RSS

Arquivo da tag: Zaqueu encontra Jesus

Ver ou conhecer Jesus? – Um plano melhor

         “Zaqueu, desça depressa, porque, hoje, me convém pousar em sua casa.” (Lucas 19:5)   

Zaqueu - o publicano 

          Há alguns anos, escrevi um artigo chamado Ver ou conhecer Jesus?*. De lá para cá, já ministrei sobre esse tema em algumas igrejas. E, em cada uma dessas ocasiões, o Espírito Santo levou-me a abordar novas lições que podemos aprender com esse texto, pois a Palavra de Deus, assim como as misericórdias dele, se renovam dia após dia – Lamentações 3:22-23.  

          Agora, gostaria de compartilhar com você mais um pouco daquilo que o Senhor trouxe ao meu coração nesses últimos dias. Para isso, tomarei como base o texto de Lucas 19:1-10, no qual está registrada a rica e enriquecedora história de Zaqueu.

          Para início de conversa, pergunto-lhe: Por que esse homem, mesmo sendo judeu, decidiu trabalhar como cobrador de impostos para o império romano, uma vez que isso geraria sérias consequências de ordem relacional para ele e sua família?

           Talvez, um dos motivos pelos quais ele tomou essa decisão foi o desejo de ter estabilidade financeira para si e para os seus. Quem sabe, desejasse ter proteção, pois, como diz o ditado, se não posso com o inimigo, junto-me a ele. Além disso, podemos supor que tenha sido movido pela ambição, pelo poder, ganância por riquezas, status social, fama ou algo semelhante ao que foi dito.

          Embora as Escrituras não informem a razão de Zaqueu ter feito essa escolha, sabemos que ele se tornou não apenas um cobrador de impostos, mas o chefe deles, e rico, conforme lemos em Lucas 19:2. Isso, por certo, lhe dava autoridade e uma certa respeitabilidade.

          Por outro lado, também gerava olhares de inveja dos romanos e de reprovação por parte dos judeus, seus irmãos. Desse modo, ele não se encaixava nem entre aqueles que dominavam seu povo, nem entre os judeus, os quais o viam como traidor, ladrão e pecador, segundo ainda veremos.

          Neste ponto, preciso fazer outros questionamentos a você: Por que esse homem resolveu procurar Jesus? Será que não havia conquistado tudo o que queria? Afinal, como se diz popularmente, ele já estava com a mula na sombra. 

          Quem sabe, em determinado momento da vida, Zaqueu começou a passar por uma crise existencial, ou seja, um descontentamento que surge devido à insatisfação ou à confusão com a própria identidade, sentido e propósito de vida.

          Presumo que esse homem passou a questionar sua identidade, pois estava agindo como um romano, mesmo sendo judeu. Também suponho que começou colocar em xeque o sentido da sua vida: Será que realmente vale a pena viver? A vida é só isso? Além do mais, penso que ele se viu questionando qual seria o propósito da sua vida.

         Partindo desse raciocínio, penso que ele se sentia imensamente vazio e triste. Por isso, talvez dissesse para si mesmo: A vida deve ser mais do que isso. Deve existir algo maior e melhor do que poder, estabilidade, fama, sucesso, bens e riquezas. Deve haver uma forma de ser realmente feliz e me sentir realizado.         

          Mas… Por que ele tomou a decisão de ver quem era Jesus? Ou ainda: Como ele ficara sabendo da existência do Mestre?

          O evangelista Lucas também não registrou essa informação. Porém, presumo que em suas andanças pelas ruas de Jericó, além de xingamentos e provocações de seus irmãos, ele ouvia as pessoas falando sobre o novo rabi, cujas palavras tocavam profundamente o coração das pessoas e estava realizando coisas extraordinárias, inclusive ressuscitando mortos.

          Quem sabe, foram outros cobradores de impostos que lhe falaram sobre esse homem que estava causando alvoroço com seus ensinos recheados com uma autoridade, poder, carisma e empatia nunca vistos antes. Ou teria sido algum de seus empregados? Será que a esposa dele tinha ouvido de uma de suas amigas enquanto comprava mais um vestido chique no “shopping” da cidade?

