RSS

Arquivo do autor:Marcos Antônio de Araújo

Avatar de Desconhecido

Sobre Marcos Antônio de Araújo

Servo do Deus Altíssimo. Ele me permitiu ser professor da Língua Portuguesa e Pedagogo. Amo ler e escrever. Considero a literatura uma das maiores ferramentas usadas por Deus para ministrar suas bênçãos ao coração de todos. Por isso, o anseio do meu coração é ser uma bênção à vida de todos quantos puder alcançar por meio das ministrações orais e escritas. Autor de 4 livros publicados: "Características de um filho amado", "Alimento para a alma - palavras que renovam a fé em Deus", "Conselhos para uma vida feliz" e "Como NÃO destruir seu casamento - dicas infalíveis". Casado com a Márcia Doarte Araújo e pai de dois filhos: Miguel e Gabriel.

Crise – o que fazer

          Quem nunca se sentiu como se estivesse no meio de uma tempestade em alto-mar ou no olho de um furacão?

          Penso que a maioria de nós já se sentiu assim, talvez em mais de uma ocasião. Alguns certamente já estiveram nesse tipo de situação mais vezes do que poderia imaginar.

           No entanto, independentemente de ter sido uma única vez ou várias, o sentimento que envolve o indivíduo quase sempre é o mesmo: impotência. Todavia, em muitas pessoas, também gera desespero, revolta contra pessoas e até contra Deus.  

          Se olharmos apenas sob o ponto de vista humano, consideraremos algo mais do que normal, comum e compreensível tal reação, sentimentos ou comportamentos. Contudo, o cristão não deve viver baseado no que pensa e vê ou nas circunstâncias que o envolvem, mas pela fé nas promessas imutáveis do Deus que não muda, como lemos em Malaquias 3:6 e em Mateus 24:35.

          Quando olhamos para 2 Crônicas 20, vemos uma história que nos ajuda entender como precisamos e devemos agir em tempo de crise. Contudo, para entendermos melhor essa história, é preciso lembrar que no capítulo anterior o cronista faz relato que será relevante para entender as ações do rei Josafá: “Boas coisas, contudo, se acharam em ti, porque tiraste os bosques da terra e preparaste o coração, para buscar a Deus” – 2 Crônicas 19:3.  

          Note que esse homem, diferentemente de outros reis que o antecederam, procurava fazer aquilo que era reto aos olhos de Deus. E isso vai ser o grande diferencial dele quando se viu no meio da crise, a qual poderia ter determinado seu fim e a provável destruição de seu povo.

          Segundo o relato bíblico, os filhos de Moabe e de Amom se uniram para lutar contra Josafá, e era uma grande multidão. Então, algumas pessoas foram avisar o rei sobre a decisão tomada por esses povos – 2 Crônicas 20:1-2.

          Como diz o versículo 3, ao receber essa notícia, Josafá temeu muito, pois sentiu que a situação era muito complicada e grave. Veja: “Então, Josafá temeu e pôs-se a buscar o Senhor; e apregoou jejum em todo o Judá” – 2 Crônicas 20:3.

          À primeira vista, até podemos pensar que o rei era um sujeito emocionalmente fraco e, portanto, inapto para o posto que ocupava. No entanto, uma análise mais profunda da situação nos leva a concluir que, na realidade, ele foi muito sensato. Afinal, acaso adiantaria alguma coisa ele supor que conseguiria encarar e vencer aquela guerra se estava em desvantagem, colocando, desse modo, sua vida e seu povo em risco?

          A sequência dos fatos nos revela que Josafá agiu com muita sabedoria. Observe que ele se pôs a buscar ao Senhor e apregoou um jejum a todos os israelitas. Interessante isso. Sua sabedoria o levou à pessoa certa, Deus, o qual poderia mudar o resultado daquela batalha que, humanamente falando, já estava perdida.

          Mas há outro ponto importante que almejo destacar: ele decidiu não fazer isso sozinho. Por esse motivo, conclamou toda a nação para buscarem juntos a face do Senhor. Isso me leva a entender que quando somos envolvidos por uma crise não podemos nem devemos agir sem a direção de Deus.

          Outra lição é que devemos envolver aqueles que fazem parte do nosso relacionamento na busca ao Senhor. Muitos, quando estão sendo açoitados por um vendaval, por vergonha ou por orgulho, não compartilham seus problemas com outros, mesmo sendo pessoas idôneas.

          Outros há que não dividem a carga nem mesmo com o cônjuge. Desse modo, desgastam-se ou sucumbem sufocados pela crise. Mas o pior ainda é que, muitas vezes, mesmo tentando poupar seus entes queridos, levam-nos para o abismo também. E o mais grave: eles nem tiveram a chance de lutar para evitar a tragédia.

          Logicamente é necessário fazer um registro: não podemos e não devemos compartilhar nossos problemas com quaisquer pessoas. Antes, esse compartilhamento deve ser feito com pessoas maduras, idôneas, sensatas, equilibradas e tementes a Deus. Inclusive, sei que muitos não podem contar com seu cônjuge, o qual pode fazer a situação piorar, por causa da sua imaturidade ou falta de responsabilidade mesmo.

          Por outro lado, se o cônjuge, a família e até mesmo outras pessoas do nosso convívio são idôneas o suficiente, é certo que a junção das forças será determinante para superar a adversidade pela qual fomos açoitados.

          Veja o que diz o versículo 4: “E Judá se ajuntou, para pedir socorro ao Senhor; também de todas as cidades de Judá vieram para buscarem o Senhor. Aqui, vemos que o povo atendeu à convocação do rei. Isso nos diz muito sobre como agir. Especialmente quando há uma crise rondando nossa casa ou nosso povo precisamos unir nossas forças para buscar em Deus o livramento.

          No versículo 5, vemos Josafá, como líder, se colocando em pé e se dirigindo ao Senhor em oração. Tal postura nos leva a entender que quem está em posição de liderança, seja ele um governante, pastor ou   o responsável pela família deve ser o exemplo na busca pela face de Deus. Desse modo, os demais se sentirão motivados e fortalecidos para entrarem na batalha também.  

          Do versículo 6 ao 11, notamos que o rei começa “relembrar” Deus de quem ele é e de promessas importantes que fizera ao povo de Israel. Além disso, apresentou ao Senhor o problema pelo qual estavam passando.

          Dessa parte da oração, podemos extrair diversos ensinamentos. O primeiro é que Josafá reconhece quem é Deus, a onipotência do Senhor, adora-o e o louva por sua grandeza, diante da qual ninguém pode resistir. Isso me faz entender que ao nos dirigirmos ao Altíssimo precisamos estar certos sobre quem ele é, do que pode fazer por nós e com humildade.

          Infelizmente, muitas vezes apequenamos Deus. Uma vez que somos pequenos e fracos, mesmo que inconscientemente atribuímos essa pequenez e fraqueza ao Eterno. Todavia, Ele continua a nos dizer: “Eis que eu sou o Senhor, o Deus de toda a humanidade. Será que existe algo demasiadamente difícil para mim?” – Jeremias 32:27; Gênesis 18:14.   

           Outro ensinamento é que, mesmo sendo onisciente, ou seja, sabedor de todas as coisas, o Senhor quer que verbalizemos ou exteriorizemos aquilo que está em nosso coração. Afinal, orar é conversar com Deus. É abrir completamente o coração para ele.  É fazer como gostamos que nossos filhos façam quando estão com alguma necessidade ou para compartilhar algo bom, que lhe fizeram felizes.

          Também aprendemos que precisamos apresentar detalhada e claramente qual é o problema. Você deve ter percebido que o rei narra de forma minuciosa o que está acontecendo. Logicamente, o Senhor conhecia cada detalhe. Contudo, como já foi dito, ele quer que comuniquemos com clareza quais são nossas necessidades.

          Lembra-se do cego Bartimeu? Quando ele soube que era Jesus quem passava por ali, começou a clamar: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! E os que iam passando repreendiam-no para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” – Lucas 18:37-39.   

          A seguir, vemos que o Senhor parou perto dele e lhe perguntou: “Que queres que te faça?” – Lucas 18:41. Ora, parece óbvio que aquele homem queria enxergar, não é? No entanto, o Mestre queria ouvir da boca de Bartimeu qual era o desejo dele. Sem contar que ele podia querer apenas uma esmola. Então, Jesus desejava saber claramente. Além disso, o Senhor almejava relacionamento pessoal.

          Voltando à história de Josafá, há algumas coisas muito importantes que gostaria de destacar. Veja o que ele diz no versículo 12: “Ah! Deus nosso, porventura, não os julgarás? Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em ti” – 2 Crônicas 20:12.

          Primeiro ele reconhece que o Altíssimo é o Deus dele e do povo. Então, aprendo que não dá para nos dirigirmos ao Eterno para lhe pedir algo se não o reconhecermos como Deus. E o reconhecemos de fato quando estamos dispostos a obedecer aos seus mandamentos, pois “é melhor obedecer do que sacrificar – diz o Senhor” – 1 Samuel 15:22.

          Em segundo lugar, diante do caos ou da adversidade, é necessário reconhecermos e admitirmos nossa pequenez, fraqueza, impotência e incapacidade de tomar a decisão certa: “… e não sabemos nós o que faremos…”. Isso porque se permitirmos que nosso orgulho impeça de nos humilharmos perante o Senhor, corremos o risco de sofrermos uma grande derrota para o inimigo ou para um problema grave que nos acometeu.

          Em terceiro lugar, vem a parte mais relevante: “… porém os nossos olhos estão postos em ti”. Quando entra um “porém”, significa que haverá uma mudança de condição, situação ou ideia. E é justamente aqui que está o segredo da vitória. Até esse momento, parecia que a derrota era certa. Entretanto, não é isso que vai acontecer.

          A partir do momento em que declara “… porém os nossos olhos estão postos em ti…”, Josafá demonstra que está entregando o problema nas mãos de Deus, e isso junto com o povo. Veja: “E todo o Judá estava em pé perante o Senhor, como também as suas crianças, as suas mulheres e os seus filhos” – 2 Crônicas 20:13.  

          Mais uma vez, quero destacar a importância do envolvimento de todas as pessoas. Em Mateus 18:18 ao 20, vemos Jesus declarando: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.

          Apesar de o contexto da declaração de Cristo ser outro, o princípio é o mesmo, ou seja, a unidade de propósito e atitude recebe um olhar responsivo e misericordioso do Pai.

          Nesse episódio, a consequência da oração do rei, com a unidade de coração do povo, foi o início da virada. Do versículo 14 ao 17, vemos a resposta de Deus. Dentre todas as coisas que o Senhor falou, quero destacar este trecho: “Nesta peleja, não tereis de pelejar; parai, estai em pé e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém; não temais, nem vos assusteis; amanhã, saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco”.  

          Que resposta linda do Senhor! E muito interessante! Em tantas outras ocasiões Deus determinou que o povo agisse fisicamente, ou melhor, entrasse na batalha corpo a corpo. Contudo, nessa ocasião, ele deu uma ordem bem diferente. Qual a razão disso? Não sei exatamente. Porém, posso supor que foi por causa da atitude humilde do rei e do povo diante da adversidade.

          Outro detalhe que me chamou a atenção é que o Altíssimo disse para eles não temerem nem se assustarem, pois veriam a salvação que lhes proporcionaria. Contudo, havia algo que os israelitas deveriam fazer: sair ao encontro do inimigo.

          Parece contraditório ou estranho. Se eles não iam lutar, por que ir em direção ao exército inimigo? O melhor não seria ficar bem longe, só assistindo de camarote?

          Aos olhos do Senhor, não. Ele queria que seu povo o visse em ação novamente, como já fizera tantas outras vezes. Assim, até mesmo os pequeninos, que nunca tinham visto o trabalhar do Deus Todo-Poderoso de quem ouviam falar, puderam testemunhar a grandeza e o cuidado do Senhor.

          Outro registro importante a fazer é que no versículo 20 vemos o rei novamente assumindo seu papel de líder e encorajador, servindo de exemplo para todos nós que exercemos liderança, seja em casa ou fora. Veja: “E, pela manhã cedo, se levantaram e saíram ao deserto de Tecoa; e, saindo eles, pôs-se em pé Josafá e disse: Ouvi-me, ó Judá e vós, moradores de Jerusalém: Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis”

          Também devo destacar o que ele fala para seu povo: “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis”.  Note que ele não toma para si a glória, mas a tributa ao Eterno. Além disso, o rei instrui os israelitas a crer nos profetas, pois, quando um profeta é verdadeiro e verdadeiramente enviado pelo Senhor, levará as pessoas ao êxito.

          O que vem a seguir na história também é muito instrutivo. O versículo 21 relata o rei ordenando que os cantores saiam à frente do povo louvando a Deus. E, na sequência, vemos que assim que começaram a louvar, o Senhor entrou em ação e lhes deu uma gigantesca vitória.

          Como consequência do agir do Senhor, aconteceu o que você verá a seguir: “Veio o temor de Deus sobre todos os reinos daquelas terras, ouvindo eles que o Senhor havia pelejado contra os inimigos de Israel. E o reino de Josafá ficou quieto e o seu Deus lhe deu repouso em redor” – 2 Crônicas 20:29 e 30.

          Como você viu, aconteceram duas coisas importantes: primeiro, os reinos circunvizinhos ficaram temerosos ao verem que o Senhor havia lutado pelos Israelitas e os inimigos deixaram de importuná-los; segundo, Deus deu paz e repouso a eles. Desse modo, puderam continuar seus afazeres com tranquilidade.

          Conosco também pode acontecer algo semelhante. Em muitas ocasiões nos vemos cercados por muitos “inimigos”, e não estou me referindo a pessoas necessariamente, mas a problemas humanamente insolúveis ou que exigem muito esforço e um gasto enorme de tempo e energia para resolvê-los. Mas não precisamos lutar sozinhos.

          Se verdadeiramente temos crido em Deus como nos ensinam as Sagradas Escrituras, podemos e devemos recorrer a ele pedindo sabedoria para lutar ou, dependendo da gravidade da situação, suplicando que ele lute conosco.  E certamente encontraremos o socorro necessário, como Josafá e os israelitas encontraram.

          Portanto, incentivo você a colocar em prática a lições aprendidas com essa história do povo judeu, inclusive sobre louvar ao Senhor mesmo em meio à tempestade, pois Deus continua sendo o mesmo Deus, o qual é o nosso ajudador – Deuteronômio 33:26; Salmo 33:20. E, para concluir, quero relembrar o que está escrito em 2 Crônicas 20b:20: “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas e prosperareis”. 

Sugestão de música: Deus cuida de mim – Eli Soares

 

Tags: , , , ,

Como NÃO destruir seu casamento – dicas infalíveis

Como NÃO destruir seu casamento – dicas infalíveis é o nosso mais recente trabalho publicado pela Editora Poty.

Fruto de vários estudos bíblicos ministrados para casais na Igreja do Evangelho Quadrangular do Jardim Fátima em Nova Odessa – SP, esse livro traz dicas infalíveis para a manutenção de um casamento saudável e duradouro. Estamos casados há 29 anos e já passamos por todas as fases do casamento. Isso nos confere autoridade para tratarmos desse assunto de forma sábia.

O temor ao Senhor é um desses princípios norteadores da construção da felicidade no casamento e, de forma coerente, o Espírito Santo segue conduzindo cada capítulo sob a luz da Bíblia Sagrada – nosso livro de fé e prática.

Dessa forma, você está convidado/a a passear pelas páginas desse livro junto com seu cônjuge aprendendo e/ou revendo quais dicas precisam ser postas em prática nesse jornada tão linda instituída por Deus: o casamento!

Adquira já seu exemplar nos links postos abaixo.

Boa leitura!

Compre aqui:

Mercado Livre

mcdsa31@gmail.com

prof.marcoaraujo@gmail.com

Romana Livraria ou pelo telefone (19) 3306-8802

 

Tags: , , , , ,

Escândalos – o que fazer?

          “… deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé…” (Hebreus 12:1,2)

Bem já nos havia avisado o Senhor em sua Santa Palavra que aconteceriam escândalos! Em Lucas 17:1-2, está escrito: “E disse [Jesus] aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por meio de quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos”.   

          Portanto, quando os vemos, não podemos considerá-los uma surpresa. Mesmo assim, sempre que surge mais um deles, a fé de muitos crentes dá uma balançada como se estivesse sendo açoitada por um forte vento; a outros, é uma tempestade tão terrível que provoca o abandono da fé, como se Deus fosse o culpado pelo escândalo ou se a confiança deles estivesse alicerçada sobre aqueles que pecaram contra Deus, não no Senhor.

          Não estou dizendo, porém, que não nos sentimos tristes, envergonhados e até mesmo revoltados. O que quero tratar neste artigo é que a fé do verdadeiro cristão deve estar alicerçada na Rocha Inabalável, que é o Senhor (1 Co 10:4; Sl 18:2; Is 26:4), pois somente dessa maneira também se manterá intocável diante dos fatos vergonhosos que temos visto eclodirem no meio do povo evangélico.

