenho boas-novas: como imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26), você é dotado de inteligência e habilidades muito mais do que pode imaginar.

       Todavia, se pensar que ainda é pouco, siga o conselho do sábio Salomão: “Filho meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos, para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido, e para inclinares o teu coração ao entendimento, e, se clamares por entendimento, e por inteligência alçares a tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem o conhecimento e o entendimento” – Provérbios 2:1-6.

       Portanto, lembre-se de que, enquanto muitos são mestres em criar rótulos, como “ladrão”, “adúltero ou adúltera”, “bêbado”, “drogado”, “mentiroso”, “assassino”, “incapaz” ou o “caso perdido”, por exemplo, Deus é especialista em resgatar e regenerar aqueles que estavam perdidos e transformar improváveis em prováveis.

      Como diz o texto de abertura, o Eterno não vê do mesmo jeito que o ser humano, isto é, somente a aparência. Ele conhece profundamente o coração. E mais do que isso: o Pai os transforma em filhos amados, segundo o coração dele, que lhe dão prazer. Em sal, luz e bom perfume de Cristo, cuja fragrância nos atraiu e nos atrai a cada novo raiar do sol.       Então, traga sempre à sua memória o que disse o salmista Davi: “Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia” – Salmos 34:8 – e “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós” – Tiago 4:8a. Também não se esqueça de que pode pedir que o Espírito Santo ajude você a vencer suas fraquezas e limitações – Romanos 8:26.


 

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Sabedoria do alto

     “A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o conhecimento.” (Provérbios 4:7)       

     Um dos tesouros mais importantes e valiosos que uma pessoa pode ter é sabedoria. Por outro lado, também é uma das coisas mais difíceis de se obter e manter porque muitos de nós a buscamos de forma equivocada e na fonte errada. Porém, quando a busca é feita com sinceridade de coração e recorremos a quem pode dá-la, certamente se torna uma joia da qual jamais desejaremos abrir mão.  

     Nas Escrituras Sagradas, essa palavra e outras correlacionadas a ela aparecem muitas vezes, especialmente nos textos que têm como objetivo nos orientar para uma vida relacional de qualidade. Mas não apenas nessa área. Também trata de um requisito básico e indispensável ao nosso relacionamento com Deus. No Salmo 111:10, por exemplo, encontramos o seguinte registro: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que lhe obedecem; o seu louvor permanece para sempre”.

     Evidentemente, há alguns tipos de sabedoria: natural e terrena, que é fruto de uma excelente formação acadêmica e cultural. Existem muitas pessoas eruditas, ou seja, detentoras de um vasto saber sobre um determinado assunto ou, até mesmo, dominam várias áreas do conhecimento.

     Também há indivíduos que são sábios dada sua experiência de vida e maturidade. Nesse caso, mesmo não tendo frequentado a escola ou possuindo uma formação escolar mínima, conseguem se tornar grandes referenciais de vida e excelentes conselheiros ou mentores. Diante destes, devemos nos sentar para ouvir em silêncio suas experiências e instruções.

     Além dessas mencionadas, há outra cuja origem não é terrena, mas divina. E é justamente sobre essa que desejo lhe falar, pois sei que, assim como eu, você almeja ser sábio e, consequentemente, agir com sabedoria em todos os momentos da vida (Eu tenho batalhado para ser.). Para isso, tomarei como base para a argumentação diversos textos bíblicos, a começar por Tiago 3:13 ao 18.  

     No versículo 13, Tiago nos diz: “Se vocês são sábios e inteligentes, demonstrem isso vivendo honradamente, realizando boas obras com a humildade que vem da sabedoria”. Pela leitura desse texto, entendemos que uma das demonstrações de sabedoria consiste em viver de forma honrosa. Isso quer dizer “de maneira respeitosa, que enobrece ou dignifica”.

     Para compreendermos melhor, basta-nos olhar em nosso entorno. Quantas pessoas que conhecemos andam exatamente na contramão do que ensina a Bíblia. Ou melhor: não são respeitosas para com Deus, muito menos com seu próximo. Ao contrário, agem de modo inapropriado, isto é, inadequado ou inconveniente. Sem contar que muitos sempre procuram uma oportunidade para se aproveitarem da boa-fé de seu semelhante, lesando-o financeira, emocional ou espiritualmente. Desse jeito, tratam com desdém a Palavra de Deus. Consequentemente, evidenciam falta da sabedoria dada pelo Senhor.     