          Não sabemos. Mas o que de fato importa é que ele ouviu falar do Mestre e tomou a sábia decisão de ir ver quem era esse homem fantástico. E assim foi. Contudo, havia alguns impeditivos: era de pequena estatura, existia uma multidão ao redor de Jesus e ele não era bem-vindo naquele lugar – Lucas 19:3. O que fazer então?

          Diante desse obstáculo, ele teve a brilhante ideia: “E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver, porque havia [Jesus] de passar por ali” – Lucas 19:4.

          Você consegue imaginar essa cena inesperada, inusitada e constrangedora, isto é, o chefe rico que estava pagando um grande mico?!

          Imagine você andando na rua e ouvindo falar que uma pessoa muito importante está por ali. Então resolve ir vê-la. Ao se aproximar, vê uma grande autoridade, ou quem sabe seu pastor, correndo e subindo numa árvore para ver também. O que você pensaria? O que diria?

          Certamente pensaria que esse indivíduo havia perdido o juízo. Se fosse seu pastor, talvez você tentaria se esconder para que ele não o visse. E, se alguém dissesse: “Olha o pastor da sua igreja!” Quem sabe, como Pedro você negaria conhecer “aquele homem”. Pode ser que o negasse muito mais que três vezes. E eu me incluo nessa também.

          Para Zaqueu, porém, naquele momento, não importava o que diriam ou pensariam as pessoas que o vissem pagando aquele mico. Ele estava decidido a ir em frente, independentemente do apontar de dedo da multidão. Por esse motivo, elaborou uma estratégia incomum e deu um jeito. Era o Modo Zaqueu de fazer as coisas acontecerem. Assim, finalmente ele poderia ver aquele rabi de quem ouvira falar tantas coisas maravilhosas, inovadoras, revolucionárias.

          Para surpresa dele, quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa” – Lucas 19: 5. Esse era o Jeito Jesus de realizar as coisas.

          É sempre assim. Pensamos que temos a solução definitiva para algum problema, mas o Senhor nos mostra uma melhor. Zaqueu queria ver Jesus, o que poderia acontecer a uma boa distância. Por isso subiu na figueira. Entretanto, o Mestre queria relacionamento pessoal; por essa razão, ordenou que ele descesse.

          Em uma das profecias messiânicas, o profeta Isaías declarou o seguinte sobre o nascimento de Jesus: Portanto, o Senhor mesmo lhes dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel – Isaías 7:14. E em Mateus 1:23, lemos o seguinte: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel.” (Emanuel, do hebraico Immanu’El significa: “Deus conosco“.).

          Percebeu? Jesus é Deus conosco. Isso significa que ele está entre nós, perto de nós, junto conosco e em nós. Desse modo, para o Senhor, não bastava apenas ser visto por Zaqueu. Cristo queria proximidade, relacionamento, olho no olho.

          Além do mais, em sua onisciência, ele sabia que existiam necessidades mais profundas do que esse homem imaginara até então. E não somente na vida dele, mas na da sua família também. Afinal, ninguém adoece sozinho. Quando um ente querido não está bem, há reflexos em todos (ou muitos) que estão ao redor, especialmente na vida do cônjuge e filhos.

          Sendo assim, era mais uma oportunidade para mostrar não só a Zaqueu, mas a todos que ele realmente era o Emanuel e queria fazer parte da vida de quem estivesse disposto a se relacionar com ele.

          Quando Zaqueu ouviu o convite do Mestre e teve a percepção do que isso significava, apressou-se, desceu depressa – Lucas 19:6 – e recebeu Jesus gostoso. (Ou, como dizem outras versões, com grande alegria, exultante.)

          O que é receber gostoso? Já vou explicar. No entanto, antes, pergunto-lhe: Por acaso, alguém que você não via há um tempo, ao encontrá-lo, ficou tão feliz que o abraçou tão forte para matar a saudade, que deu a impressão de que quebraria seus ossos? Eu suponho que foi isso que Zaqueu fez.

          Aquela forma de receber o Mestre demonstrou que, mesmo inconscientemente, ele sentia uma grande saudade de Deus e necessidade do amor e do abraço do Senhor. Também revelou o quanto se sentiu valorizado e honrado, o que seu povo não fazia, obviamente com razão.