          Então, entendo que a palavra de Hebreus 12:1 e 2, deve estar mais viva e vívida do que nunca em nossa mente e coração: “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”.

          Note que o versículo primeiro começa com a conjunção portanto, a qual estabelece a relação semântica ou relação de sentido de conclusão de uma ideia ou argumento expostos anteriormente. Em outras palavras: faz o fechamento de um raciocínio que vem sendo desenvolvido ao longo do texto. E o que é?

          Se voltarmos ao capítulo 11, veremos que ele trata dos Heróis da Fé. Fala das conquistas de muitos, mas também dos grandes desafios enfrentados por outros. Inclusive, relata as perseguições, injustiças, violência, morte e privações pelas quais passaram, o que os tornam, aos olhos de muita gente, verdadeiros perdedores ou fracassados. Todavia, as Escrituras mostram o contrário e ainda declaram o seguinte: “Homens dos quais o mundo não era digno” – Hebreus 11:38. 

          Assim, quando entramos no capítulo 12, o escritor o inicia fazendo uma conclusão de tudo que havia dito no 11. E nela lemos que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, as quais estão de olho em nós. Por isso, recebemos esta exortação, instrução ou encorajamento: “… deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia…” – Hebreus 12:1. 

          Aqui, encontramos o registro de duas coisas distintas: embaraço e pecado. Desse modo, além do pecado (tudo que desagrada ao Senhor e nos faz perder a comunhão com ele – Isaías 59:1,2), existe outra, a qual é chamada de embaraço.

          Mas o que é embaraço? Para ficar mais claro, quero registrar que uma das palavras no grego para embaraço é ogkos, que significa, dentre outras coisas, um fardo. Logo, depreendemos que tudo aquilo que estorva, atrapalha ou impede de caminhar de forma livre e natural, espiritualmente falando, é um embaraço do qual devemos nos livrar o mais rápido possível.  

          A seguir, o texto declara: “… e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta…” – Hebreus 12:1. Aqui, há três coisas importantes que devem ser observadas com olhos de lince e profunda diligência.

          A primeira delas é “corramos”. Isso quer dizer que existe urgência, pois geralmente corremos quando nosso tempo está esgotado ou se esgotando e podemos perder algum compromisso importante. E, por acaso, não é isso? Especialmente nas coisas que tratam da nossa vida espiritual, não temos tempo a perder, pois o dia da vinda de Cristo se aproxima ou, quem sabe, a morte bate à nossa porta antes do que prevíamos. Afinal, como alguns dizem: “Para morrer basta estar vivo”.

          A segunda está no trecho “com paciência”. Para entender melhor, basta pensar nos atletas. Aqueles que correm apenas cem metros devem realmente empregar todas as forças para vencerem a prova, a qual geralmente dura em torno de dez segundos. No entanto, os maratonistas devem administrar com excelência sua explosão e força, uma vez que precisarão de toda a energia reservada para o sprint final, ou seja, aceleração final.

          Talvez seja por isso que em sua Segunda Epístola aos Coríntios, Paulo fala: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” – 15:58. Note que o apóstolo destaca duas palavras: firmes e constantes.

          Em outras palavras, o cristão deve ter firmeza, estabilidade, segurança e manter uma velocidade de fé permanente ou sem variações. Assim, como o maratonista, deve administrar sabiamente o ritmo, visto que haverá momentos na caminhada com Deus nos quais precisará de muita energia espiritual para vencer os desafios, as tempestades, as provocações, as decepções com aqueles que provocam escândalos ou com os próprios problemas.

          A terceira é “a carreira que nos está proposta”. Observe que a carreira foi proposta a nós, não imposta, uma vez que o Senhor respeita nossas escolhas, mesmo que, muitas vezes, não as aprove. Contudo, se você decidiu aceitar a proposta de Deus, corra com paciência. Entretanto, não uma paciência burra. Ao contrário, que ela seja sábia, cuidadosa, auxiliada pelo Espírito Santo, nosso parakletos, ou seja, ajudador, advogado, conselheiro, mentor e guia – Romanos 8:26.

           No versículo 2, o autor prossegue, dizendo: “… olhando para Jesus, autor e consumador da fé”. Note que o texto não fala que devemos olhar para o pastor, o bispo, o papa, os novos “apóstolos”, o ancião, o líder de algum grupo dentro da igreja, a denominação religiosa da qual fazemos parte, nem mesmo para aquela pessoa que consideramos a mais santa de todas. Simplesmente, não diz. Antes, exorta-nos a olharmos para Jesus, porque ele, e somente ele, é o autor e consumador da fé. E foi ele quem morreu naquela sangrenta cruz para nos reconciliar com Deus e nos garantir a salvação eterna – 1 João 2:25; Romanos 5:10.   

          Em João 13, enquanto ensinava uma lição sobre humildade aos discípulos, Jesus declarou: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” – V 15. Embora o contexto desse texto seja outro, o princípio ensinado pelo Senhor é o mesmo e se aplica às mais diversas situações. E qual é? Ele, Cristo, é o exemplo a ser seguido, não pessoas falíveis como eu e você.

          Ainda em Hebreus 12:2, o escritor continua sua instrução: “… o qual [Jesus], pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”. Observe que nesse trecho também existem grandes e preciosos ensinamentos, os quais não podem e não devem ser ignorados por nenhum servo do Deus Altíssimo.

          Primeiramente, o texto revela que havia uma proposta feita por Deus. E qual seria? Reconciliar o mundo com o Altíssimo. Em 2 Coríntios 5:18-19, Paulo informa: “E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação”. 

          Em segundo lugar, o texto diz que o Senhor suportou a cruz. Quando buscamos a origem grega da palavra suportar (do grego anechomai), encontramos que ela quer dizer (1) considerar com tolerância, aguentar; (2) passar por uma situação complicada ou difícil sem desistir.

          Sendo assim, percebemos que, apesar de haver uma alegria proposta, existia a necessidade de aguentar ou tolerar uma situação dificílima sem desistir. Logo, considerando que Cristo é o nosso exemplo, subentendemos que também temos precisamos aguentar com firmeza (e sem desistir) os desafios da fé, inclusive no que diz respeito à existência e à proliferação de escândalos no seio da Igreja.

          Mas não me entenda mal. Não estou dizendo que devemos aceitar ou tolerar passivamente tais atos vergonhosos. Ao contrário, veja o que a Bíblia declara: “Contudo, se sofre como cristão, não se envergonhe, mas glorifique a Deus por meio desse nome. Pois chegou a hora de começar o julgamento pela casa de Deus; e, se começa primeiro conosco, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?” – 1 Pedro 4:16,17.

          Certa feita, Pedro (Ele mesmo: o apóstolo de Cristo), foi seriamente repreendido por Paulo por estar agindo de forma equivocada em relação aos irmãos gentios. Veja: “Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável” – Gálatas 2:11. Na versão Linguagem de Hoje, diz: “Porém, quando Pedro veio para Antioquia da Síria, eu fiquei contra ele em público porque ele estava completamente errado”.  

          Ora, se até Pedro, um homem cheio da autoridade do Espírito Santo, que havia convivido por mais de três anos com Cristo, precisou ser repreendido por outro Homem cheio do Espírito Santo, quem somos nós para presumir que estamos acima da Palavra de Deus e, portanto, isentos de correções e repreensões? E, por acaso, os líderes atuais ou nós mesmos somos melhores do que Pedro? Estou convicto de que não somos.

          Lembra-se de Davi quando pecou gravemente? Mesmo sendo rei, a maior autoridade que um país pode ter, que supostamente pode fazer o que bem lhe aprouver e quando quiser, que pode deixar alguém viver ou mandar matar, foi confrontado e repreendido pelo profeta Natã e reconheceu seu pecado, declarando: “Pequei contra o Senhor!” E Natã respondeu: “O Senhor perdoou o seu pecado. Você não morrerá” – 2 Samuel 12:13.

          Logo, quem erra, independentemente de que posição ocupa na igreja, deve ser confrontado e acatar a decisão dos demais servos de Cristo. Caso não aceite, demonstrará claramente que não era de fato um servo do Senhor. Logo, não está apto para exercer liderança, pois o líder deve ser o primeiro a ser exemplo, a ter humildade e a submeter-se à Palavra de Deus.

          Em terceiro lugar, temos mais uma preciosa lição deixada pelo Mestre: “desprezando a afronta”, que significa que ele não levou em consideração os insultos, as ofensas e os ultrajes sofridos. E por quê? Porque havia um propósito nobre: reconectar todas as pessoas que cressem nele com o Pai – João 3:16.

          Em quarto e último lugar, vemos o resultado de tudo aquilo pelo qual nosso Senhor suportou a cruz: retornar à casa do Pai e assentar-se à direita dele, reassumindo seu lugar de fato e de direito, para interceder por nós junto a Deus: “Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós” – Romanos 8:34  

          Nós também possuímos algo muito maior pelo qual lutar: nossa salvação em Cristo. Assim como o Senhor retornou para a Casa do Pai, um dia seremos levados para a Cidade Celestial – Filipenses 3:20-21. Nosso Pai nos prometeu e é fiel para cumprir sua Palavra, pois “Deus não é o homem, para que minta, nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?” – Números 23:19.

          Desse modo, podemos estar certos e manter uma esperança viva naquilo que prometeu Cristo Jesus: Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E quando eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver – João 14:1-3.

          Agora, não podemos esquecer ou ignorar que as palavras de Cristo são muito duras para com aqueles que provocam os escândalos. Então, vou retomá-las a seguir: “E disse [Jesus] aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por meio de quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos” – Lucas 17:1-2. 

          Em minhas conversas com minha mulher, muitas vezes eu disse a ela: “Não sei que Bíblia muitas pessoas têm lido ou como a têm lido”. Digo isso porque há muitos cristãos fazendo coisas que até os descrentes não fazem, e abominam. Na realidade, não precisa ser um crente em Cristo para ter bom senso, integridade e ser alguém de caráter ilibado.

           Parece-me que tais indivíduos se esquecem disto: Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal – 2 Coríntios 5:10. Observe que ninguém ficará de fora. A palavra todos significa exatamente isso: Todos. Sem exceção. 100%.

          Assim sendo, é preciso que todos nós, a começar por mim, estejamos cientes e conscientes de que a justiça humana comete muitas falhas. Tanto pune inocentes como inocenta culpados. Basta ver a vergonha que tem sido a “Justiça” de alguns países, incluindo o nosso. Mas Deus é o Justo Juiz e sua justiça é perfeita: “(…) Ele julgará os povos com retidão” – Salmos 96:10. Dessa maneira, no tempo certo e do jeito correto o Senhor julgará com exatidão e imparcialidade.

          Vale lembrar que não estou dizendo que existe algum indivíduo perfeito, que nunca erre. A própria Bíblia deixa isso muito claro: Na verdade, não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque– Eclesiastes 7:20. O que quero dizer é que há pessoas no meio cristão fazendo coisas gravíssimas e continuam agindo como se Deus não se importasse e se estivesse tudo bem. Mas não é assim. De modo algum.

          Como vimos, Jesus afirmou que é impossível que não venham os escândalos, mas também declarou: “Ai daqueles por meio de quem vierem!”. A seguir, o Senhor diz: “Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos”.    

          Pela fala de Jesus, entendo que acontecerá um julgamento duríssimo para tais indivíduos. Não ficarão impunes. Logo, cabe a cada um de nós avaliar e reavaliar nossas ações, atitudes, comportamentos e crenças, para que não façamos tropeçar, pecar ou se desviar nenhum destes a quem o Mestre chama de “pequenos” ou “pequeninos”.

          Quando diz respeito a uma denominação cristã, penso ser necessário mencionar que, se um líder ou qualquer membro comete um crime como, por exemplo, estupro, pedofilia, assédio sexual ou moral, roubo, assassinato ou qualquer outro previsto no Código Penal Brasileiro*, deve pagar criminalmente como qualquer outra pessoa.

          Não podemos supor, muito menos admitir que tais indivíduos tenham imunidade eclesiástica ou que se escondam atrás do muro protetor de sua denominação religiosa e fiquem à vontade para cometer delitos. Em hipótese alguma, pois, quem infringe a lei de seu país deve se submeter às punições previstas em seu Código Penal. Simples assim. 

          Também considero importante deixar claro que não existe nenhuma igreja que seja 100% perfeita. Todas elas, sem exceção, são frequentadas por seres humanos como eu e você, sujeitos a falhas, às vezes muito sérias. No entanto, é inadmissível que quem comete erros graves continue exercendo algum tipo de liderança ou frequentando a igreja sem ter se arrependido, confessado, abandonado as práticas pecaminosas e se submetido à disciplina espiritual e penal cabível à situação.

          Especialmente quando se trata de líderes. Que moral tem uma pessoa que exerce liderança e vive em pecado? Não é isso que as Escrituras ensinam. Portanto, se a comunidade a que você pertence está fazendo vista grossa diante dos escândalos, é aconselhável você avaliar e reavaliar se deve ou não continuar servindo ao Senhor nela.

          Inclusive, em Apocalipse 18:4-5, Jesus fala: “E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se acumularam até o céu, e Deus se lembrou das iniquidades dela”. 

          Evidentemente esse texto está falando sobre a queda da grande Babilônia, que representa a Igreja idólatra e corrompida. Porém, o princípio é o mesmo: Se onde estamos a corrupção moral está tomando conta, e é tolerada ou acobertada, é preciso e necessário tomar a sábia decisão de procurar uma congregação que esteja o mais perto possível das verdades bíblicas e, consequentemente, de Cristo.

          Não posso deixar de mencionar que o Reino de Deus e a Igreja do Senhor são muito maiores que a denominação religiosa da qual fazemos parte. Então, não podemos e não devemos idolatrar o grupo religioso a que pertencemos ou seus líderes, como muitos o fazem, supondo que é adequado continuar servindo nele, mesmo que ele ou ela já estejam a quilômetros da Bíblia e do Deus da Bíblia.

          Por outro lado, não podemos usar os escândalos e os erros dos outros como pretexto ou justificativa para deixarmos de congregar ou nos afastar definitivamente dos caminhos do Senhor. Ao contrário, creio piamente no que dizem as Escrituras: “E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando de congregar, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia” – Hebreus 10:24-25.

          Também considero muito pertinente a comparação que Paulo faz entre a igreja e o corpo humano (1 Coríntios 12). Um membro só continua vivo e exercendo a função para a qual foi criado por Deus se estiver ligado ao corpo. Do contrário, perde sua função e morre. Assim também acontece espiritualmente conosco. Portanto, temos a necessidade de estar ligados a uma congregação onde se reúne o Povo de Deus, membros da Igreja Universal do Senhor Jesus.       

            E, como disse o escritor aos Hebreus, precisamos considerar uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, para as quais fomos feitos, conforme lemos em Efésios 2:10. Além disso, temos de recordar que Deus sempre quis ter um povo, não indivíduos agindo sozinhos. Por essa razão, formou-o a partir das doze tribos dos descendentes de Abraão, os quais não eram perfeitos, e cometeram erros gravíssimos (e foram punidos). Porém, o Senhor não abriu mão deles, assim como não abre de nós.

          No projeto original de Deus, todas as tribos deveriam morar em Israel. Embora cada uma tenha recebido seu quinhão de terra, não era para viver isolada das demais. Assim, poderiam se fortalecer e se proteger dos inimigos. Além do mais, o povo se reunia para cultuar, oferecer sacrifícios e celebrar as festas estabelecidas pelo Senhor.

          Do mesmo modo, o projeto de Cristo também não mudou. Isso significa que quer que continuemos sendo membros do corpo do qual ELE é a cabeça. Logo, argumentar que é possível servir a Deus sem se reunir como Corpo de Cristo, pode ser uma falácia, ou um sofisma e, sem dúvida, é um laço com o qual o maligno domina o indivíduo e o lança no cemitério de crentes mortos-vivos.

          Portanto, ao concluir este artigo, quero fazer alguns reforços argumentativos importantes e necessários:

  • Primeiro, preciso relembrá-lo de que a salvação eterna é algo pessoal, intransferível e de inestimável valor: “Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” – Marcos 8:36. Logo, você deve cuidar com responsabilidade para que não a perca e não se perca.
  • Também devo enfatizar que a sua salvação custou o sangue de Cristo, não de algum ser humano como eu e você: “… sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado…” – 1 Pedro 1:18,19.
  • Precisamos e devemos seguir em frente na caminhada da fé olhando para Jesus. Caso contrário, tropeçaremos, cairemos e ficaremos prostrados espiritualmente falando. Sendo assim, “… corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé…” – Hebreus 12:1,2.
  • Assim como não deixamos de ir trabalhar porque lá na empresa há pessoas que cometem falhas, também não podemos deixar de congregar porque na igreja existem indivíduos que cometem pecados, às vezes gravíssimos: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” – Hebreus 10:25. Mas, se for preciso, procure outro lugar que realmente pregue a Palavra de Deus e sirva ao Senhor com inteireza de coração.  
  • Certa ocasião, Cristo disse que o joio cresceria junto com o trigo. Todavia, quando fosse fazer a colheita, o joio seria lançado no fogo – Mateus 13:24-30. Portanto, seja trigo, não joio, e deixe Deus agir no tempo dele.
  • Jesus afirmou que há uma recompensa para quem se mantiver firme e fiel a ele e à Sua Palavra: “… mas aquele que perseverar até o fim será salvo” – Marcos 13:13 e “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” – Apocalipse 2;10b.     
  • “Fiquemos, pois, firmes em nossa profissão de fé, sem nos abalar, porque fiel é aquele que nos fez promessas maravilhosas, como a eternidade com ele” – Hebreus 10:23; 1 João 2:25.
  • O Senhor não tem prazer em quem recua: “Ora, o justo viverá pela fé; mas se algum homem recuar, a minha alma não terá prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que creem para a salvação da alma” – Hebreus 10:38,39.
  • Quando chamou Abraão, o Senhor disse a ele: “… e tu serás uma fonte de bênçãos” – Gênesis 12:2 – Versão Católica. Então, digo o mesmo a você e a mim: Em vez de sermos fontes de escândalos, sejamos uma fonte de bênçãos àqueles com quem convivemos.