     Outra evidência de sabedoria é o realizar boas obras com humildade. Hoje é muito comum a exposição através da mídia de tudo o que se faz. Alguns indivíduos vão realizar alguma doação de alimento, por exemplo, e fazem fotos e/ou vídeos que, posteriormente, serão postos nas redes sociais, constrangendo quem o recebeu.

     Por certo, em algumas ocasiões é importante e até necessário que determinadas obras sejam expostas para que outros também se sintam motivados a fazer o bem, especialmente quando se trata de uma instituição filantrópica. No entanto, cabe a cada um de nós, doadores, vigiar o coração para ver se nossas motivações estão pautadas no amor ensinado nas Escrituras ou não. Afinal, Jesus nos ensinou que nossa mão esquerda não deve saber o que a direita fez – Mateus 6:2-4. Em outras palavras: a motivação deve ser obedecer ao Senhor e demonstrar amor cristão ao próximo. Não receber os aplausos de outros.

     Também existem aqueles que usam os talentos e as habilidades dados pelo Espírito Santo não para glorificarem a Deus, mas com o intuito de serem admirados e aplaudidos. Obviamente, é muito bom receber aplausos (e todos nós gostamos de recebê-los).      Todavia, devemos estar cientes e conscientes de que nossa motivação, isto é, o motivo ou a força que aciona e direciona nosso comportamento, levando-nos à ação deve ser honrar ao Senhor e abençoar as pessoas colocadas por ele em nosso caminho. Agindo assim, sem dúvida seremos honrados pelo Altíssimo, pois “diante da honra vai a humildade”Provérbios 18:12.  

     Em Tiago 3:17, somos ensinados que “a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura”. A palavra pureza quer dizer “sem mistura; não alterado pela presença ou inclusão de impurezas ou de elementos estranhos; límpido, claro, transparente”. Ao fazer essa afirmação, esse servo de Deus nos informa, embora indiretamente, que a sabedoria terrena apresenta algum tipo de impureza ou alteração. 

     A princípio, até podemos discordar dele. Contudo, se pararmos uns instantes para analisar friamente, concluiremos que ele tem razão. Tudo que tem a intervenção humana, por menor que ela seja, vem vestido ou contaminado com a visão, conceito, preconceitos e opinião de pessoas limitadas, falíveis e pecadoras como eu e você. Logo, em algum aspecto ou momento vai revelar seus defeitos.

     Por outro lado, a sabedoria gerada em nós pelo Espírito Santo é totalmente pura, ou seja, não está contaminada por agentes humanos. Dessa maneira, ela representará exatamente a vontade de Deus para nossa vida, a qual, conforme nos ensinam as Escrituras Sagradas, é “boa, perfeita e agradável” – Romanos 12:2b.  

     Outra característica dessa sabedoria é que ela é pacífica. Em outras palavras: ela vem recheada pelo objetivo de promover a paz. Se conectarmos esse texto com a fala de Jesus em Mateus 5:9, veremos que tem tudo a ver. Observe: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”.  

     Ser um pacificador vai muito além de gostar da paz ou de viver em paz. É ser uma pessoa que promove a paz, que se dedica a fazer reinar a paz. É aquele que através de seus atos e atitudes promove mudanças profundas no meio em que vive e convive. Logo, um indivíduo que apresenta essa característica só pode ser alguém que recebeu a sabedoria gerada pelo Espírito Santo. Sendo assim, ser um agente da paz segundo o conceito bíblico deve ser ou se tornar para cada um de nós um alvo a ser atingido, porque os pacificadores são bem-aventurados e chamados filhos de Deus.

     Ainda em Tiago 3:17, lemos que a sabedoria vinda do Senhor é tratável. Isso quer dizer que quem a possui é amável, afável ou agradável; que se pode tratar; que é gentil ou sociável. Por certo, você conhece muitas pessoas cujas ações, reações, atitudes e comportamentos tornam evidentes a inexistência dessa característica.

     Todos nós, indistintamente, precisamos estar atentos a isso. A Bíblia deixa claro que não podemos ser pessoas intratáveis, desagradáveis ou antissociais. Ao contrário, somos instruídos e admoestados a agir com doçura e mansidão: “… e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós…” – 1Pedro 3:15.