          Mas pensa que saiu barato esse encontro? Não. Nem um pouco. Veja como Lucas, o evangelista, registra a reação da turma do bocão: “Vendo todos isso, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador” – Lucas 19:7.

          Notou o rótulo que deram a Zaqueu? Um homem pecador. Por certo, também o chamavam de ladrão, de traidor e outros adjetivos tão “carinhosos” quanto. E, talvez, também rotulassem sua mulher e seus filhos de “a mulher do pecador, ladrão, traidor…” e “os filhos do pecador, ladrão, traidor…”.

           Nós somos desse jeito. Temos o hábito de rotular as pessoas: o bêbado, o drogado ou o noia, a adúltera, o preguiçoso, o narigudo, o burro, a esquisita, o gordo, a girafa etc. Segundo consta, Gisele Bündchen, modelo mundialmente conhecida, era chamada de Olívia Palito na escola e não arrumava namorado por ser muito magra e alta. Também era considerada o patinho feio da família.   

          Felizmente, o olhar e o conceito do Senhor sobre nós são diferentes. E isso ficará bem claro no fim da história. Todavia, cabe agora voltar os olhos para a declaração desse novo homem que nasceu a partir do encontro com Cristo: “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado” – Lucas 19:8.

          Observe como o encontro dele com Cristo foi impactante. Segundo vimos, talvez um dos motivos que o levaram a se tornar um chefe dos cobradores de impostos foi a ganância pelo dinheiro, bens ou outras riquezas. Contudo, agora, ele percebeu que tudo isso era pouco perto do que Jesus lhe proporcionara e decidiu, espontaneamente, dar metade de seus bens aos pobres.

          Quero frisar isto: foi uma decisão pessoal. Jesus não o obrigou a fazer a doação. Nem a nós também. Entretanto, o amor ao próximo, o qual resulta em generosidade, inundou a alma desse homem, produzindo esse tipo de atitude.

          E mais: ele disse que, se em alguma coisa tivesse defraudado alguém, restituiria quatro vezes mais. Em outras palavras: não queria que sua nova vida fosse manchada por nada. Queria estar em paz com Deus e com as pessoas, como convém a todos aqueles que decidem se tornar de fato discípulos de Cristo: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” – 2 Coríntios 5:17 – ARC.

          Agora, leia o mesmo texto na Nova Versão Transformadora: “Logo, todo aquele que está em Cristo se tornou nova criação. A velha vida acabou, e uma nova vida teve início!”. Aqui, a mensagem ficou ainda mais clara. E na nova vida com Cristo não podemos ficar arrastando fardos ou dívidas do passado, se houver.

          Diante da postura de Zaqueu, Jesus fez a seguinte declaração: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão, porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – Lucas 19:9-10.

          Cabem aqui algumas reflexões ou considerações:

  • Como Zaqueu, muitas vezes fazemos escolhas com as intenções ou motivações erradas, supondo que está tudo certo. Afinal, achamos que precisamos fazer qualquer coisa para sermos felizes. No entanto, ainda que a princípio tudo pareça bem, com o passar do tempo percebemos que existem outras que são muito mais importantes e necessárias. Principalmente nosso relacionamento com Deus, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador – Efésios 2:1-10.
  • Muitas vezes, queremos apenas ver o Senhor à distância com medo do que as pessoas podem falar, por não querermos um compromisso sério com ele ou com medo de não sermos aceitos, por nos considerarmos indignos do seu amor. E tentamos fazer as coisas do nosso jeito. Todavia, não é do nosso jeito. É como o Mestre quer. Isso ficou claro na estratégia de Zaqueu: subir na figueira. Mas Jesus lhe disse para descer.
  • Ver é algo que se pode fazer à certa distância. Entretanto, o Senhor quer muito mais: ele quer proximidade; quer relacionamento pessoal, pois é o Emanuel, ou seja, Deus conosco: “O Senhor está perto de todos que o invocam, sim, de todos que o invocam com sinceridade” – Salmos 145:18.
  • As pessoas enxergavam esse homem apenas como um pecador, ladrão e traidor. No entanto, Jesus o via como um filho de Abraão. Isso quer dizer “como um filho de Deus” ou “como alguém que, pela fé, é herdeiro das mesmas bênçãos que o Senhor prometeu a Abraão e aos seus descendentes”.