          Então, quero dizer-lhe: Não recue. Não olhe para os outros ou para as circunstâncias, por mais difíceis que elas sejam ou pareçam ser. Não fundamente sua fé em pessoas, por melhores ou por mais sinceras que sejam, pois um dia podem falhar com você, mesmo que sem a intenção de fazê-lo. Enfim, seu alvo é Cristo e o céu: “Pois a nossa pátria/cidade está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas” – Filipenses 3:20,21.

          Pensemos, pois, no que disse Charles Spurgeon, pregador Batista inglês (1834-1892): “Se desistirmos da nossa jornada com Deus por causa de péssimos exemplos, provamos que estávamos andando somente com homens, e não com Deus”.

          Sugestão de música: Olhar somente a ti 

          * O Código Penal Brasileiro é um decreto-lei (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) que estabelece as normas e os tipos penais aplicáveis no sistema jurídico brasileiro, definindo os crimes, suas penas e os princípios gerais do Direito Penal. É um conjunto de normas jurídicas que regulamenta o poder punitivo do Estado, definindo crimes e as penas ou medidas de segurança que se aplicam a eles.       

 

Tags: , , , , , , , , , , ,

Deus tem muito mais para você

O Senhor não vê as coisas como o ser humano as vê. As pessoas julgam pela aparência exterior, mas o Senhor olha para o coração.”

(1 Samuel 16:7 – NVT)

          Outro dia me peguei pensando sobre o tema relacionando ao título deste artigo. Desde então, tenho refletido sobre isso e gostaria de compartilhar algumas dessas reflexões com você, pois sinto que poderão levá-lo a uma mudança de perspectiva sobre si mesmo, a respeito de outras pessoas com quem convive e até mesmo em relação a Deus.  

          Como diz o texto de abertura, é muito comum olharmos para alguém, e até para nós mesmos em determinadas circunstâncias e fazermos uma avaliação ou julgamento negativo, baseados apenas naquilo que nossos olhos ofuscados por preconceitos veem e naquilo que nossa mente presa a crenças limitantes nos permitem entender.  

          Todavia, com o Senhor é diferente, uma vez que ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera (o Espírito Santo), conforme nos diz Paulo em Efésios 3:20. 

          Para prosseguir de maneira mais compreensível e aprofundada, preciso relembrar você de que geralmente existem três visões, ou seja, maneiras diferentes pelas quais vemos e somos vistos. São elas: a das pessoas em geral, a pessoal e a de Deus, nosso Criador – Gênesis 1:26.

          Também é necessário e importante recordar que tais visões interferem diretamente na nossa vida cotidiana (relacionamentos pessoal e intrapessoal, profissão, entre outras.), bem como na espiritual, ou melhor, em nosso relacionamento com Deus. Desse modo, podem nos levar ao sucesso ou nos deixar longe dele naquilo que somos ou fazemos.

          Talvez esse seja um dos motivos pelos quais o apóstolo Paulo, em Romanos 12:2, faz a seguinte declaração: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

          Esse mesmo texto na Nova Versão Internacional fala assim: Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

          Podemos notar nesse texto que o cristão deve trilhar um caminho bem diferente daquele que segue o mundo. É por essa razão que Paulo declara que não podemos nos amoldar ou ajustar ao modelo ditado pelo sistema que governa a sociedade, levando-a, na maior parte das vezes, ao caos moral, emocional, relacional e, sobretudo, espiritual.

          Ao utilizar a conjunção “mas”, a qual indica oposição, contraste ou mudança de direção argumentativa, o apóstolo nos leva à ideia de uma mudança radical de ação, atitude e comportamento. Então, a seguir, ele acrescenta: “… mas transformai-vos…”.

          Sabendo que a palavra aqui usada vem do grego “metamorphosis”, entendemos que Paulo nos está conclamando a uma mudança ou alteração completa no aspecto, na estrutura espiritual, mental e emocional, pois nossa natureza pecaminosa nos está levando a passos largos para longe de Deus e do propósito para o qual fomos criados, que é vivermos para o louvor da glória dele: Em amor [Deus] nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado – Efésios 1:5-6.   

          Continuando sua argumentação, o apóstolo acrescenta: “… pela renovação do vosso entendimento/mente…”. Sabendo que renovação é a ação de tornar algo novo de novo, concluímos que ele está falando da necessidade de termos a mente regenerada, ou seja, recriada ou gerada novamente. E como isso é possível?

           Torna-se algo possível por causa do que Paulo escreve a Tito: “Mas, quando apareceu a benignidade e o amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens,

não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador…” – Tito 3:4-6.   

          Desse modo, entendemos que esse renovar ou regenerar é realizado pelo Espírito Santo. Em outras palavras: não é algo que o ser humano tem a capacidade de, por si só, fazer.

          Para finalizar o texto, o apóstolo de Cristo apresenta o propósito de não se conformar, de transformar-se e de renovar-se: “… ser capaz de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para conosco”.

          Depois dessa longa, mas necessária introdução, podemos retomar o objetivo central desse artigo: argumentar que Deus tem muito mais para nós do que já temos vivido até então. Para isso, colheremos das Escrituras vários exemplos de pessoas, imperfeitas como eu e você, que puderam experimentar o melhor do Senhor para a vida deles.

─ Abraão e Sara:

          Quando olhamos para Gênesis 11:30, temos a informação de que Sara era estéril. Logo, não tinha filhos. Consequentemente, aos olhos da cultura da época, ela fracassara como mulher e como esposa. Diante desse quadro, presumo que ela sofria muito preconceito e ouvia comentários totalmente indesejáveis.

          Para piorar, Abraão já estava com 75 anos quando o Senhor lhe apareceu. Sendo assim, o que Deus lhe disse parecia não fazer muito sentido. Porém, ele decidiu crer. Veja: “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Assim, partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos, quando saiu de Harã…” – Gênesis 12:1-4. 

          E o que aconteceu com eles como resultado da obediência a Deus? Tiveram um filho (Isaque) e da sua descendência se fez uma grande nação, cujos descendentes estão no meio de nós até hoje, sendo uma influência para todo o mundo.

          Em outras palavras: O Altíssimo tinha reservado para eles muito mais que a esterilidade ou apenas prosperidade material. Por ter crido na promessa, Abraão é chamado de Pai da fé e Amigo de Deus – Romanos 4:11,12,16; Tiago 2:23 – e seu nome está na Galeria dos Heróis da Fé (Hebreus 11:8).  

─ José:

          Como a história bíblica nos conta, ele teve alguns sonhos que levaram seus irmãos a entenderem que, mesmo não sendo o primogênito, governaria sobre todos eles. Por causa disso, quiseram matá-lo. Porém, Rubem não permitiu que isso acontecesse. Então, decidiram vendê-lo por vinte moedas de prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito, onde o venderam para ser escravo de Potifar, um oficial e chefe da guarda do Faraó – Gênesis 37:28.

          Depois de um tempo, por se recusar a se deitar com a mulher de Potifar, ela o acusou injustamente de assediá-la sexualmente. Como consequência, ele foi preso. Assim, parecia que tudo estava perdido para José. No entanto, manteve sua integridade e fidelidade a Deus. E houve uma grande reviravolta em sua vida, pois Deus tinha muito mais para ele do que viver e definhar numa prisão.

          O Senhor havia reservado para José o cargo de governador de todo o Egito. Veja: “E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um varão como este, em quem haja o Espírito de Deus? Depois, disse Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão inteligente e sábio como tu. Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu. Disse mais Faraó a José: Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do Egito. E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs na mão de José, e o fez vestir de vestes de linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço. E o fez subir no segundo carro que tinha, e clamavam diante dele: Ajoelhai. Assim, o pôs sobre toda a terra do Egito. E disse Faraó a José: Eu sou Faraó; porém sem ti ninguém levantará a sua mão ou o seu pé em toda a terra do Egito” – Gênesis 41:38-44. 

          Desse modo, esse homem teve condições de cumprir o propósito de Deus em sua geração e preservar com vida todos os descendentes de Jacó, seu pai e muitos outros. E, consequentemente, as gerações futuras também. E, para fechar com chave de ouro, seu nome também está entre os heróis da fé (Hebreus 11:22).

─ Moisés:

         Quando nasceu, sua vida foi preservada de forma milagrosa. Ele foi criado como se fosse filho da princesa. Entretanto, quando adulto, matou um egípcio, tentando defender um hebreu. Tempos depois, quando tentou apartar uma briga entre dois hebreus, um deles demonstrou saber que Moisés havia matado aquele homem.

          Como esse homicídio chegou ao conhecimento do faraó, Moisés teve que fugir do Egito, para não morrer – Êxodo 2:15. Em sua fuga, foi parar em Midiã, no deserto, na casa de Jetro, o qual viria a se tornar seu sogro. Lá, tornou-se pastor de ovelhas. Contudo, não era isso que o Eterno tinha planejado para ele. Havia algo muito maior: ser aquele que Deus iria usar para libertar Seu povo da escravidão e levá-lo à terra que prometera dar a Abraão e a seus descendentes para sempre – Êxodo 3:10-12. Além disso, também foi profeta, legislador e juiz e está no rol dos heróis da fé (Hebreus 11:23-29).  

─ Raabe:

          O que dizer sobre ela? Era uma prostituta que morava em Jericó – Josué 2:1. As escrituras não registram os motivos pelos quais se prostituía. Mas certamente sua vida era vazia e difícil. Quem sabe quantas humilhações sofria? Quantas lágrimas lavavam seu rosto, mas não limpavam sua vergonha e sua dor? Até que apareceram em Jericó dois espias dos hebreus.

          Por certo, ela já ouvira falar das obras extraordinárias realizadas pelo Deus dos israelitas. Então, decidiu esconder aqueles espias, mesmo correndo risco de perder sua vida, se fosse descoberta. E o Senhor não deixou de ver o bem que ela fizera e de recompensá-la. Como presente, tirou-a daquele lugar e daquela vida infeliz, levando-a, juntamente com sua família, para o meio do povo de Deus.

          Dessa forma, ela pôde seguir viagem para uma nova vida de alegria, significado e propósito. Mais tarde se casou e tornou-se a tataravó de Davi. Como Jesus é da tribo de Judá tal qual Davi, ela é citada na genealogia do Messias – Mateus 1:4-6. Além do mais, seu nome também está na relação dos heróis, confirmando que Deus tinha algo muito, mas muito maior mesmo para essa mulher do que uma vida na prostituição – Hebreus 11: 31.

─ Jefté:

          Esse homem também teve um início muito ruim. Ele era um filho bastardo de Gileade com uma prostituta e isso lhe gerou sérios problemas: seus meios-irmãos, que eram filhos da mulher legítima de seu pai, não iam com a cara dele e o expulsaram do meio deles.

          Se ele já sofria pelo fato de ser bastardo e, como consequência, discriminado, ainda teve que sair da sua casa. Mesmo assim, tornou-se um homem valoroso e valente – Juízes 11:1-3.

          Se olhasse para as circunstâncias, que eram tão adversas, poderia ter se tornado um fora da lei. Inclusive, por um tempo, andou com homens levianos. Talvez porque estivesse meio revoltado com aqueles que o desprezaram.  Contudo, como vimos, preferiu ser uma pessoa valorosa e valente, ou seja, uma pessoa de caráter, digna e corajosa, pois entendeu que sua origem não poderia definir seu futuro, nem quem de fato ele era.

          Só por isso sua vida já teria valido a pena. Entretanto, o Senhor tinha muito mais para ele. Então, quando os amonitas entraram em guerra contra Israel, a quem os israelitas recorreram? A resposta é simples e fácil: a Jefté.

          Para resumir, depois disso, ele se tornou juiz em Israel: “E Jefté julgou a Israel seis anos; e Jefté, o gileadita, faleceu e foi sepultado nas cidades de Gileade” – Juízes 12:7. Para coroar sua vida e feitos, seu nome foi posto entre os grandes heróis bíblicos: “E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e dos profetas…” – Hebreus 11:31.  

– Davi:

          A princípio, parece-me que a família dele acreditava que seria apenas um pastor de ovelhas. Talvez, até ele pensasse isso. Mesmo sendo algo honesto, sem dúvida não era o que Deus queria para ele. Para o Senhor, aquela ocupação era apenas temporária e um trampolim, uma vez que havia algo muito maior à sua espera.

          Então, quando Deus quis substituir Saul, o qual pecara gravemente, ordenou que Samuel fosse até a casa de Jessé ungir a rei um dos filhos desse homem. Nem o profeta, que era um verdadeiro servo do Altíssimo, entendeu o trabalhar do Senhor, que precisou lhe dizer: “O Senhor não vê as coisas como o ser humano as vê. As pessoas julgam pela aparência exterior, mas o Senhor olha para o coração” – 1 Samuel 16:7 – NVT.

           O Eterno já havia escolhido Davi. Por isso, quando buscaram esse jovem, Samuel derramou o óleo sobre sua cabeça. E, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor se apoderou dele – 1 Samuel 16:13.

          Mais tarde, quando já era um rei vencedor e respeitado, vacilou feio e cometeu adultério. Para tentar consertar a situação, ordenou que Urias, marido de Bate-Seba, fosse posto na linha de frente da batalha para que morresse. Assim, cometeu o segundo e grave pecado. Porém, quando confrontado pelo profeta Natã, disse: “Pequei contra o Senhor” (2 Samuel 12:13, demonstrando reconhecimento do erro e arrependimento.

          Note que, ao ser confrontado pelo profeta, o rei não tentou se justificar. Antes, demonstrou reconhecer seu pecado e foi perdoado pelo Senhor. Por certo, esse foi um dos motivos pelos quais Deus fez a seguinte declaração a seu respeito: “E, quando este [Saul] foi retirado, lhes levantou como rei a Davi, ao qual também deu testemunho e disse: Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade” – Atos 13:22. 

          Depois de pecar tão gravemente, penso que muitos passaram a ver nele somente um adúltero e o mentor intelectual de um crime. Todavia, percebemos que o Senhor tinha muito mais para Davi, e não mudara seus planos. Inclusive, ele faz parte da genealogia de Jesus e o nome dele também está registrado entre os heróis da fé, em Hebreus 11:32.  

          E o que dizer do endemoniado de Gadara – Marcos 5:1-20? Para muitos, ele era apenas um perturbado. Para outros, um caso perdido ou um pecador. No entanto, Jesus já via nele um missionário.

          Depois de liberto, esse homem queria acompanhar o Senhor: “E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele” – Marcos 5:18. Entretanto, o Mestre tinha uma missão muito importante para ele, pois o via como um missionário ou uma testemunha viva daquilo que viera fazer na terra: “Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti” – Marcos 5:19.

          Então ele obedeceu a Cristo e o resultado foi este: “E ele foi e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilhavam” – Marcos 5:20.

          Note, portanto, que Deus tinha muito mais para esse gadareno do que ele mesmo ou qualquer outra pessoa imaginara. Assim, os familiares e a sociedade passaram a conviver com um novo homem, totalmente transformado, com um servo de Cristo e missionário.

          E quanto a mulher samaritana? Certamente, para quem a conhecia ela era somente uma mulher leviana, que já tivera cinco maridos e estava se relacionando com um homem que não era, de fato, seu legítimo esposo.

          Talvez, ela fosse o terror de muitas mulheres, as quais morriam de medo de verem seus maridos sendo seduzidos. Mas, para o Senhor, havia nela muito mais do que uma pessoa de caráter questionável ou reprovável: também existia uma missionária vivendo temporariamente fora do propósito para o qual fora criada.

          Então, quando teve aquele encontro com Jesus no poço de Jacó, fez algumas descobertas extraordinárias: quem de fato o Senhor era (Jesus lhe revelou que era o Messias), quem ela era e que a vida que levava era uma farsa. Porém, agora, encontrara o verdadeiro sentido da vida e anunciou Jesus à sua comunidade. Como resultado, pelo testemunho dela, muitos creram e foram ter com o Senhor – João 4: 39 ao 42.