     Logicamente, Pedro referiu-se a uma situação específica. Porém, o princípio (a base de raciocínio) pode ser aplicado a todas as situações da vida. É óbvio que cada pessoa tem sua personalidade e temperamento. No entanto, entendo que o Espírito Santo pode e quer transformar não apenas nosso caráter, mas também o temperamento e até traços da personalidade que não são aprovados por Deus ou geram prejuízos relacionais.

      Tiago ainda declara que a sabedoria que vem do alto é cheia de misericórdia. Olhando para as Escrituras, passamos a saber que misericórdia está ligada a estas palavras hebraicas chenen, chesed e chen, as quais também deram origem à palavra graça, cujo sentido é favor a quem não merece.

      As palavras mencionadas (chenen, chesed e chen) nos informam que ser misericordioso é inclinar-se com bondade para com alguém, favorecer o necessitado e ajudar o pobre. E foi exatamente assim que o Pai Celestial agiu para conosco, mesmo sendo nós pecadores. Então, dentro daquilo que nos é cabível e possível, também precisamos ser cheios de misericórdia para com nosso semelhante, demonstrando sabedoria e entendimento da vontade de Deus para nós.

     Geralmente, queremos que Deus e as pessoas em geral nos tratem com benevolência, compaixão e empatia. Entretanto, quando é nossa vez de tratar nosso próximo, temos dificuldade de lhe estender a mão. Contudo, precisamos estar cientes de que agindo com misericórdia tornamo-nos habilitados para recebê-la também. Veja a declaração do Senhor Jesus em Mateus 5:7: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”

     Ainda no versículo 17, lemos que um indivíduo com essa sabedoria produz boas ações ou obras. Hoje, infelizmente, grande parte das pessoas sempre age com maldade. Aliás, a perversidade tem sido a marca registrada de muitos. Diariamente a mídia mostra casos de pessoas que são vítimas ou vitimadas por indivíduos perversos. Todavia, graças a Deus, ainda há aqueles cujas ações recheadas com compaixão e altruísmo promovem a paz e o bem aos necessitados, seja para suprir uma carência física, emocional, afetiva ou espiritual. Que esse seja o nosso caso!

     Finalizando o versículo 17, Tiago declara que essa sabedoria não trata os outros com parcialidade nem com hipocrisia. Quando se fala em parcialidade, pode-se entender como “qualidade de quem toma partido ao julgar a favor ou contra, tendo em conta sua preferência, sem se importar com a justiça ou com a verdade”. Lamentavelmente, essa tem sido uma prática muito comum no Brasil. Provavelmente, nós também já agimos desse jeito. Assim, fica claro que precisamos da sabedoria que provém do alto.

     Em João 7:24, Jesus ordenou: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”. Erroneamente, muitos de nós entendemos a palavra julgar somente como sentenciar ou condenar alguém. Mas existem muitos sentidos que fazem parte desse pacote. Por exemplo: avaliar, examinar, considerar, pensar, calcular e outros. Nesse sentido, precisamos, e devemos, analisar. Porém, para não cometermos injustiças, tem de ser feito segundo a reta justiça e recheado com misericórdia. E o que é a reta justiça? Para o autêntico cristão, é aquilo que ensina e ordena a Palavra de Deus.

     E mais: cada um deve julgar a si mesmo. Como disse o apóstolo Paulo: “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo”1 Coríntios 11:31,32. Note que o texto diz que “somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo”. Portanto, aceitar uma avalição segundo a reta justiça é mais do que uma evidência de humildade, amor-próprio e da sabedoria que vem do Altíssimo. É uma prova cabal.

     Para entender melhor, leia o texto que segue: “O sábio teme e desvia-se do mal, mas o tolo encoleriza-se e dá-se por seguro” – Provérbios 14:16. Observe que Salomão usa duas palavras contrastantes (sábio x tolo) para nos admoestar. Nesse caso, a evidência de sabedoria é demonstrada por temer e desviar-se do mal, enquanto de tolice é o enraivecer-se e se sentir seguro em relação ao mal.

     Outro texto bastante esclarecedor e importante é: “Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal” – Provérbios 3:7. Aqui, entendemos claramente que ser sábio aos próprios olhos é um grande perigo. Quem se sente assim, tende a tomar decisões completamente equivocadas, inclusive leva-o a aproximar e até mesmo a aliar-se ao mal ou a pessoas más. Portanto, é imprescindível ser sábio aos olhos de Deus, usando as ferramentas que ele nos oferece gratuitamente em sua Palavra.