          Com você e comigo não é diferente. As pessoas podem nos rotular de qualquer coisa (e às vezes realmente damos reais motivos para que nos rotulem), pois elas só conseguem ver aquilo que é exterior ou que se manifesta através das nossas atitudes e comportamentos. Mas nosso Senhor e Salvador vai infinitamente além: ele não vê apenas nosso passado, presente e erros; Deus enxerga nosso futuro como um verdadeiro filho dele: “Eu serei seu Pai, e vocês serão meus filhos e minhas filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” – 2 Coríntios 6:18.

          Portanto, o que importa de fato é como Deus nos vê e o que diz a nosso respeito, não como as pessoas nos veem e o que falam sobre nós.

  • Mesmo que Zaqueu não fosse um corrupto ou um ladrão, ele era pecador, como todos nós também somos: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” – Romanos 3:23 – e “Na verdade, não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque” – Eclesiastes 7:20.

  E mais: “Se afirmamos que não temos pecados, enganamos a nós mesmos e não vivemos na verdade. Mas, se confessamos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmamos que não pecamos, chamamos Deus de mentiroso e mostramos que não há em nós lugar para sua palavra” – 1 João 1:8-10.

Simplificando: todos nós somos pecadores. E o pecado nos torna “perdidos ou mortos espiritualmente”, ou seja, sem direito à salvação eterna, a qual só é possível por causa da morte de Jesus Cristo: “Pois o salário do pecado é a morte, mas a dádiva de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” – Romanos 6:23.

Então foi para nos reconciliar com Deus e nos dar salvação que Cristo veio ao mundo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” – João 3:16-18.

  • Naquela ocasião, jesus disse: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão, porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – Lucas 19:9-10.

Note que Jesus levou salvação àquela casa, isto é, não somente para Zaqueu. Todos ali precisavam ser salvos. Conosco e com nossa família não é diferente. Sem Cristo, estamos irremediavelmente perdidos e precisamos de um Salvador. E o único autorizado por Deus é o Senhor Jesus, que declara: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” – João 14:6.

  • Pela leitura do texto, percebemos que a princípio Zaqueu pensou apenas em si mesmo. Talvez porque estivesse tão aflito, angustiado ou não desse o devido valor à sua família. Quem sabe, seu desejo era só uma curiosidade e pensasse que não precisava de Deus, que estava tudo bem. Porém, Jesus tinha um plano melhor e sabia que toda a sua casa precisava de socorro. Esse plano incluía salvação para a família.

Quem sabe a história desse homem se assemelha muito à sua. Talvez você não tenha percebido o quanto precisa de Jesus. Pode até ser que pense que sua família precisa, mas você não. Ledo engano!!! Todos nós precisamos. E o Senhor, que sonda o mais profundo do nosso coração e para quem não há nada encoberto, sabe perfeitamente que precisamos com urgência dele e de salvação.

Portanto, ao encerrar este artigo, quero dizer a você: Aceite o Senhor agora mesmo. Assim, espiritualmente será chamado de filho de Deus: “Mas, a todos que creram nele [Jesus] e o aceitaram, ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus” – João 1:12. Faça como Zaqueu: a partir daquele encontro, ele e a família dele começaram a escrever uma nova história em parceira com o Senhor. E você também pode fazer isso. Inclusive exatamente agora, se quiser.

 Porém, caso você já tenha convidado Jesus para ser seu Senhor e seu Salvador, quero incentivá-lo a permanecer firme, pois, “por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar/se mantiver firme até o fim, esse será salvo” – Mateus 24:12-13. Assim, certamente ouvirá o Senhor a dizer: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” – Mateus 25:34.

 

Tags: , , , , , , , , ,

Encontro transformador

“E disse-lhe Jesus: Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.” (Lucas 19:9)

A maioria das pessoas tem vontade de ver e estar com quem consideram importante. Em tempos de tecnologia avançada e redes sociais, muitos não apenas querem ver, mas também fazer selfies para postar ou compartilhar com seus amigos. Talvez (apenas talvez) alguns desses indivíduos não estão nem aí para os famosos; apenas querem ostentar e ser admirados.