          O que posso falar sobre Pedro, Paulo e tantos outros cujos nomes estão nas Escrituras? E fora da Bíblia? Ao longo da História, tantas pessoas que eram subestimadas, humilhadas e desacreditadas fizeram a diferença porque descobriram que Deus tinha muito mais para elas.

          George Foreman é um destes: negro, pobre, sem pai, vivendo no auge do racismo nos Estados Unidos, desacreditado, humilhado. Mas Deus viu nele muito mais do que alguém que se tornaria o boxeador campeão de pesos pesados mais velho da História. Enxergou um pastor cristão que faria a diferença na vida de tantas pessoas, especialmente na dos jovens.

           Outro exemplo é Billy Graham. Segundo consta, um professor do seminário disse que ele não seria um bom pregador. Contudo, Deus também tinha outros planos e o tornou o maior evangelista do século XX, de acordo com o ponto de vista de tantos servos do Altíssimo. Sua biografia mostra que ele pregou o evangelho em países da chamada “cortina de ferro” – leia aqui sobre esse assunto -, com a permissão dos governantes.

          Há muitos outros casos conhecidos e, certamente, uma infinidade de histórias desconhecidas de pessoas que, aos olhos de seus conhecidos, eram casos perdidos ou não tinham condições de conquistar coisas importantes, mas que, para o Eterno, eram joias preciosíssimas. Por isso, realizaram obras magníficas nas mais diversas áreas. Tais indivíduos empreenderam, inventaram, fizeram grandes descobertas ou impactaram a vida espiritual de outras pessoas.

          Enfim, chegou a sua vez! Deus tem muito mais para você também. Mas talvez ainda não tenha percebido isso e tem vivido ou produzido muito menos do que poderia viver ou produzir.

          Para viver o melhor de Deus, porém, é importante e necessário que você faça uma avaliação, na qual deve pôr na balança as três visões mencionadas: a das pessoas em geral, a pessoal e a de Deus. Assim, poderá soltar as âncoras que o arrastam para o fundo do oceano existencial e abrir as asas da liberdade que o levarão a conquistas inimagináveis.

         Então, preciso lhe perguntar: A opinião negativa dos outros deve definir quem você é e o que pode fazer? Sua visão distorcida de si mesmo deve definir quem você é? Ou é a visão de Deus que deve definir quem você é?

         Antes de prosseguir, quero registrar e destacar algo importante: Não subestimo nem ignoro sua dor, consequência de experiências traumatizantes que o levaram a pensar que é inferior ou incapaz. No entanto, devo enfatizar que Deus tem muito mais para você também. Mas, para isso, é necessário se desvencilhar das crenças limitantes que o tem mantido emocional e mentalmente encarcerado, há muito tempo impedindo que cresça e desfrute o sentimento de realização.

         Como Jefté, não importa se é um filho ilegítimo ou indesejado. Através do sacrifício de Jesus na cruz, você foi adotado como filho Dele, e é amado da mesma maneira que o Pai ama o Filho: Veja o que Cristo diz em sua oração por seus discípulos: “Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste” – João 17:23.

          Perceba, entenda e aceite que, em Cristo, você tem os mesmos direitos e deveres, e recebe o mesmo amor que Jesus recebe do Pai Celestial. Mesmo que seja filho de um estupro. (E falo isso com muito respeito e até emocionado.) Para o Onipotente, Onisciente e Onipresente Senhor, você é um filho mui amado. E ponto final!

          No filme Mais que vencedores, dos mesmos produtores do Quarto de guerra, quando conhece Jesus e o aceita como seu Senhor e Salvador, a personagem Hannah Scott passa a entender e admitir que ela não é um “erro”. Assim, ela se torna feliz e encontra sentido e propósito para sua vida.

          Com você não é diferente. Talvez para seus pais, você é um erro, pois não é, de fato, o que eles queriam. Porém, PARA DEUS VOCÊ NÃO É UM ERRO! A partir do momento da concepção, o Senhor foi tecendo você no ventre da sua mãe com um propósito grandioso e sublime: ser um filho amado, que vive para o louvor da sua glória e recebe o mesmo amor que Jesus.

          Você é a imagem e semelhança dele: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança…” e “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou…” – Gênesis 1:26,28. Além do mais, no Salmo 139:13-17, Davi fala que fomos tecidos por Deus no ventre da nossa mãe. Então, ainda que as ações humanas tenham sido totalmente erradas e cruéis, o Senhor se encarregou de cuidar do seu desenvolvimento durante a gestação e manterá tais cuidados para sempre, tratando suas feridas e o tornando vencedor e feliz.   

          Veja ainda: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” – 1 João 3:1,2.

          Portanto, mesmo que tenha sido gerado em uma relação sexual contrária à forma estabelecida por Deus, ele pode transformar todo mal em bem, abençoando grandemente você, para que também seja um abençoador.

          Conforme já vimos, José sofreu várias injustiças. Mas ele entendeu que o Senhor tinha muito mais para lhe oferecer do que as pessoas para tirar dele. Então, após a morte de Israel, o pai dele, os irmãos ficaram morrendo de medo, pensando que ele se vingaria do mal sofrido. Entretanto, da boca desse homem valoroso saiu a seguinte declaração: “Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande

 – Gênesis 50:20.

          Observe que ele não ignorou o mal sofrido, nem foi hipócrita para com os irmãos dizendo que não tinha sido nada. Ele sofreu muito por causa da crueldade dos irmãos. Porém, por ter se mantido íntegro e fiel ao Senhor, ele pôde enxergar que Deus havia transformado todo aquele mal em bem.

          Por certo, essa grandeza espiritual foi um dos motivos pelos quais o Senhor viu nele muito mais do que um pobre sonhador, um rejeitado pelos irmãos ou um escravo: o Onisciente Deus viu nele o governador de todo o Egito e uma pessoa que tipificava Cristo, que preserva a vida de seus filhos. Sendo assim, alguém que não poderia ficar de fora da Galeria dos Heróis da Fé.

          Logo, independentemente de sua origem, situação ou condição atual e/ou da visão dos outros, Deus está vendo em você um pai ou uma mãe, um cônjuge, um profissional e um servo melhores. Enfim, uma pessoa de grande valor. Mas você também precisa se ver assim, para usufruir as copiosas bênçãos reservadas para sua vida e ser um abençoador também – Gênesis 12:2.

          Neste ponto, não poderia deixar de falar daquele que é a razão da nossa vida: Jesus, “…porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração” – Atos 17:28.

          Para muitos, inclusive para seus irmãos de sangue, ele era apenas o filho de Maria e José ou um impostor. Veja: “Chegando à sua cidade, começou a ensinar o povo na sinagoga. Todos ficaram admirados e perguntavam: ‘De onde lhe vêm esta sabedoria e estes poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão conosco todas as suas irmãs? De onde, pois, ele obteve todas essas coisas?’ E ficavam escandalizados por causa dele. Mas Jesus lhes disse: ‘Só em sua própria terra e em sua própria casa é que um profeta não tem honra’.  E não realizou muitos milagres ali, por causa da incredulidade deles” – Mateus 13:54-58.

          Por outro lado, para quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, o Senhor Jesus é o Emanuel, ou seja, Deus conosco (Isaías 7:14; Mateus 1:23). Além disso, Ele é o que está escrito em Lucas 2:11: “Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor”.

          Para finalizar este artigo, quero retomar alguns pontos cruciais.

─ Primeiro: esteja certo de que o Onipotente Deus tem muito mais para oferecer a você, especialmente seu amor e salvação eterna.

─ Segundo: em sua onisciência, o Altíssimo vê além daquilo que os olhos humanos veem. Ele enxerga o seu coração ou a sua essência, não somente o seu exterior.

─ Terceiro: “Ele levanta do pó o necessitado e ergue do lixo o pobre, para fazê-los sentar-se com príncipes, com os príncipes do seu povo”, isto é, o Senhor transporta a pessoa de uma situação humilhante para um lugar de honra – Salmos 113:7,8.

─ Quarto: José estava escravo, mas não fora criado para ser escravo. Portanto, mantenha-se íntegro e fiel, pois, tanto em relação às coisas terrenas quanto às espirituais você nasceu para ser livre e vencedor.

─ Quinto: reconheça Deus em todos os teus caminhos (Provérbios 3:6) e, como disse Jesus, creia que “a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” – João 17:3.

─ Sexto: nada que você conquistar tem mais valor do que sua salvação. Como disse Jesus: “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” – Marcos 8:36.

          Portanto, descubra seu potencial e sua capacidade para realizar seus sonhos. Todavia, invista principalmente em seu relacionamento com o Senhor e em sua salvação, pois somente assim sua vida realmente terá significado, sentido e propósito. Também não se esqueça de que não são seus erros do passado ou suas limitações que definem que você é. O que define é a sua identidade original, onde se pode ler: Filho do Deus Altíssimo, porque “a todos quantos o receberam [Jesus] deu-lhes o poder/direito de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus” – João 1:12-13

         Sugestão: Documentário Mostra-me o Pai

https://www.youtube.com/watch?v=s5ZMWUL3nso

Sugestão de louvor:

https://www.youtube.com/watch?v=s5ZMWUL3nso

 

Tags: , , , , , ,

Ver ou conhecer Jesus? – Um plano melhor

         “Zaqueu, desça depressa, porque, hoje, me convém pousar em sua casa.” (Lucas 19:5)   

Zaqueu - o publicano 

          Há alguns anos, escrevi um artigo chamado Ver ou conhecer Jesus?*. De lá para cá, já ministrei sobre esse tema em algumas igrejas. E, em cada uma dessas ocasiões, o Espírito Santo levou-me a abordar novas lições que podemos aprender com esse texto, pois a Palavra de Deus, assim como as misericórdias dele, se renovam dia após dia – Lamentações 3:22-23.  

          Agora, gostaria de compartilhar com você mais um pouco daquilo que o Senhor trouxe ao meu coração nesses últimos dias. Para isso, tomarei como base o texto de Lucas 19:1-10, no qual está registrada a rica e enriquecedora história de Zaqueu.

          Para início de conversa, pergunto-lhe: Por que esse homem, mesmo sendo judeu, decidiu trabalhar como cobrador de impostos para o império romano, uma vez que isso geraria sérias consequências de ordem relacional para ele e sua família?

           Talvez, um dos motivos pelos quais ele tomou essa decisão foi o desejo de ter estabilidade financeira para si e para os seus. Quem sabe, desejasse ter proteção, pois, como diz o ditado, se não posso com o inimigo, junto-me a ele. Além disso, podemos supor que tenha sido movido pela ambição, pelo poder, ganância por riquezas, status social, fama ou algo semelhante ao que foi dito.

          Embora as Escrituras não informem a razão de Zaqueu ter feito essa escolha, sabemos que ele se tornou não apenas um cobrador de impostos, mas o chefe deles, e rico, conforme lemos em Lucas 19:2. Isso, por certo, lhe dava autoridade e uma certa respeitabilidade.

          Por outro lado, também gerava olhares de inveja dos romanos e de reprovação por parte dos judeus, seus irmãos. Desse modo, ele não se encaixava nem entre aqueles que dominavam seu povo, nem entre os judeus, os quais o viam como traidor, ladrão e pecador, segundo ainda veremos.

          Neste ponto, preciso fazer outros questionamentos a você: Por que esse homem resolveu procurar Jesus? Será que não havia conquistado tudo o que queria? Afinal, como se diz popularmente, ele já estava com a mula na sombra. 

          Quem sabe, em determinado momento da vida, Zaqueu começou a passar por uma crise existencial, ou seja, um descontentamento que surge devido à insatisfação ou à confusão com a própria identidade, sentido e propósito de vida.

          Presumo que esse homem passou a questionar sua identidade, pois estava agindo como um romano, mesmo sendo judeu. Também suponho que começou colocar em xeque o sentido da sua vida: Será que realmente vale a pena viver? A vida é só isso? Além do mais, penso que ele se viu questionando qual seria o propósito da sua vida.

         Partindo desse raciocínio, penso que ele se sentia imensamente vazio e triste. Por isso, talvez dissesse para si mesmo: A vida deve ser mais do que isso. Deve existir algo maior e melhor do que poder, estabilidade, fama, sucesso, bens e riquezas. Deve haver uma forma de ser realmente feliz e me sentir realizado.         

          Mas… Por que ele tomou a decisão de ver quem era Jesus? Ou ainda: Como ele ficara sabendo da existência do Mestre?

          O evangelista Lucas também não registrou essa informação. Porém, presumo que em suas andanças pelas ruas de Jericó, além de xingamentos e provocações de seus irmãos, ele ouvia as pessoas falando sobre o novo rabi, cujas palavras tocavam profundamente o coração das pessoas e estava realizando coisas extraordinárias, inclusive ressuscitando mortos.

          Quem sabe, foram outros cobradores de impostos que lhe falaram sobre esse homem que estava causando alvoroço com seus ensinos recheados com uma autoridade, poder, carisma e empatia nunca vistos antes. Ou teria sido algum de seus empregados? Será que a esposa dele tinha ouvido de uma de suas amigas enquanto comprava mais um vestido chique no “shopping” da cidade?

          Não sabemos. Mas o que de fato importa é que ele ouviu falar do Mestre e tomou a sábia decisão de ir ver quem era esse homem fantástico. E assim foi. Contudo, havia alguns impeditivos: era de pequena estatura, existia uma multidão ao redor de Jesus e ele não era bem-vindo naquele lugar – Lucas 19:3. O que fazer então?

          Diante desse obstáculo, ele teve a brilhante ideia: “E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver, porque havia [Jesus] de passar por ali” – Lucas 19:4.

          Você consegue imaginar essa cena inesperada, inusitada e constrangedora, isto é, o chefe rico que estava pagando um grande mico?!

          Imagine você andando na rua e ouvindo falar que uma pessoa muito importante está por ali. Então resolve ir vê-la. Ao se aproximar, vê uma grande autoridade, ou quem sabe seu pastor, correndo e subindo numa árvore para ver também. O que você pensaria? O que diria?

          Certamente pensaria que esse indivíduo havia perdido o juízo. Se fosse seu pastor, talvez você tentaria se esconder para que ele não o visse. E, se alguém dissesse: “Olha o pastor da sua igreja!” Quem sabe, como Pedro você negaria conhecer “aquele homem”. Pode ser que o negasse muito mais que três vezes. E eu me incluo nessa também.

          Para Zaqueu, porém, naquele momento, não importava o que diriam ou pensariam as pessoas que o vissem pagando aquele mico. Ele estava decidido a ir em frente, independentemente do apontar de dedo da multidão. Por esse motivo, elaborou uma estratégia incomum e deu um jeito. Era o Modo Zaqueu de fazer as coisas acontecerem. Assim, finalmente ele poderia ver aquele rabi de quem ouvira falar tantas coisas maravilhosas, inovadoras, revolucionárias.

          Para surpresa dele, quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa” – Lucas 19: 5. Esse era o Jeito Jesus de realizar as coisas.

          É sempre assim. Pensamos que temos a solução definitiva para algum problema, mas o Senhor nos mostra uma melhor. Zaqueu queria ver Jesus, o que poderia acontecer a uma boa distância. Por isso subiu na figueira. Entretanto, o Mestre queria relacionamento pessoal; por essa razão, ordenou que ele descesse.

          Em uma das profecias messiânicas, o profeta Isaías declarou o seguinte sobre o nascimento de Jesus: Portanto, o Senhor mesmo lhes dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel – Isaías 7:14. E em Mateus 1:23, lemos o seguinte: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel.” (Emanuel, do hebraico Immanu’El significa: “Deus conosco“.).

          Percebeu? Jesus é Deus conosco. Isso significa que ele está entre nós, perto de nós, junto conosco e em nós. Desse modo, para o Senhor, não bastava apenas ser visto por Zaqueu. Cristo queria proximidade, relacionamento, olho no olho.

          Além do mais, em sua onisciência, ele sabia que existiam necessidades mais profundas do que esse homem imaginara até então. E não somente na vida dele, mas na da sua família também. Afinal, ninguém adoece sozinho. Quando um ente querido não está bem, há reflexos em todos (ou muitos) que estão ao redor, especialmente na vida do cônjuge e filhos.

          Sendo assim, era mais uma oportunidade para mostrar não só a Zaqueu, mas a todos que ele realmente era o Emanuel e queria fazer parte da vida de quem estivesse disposto a se relacionar com ele.

          Quando Zaqueu ouviu o convite do Mestre e teve a percepção do que isso significava, apressou-se, desceu depressa – Lucas 19:6 – e recebeu Jesus gostoso. (Ou, como dizem outras versões, com grande alegria, exultante.)

          O que é receber gostoso? Já vou explicar. No entanto, antes, pergunto-lhe: Por acaso, alguém que você não via há um tempo, ao encontrá-lo, ficou tão feliz que o abraçou tão forte para matar a saudade, que deu a impressão de que quebraria seus ossos? Eu suponho que foi isso que Zaqueu fez.