     Quando olhamos para as Escrituras Sagradas, encontramos muitos exemplos de pessoas que agiram com sabedoria, desviando-se das coisas erradas aos olhos do Senhor. Uma delas foi Jó: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal – Jó 1:1.

     Em Eclesiastes 7:13 ao 18, lemos algo muito interessante sobre a relevância de ser sábio. Nesse relato, lemos que um sábio pobre livrou sua pequena cidade de um grande rei usando como arma de guerra a sabedoria. Mas é necessário observar um detalhe: ninguém se lembrava dele. Muitas vezes, é assim. Poucos valorizam essa qualidade. Porém, o Senhor a valoriza e muito.

     Fazendo uma conclusão desse registro, Salomão declara: “Melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada e as suas palavras não foram ouvidas. As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais do que o clamor do que domina sobre os tolos. Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, mas um só pecador destrói muitos bens” – Eclesiastes 9:16-18.

     Há ocasiões nas quais as armas de guerra são as palavras ditas no calor de uma discussão. Geralmente, o resultado delas são pessoas gravemente feridas, casamentos mortos, famílias e amizades destruídas. Mas veja o que Salomão diz: “Favo de mel são as palavras suaves: doces para a alma e saúde para os ossos” – Provérbios 16:24. Logo, usando as palavras com sabedoria, em vez de guerras e destruição, geramos paz (saúde mental e emocional) e saúde física. 

     No versículo 17, o rei diz que as palavras de um sábio devem ser ouvidas em silêncio. Segundo estudiosos, um dos segredos do sucesso dos judeus é que eles gostam de ser corrigidos e ensinados. Por isso, valorizam os mentores/conselheiros. Portanto, considero fundamental aprender com eles também. E, quando estivermos diante de um sábio, aprendamos a ficar em silêncio, absorvendo e anotando tudo o que ele disser.

     Mas quem é um sábio? – Talvez essa seja sua dúvida. E eu lhe respondo: É todo aquele que ministra a Palavra de Deus como está registrada nas Escrituras. É todo aquele que usa a inteligência para promover o bem e a paz. Também é aquele que sabe de boas coisas que não sabemos ou já teve experiências que ainda não tivemos. Portanto, sempre que estiver perto de alguém, fique atento, pois da boca desse indivíduo, por mais simples que ele seja, pode jorrar palavras de sabedoria.

     Penso que foi por isso que Salomão declarou: “Aquele que anda com os sábios será cada vez mais sábio, mas o companheiro dos tolos acabará mal” – Provérbios 13:20. Com quem você quer andar? A colheita será de acordo com a semeadura. Por isso, espero e oro para que faça a escolha certa, receba as mais copiosas bênçãos de Deus e viva vitoriosamente.

     Caso você sinta que ainda lhe falta a sabedoria que vem do alto ou do Altíssimo Senhor, siga a instrução de Tiago, o servo do Senhor: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada” – Tiago 1:5. Afinal, a sabedoria é a coisa principal e “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento. Porque melhor é a sua mercadoria do que a mercadoria de prata, e a sua renda do que o ouro mais fino. Mais preciosa é do que os rubis; e tudo o que podes desejar não se pode comparar a ela. Aumento de dias há na sua mão direita; na sua esquerda, riquezas e honra. Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas, paz. É árvore da vida para os que a seguram, e bem-aventurados são todos os que a retêm”Provérbios 3:13-18

Força e Sabedoria – Anderson Freire
 

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Conselhos para uma vida feliz

Mais uma vez sou grato a Deus pela oportunidade de poder compartilhar com vocês os ensinamentos que tenho aprendido Dele. “Conselhos para uma vida feliz” é o meu 3° livro. Ele nasceu de um sonho e em 15 dias estava escrito.

Agora, chegou o dia do lançamento: 15/04/2017, às 19h00, na Livraria Nobel do Tivoli Shopping em Santa Bárbara d’Oeste.

Agradeço a todos os que puderem comparecer e aos que, de perto ou de longe, têm incentivado meu trabalho. Será uma honra tê-los num momento tão importante!

lançamento

 

 

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