      Por outro lado, há aqueles que realmente querem conhecer aqueles que admiram e estar com eles, mesmo que seja por alguns instantes. Também existem indivíduos que, além de estarem por um momento com seus influenciadores ou referenciais, desejam ouvi-los e aprender com eles, uma vez que os consideram importantes, sábios e agregadores de coisas relevantes à sua vida.

      Quando olhamos para os Evangelhos, vemos que Jesus sempre estava cercado por uma multidão, a qual almejava ouvir seus ensinamentos ou receber uma bênção. Outros apenas tinham a curiosidade de saber quem era aquele homem que estava agitando cidades e vilarejos com seu jeito diferente de ensinar. Também havia pessoas que queriam vê-lo e ouvi-lo somente para criticá-lo ou pegá-lo em alguma contradição, como era o caso de muitos saduceus e fariseus. 

      Dentre essas pessoas, havia um homem chamado Zaqueu*, cuja história está registrada em Lucas 19:1 ao 10. Quem sabe, você já ouviu a história dele muitas vezes (ou pelo menos uma). Ele era um dos que queriam ver Jesus. No entanto, se você não escutou nada sobre ele ainda, passará a conhecê-lo hoje.

      Já ministrei sobre Zaqueu diversas vezes e escrevei um artigo chamado “Ver ou conhecer Jesus”, o qual também está no blog. Ainda assim, gostaria de refletir uma vez mais a respeito da história desse homem, o qual era chefe dos publicanos cobradores de impostos, mesmo sendo judeu.

      Para começar, gostaria de perguntar a você: Por que, mesmo sendo judeu, esse homem se tornou cobrador de impostos para os romanos, os quais eram opressores de seu povo? E mais: Por que passou a ser o chefe deles? Você já pensou sobre isso ou ouviu alguém fazer suposições a respeito dos motivos dele?

      Às vezes, digo que as pessoas são as mesmas em todos os tempos e lugares. Com isso, quero dizer que apresentam os mesmos defeitos e qualidades, medos, sonhos, ambições e necessidades. Inclusive emocionais e espirituais. Evidentemente, há algumas variações de acordo com a época e a cultura, mas a essência disso tudo é a mesma ou, no mínimo, bastante semelhante.  Por isso, farei algumas conjecturas, ou seja, suposições ou hipóteses sobre as razões dessa decisão.

      Talvez Zaqueu visse que se aliar aos romanos era uma forma de fugir da opressão a que seu povo tinha sido submetido. Assim, ele teria mais liberdade e proteção que seus irmãos judeus. Ou seja: ele gozaria de certos privilégios e regalias que os demais compatriotas não possuíam.

      Quem sabe, ele tinha a ambição de ser rico e poderoso. Então, para conseguir seus objetivos estava disposto a trair seu povo e até sua consciência. Afinal, era preciso fazer toda e qualquer coisa necessária para conquistar o sucesso, a fama, a felicidade; enfim, o prazer da realização de seus sonhos.

      Outra possibilidade é que ele tivesse um enorme vazio interior e pensasse que sua existência não fazia nenhum sentido. Então, para mudar o status quo, isto é, o estado atual em que se encontrava, era necessário fazer algo que desse significado à sua vida vazia e, consequentemente, uma razão para se levantar a cada novo raiar do sol. 

      Também é possível que ele realmente fosse um grande materialista e mau caráter. Por isso, não se importava com seu povo, com seus pais, com sua família, com ninguém. Logo, para enriquecer e ocupar seu espaço na sociedade, deixou seu egoísmo, ganância e seu extremo individualismo falarem mais alto, pensando: “Que sofra nas mãos dos romanos quem quiser sofrer. Eu, porém, vou tirar proveito dessa situação. Como diz o ditado, se me deram um limão vou fazer uma limonada”.

      Há, ainda, a possibilidade de ele ter sido vítima de bullying durante toda sua vida por causa da sua pequena estatura. Então, a única forma de se autoafirmar e impor respeito seria se tornar rico, influente e poderoso. E, para isso, o caminho mais curto era se tornando um cobrador de impostos e, posteriormente, chefe dos cobradores. Ele desejava crescer profissionalmente!