          Aquela forma de receber o Mestre demonstrou que, mesmo inconscientemente, ele sentia uma grande saudade de Deus e necessidade do amor e do abraço do Senhor. Também revelou o quanto se sentiu valorizado e honrado, o que seu povo não fazia, obviamente com razão.

          Mas pensa que saiu barato esse encontro? Não. Nem um pouco. Veja como Lucas, o evangelista, registra a reação da turma do bocão: “Vendo todos isso, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador” – Lucas 19:7.

          Notou o rótulo que deram a Zaqueu? Um homem pecador. Por certo, também o chamavam de ladrão, de traidor e outros adjetivos tão “carinhosos” quanto. E, talvez, também rotulassem sua mulher e seus filhos de “a mulher do pecador, ladrão, traidor…” e “os filhos do pecador, ladrão, traidor…”.

           Nós somos desse jeito. Temos o hábito de rotular as pessoas: o bêbado, o drogado ou o noia, a adúltera, o preguiçoso, o narigudo, o burro, a esquisita, o gordo, a girafa etc. Segundo consta, Gisele Bündchen, modelo mundialmente conhecida, era chamada de Olívia Palito na escola e não arrumava namorado por ser muito magra e alta. Também era considerada o patinho feio da família.   

          Felizmente, o olhar e o conceito do Senhor sobre nós são diferentes. E isso ficará bem claro no fim da história. Todavia, cabe agora voltar os olhos para a declaração desse novo homem que nasceu a partir do encontro com Cristo: “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado” – Lucas 19:8.

          Observe como o encontro dele com Cristo foi impactante. Segundo vimos, talvez um dos motivos que o levaram a se tornar um chefe dos cobradores de impostos foi a ganância pelo dinheiro, bens ou outras riquezas. Contudo, agora, ele percebeu que tudo isso era pouco perto do que Jesus lhe proporcionara e decidiu, espontaneamente, dar metade de seus bens aos pobres.

          Quero frisar isto: foi uma decisão pessoal. Jesus não o obrigou a fazer a doação. Nem a nós também. Entretanto, o amor ao próximo, o qual resulta em generosidade, inundou a alma desse homem, produzindo esse tipo de atitude.

          E mais: ele disse que, se em alguma coisa tivesse defraudado alguém, restituiria quatro vezes mais. Em outras palavras: não queria que sua nova vida fosse manchada por nada. Queria estar em paz com Deus e com as pessoas, como convém a todos aqueles que decidem se tornar de fato discípulos de Cristo: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” – 2 Coríntios 5:17 – ARC.

          Agora, leia o mesmo texto na Nova Versão Transformadora: “Logo, todo aquele que está em Cristo se tornou nova criação. A velha vida acabou, e uma nova vida teve início!”. Aqui, a mensagem ficou ainda mais clara. E na nova vida com Cristo não podemos ficar arrastando fardos ou dívidas do passado, se houver.

          Diante da postura de Zaqueu, Jesus fez a seguinte declaração: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão, porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – Lucas 19:9-10.

          Cabem aqui algumas reflexões ou considerações:

  • Como Zaqueu, muitas vezes fazemos escolhas com as intenções ou motivações erradas, supondo que está tudo certo. Afinal, achamos que precisamos fazer qualquer coisa para sermos felizes. No entanto, ainda que a princípio tudo pareça bem, com o passar do tempo percebemos que existem outras que são muito mais importantes e necessárias. Principalmente nosso relacionamento com Deus, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador – Efésios 2:1-10.
  • Muitas vezes, queremos apenas ver o Senhor à distância com medo do que as pessoas podem falar, por não querermos um compromisso sério com ele ou com medo de não sermos aceitos, por nos considerarmos indignos do seu amor. E tentamos fazer as coisas do nosso jeito. Todavia, não é do nosso jeito. É como o Mestre quer. Isso ficou claro na estratégia de Zaqueu: subir na figueira. Mas Jesus lhe disse para descer.
  • Ver é algo que se pode fazer à certa distância. Entretanto, o Senhor quer muito mais: ele quer proximidade; quer relacionamento pessoal, pois é o Emanuel, ou seja, Deus conosco: “O Senhor está perto de todos que o invocam, sim, de todos que o invocam com sinceridade” – Salmos 145:18.
  • As pessoas enxergavam esse homem apenas como um pecador, ladrão e traidor. No entanto, Jesus o via como um filho de Abraão. Isso quer dizer “como um filho de Deus” ou “como alguém que, pela fé, é herdeiro das mesmas bênçãos que o Senhor prometeu a Abraão e aos seus descendentes”.

          Com você e comigo não é diferente. As pessoas podem nos rotular de qualquer coisa (e às vezes realmente damos reais motivos para que nos rotulem), pois elas só conseguem ver aquilo que é exterior ou que se manifesta através das nossas atitudes e comportamentos. Mas nosso Senhor e Salvador vai infinitamente além: ele não vê apenas nosso passado, presente e erros; Deus enxerga nosso futuro como um verdadeiro filho dele: “Eu serei seu Pai, e vocês serão meus filhos e minhas filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” – 2 Coríntios 6:18.

          Portanto, o que importa de fato é como Deus nos vê e o que diz a nosso respeito, não como as pessoas nos veem e o que falam sobre nós.

  • Mesmo que Zaqueu não fosse um corrupto ou um ladrão, ele era pecador, como todos nós também somos: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” – Romanos 3:23 – e “Na verdade, não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque” – Eclesiastes 7:20.

  E mais: “Se afirmamos que não temos pecados, enganamos a nós mesmos e não vivemos na verdade. Mas, se confessamos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmamos que não pecamos, chamamos Deus de mentiroso e mostramos que não há em nós lugar para sua palavra” – 1 João 1:8-10.

Simplificando: todos nós somos pecadores. E o pecado nos torna “perdidos ou mortos espiritualmente”, ou seja, sem direito à salvação eterna, a qual só é possível por causa da morte de Jesus Cristo: “Pois o salário do pecado é a morte, mas a dádiva de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” – Romanos 6:23.

Então foi para nos reconciliar com Deus e nos dar salvação que Cristo veio ao mundo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” – João 3:16-18.

  • Naquela ocasião, jesus disse: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão, porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – Lucas 19:9-10.

Note que Jesus levou salvação àquela casa, isto é, não somente para Zaqueu. Todos ali precisavam ser salvos. Conosco e com nossa família não é diferente. Sem Cristo, estamos irremediavelmente perdidos e precisamos de um Salvador. E o único autorizado por Deus é o Senhor Jesus, que declara: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” – João 14:6.

  • Pela leitura do texto, percebemos que a princípio Zaqueu pensou apenas em si mesmo. Talvez porque estivesse tão aflito, angustiado ou não desse o devido valor à sua família. Quem sabe, seu desejo era só uma curiosidade e pensasse que não precisava de Deus, que estava tudo bem. Porém, Jesus tinha um plano melhor e sabia que toda a sua casa precisava de socorro. Esse plano incluía salvação para a família.

Quem sabe a história desse homem se assemelha muito à sua. Talvez você não tenha percebido o quanto precisa de Jesus. Pode até ser que pense que sua família precisa, mas você não. Ledo engano!!! Todos nós precisamos. E o Senhor, que sonda o mais profundo do nosso coração e para quem não há nada encoberto, sabe perfeitamente que precisamos com urgência dele e de salvação.

Portanto, ao encerrar este artigo, quero dizer a você: Aceite o Senhor agora mesmo. Assim, espiritualmente será chamado de filho de Deus: “Mas, a todos que creram nele [Jesus] e o aceitaram, ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus” – João 1:12. Faça como Zaqueu: a partir daquele encontro, ele e a família dele começaram a escrever uma nova história em parceira com o Senhor. E você também pode fazer isso. Inclusive exatamente agora, se quiser.

 Porém, caso você já tenha convidado Jesus para ser seu Senhor e seu Salvador, quero incentivá-lo a permanecer firme, pois, “por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar/se mantiver firme até o fim, esse será salvo” – Mateus 24:12-13. Assim, certamente ouvirá o Senhor a dizer: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” – Mateus 25:34.

 

Tags: , , , , , , , , ,

Não está tudo bem, mas pode ficar!

Não está tudo bem, mas pode ficar!
Não está tudo bem

     “Pois que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?” (Mateus 16:26 – NVI)

          Já faz bastante tempo que tenho observado e refletido sobre muitas situações, comportamentos e atitudes de bastantes cristãos. Isso porque continuamente vemos ou ouvimos coisas que são incoerentes com o exercício da fé professada e, sobretudo, com os ensinos bíblicos.

          Para início de conversa, é importante lembrar que o cristianismo se diferencia de outras religiões por não ser simplesmente um conjunto de regras e rituais. Ao contrário, consiste em um estilo de vida ensinado pela Palavra de Deus e um relacionamento pessoal com o Senhor, cujo maior expoente e modelo é Cristo. Ademais, as Sagradas Escrituras por inteiro devem ser o manual de fé e prática de todo discípulo do Senhor.

          Logo, independentemente de onde ou em que situação estivermos, precisamos agir de acordo com os ensinos bíblicos. Como disse o apóstolo Paulo em sua segunda carta a Timóteo, “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra(3:16-17).  

           Se toda a Escritura é inspirada por Deus, não apenas algumas partes dela, e tem essa finalidade, como cristãos temos que colocar em prática as instruções que ela traz. Caso contrário, iremos na contramão da vontade do Senhor para nossa vida. Consequentemente, estaremos em pecado e deixaremos de desfrutar as bênçãos prometidas por ele, especialmente a salvação eterna. Observe, portanto, a declaração de Tiago em sua epístola: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” – 4:17.

          Para ficar mais claro, vou trazer uns exemplos disso que estou tentando explicar, a fim de que entenda melhor e faça um autoexame (e eu também). E, se verificar que não está tudo bem, você poderá ou deverá rever e corrigir seu modus operandi, isto é, seu modo de operar ou de agir.

          Contudo, preciso enfatizar que meu papel não é o de juiz, mas de porta-voz da Palavra de Deus. Sendo assim, gostaria que você pedisse ao Espírito Santo que desvende seus olhos, para que veja as maravilhas da lei do Senhor, seguindo o exemplo do Salmista (Salmos 119:18). Então, vamos lá?

         – Quando algum servo do Altíssimo mente, sobretudo para obter alguma vantagem, está tudo bem?

         As Escrituras revelam que não. Jesus disse que o diabo (com letra minúscula mesmo, para não dar moral a ele) é o pai da mentira. Também está escrito: “Ficarão do lado de fora [do céu] os cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os idólatras e todos os que amam e praticam a mentira” – Apocalipse 22:15.

         – Quando alguém é idólatra, está tudo bem?

         Não. Há muitos textos bíblicos ensinando que Deus não admite a idolatria. Veja um deles: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” – Êxodo 20:3-5.

         Outro texto no qual o Senhor deixa claro que não aceita a prática da idolatria está em Isaías 42:8: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor, às imagens de escultura”.

         Vale recordar ainda que praticar a idolatria vai muito além de prestar culto a imagens ou a pessoas. Tudo aquilo que é colocado no lugar de Deus se transforma num ídolo. Pode ser a formação acadêmica, o trabalho, o cônjuge, filhos, dinheiro, sexo, o álcool e outras drogas, bens e riquezas, o clube do coração ou o time de futebol, os pets e tantas outras coisas.

         Quanto aos animais de estimação, não existe nenhum mal em tê-los e em cuidar bem deles. Aliás, a Bíblia recomenda que devemos tratar bem os animais. Veja: “O justo cuida bem dos seus animais, mas o coração dos ímpios é cruel” – Provérbios 12:10. O problema está nos excessos. Na zoolatria, isto é, no endeusamento que vemos hoje.

         – Quando alguém pratica a fornicação, comete adultério ou se envolve em qualquer outro tipo de imoralidade sexual, está tudo bem?

          Absolutamente, não. O prazer sexual foi algo criado por Deus e, de fato, é algo maravilhoso; uma dádiva carinhosa do Altíssimo. No entanto, como acontece em relação às demais coisas da vida, o Eterno estabeleceu regras e limites, a fim de que realmente seja uma bênção (para o indivíduo, casal, família, igreja e sociedade), não uma pedra de tropeço, geradora de sofrimento e perdição.

         Portanto, quando uma pessoa não obedece aos mandamentos e ensinos divinos, deixa de estar sob o guarda-chuva protetor do Pai. Como consequência, aquilo que geraria alegria e felicidade se torna uma grande pedra de tropeço, que fere todos aqueles que estão, direta ou indiretamente, ligados ao problema.

         Então vejamos alguns textos que falam sobre esse tão relevante assunto:

         “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” – Mateus 5:27-28.

         “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará” – Hebreus 13:4.

         “Mas, quanto aos tímidos/covardes, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” – Apocalipse 21:8.

          “A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de maneira santa e honrosa, não dominado pela paixão de desejos desenfreados, como os pagãos que desconhecem a Deus” – 1 Tessalonicenses 4:3-5.

          Penso ser importante registrar que um dos motivos pelos quais Deus rejeitou Esaú foi o fato de ele ser fornicador. Observe: “E ninguém seja fornicador ou profano, como Esaú, que, por um manjar, vendeu o seu direito de primogenitura” – Hebreus 12:16. Portanto, todos nós devemos estar atentos à nossa conduta no que tange à área sexual, uma vez que NINGUÉM é forte o suficiente para se permitir ser desafiado com situações relacionadas a sexo.

          Inclusive, enquanto orientava Timóteo, o apóstolo Paulo disse: “Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” – 2 Timóteo 2:22. Nesse caso, então, fugir não é sinal de fraqueza, mas de sabedoria e discernimento espiritual. Fazendo assim, não correremos o risco de ser reprovados e rejeitados pelo Senhor também. Além disso, não faremos outros sofrerem.  

          – Quando alguém mata, pratica qualquer tipo de violência contra seu próximo, age com orgulho, murmura, é ingrato, despreza sua esposa, abandona os filhos à própria sorte ou trapaceia, está tudo bem?

          Evidentemente, não! As Sagradas Escrituras nos mostram que todas as coisas citadas são reprovadas pelo Senhor. E, para tornar mais fácil de entender, o Mestre resumiu quais são os principais mandamentos: “E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” – Marcos 12:29-31.

          Entendo que uma das coisas que Cristo quis ensinar nessa ocasião foi a seguinte: Se cada um de nós amar a Deus de forma verdadeira e intensa e ao nosso próximo como a nós mesmos, jamais aprovaremos o que ele desaprova.

          Além disso, não agiremos de forma arbitrária e injusta para com o nosso semelhante. E, se por um acidente de percurso, pisarmos na bola com o Eterno e/ou com aqueles que são a imagem e semelhança dele, logo reconheceremos nosso erro, arrepender-nos-emos e buscaremos a reconciliação com Deus e com as pessoas que ferimos. Também estaremos vigilantes, para não cometermos as mesmas falhas e erros já cometidos.

          Há, ainda, algo que entendo ser importante e necessário registrar aqui. Hoje, para muitos, inclusive cristãos, a verdade se tornou relativa. Por isso, argumentam assim: “Isso é a sua forma de entender, mas eu entendo ou penso diferente” ou “Isso é pecado para você, porém para mim não é”.

           Também existem aqueles que argumentam: “Essa é a sua verdade, não a minha”. Todavia, em se tratando do cristão, não há a minha verdade ou a sua verdade. Existe apenas a Verdade, que é a Palavra de Deus. Observe o que diz o texto a seguir: “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. […] Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres”.

          Em outra situação, o Mestre declarou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” – João 14:6. Em outras palavras: só existe uma verdade, a qual está revelada e personificada em Cristo. E é ela que deve prevalecer sempre. 

          Outros usam a fala de um líder sem compromisso com a Palavra de Deus como muleta para justificar suas atitudes e comportamentos errados: “O pastor Fulano de tal diz que não tem problema fazer isso”. Outros declaram: “O influencer Fulano de Tal disse que não tem problema nenhum fazer isso porque Deus é amor”. Existem também aqueles que justificam suas práticas e condutas dizendo: “Todo mundo faz” ou ainda “Não tem nada a ver”.

          No entanto, apesar de parecerem bons argumentos ou justificativas, são verdadeiras armadilhas que podem prender e escravizar os incautos, irreverentes ou incrédulos. Afinal, devemos fazer o que é reto e justo aos olhos de Deus, não aos nossos. Também não devemos tomar como verdade inquestionável ou padrão de conduta aquilo que prega a sociedade decaída e degradada na qual estamos inseridos.

          Em diversas passagens bíblicas, vemos as seguintes declarações sobre determinados reis: “E fez o que era reto aos olhos de Deus” ou “E fez o que era mau aos olhos de Deus”. Veja um exemplo disso: “E Asa fez o que era bom e reto aos olhos do Senhor, seu Deus, porque tirou os altares dos deuses estranhos e os altos, e quebrou as estátuas, e cortou os bosques” – 2 Crônicas 14:2-3.  

          Leia ainda a declaração sobre o rei Josias: “Josias fez o que era reto aos olhos do SENHOR, andou em todo o caminho de Davi, seu pai, e não se desviou nem para a direita nem para a esquerda” – 2 Reis 22:2.

         Ezequias também foi outro que tinha o selo de qualidade concedido por Deus: “No terceiro ano do reinado de Oséias, filho de Elá, rei de Israel, Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá, começou a reinar.  Ele tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Abia, filha de Zacarias.  Ele fez o que o Senhor aprova, tal como tinha feito Davi, seu predecessor. Removeu os altares idólatras, quebrou as colunas sagradas e derrubou os postes sagrados. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés havia feito, pois até àquela época os israelitas lhe queimavam incenso. Ela era chamada Neustã.  Ezequias confiava no Senhor, o Deus de Israel. Nunca houve ninguém como ele entre todos os reis de Judá, nem antes nem depois dele. Ele se apegou ao Senhor e não deixou de segui-lo; obedeceu aos mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés” – 2 Reis 18: 1-6.

          Veja que esses homens receberam a aprovação do Eterno e o selo de qualidade das suas ações, atitudes e conduta. Além deles, felizmente há muitos outros que fizeram o que era reto, justo e bom aos olhos do Pai. Agindo com integridade, eles levaram o povo a fazer o mesmo, pois geralmente somos guiados pelo exemplo e guiamos outros, para o bem ou para o mal também.

          Por isso, ao instruir Tito, Paulo recomenda: “Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra incorrupção/integridade, gravidade [seriedade], sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” – Tito 2:7-8.

          Por outro lado, lamentavelmente outros reis, ao passarem pelo teste de qualidade do céu, receberam o carimbo com a seguinte menção: Reprovados pelo Criador. Veja um desses casos: “Acabe, filho de Onri, fez o que era mau aos olhos do SENHOR, mais do que todos os que o precederam. Ele não apenas achou que não tinha importância cometer os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, como também se casou com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e passou a prestar culto a Baal e a adorálo” – 1 Reis 16:25, 30-33.

          Nos exemplos dados, fica muito claro que todos nós devemos estar atentos às nossas atitudes, comportamentos, conceitos e valores. Isso porque o certo é aquilo que o Senhor considera certo. O errado é aquilo que Deus considera errado. Nesse caso, não é a nossa opinião que importa e não somos nós que ditamos as regras, mas o Senhor, que é soberano.

          Portanto, algo não se torna correto porque a maioria ou muitas pessoas fazem. Também não se torna certo porque a mídia, com seus apelos e apeladores, tenta persuadir e incutir na nossa cabeça. Por outro lado, alguma coisa não se torna errada porque a minoria ou poucas pessoas estão fazendo.

          Ao contrário, muitas vezes é sinal de que estamos no caminho certo. Ouça Jesus falando: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” – Mateus 7:13-14.

          Agora, sinto que já posso dizer: Tenho boas notícias para você! Pode até não estar tudo bem no momento, mas pode perfeitamente ficar tudo bem. Como? 

          A Bíblia Sagrada não apenas apresenta nossos problemas, fraquezas, limitações ou pecados. Ela traz o remédio de Deus para todas as coisas. Então, caso estejamos enquadrados naquilo que não é reto, justo nem bom aos olhos do Pai, vejamos o que a Palavra do Eterno tem a nos dizer.

          Comecemos, portanto, pelo texto de Provérbios 28:13: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”.

          Nesse texto, fica evidente que o segredo do nosso sucesso espiritual está em confessar as transgressões ao Senhor, pois isso mostra que houve reconhecimento, arrependimento, humildade e vontade de obedecer ao Senhor.

          Já em 1 João 1:7-10, está escrito: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.  Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós”.

          Que lindo e reconfortante! Não somos perfeitos, mas se formos sinceros, certamente alcançaremos perdão dos pecados e, além disso, o Senhor nos livra do poder do pecado.

          Mike Murdock, grande escritor e palestrante internacional, diz em algumas de suas obras: “Deus não espera que sejamos 100% perfeitos, mas que sejamos 100% sinceros”. Então, havendo essa disposição de mente e de espírito, certamente teremos o discernimento dado pelo Espírito Santo para entendermos o que é bom, reto e justo aos olhos de Deus e o que é mal também aos olhos do Senhor. 

          Assim procedendo, um dia, quem sabe em breve, ouviremos o Senhor Jesus nos dizendo: “Venham, benditos de meu Pai, possuam por herança o Reino que está preparado para vocês desde a fundação do mundo…” – Mateus 25:34. Então, poderemos participar da ceia juntamente com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e estar com ele por toda a eternidade, “porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” – João 3:16. Então, mesmo que não tenhamos ganhado o mundo inteiro, se nossa alma estiver em paz com o Senhor, na realidade ganhamos tudo.  

     Sugestão de música: Se Deus Não Tiver | Fernanda Tomadon

    

 

Tags: , , , , ,

Os improváveis

Os improváveis

     

“Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” (1 Samuel 16:7)

      Uma das coisas mais admiráveis em Deus é o seu modus operandi, ou seja, seu modo de operar ou agir. A razão pela qual penso assim é que seu jeito de fazer as coisas ou suas escolhas geralmente caminham na contramão daquilo que vemos no mundo. Isso, às vezes, deixa meio confusos aqueles que não têm intimidade com ele. Mas devo confessar uma coisa a você: até quem anda com ele nem sempre consegue entender alguns de seus métodos.

      Outro dia, eu estava lendo para minha esposa mais um capítulo do livro Sabedoria para vencer, do escritor Mike Murdock (Muito bom, por sinal!). De repente, algo que ele escreveu me fez lembrar a história de duas pessoas: Gideão e Davi. E, conversando com ela, veio-me ao coração a vontade de compartilhar com você algumas reflexões sobre os improváveis para o mundo, os quais se tornam prováveis para Deus.   

      Quando lemos o capítulo 6 do livro de Juízes, vemos que o povo de Israel havia se desviado dos caminhos do Senhor e, em consequência disso, estava sendo oprimido pelos midianitas e amalequitas – 6:1-6. Estes privavam os israelitas de suas colheitas, apossavam-se dos seus rebanhos, e os estava deixando na miséria.

      No entanto, havia um remanescente fiel, isto é, pessoas que não se corromperam, que não se envolveram com as práticas pecaminosas do mundo, que não beberam do seu vinho, não comeram dos seus manjares contaminados, nem se prostraram diante dos seus deuses. E esse, pelo que se infere pelo contexto, era o caso de Gideão. Além disso, o texto bíblico também diz “então, os filhos de Israel clamaram ao Senhor” – 6:6b.

      O Senhor ouviu o clamor deles e, como é misericordioso, decidiu livrá-los mais uma vez (Juízes 6:7-10), assim como acontecera quando seu povo estava sendo escravizado no Egito e clamara por socorro. Para isso, evidentemente, quis envolver pessoas, as quais precisariam de um líder. Afinal, aquilo que o ser humano pode fazer, o Eterno não faz; apenas capacita aquele que ele escolheu.

      Geralmente, quem é escolhido para liderar? Pense numa empresa que se preza. São pessoas fortes, experientes, aptas e habilidosas, que já provaram seu valor e sua competência para exercer tal função. Todavia, o conceito de valor de Deus parece ser bem diferente do nosso.

      Certo dia, estava Gideão malhando trigo no lagar para o salvar dos midianitas. Para início de conversa, lagar é o lugar adequado para espremer uvas, não para fazer esse serviço. Isso significa que esse homem bolou uma estratégia interessante para não ser surpreendido pelos inimigos e, assim, suprir as necessidades da sua família – 6:11. 

      Enquanto fazia o serviço, ainda que não tivesse percebido, estava sendo observado pelo Anjo do Senhor, que se aproximou dele e disse: “O Senhor é contigo, varão valoroso” – 6:12. “Mas Gideão lhe respondeu: Ai, senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém, agora, o Senhor nos desamparou e nos deu na mão dos midianitas” – 6:13.

      Pela resposta, percebemos que ele não havia compreendido que o mal que lhes sobreviera era consequência da desobediência do povo ou as circunstâncias adversas o fizeram ter dúvidas, como ocorreu com João Batista em relação a Jesus (Mateus 11:2-11).

      Com muitas pessoas também acontece algo semelhante. Elas têm dificuldade de entender que, muitas vezes, os sofrimentos pelos quais passam é efeito de ações, escolhas e comportamentos errados. Por exemplo: se nos alimentamos mal ou temos uma vida sedentária, por certo teremos problemas de saúde. Se agimos de forma impensada, podemos gerar atritos com o cônjuge, filhos, amigos colegas de trabalho ou quaisquer pessoas.

      Mas o que quero frisar, ou seja, destacar nessa história é a maneira como nós nos vemos e o jeito que Deus nos vê, pois, em muitas ocasiões ou situações, são bem diferentes. Note que, a seguir, o Anjo do Senhor olha para ele e diz: “Vai nesta tua força e livrarás a Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei eu?” – 6:14.

      Ao observá-lo, o Anjo do Senhor viu valor nele. Notou qualidades ou características que não temos condições de identificar com precisão. Nem ele próprio conseguia enxergá-las. Provavelmente, Deus enxergou fidelidade, insatisfação com a opressão e a vergonha em que viviam, vontade de mudar, espírito de liderança, resiliência e/ou outras tão importantes quanto às mencionadas.

      Por não ter essa percepção de si mesmo, Gideão passa a apresentar justificativas ou razões para mostrar que não era apto para a missão que lhe estava sendo dada. Veja: “E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai” – 6:15.   

      Olhando friamente, parece que esse homem tinha razão de pensar dessa maneira. Primeiro, precisamos lembrar que Israel estava enfraquecido militarmente. Segundo, ao que indica ele não era um guerreiro. Porém, mesmo que fosse, as circunstâncias agora eram totalmente adversas. Logo, havia motivo para pensar desse jeito. Em terceiro lugar, sua família era a mais pobre da tribo de Manassés. Em quarto, e para piorar, ele era o menor da casa do pai dele.

      Essa realidade familiar e pessoal o levou a desenvolver um grande complexo de inferioridade. Assim, considerava-se totalmente inapto para fazer aquilo para o que estava sendo chamado. Todavia, mesmo se considerando incapaz, aos olhos de Deus, que a tudo vê de forma integral, Gideão era a pessoa certa para livrar os israelitas daquela terrível opressão que, fatalmente, os levaria à ruína total.

      A seguir, Deus lhe disse: “Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás os midianitas como se fossem um só homem” – Juízes 6:16. Aqui estava o motivo do sucesso desse homem: O Senhor estaria com ele. Gideão não lutaria sozinho. Além dos homens que estariam ao seu lado (Um grande exército formado por 300 homens!!! –  Juízes 7:7), o General Invicto promoveria uma das mais extraordinárias vitórias que o povo de Israel já havia presenciado.

      Como um bom representante de todos nós, Gideão queria uma prova de que de fato aquela palavra era verdadeira e provinha do Senhor. Então fez a prova do novelo de lã duas vezes – Juízes 6:36 ao 40. E Deus lhe respondeu conforme a solicitação feita.

      Dessa maneira, Gideão, que era um improvável, que tinha tudo para ser um fracassado e ser destruído junto com seu povo, tornou-se um líder respeitado, um sucesso, porque Deus enxergou valor nele.

      Apesar de as Escrituras não dizerem claramente, penso que muitos duvidaram da sua competência e debocharam dele. Talvez para boa parte dos israelitas ele se tornara motivo de chacota. Contudo, para o Altíssimo, não. O Senhor acreditava nele. E isso fez e faz toda a diferença. E ainda faz toda a diferença!

       Mas esse homem não foi o único improvável. Há muitos outros cujos nomes estão na Bíblia. Veja alguns deles:

– Abraão e Sara: Eram de família idólatra (Josué 24:2), Sara era estéril e ambos já estavam numa fase da vida em que gerar filhos passara a ser um sonho distante. No entanto, o Senhor apareceu a ele e ordenou que saísse da casa do pai dele, fosse para uma terra que lhe mostraria e prometeu abençoá-lo, engrandecer o nome dele e torná-lo pai de uma grande nação – Gênesis 12:1-3. E foi justamente o que aconteceu. Ipsis litteris, isto é, tal como está escrito.

– Jacó: não era o primogênito. Logo, não tinha naturalmente o direito à bênção da primogenitura. Todavia, Deus o escolheu, pois viu que ele era diferente de Esaú, o qual era profano e fornicário – Hebreus 12:16.

– Jefté: era filho de Gileade com uma prostituta, ou seja, um bastardo. Por isso, foi rejeitado pelos irmãos e expulso por eles. Apesar de todas as adversidades, tornou-se um homem valente e guerreiro valoroso – Juízes 11:1.

     Como Israel estava sendo oprimido pelos Amonitas, os líderes dos israelitas imploraram pela ajuda de Jefté – Juízes 11 e 12. Assim, esse homem começou a escrever sua nova história, agora como um dos juízes mais proeminentes do povo judeu. E mais: seu nome também faz parte da Galeria dos Heróis da Fé – Hebreus 11:32.    

– Raabe: além de não pertencer ao povo judeu, era uma prostituta. Logo, sua ficha era bem suja. Contudo, pelo que podemos inferir da história dela, quando ouviu falar do Deus de Israel e seus portentosos milagres, reconheceu-o como seu Senhor e recebeu essa menção na Galeria dos Heróis da Fé: “Pela fé, Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias”Hebreus 11:31.  

– Rute: não era judia, mas, por seu temor a Deus, tornou-se bisavó de Davi.

– Davi: era o mais novo de Jessé. Portanto, humanamente falando, não seria o escolhido para ser rei de Israel. Além disso, não era da linhagem real. Até Samuel, que era um homem de Deus, se surpreendeu quando o Senhor o escolheu.

      Assim, apesar da improbabilidade, tornou-se o rei mais importante do Povo de Deus. Entretanto, não foi perfeito. Aliás, sua biografia mostra uma grande nódoa em sua vida: cometeu adultério e foi o mentor intelectual da morte de Urias, marido de Bate-Seba, com quem pecara. Porém, por ter se arrependido de verdade, recebeu o perdão divino e ainda foi chamado de “um homem segundo o coração de Deus” – Atos 13:22.  Além do mais, o Senhor honrou sua memória, permitindo que da descendência dele nascesse Jesus Cristo, o qual é chamado de Filho de Davi. E o nome de Davi também está na Galeria dos Heróis da Fé – Hebreus 11: 32.

      O que dizer, então, do ex endemoninhado gadareno que se tornou um missionário entre seus conterrâneos, sendo enviado pelo próprio Cristo – Lucas 8:26-39?

E a mulher samaritana, a qual tinha uma vida reprovável, mas, após seu encontro com Jesus, foi transformada e também falou aos samaritanos sobre o Messias, levando muitos deles a reconhecerem Jesus como o Cristo – João 4:1-30? E quanto a Pedro? Ele havia declarado que se fosse preciso morreria com o Senhor. Todavia, pouco tempo depois, negou conhecer o Mestre não uma, mas três vezes e até praguejou, tentando despistar quem lhe apontava o dedo – Lucas 22:54-62. E quanto a Paulo de Tarso? O perseguidor de cristãos, que se tornou o grande evangelista de gentios e o maior escritor do Novo Testamento.

      Por certo, aos olhos da maioria de nós, as pessoas já citadas e tantas outras cujas histórias trazem manchas e cicatrizes jamais poderiam ser consideradas mulheres ou homens de Deus. No entanto, o Senhor não nos vê nem nos trata como nossos pares. Ele vê infinitamente além daquilo que está diante dos nossos olhos. Por isso, se nos arrependermos e permitirmos que Ele nos transforme e forje em nós o caráter dele, o Eterno perdoa nossos pecados (por mais terríveis que tenham sido – Provérbios 28:13; 1 João 1:9) , regenera nosso coração, permite que o Espírito Santo venha morar em nós, transforma nossa vergonha em dupla honra, nossas lágrimas de tristeza em alegria e nos dá a chance de escrever uma nova e vitoriosa história em parceria com ele.           

      Além dessas pessoas mencionadas, há muitas outras, sobre quem o escritor da Epístola aos Hebreus declara: “E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e dos profetas, os quais, pela fé, venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos. As mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos a fio de espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra.” – Hebreus 11:32 ao 39.

      Mas tenho uma coisa para lhe falar: através dos séculos, há muitos heróis e heroínas da fé, os quais desconhecemos completamente, uma vez que suas histórias não foram registradas ou não chegaram até nós. Entretanto, o Eterno conhece cada um destes pelo nome – 2 Timóteo 2:19, são reconhecidos no céu e, certamente, tem reservado para eles um grande e avultado galardão – Hebreus 10:35.

      Também não poderia deixar de dizer algo assaz importante: Quem sabe, por causa dos erros que você cometeu durante uma fase da sua jornada, muitas pessoas (até da própria família ou comunidade) não o consideram como alguém digno. Talvez, nem mesmo você se considera. Mas você não está sozinho.