       Evidentemente, são apenas suposições, não afirmações. A única certeza é que ele queria ver quem era Jesus – Lucas 19: 1 ao 3. Desse modo, quando soube que o Mestre estava entrando em Jericó, sua cidade, decidiu ver quem era aquele homem que estava quebrando paradigmas e mudando a história de tantas pessoas. Entretanto, existia um problema: ele era de pequena estatura e havia uma multidão cercando o Mestre – Lucas 19: 3.

      Embora estivesse diante de um grande problema, em vez de desistir ou de tentar passar pelo meio das pessoas, Zaqueu bolou uma estratégia interessante: encontrar um lugar com visão privilegiada, ou seja, sem obstáculos que o atrapalhassem. Então saiu correndo e subiu numa árvore – Lucas 19:4. E, segundo o texto, o Senhor ia passar por aquele lugar. Talvez, fosse o único acesso à cidade.

      Para uma pessoa comum, digamos que era algo normal, ou quase. (Hoje, existem pessoas que também sobem em árvores, casas e lajes para assistir a algum evento.) Contudo, para uma pessoa importante ou alguém que exercia autoridade, correr e subir numa árvore não era adequado na cultura da época e o tornaria uma figura risível, ou melhor, que causa ou que provoca riso; ridícula, grotesca, cômica.

      Provavelmente, ao verem aquela cena, muitos começaram a apontar o dedo e a zombar dele. Todavia, ele não se incomodou com isso. Quebrou o protocolo e foi em busca da realização de seu sonho: ver Jesus. Por certo, existia alguma coisa em seu coração que o impulsionava a fazer o que fez, mesmo parecendo ridículo aos olhos das pessoas.  

      Mal sabia Zaqueu que a partir daquele dia sua vida não seria mais a mesma. Pelo que se lê no texto, a expectativa dele era apenas ver o Senhor. Porém, Cristo tinha muito mais a lhe oferecer. Veja: “E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa” – Lucas 19:5.

      Nesse ponto, cabe uma observação: Muitas vezes, nossas expectativas em relação ao Senhor são muito pequenas e se resumem a coisas terrenas e materiais ou a um conhecimento teórico, distante da experiência pessoal com o Senhor. Contudo, ele sempre tem algo maior e mais profundo do que pensamos ou pedimos. Observe: “Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós…” – Efésios 3:20. 

      Com esse homem não foi diferente. Por certo, ele não imaginava que Jesus ia dar-lhe uma atenção especial. Afinal, o Mestre estava cercado por uma multidão e era uma pessoa muito ocupada. Ademais, Zaqueu era um traidor do povo judeu. Entretanto, Cristo sempre para diante de um coração disposto a conhecê-lo e ouvi-lo. E foi o que aconteceu. Como diz o salmista: “… a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” – Salmos 51:17.

      O Senhor parou, olhou para cima e lhe falou: “Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa” – Lucas 19:5. O Mestre não riu dele nem reprovou sua atitude. Não questionou por que fizera aquilo. Apenas o acolheu por saber que aquele homem passara por cima de sua posição social e de seu orgulho próprio porque havia uma sede e uma fome em seu interior as quais precisavam ser saciadas urgentemente. Por isso, disse: “… desce depressa”.  

      Mas não parou aí. Ele também declarou: “… porque, hoje, me convém pousar em tua casa”. Ao dizer “porque”, o Senhor mostra que havia uma razão muito especial para a pressa. O Senhor queria dar algo muito maior do que aquele homem imaginara ou imaginava, por saber que por traz daquela máscara existia uma pessoa como outra qualquer, isto é, com medos, sonhos, carências, dúvidas, fraquezas, incompletude. Enfim, com um vazio interior imenso, com necessidade de salvação e ressignificação da sua existência.

      As palavras de Jesus certamente calaram profundamente no coração de Zaqueu. E, naquele momento, ele entendeu que de fato estava diante do Messias. Por esse motivo, desceu depressa e recebeu gostoso o Senhor. Na Nova Versão internacional, diz que ele o recebeu com júbilo – Lucas 19:6. Isso pode significar que esse homem abraçou Cristo fortemente e pulou de tenta alegria (Talvez tenha até dançado.).

      Sem dúvida, Zaqueu era odiado por muitos dos seus irmãos judeus, discriminado e acusado de traição. E, dentro daquele contexto, isso era justo. Todavia, tais pessoas não compreendiam que elas também não eram perfeitas e tinham basicamente as mesmas necessidades, sobretudo a de libertação mental, espiritual e de salvação da sua alma. (Só para deixar registrado: Todos nós temos também.)

      Quando seus compatriotas viram e ouviram Jesus dizendo que ia pousar na casa daquele traidor, criticaram o Senhor – Lucas 19:7. É sempre assim. Todos nós temos dificuldade de compreender e aceitar que pessoas consideradas más ou grandes pecadoras tenham as mesmas oportunidades e a atenção de Deus que as boas têm. Isso, infelizmente, é natural. É humano.

      Não quero, porém, que você entenda ou suponha que Jesus aceita tudo o que fazemos. Jamais. O Senhor aceita todas as pessoas, mas lhes diz o mesmo que falou à mulher que fora pega em adultério e levada a ele: “Agora vá e abandone sua vida de pecado” – João 8:11. E o que é pecado? Tudo aquilo que o Senhor diz que é. Basta lermos as Escrituras com humildade e temor reverente que entenderemos perfeitamente.

      Portanto, se Zaqueu fazia coisas erradas, não há dúvida de que Jesus ordenou que ele abandonasse o pecado e vivesse retamente diante de Deus. Isso também se aplica a cada um de nós, pois, da mesma maneira, precisamos fazer aquilo que é justo e reto aos olhos de Deus, como fizeram muitos reis e outros servos de Deus. Por exemplo: Enoque (Gênesis 5:22,24), Noé (Gênesis 6:8,9), Jó (Jó 1º:1), Simeão e Ana (Lucas 2:25 ao 38).

      O rei Ezequias foi mais um exemplo disso: “E assim fez Ezequias em todo o Judá; e fez o que era bom, e reto, e verdadeiro perante o Senhor, seu Deus. E em toda obra que começou no serviço da Casa de Deus, e na lei, e nos mandamentos, para buscar a seu Deus, com todo o seu coração o fez e prosperou” – 2 Crônicas 31:20,21.   

      Além do que já foi dito, Cristo demonstrou que queria ter comunhão com Zaqueu. Afinal, pousar na casa de alguém requer confiança e amizade de quem vai hospedar e do hóspede. Principalmente do anfitrião. Mas ia muito além de comer uma refeição e de uma simples noite de sono. Havia um propósito nobre da parte do Senhor.

      E qual era? Levar salvação àquela família. Não era apenas a esse homem. O Cristo de Deus desejava salvar todos os presentes naquela casa. Leia: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – Lucas 19:9,10.  

      No versículo 8, lemos o seguinte: “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens…”.

     Observe que o encontro de Zaqueu com Cristo foi tão impactante que esse homem teve seu coração transformado e preenchido imediatamente. Aquele vazio não existia mais. Logo, os bens materiais já não eram seu ídolo. Ele encontrara alguém (Jesus) e algo (paz de espírito e sentido para sua vida) que eram muito mais valiosos que status, dinheiro e poder.  Por isso, o desejo de ter foi substituído pelo de socorrer os necessitados.

       Além disso, Zaqueu fez outra declaração publicamente: “… e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado”. Note que o texto não diz que ele de fato havia defraudado, ou melhor, desapossado (alguém) de (algo) com dolo; espoliado, fraudado. Ao falar “se”, ele está fazendo somente uma suposição ou falando de possibilidade, não de certeza da existência de uma ação desonesta.

       Ainda que muitos cobradores de impostos fossem desonestos, não se pode afirmar que todos eram. Em qualquer profissão ou ocupação, há pessoas íntegras e outras, desonestas. Portanto, é injusto e temerário afirmar que ele tinha usado da sua posição para enriquecer ilicitamente às custas das pessoas.  

      Como seu encontro com o Senhor foi tão impactante e sua mudança ou conversão autêntica, Zaqueu não queria que ficasse nenhuma nódoa ou mancha que servisse de munição para aqueles que o odiavam e não criam em sua transformação, nem que o maligno tivesse algo do qual acusá-lo diante de Deus.

      Também não queria que houvesse nada que atrapalhasse sua comunhão com Cristo. Assim, pode-se dizer que esse homem entendera a seguinte mensagem: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” – 2 Coríntios 5:17.