      Como já foi dito, bastantes homens e mulheres cometeram erros graves; porém, seu arrependimento e conversão sinceros tocaram o coração de Deus, o qual os perdoou e os transformou em pessoas dignas, honradas, respeitáveis e respeitadas. E, acredito, VOCÊ é ou pode ser um destes heróis da fé.

       Quem sabe, seu problema não seja o cometimento de erros graves, mas uma visão completamente negativa de si mesmo, um grande complexo de inferioridade  a ponto de presumir que não possui nenhum valor ou habilidade. Se for esse o seu caso, tenho boas-novas: como imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26), você é dotado de inteligência e habilidades muito mais do que pode imaginar.

       Todavia, se pensar que ainda é pouco, siga o conselho do sábio Salomão: “Filho meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos, para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido, e para inclinares o teu coração ao entendimento, e, se clamares por entendimento, e por inteligência alçares a tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem o conhecimento e o entendimento” – Provérbios 2:1-6.

       Portanto, lembre-se de que, enquanto muitos são mestres em criar rótulos, como “ladrão”, “adúltero ou adúltera”, “bêbado”, “drogado”, “mentiroso”, “assassino”, “incapaz” ou o “caso perdido”, por exemplo, Deus é especialista em resgatar e regenerar aqueles que estavam perdidos e transformar improváveis em prováveis.

      Como diz o texto de abertura, o Eterno não vê do mesmo jeito que o ser humano, isto é, somente a aparência. Ele conhece profundamente o coração. E mais do que isso: o Pai os transforma em filhos amados, segundo o coração dele, que lhe dão prazer. Em sal, luz e bom perfume de Cristo, cuja fragrância nos atraiu e nos atrai a cada novo raiar do sol.       Então, traga sempre à sua memória o que disse o salmista Davi: “Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia” – Salmos 34:8 – e “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós” – Tiago 4:8a. Também não se esqueça de que pode pedir que o Espírito Santo ajude você a vencer suas fraquezas e limitações – Romanos 8:26.


 

Tags: , , , , , , , ,

Encontro transformador

“E disse-lhe Jesus: Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.” (Lucas 19:9)

A maioria das pessoas tem vontade de ver e estar com quem consideram importante. Em tempos de tecnologia avançada e redes sociais, muitos não apenas querem ver, mas também fazer selfies para postar ou compartilhar com seus amigos. Talvez (apenas talvez) alguns desses indivíduos não estão nem aí para os famosos; apenas querem ostentar e ser admirados.

      Por outro lado, há aqueles que realmente querem conhecer aqueles que admiram e estar com eles, mesmo que seja por alguns instantes. Também existem indivíduos que, além de estarem por um momento com seus influenciadores ou referenciais, desejam ouvi-los e aprender com eles, uma vez que os consideram importantes, sábios e agregadores de coisas relevantes à sua vida.

      Quando olhamos para os Evangelhos, vemos que Jesus sempre estava cercado por uma multidão, a qual almejava ouvir seus ensinamentos ou receber uma bênção. Outros apenas tinham a curiosidade de saber quem era aquele homem que estava agitando cidades e vilarejos com seu jeito diferente de ensinar. Também havia pessoas que queriam vê-lo e ouvi-lo somente para criticá-lo ou pegá-lo em alguma contradição, como era o caso de muitos saduceus e fariseus. 

      Dentre essas pessoas, havia um homem chamado Zaqueu*, cuja história está registrada em Lucas 19:1 ao 10. Quem sabe, você já ouviu a história dele muitas vezes (ou pelo menos uma). Ele era um dos que queriam ver Jesus. No entanto, se você não escutou nada sobre ele ainda, passará a conhecê-lo hoje.

      Já ministrei sobre Zaqueu diversas vezes e escrevei um artigo chamado “Ver ou conhecer Jesus”, o qual também está no blog. Ainda assim, gostaria de refletir uma vez mais a respeito da história desse homem, o qual era chefe dos publicanos cobradores de impostos, mesmo sendo judeu.

      Para começar, gostaria de perguntar a você: Por que, mesmo sendo judeu, esse homem se tornou cobrador de impostos para os romanos, os quais eram opressores de seu povo? E mais: Por que passou a ser o chefe deles? Você já pensou sobre isso ou ouviu alguém fazer suposições a respeito dos motivos dele?

      Às vezes, digo que as pessoas são as mesmas em todos os tempos e lugares. Com isso, quero dizer que apresentam os mesmos defeitos e qualidades, medos, sonhos, ambições e necessidades. Inclusive emocionais e espirituais. Evidentemente, há algumas variações de acordo com a época e a cultura, mas a essência disso tudo é a mesma ou, no mínimo, bastante semelhante.  Por isso, farei algumas conjecturas, ou seja, suposições ou hipóteses sobre as razões dessa decisão.

      Talvez Zaqueu visse que se aliar aos romanos era uma forma de fugir da opressão a que seu povo tinha sido submetido. Assim, ele teria mais liberdade e proteção que seus irmãos judeus. Ou seja: ele gozaria de certos privilégios e regalias que os demais compatriotas não possuíam.

      Quem sabe, ele tinha a ambição de ser rico e poderoso. Então, para conseguir seus objetivos estava disposto a trair seu povo e até sua consciência. Afinal, era preciso fazer toda e qualquer coisa necessária para conquistar o sucesso, a fama, a felicidade; enfim, o prazer da realização de seus sonhos.

      Outra possibilidade é que ele tivesse um enorme vazio interior e pensasse que sua existência não fazia nenhum sentido. Então, para mudar o status quo, isto é, o estado atual em que se encontrava, era necessário fazer algo que desse significado à sua vida vazia e, consequentemente, uma razão para se levantar a cada novo raiar do sol. 

      Também é possível que ele realmente fosse um grande materialista e mau caráter. Por isso, não se importava com seu povo, com seus pais, com sua família, com ninguém. Logo, para enriquecer e ocupar seu espaço na sociedade, deixou seu egoísmo, ganância e seu extremo individualismo falarem mais alto, pensando: “Que sofra nas mãos dos romanos quem quiser sofrer. Eu, porém, vou tirar proveito dessa situação. Como diz o ditado, se me deram um limão vou fazer uma limonada”.

      Há, ainda, a possibilidade de ele ter sido vítima de bullying durante toda sua vida por causa da sua pequena estatura. Então, a única forma de se autoafirmar e impor respeito seria se tornar rico, influente e poderoso. E, para isso, o caminho mais curto era se tornando um cobrador de impostos e, posteriormente, chefe dos cobradores. Ele desejava crescer profissionalmente!

       Evidentemente, são apenas suposições, não afirmações. A única certeza é que ele queria ver quem era Jesus – Lucas 19: 1 ao 3. Desse modo, quando soube que o Mestre estava entrando em Jericó, sua cidade, decidiu ver quem era aquele homem que estava quebrando paradigmas e mudando a história de tantas pessoas. Entretanto, existia um problema: ele era de pequena estatura e havia uma multidão cercando o Mestre – Lucas 19: 3.

      Embora estivesse diante de um grande problema, em vez de desistir ou de tentar passar pelo meio das pessoas, Zaqueu bolou uma estratégia interessante: encontrar um lugar com visão privilegiada, ou seja, sem obstáculos que o atrapalhassem. Então saiu correndo e subiu numa árvore – Lucas 19:4. E, segundo o texto, o Senhor ia passar por aquele lugar. Talvez, fosse o único acesso à cidade.

      Para uma pessoa comum, digamos que era algo normal, ou quase. (Hoje, existem pessoas que também sobem em árvores, casas e lajes para assistir a algum evento.) Contudo, para uma pessoa importante ou alguém que exercia autoridade, correr e subir numa árvore não era adequado na cultura da época e o tornaria uma figura risível, ou melhor, que causa ou que provoca riso; ridícula, grotesca, cômica.

      Provavelmente, ao verem aquela cena, muitos começaram a apontar o dedo e a zombar dele. Todavia, ele não se incomodou com isso. Quebrou o protocolo e foi em busca da realização de seu sonho: ver Jesus. Por certo, existia alguma coisa em seu coração que o impulsionava a fazer o que fez, mesmo parecendo ridículo aos olhos das pessoas.  

      Mal sabia Zaqueu que a partir daquele dia sua vida não seria mais a mesma. Pelo que se lê no texto, a expectativa dele era apenas ver o Senhor. Porém, Cristo tinha muito mais a lhe oferecer. Veja: “E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa” – Lucas 19:5.

      Nesse ponto, cabe uma observação: Muitas vezes, nossas expectativas em relação ao Senhor são muito pequenas e se resumem a coisas terrenas e materiais ou a um conhecimento teórico, distante da experiência pessoal com o Senhor. Contudo, ele sempre tem algo maior e mais profundo do que pensamos ou pedimos. Observe: “Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós…” – Efésios 3:20. 

      Com esse homem não foi diferente. Por certo, ele não imaginava que Jesus ia dar-lhe uma atenção especial. Afinal, o Mestre estava cercado por uma multidão e era uma pessoa muito ocupada. Ademais, Zaqueu era um traidor do povo judeu. Entretanto, Cristo sempre para diante de um coração disposto a conhecê-lo e ouvi-lo. E foi o que aconteceu. Como diz o salmista: “… a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” – Salmos 51:17.

      O Senhor parou, olhou para cima e lhe falou: “Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa” – Lucas 19:5. O Mestre não riu dele nem reprovou sua atitude. Não questionou por que fizera aquilo. Apenas o acolheu por saber que aquele homem passara por cima de sua posição social e de seu orgulho próprio porque havia uma sede e uma fome em seu interior as quais precisavam ser saciadas urgentemente. Por isso, disse: “… desce depressa”.  

      Mas não parou aí. Ele também declarou: “… porque, hoje, me convém pousar em tua casa”. Ao dizer “porque”, o Senhor mostra que havia uma razão muito especial para a pressa. O Senhor queria dar algo muito maior do que aquele homem imaginara ou imaginava, por saber que por traz daquela máscara existia uma pessoa como outra qualquer, isto é, com medos, sonhos, carências, dúvidas, fraquezas, incompletude. Enfim, com um vazio interior imenso, com necessidade de salvação e ressignificação da sua existência.

      As palavras de Jesus certamente calaram profundamente no coração de Zaqueu. E, naquele momento, ele entendeu que de fato estava diante do Messias. Por esse motivo, desceu depressa e recebeu gostoso o Senhor. Na Nova Versão internacional, diz que ele o recebeu com júbilo – Lucas 19:6. Isso pode significar que esse homem abraçou Cristo fortemente e pulou de tenta alegria (Talvez tenha até dançado.).

      Sem dúvida, Zaqueu era odiado por muitos dos seus irmãos judeus, discriminado e acusado de traição. E, dentro daquele contexto, isso era justo. Todavia, tais pessoas não compreendiam que elas também não eram perfeitas e tinham basicamente as mesmas necessidades, sobretudo a de libertação mental, espiritual e de salvação da sua alma. (Só para deixar registrado: Todos nós temos também.)

      Quando seus compatriotas viram e ouviram Jesus dizendo que ia pousar na casa daquele traidor, criticaram o Senhor – Lucas 19:7. É sempre assim. Todos nós temos dificuldade de compreender e aceitar que pessoas consideradas más ou grandes pecadoras tenham as mesmas oportunidades e a atenção de Deus que as boas têm. Isso, infelizmente, é natural. É humano.

      Não quero, porém, que você entenda ou suponha que Jesus aceita tudo o que fazemos. Jamais. O Senhor aceita todas as pessoas, mas lhes diz o mesmo que falou à mulher que fora pega em adultério e levada a ele: “Agora vá e abandone sua vida de pecado” – João 8:11. E o que é pecado? Tudo aquilo que o Senhor diz que é. Basta lermos as Escrituras com humildade e temor reverente que entenderemos perfeitamente.

      Portanto, se Zaqueu fazia coisas erradas, não há dúvida de que Jesus ordenou que ele abandonasse o pecado e vivesse retamente diante de Deus. Isso também se aplica a cada um de nós, pois, da mesma maneira, precisamos fazer aquilo que é justo e reto aos olhos de Deus, como fizeram muitos reis e outros servos de Deus. Por exemplo: Enoque (Gênesis 5:22,24), Noé (Gênesis 6:8,9), Jó (Jó 1º:1), Simeão e Ana (Lucas 2:25 ao 38).

      O rei Ezequias foi mais um exemplo disso: “E assim fez Ezequias em todo o Judá; e fez o que era bom, e reto, e verdadeiro perante o Senhor, seu Deus. E em toda obra que começou no serviço da Casa de Deus, e na lei, e nos mandamentos, para buscar a seu Deus, com todo o seu coração o fez e prosperou” – 2 Crônicas 31:20,21.   

      Além do que já foi dito, Cristo demonstrou que queria ter comunhão com Zaqueu. Afinal, pousar na casa de alguém requer confiança e amizade de quem vai hospedar e do hóspede. Principalmente do anfitrião. Mas ia muito além de comer uma refeição e de uma simples noite de sono. Havia um propósito nobre da parte do Senhor.

      E qual era? Levar salvação àquela família. Não era apenas a esse homem. O Cristo de Deus desejava salvar todos os presentes naquela casa. Leia: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – Lucas 19:9,10.  

      No versículo 8, lemos o seguinte: “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens…”.

     Observe que o encontro de Zaqueu com Cristo foi tão impactante que esse homem teve seu coração transformado e preenchido imediatamente. Aquele vazio não existia mais. Logo, os bens materiais já não eram seu ídolo. Ele encontrara alguém (Jesus) e algo (paz de espírito e sentido para sua vida) que eram muito mais valiosos que status, dinheiro e poder.  Por isso, o desejo de ter foi substituído pelo de socorrer os necessitados.

       Além disso, Zaqueu fez outra declaração publicamente: “… e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado”. Note que o texto não diz que ele de fato havia defraudado, ou melhor, desapossado (alguém) de (algo) com dolo; espoliado, fraudado. Ao falar “se”, ele está fazendo somente uma suposição ou falando de possibilidade, não de certeza da existência de uma ação desonesta.

       Ainda que muitos cobradores de impostos fossem desonestos, não se pode afirmar que todos eram. Em qualquer profissão ou ocupação, há pessoas íntegras e outras, desonestas. Portanto, é injusto e temerário afirmar que ele tinha usado da sua posição para enriquecer ilicitamente às custas das pessoas.  

      Como seu encontro com o Senhor foi tão impactante e sua mudança ou conversão autêntica, Zaqueu não queria que ficasse nenhuma nódoa ou mancha que servisse de munição para aqueles que o odiavam e não criam em sua transformação, nem que o maligno tivesse algo do qual acusá-lo diante de Deus.

      Também não queria que houvesse nada que atrapalhasse sua comunhão com Cristo. Assim, pode-se dizer que esse homem entendera a seguinte mensagem: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” – 2 Coríntios 5:17.

      Pelo texto acima, entendemos que se realmente entregamos nossa vida a Cristo para que ele seja nosso Senhor e Salvador, é preciso abandonar as práticas anteriores que estavam erradas aos olhos de Deus. Isso significa a ocorrência de mudanças substanciais não apenas em nossa forma de crer, mas também de viver.

      Caso alguém diga que entregou sua vida ao Senhor, mas continua com os mesmos hábitos e práticas contrários aos ensinamentos bíblicos, é necessário e urgente que faça uma autoavaliação, tomando como referência os ensinos das Escrituras Sagradas. Só assim sua conversão será genuína e autenticada pelo Senhor. Veja: “Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou” – 1 João 2:6.  

      Há ainda outras coisas que considero importantes destacar. Uma delas é que o propósito da vinda de Jesus foi trazer salvação às famílias. Se ele disse: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.”, entende-se que existe necessidade de salvação. Logo, não podemos ignorar essa declaração do Senhor.

      Evidentemente, a salvação é individual: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” – Ezequiel 18:20.

      Cada um responde por si mesmo diante de Deus: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” – 2 Coríntios 5:10. Entretanto, a família sempre esteve no coração do Senhor e foi por essa razão ele a instituiu. Portanto, certamente, ele anseia por receber no céu cada uma delas, dizendo: “Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” – Mateus 25:34.   

      Além disso, preciso mencionar que muitas pessoas também tentam preencher o vazio que há em seu coração com bens materiais, fama, sucesso, aplausos, formação acadêmica; por isso, estudam o tempo todo. Tais indivíduos terminam um curso e imediatamente começam outro (Estudar é muito bom, mas, infelizmente, jamais preencherão com diplomas o espaço de seu coração que tem o formato de Deus.).

      Há pessoas que tentam preencher seu coração com relacionamentos diversos ou com relações sexuais com muitos parceiros ou parceiras. Mas, como já ouvi muitos declararem, após ato sexual sentiam nojo da pessoa com quem se relacionaram e de si mesmas.

      Para piorar, o vazio em seu interior se tornava cada vez maior. Então buscavam satisfação em outras coisas, tais como: viagens, drogas lícitas e ilícitas, baladas comuns ou raves, aquisição de bens, roupas e calçados de marca. E nada. Porém, quando humildemente entregaram sua vida ao Senhor, passaram a ter paz de espírito e satisfação de tal maneira que não mais precisavam daquilo que viviam ou consumiam antes. Além do mais, sua existência passou ter sentido e propósito.   