      Pelo texto acima, entendemos que se realmente entregamos nossa vida a Cristo para que ele seja nosso Senhor e Salvador, é preciso abandonar as práticas anteriores que estavam erradas aos olhos de Deus. Isso significa a ocorrência de mudanças substanciais não apenas em nossa forma de crer, mas também de viver.

      Caso alguém diga que entregou sua vida ao Senhor, mas continua com os mesmos hábitos e práticas contrários aos ensinamentos bíblicos, é necessário e urgente que faça uma autoavaliação, tomando como referência os ensinos das Escrituras Sagradas. Só assim sua conversão será genuína e autenticada pelo Senhor. Veja: “Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou” – 1 João 2:6.  

      Há ainda outras coisas que considero importantes destacar. Uma delas é que o propósito da vinda de Jesus foi trazer salvação às famílias. Se ele disse: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.”, entende-se que existe necessidade de salvação. Logo, não podemos ignorar essa declaração do Senhor.

      Evidentemente, a salvação é individual: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” – Ezequiel 18:20.

      Cada um responde por si mesmo diante de Deus: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” – 2 Coríntios 5:10. Entretanto, a família sempre esteve no coração do Senhor e foi por essa razão ele a instituiu. Portanto, certamente, ele anseia por receber no céu cada uma delas, dizendo: “Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” – Mateus 25:34.   

      Além disso, preciso mencionar que muitas pessoas também tentam preencher o vazio que há em seu coração com bens materiais, fama, sucesso, aplausos, formação acadêmica; por isso, estudam o tempo todo. Tais indivíduos terminam um curso e imediatamente começam outro (Estudar é muito bom, mas, infelizmente, jamais preencherão com diplomas o espaço de seu coração que tem o formato de Deus.).

      Há pessoas que tentam preencher seu coração com relacionamentos diversos ou com relações sexuais com muitos parceiros ou parceiras. Mas, como já ouvi muitos declararem, após ato sexual sentiam nojo da pessoa com quem se relacionaram e de si mesmas.

      Para piorar, o vazio em seu interior se tornava cada vez maior. Então buscavam satisfação em outras coisas, tais como: viagens, drogas lícitas e ilícitas, baladas comuns ou raves, aquisição de bens, roupas e calçados de marca. E nada. Porém, quando humildemente entregaram sua vida ao Senhor, passaram a ter paz de espírito e satisfação de tal maneira que não mais precisavam daquilo que viviam ou consumiam antes. Além do mais, sua existência passou ter sentido e propósito.   

      Também não posso deixar de destacar que, independentemente de quão pecador alguém seja, existe esperança, pois Cristo falou: “… o Filho do Homem {Jesus} veio buscar e salvar o que se havia perdido”. E mais: “… eu {Jesus} não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento – Mateus 9:13. Note que ele não disse que veio para aqueles que se consideram bons, mas para quem é pecador e está perdido. (Isso inclui eu e você!)

      Infelizmente, tenho que dizer que todos nós nos encaixamos nesta categoria: a dos pecadores e perdidos, porque “na verdade não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque – Eclesiastes 6:20. Mesmo aqueles que mencionei anteriormente (Enoque, Noé, Jó, Simeão e Ana não eram perfeitos). Somente Cristo nunca pecou, conforme afirmam as Escrituras – Hebreus 4:15.

      Paulo, o apóstolo, arremata, declarando: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” – Romanos 3:23 – e “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” – Romanos 6:23. Então NINGUÉM pode se julgar perfeito, inerrante ou infalível. Logo, todos nós precisamos de Cristo, do perdão divino e de salvação.   

      Portanto, ainda que eu não saiba o que está acontecendo com você neste momento, de uma coisa tenho certeza: O Senhor se importa com você e foi justamente por esse motivo e por VOCÊ que ele veio ao mundo, anunciou as boas-novas de salvação, morreu e ressuscitou. Ele quer dar a você paz interior e paz com Deus. Também quer dar sentido e propósito à sua existência. Então: Se hoje você ouvir a voz do Senhor (ou se ouviu através deste artigo), não endureça o seu coração – Hebreus 4:7. Faça como Zaqueu: receba a Jesus gostoso, ou seja, com júbilo. Certamente, esse encontro também será transformador.  

Para ouvir e orar:

Faz um milagre em mim – Regis Danese
 

Tags: , , , , , ,