      Também não posso deixar de destacar que, independentemente de quão pecador alguém seja, existe esperança, pois Cristo falou: “… o Filho do Homem {Jesus} veio buscar e salvar o que se havia perdido”. E mais: “… eu {Jesus} não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento – Mateus 9:13. Note que ele não disse que veio para aqueles que se consideram bons, mas para quem é pecador e está perdido. (Isso inclui eu e você!)

      Infelizmente, tenho que dizer que todos nós nos encaixamos nesta categoria: a dos pecadores e perdidos, porque “na verdade não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque – Eclesiastes 6:20. Mesmo aqueles que mencionei anteriormente (Enoque, Noé, Jó, Simeão e Ana não eram perfeitos). Somente Cristo nunca pecou, conforme afirmam as Escrituras – Hebreus 4:15.

      Paulo, o apóstolo, arremata, declarando: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” – Romanos 3:23 – e “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” – Romanos 6:23. Então NINGUÉM pode se julgar perfeito, inerrante ou infalível. Logo, todos nós precisamos de Cristo, do perdão divino e de salvação.   

      Portanto, ainda que eu não saiba o que está acontecendo com você neste momento, de uma coisa tenho certeza: O Senhor se importa com você e foi justamente por esse motivo e por VOCÊ que ele veio ao mundo, anunciou as boas-novas de salvação, morreu e ressuscitou. Ele quer dar a você paz interior e paz com Deus. Também quer dar sentido e propósito à sua existência. Então: Se hoje você ouvir a voz do Senhor (ou se ouviu através deste artigo), não endureça o seu coração – Hebreus 4:7. Faça como Zaqueu: receba a Jesus gostoso, ou seja, com júbilo. Certamente, esse encontro também será transformador.  

Para ouvir e orar:

Faz um milagre em mim – Regis Danese
 

Tags: , , , , , ,

“Nem tudo que reluz é ouro”

Ló olhou demoradamente para as planícies férteis do vale do Jordão, na direção de Zoar. A região toda era bem irrigada, como o jardim do Senhor, ou como a terra do Egito.

“Ló olhou demoradamente para as planícies férteis do vale do Jordão, na direção de Zoar. A região toda era bem irrigada, como o jardim do Senhor, ou como a terra do Egito (Isso foi antes de o Senhor destruir Sodoma e Gomorra.).” (Gênesis 13:10)     

     Há um ditado popular que diz: “Nem tudo que reluz é ouro”. Penso que ele é, de fato, muito verdadeiro. Basta-nos buscar em nossa memória episódios nos quais fomos traídos por nossos olhos que os encontraremos. Eles se iludiram com a aparência de coisas e pessoas que, com a convivência ou com um conhecimento mais completo, mostraram-se muito diferentes daquilo que demonstravam ser. Muitas vezes, geraram prejuízos irreparáveis, não apenas financeiros, mas também em outras áreas, como a emocional.

     Na Bíblia, encontramos diversas histórias que ilustram muito bem a afirmação acima. Uma delas, por exemplo, começa a ser contada a partir do momento em que Deus fala com Abrão (o qual passou a ser chamado de Abraão) e lhe diz para sair da terra onde ele morava e do meio da parentela – Gênesis 12:1-3.

     Em Gênesis 12:5, lemos que Ló, seu sobrinho, também seguiu para o lugar ao qual o Senhor decidira levar Abraão e Sara para começar a escrever uma nova história com eles, iniciando um povo, o qual, posteriormente, passaria a se chamar Povo de Israel.

     Quando chegamos a Gênesis 13:2, 5 e 6, lemos o relato de que tio e sobrinho haviam prosperado muito e possuíam grandes rebanhos. Como consequência, careciam de muito espaço e pasto suficientes. Ao que tudo indica, tal necessidade levou os pastores dos dois homens a contenderem seriamente – Gênesis 13:7. 

     Como Abraão era um homem justo, sensato e sábio, chamou o sobrinho e fez o comentário a seguir: “Ora, não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos/parentes somos” – Gênesis 13:8.

     Ele sabia que conflitos frequentemente geram prejuízos. Por essa razão, devem ser evitados. Afinal, relacionamentos arranhados por discussões levam à perda da comunhão, da confiança e, inevitavelmente, ao distanciamento. 

     Prosseguindo, o tio disse ao sobrinho: “A região inteira está à sua disposição. Escolha a parte da terra que desejar e nos separaremos. Se você escolher as terras à esquerda, ficarei com as terras à direita. Se preferir as terras à direita, ficarei com as terras à esquerda” – Gênesis 13:9.

     Ei! Espere um pouco! Parece haver alguma coisa errada aqui! Quem foi chamado por Deus? Abraão. Quem era mais velho? Abraão. Quem tinha maior autoridade e direito naquela sociedade? Abraão. A quem Deus fizera as promessas? A Abraão.

     Ora, então era ele quem devia fazer a escolha primeiro! Mas parece que ele não foi justo consigo mesmo, com sua mulher, nem com seus empregados. Como pode isso? Será que ele havia perdido o bom senso?

     Observe que logo acima eu disse “parece”. Na realidade, apenas à primeira vista temos essa impressão, pois, com o desenrolar da história, perceberemos que a decisão tomada por Abraão foi muito sábia. Com ela, ele ensina-nos grandes lições, as quais certamente também podem livrar-nos de grandes perigos disfarçados de campinas verdejantes, com cara de Jardim do Éden ou de Paraíso.

     Um dos ensinamentos já vimos: “Nem tudo que reluz é ouro”. Ou seja: Nem tudo que aparenta ser valioso, verdadeiro ou importante, de fato o é. Pode ser apenas um laço ou uma armadilha que levará à ruína financeira, familiar, relacional, moral ou espiritual. E foi o que aconteceu com Ló e sua família, como veremos a seguir. 

     Como Abraão era um homem temente a Deus, tinha plena consciência de seu chamado e passara a conhecer de perto quem o chamara e lhe fizera promessas. Por isso, estava convicto de que a bênção não estava necessariamente naquela campina bem irrigada, a qual se parecia com o Jardim do Éden – Gênesis 13:10. Ela estava com o Senhor. Logo, em qualquer lugar que escolhesse habitar, seria abençoado e prosperaria, porque o Abençoador, estaria presente – Yahweh-shamah.  

     Evidentemente, muitas vezes Deus orienta uma pessoa a mudar de lugar, de emprego, de condição, de “amigos”, de hábitos, comportamentos, atitudes, conceitos e de muitas outras coisas. E, quando o Altíssimo dá diretrizes assim, é porque ele sabe o que não sabemos, vê o que não vemos e pode fazer por nós o que jamais poderemos sozinhos.

     No entanto, tais mudanças só trarão benefícios se vierem recheadas de obediência, humildade, temor ao Senhor e convicção de que ele se faz presente e cuidará para que suas promessas se cumpram à risca, pois “fiel é o que prometeu” e “vela por sua palavra para fazê-la se cumprir” – Hebreus 10:23; Jeremias 1:12.

     Foi tal certeza que fez com que Abraão não ficasse preso à tradição patriarcal e àquilo que seus olhos estavam vendo. Na verdade, ele descansou nos braços do Pai, sabendo que o Senhor cuidaria de todos os detalhes da sua vida e futuro. E cuidou!

     A partir de Gênesis 13:10 ao 13, começamos a entender que Ló realmente fora traído por seus próprios olhos: no lugar que escolheu para viver, estava Sodoma. Essa cidade, assim como Gomorra, era habitada por homens maus e grandes pecadores contra o Senhor – v 13. Mas, pelo que percebemos, isso Ló não enxergou a princípio, posto que seus olhos estavam ofuscados pelo fascínio das coisas materiais, possíveis lucros e poder.

     Conforme veremos nos próximos capítulos, Ló prosperou grandemente no que diz respeito a conquistas materiais. Também entendemos que ele se tornou uma pessoa importante e influente. Provavelmente um juiz, uma vez que o vemos sentado às portas da cidade (O processo geralmente era realizado nas portas da cidade: os juízes ficavam sentados, os litigantes ficavam de pé ) – Gênesis 19:1.

     Entretanto, apesar de ter prosperado e se tornado influente em Sodoma, como vemos nos capítulos 18 e 19 de Gênesis, teve grandes prejuízos, os quais só não foram maiores e piores ainda porque Abraão intercedeu por ele junto a Deus. Mesmo assim, quase entregou suas filhas para serem estupradas pelos homens daquele lugar. Além disso, sua mulher foi transformada numa estátua de sal, visto que desobedeceu a uma ordem expressa de Deus, numa clara demonstração de que o coração dela já estava preso àquele lugar, valores e costumes que ofendiam ao Senhor.

     Se isso não bastasse, na fuga, Ló não teve como levar os bens que conquistara. Aliás, só não foi destruído junto com a cidade porque seu tio intercedeu por eles junto a Deus, conforme já vimos. Assim, notamos claramente que todas as conquistas materiais e o status adquirido ao longo do tempo não valeram a pena, pois quase custaram sua vida e toda a sua família. 

     Por outro lado, com Abraão aconteceu algo indescritível. Após a escolha feita por Ló, o Senhor lhe disse: “De onde você está, olhe para o Norte, para o Sul, para o Leste e para o Oeste: Toda a terra que você está vendo darei a você e à sua descendência para sempre. Tornarei a sua descendência tão numerosa como o pó da terra. Se for possível contar o pó da terra, também se poderá contar a sua descendência. Percorra esta terra de alto a baixo, de um lado a outro, porque eu a darei a você. Então Abrão mudou seu acampamento e passou a viver próximo aos carvalhos de Manre, em Hebrom, onde construiu um altar dedicado ao Senhor” ─ Gênesis 13:14-18.

     Observe que Deus confirmou a promessa de abençoar Abraão e sua descendência. Em outras palavras: Assegurou que estaria com seu servo onde quer que ele estivesse. Isso significa que mesmo o sobrinho tendo escolhido o lugar que parecia ser o melhor aos olhos humanos, não importava. O melhor lugar do mundo é aquele em que o Senhor se faz presente. Inclusive há um cântico cristão que diz: “Em terra ou mar, seja onde for / É céu andar com meu Senhor” (Música Com Cristo é céu / Cantor cristão, 490).

      Hoje não é diferente. Muitas pessoas (e me incluo nisso) têm feito escolhas baseadas apenas em avaliações e conclusões pessoais, as quais resultam daquilo que os olhos veem e a mente limitada e falível considera bom. Por conseguinte, as colheitas geralmente ficam abaixo das expectativas ou geram apenas prejuízos.

     No entanto, se hoje ouvirmos a voz de Deus, e não endurecermos o nosso coração, certamente viveremos isto: “Se vocês estiverem dispostos a obedecer, comerão os melhores frutos desta terra…” ─ Isaías 1:19. E a História mostra que essa promessa se cumpriu à risca na vida de Abraão e na de seus descendentes, enquanto permaneceram dispostos a obedecer às Palavras do Senhor.

      Com você e comigo não é diferente. Em Malaquias 3:6, o Senhor disse a seu povo: “Porque eu, o Senhor, não mudo”. Obviamente, o contexto era outro, mas o princípio, ou seja, a base do entendimento ou raciocínio, é o mesmo. Logo, assim como o Altíssimo foi com Abraão e com tantos outros servos fiéis a ele ao longo da História, também há de ser conosco.  

      Certa feita, Jesus disse: Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão ─ Marcos 13:31. Portanto, aquilo que o Senhor prometeu há milhares de anos a quem lhe obedecesse continua e continuará valendo. Acredito que você mesmo tem experiências concretas da fidelidade de Deus em sua vida e família. Sendo assim: “… cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu Hebreus 10:22,23.

     Antes de concluir este artigo, sinto em meu coração a necessidade de retornar ao episódio envolvendo a esposa de Ló. Como já visto, havia uma ordem expressa do Senhor para saírem daquele lugar apressadamente e não deviam olhar para trás. Todavia, ela olhou e, segundo a Bíblia, foi transformada numa estátua de sal. Mas por que ela desobedeceu a Deus? E por que ele foi tão severo com ela?

     Como eu já disse, o Senhor vê coisas que não vemos, conhece o que não conhecemos e pode fazer o que sozinho não podemos. Então, ele sabia que o “simples” fato de olhar para trás seria uma clara demonstração de que seu coração estava naquele lugar e não estava disposta a mudar, porque o “tesouro” dela passara a ser o estilo de vida e os valores daquelas pessoas, as quais eram más e grandes pecadoras contra o Senhor – Gênesis 13:13.

     Certa feita, Jesus fez uma declaração que vem ao encontro do que aconteceu com essa mulher: “Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” – Lucas 12:34. Portanto, aquela olhadela revelava o que havia se tornado o maior tesouro dela. E não era Deus, nem seus mandamentos. Infelizmente.

     Ao olhar para trás, mesmo que não tivesse proferido nenhuma palavra de lamentação sobre sua necessidade de sair dali, estava declarando ao Senhor que o estilo de vida e valores de Sodoma eram mais importantes do que seu relacionamento com ele. Assim, não deu alternativa ao Pai.

     Esse trágico acontecimento serve de lição e de alerta a todos nós. O estilo de vida e os valores do mundo atual em muitos aspectos não têm agradado ao Senhor. E, segundo as Escrituras, um dia ele também dará a ordem para deixarmos este mundo, uma vez que tem um lugar melhor, reservado para todos os que receberem Jesus como seu Senhor e Salvador pessoal: “{Jesus} Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” e “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês e, quando tudo estiver pronto, virei buscá-los, para que estejam sempre comigo, onde eu estiver” – João 1:11 ao 13; 14:1 ao 6.

      Se existe essa promessa da parte do Senhor, precisamos fazer uma avaliação minuciosa do nosso coração, pois, “onde estiver o nosso tesouro, ali também estará o nosso coração”. Portanto, que o nosso maior tesouro seja o Senhor Jesus Cristo e tudo o que lhe diz respeito.

     Para finalizar, gostaria de fazer umas breves considerações:

  • A bênção não está necessariamente em um determinado lugar, mas onde Deus estiver conosco. Logo, podemos viver uma vida próspera e feliz mesmo em lugares ou condições totalmente improváveis ou desfavoráveis aos olhos humanos (mesmo que esses olhos sejam os nossos mesmo).
  • A escolha feita por Ló pareceu a seus próprios olhos ser a mais inteligente, mas o tempo revelou que ele estava completamente enganado, uma vez que os prejuízos foram enormes e irreversíveis.
  • Abraão pôs seus olhos em Deus e suas promessas. Por isso, ele e sua descendência desfrutaram, e desfrutam, das mais copiosas bênçãos.
  • Se mantivermos nossos olhos no Senhor, também viveremos uma vida próspera e feliz, pois ele continua sendo o mesmo ontem, hoje e eternamente – Hebreus 13:8.
  • Precisamos estar atentos ao que dizem as Escrituras, porque, mesmo que nem todas as coisas sejam pecados, podem ser grandes embaraços que nos afastarão do Caminho: “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” – Hebreus 12:1,2.
  • Quanto a cada um de nós, vale a pena fazer a seguinte pergunta: “Existe alguma campina verdejante me atraindo?” Talvez, para alguns seja o sexo desaprovado por Deus. Para outros, as drogas, o dinheiro conquistado de forma desonesta, o orgulho, a avareza ou qualquer outra coisa abominável aos olhos do Senhor.
  • “Portanto, quer comamos, quer bebamos ou façamos outra qualquer coisa, façamos tudo para a glória de Deus” – 1 Coríntios 10:31. Que esse seja nosso propósito e nosso estilo de vida! Que almejemos as coisas eternas, não as terrenas e passageiras!
  • “Que a graça, a misericórdia, a paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, sejam com vocês na verdade e amor” – 2 João 1:3.
 

Tags: , , , , , , , , , ,

Família dentro da arca

Arca: metáfora de um lugar de refúgio e salvação, da Igreja e/ou do céu.

“Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” – Josué 24:14,15.   

     A história de Noé é uma das mais lindas e enriquecedoras da Bíblia. No capítulo 6 de Gênesis, onde ela está registrada, vemos Deus decepcionado com o ser humano, a quem criara à sua imagem e semelhança, porque este havia se corrompido em extremo.   

     Por causa disso, o Senhor tomou a decisão de destruir a humanidade (versículos 7, 11, 12,13). Porém, quando olhou para a terra, ele viu alguém que não se corrompera: Noé. Por isso, no versículo 8, lemos o seguinte: “Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor”.

     Deus mostrou sua benevolência a esse homem por ter visto nele algumas virtudes, conforme diz o versículo 9: “Esta é a história da família de Noé: Noé era homem justo, íntegro entre o povo da sua época; ele andava com Deus”.  Percebeu?

     Havia um grande diferencial na vida de Noé. Ele não tinha se contaminado com a maldade existente em seu tempo. Por esse motivo, o Senhor reservou para ele uma missão de gigantesca relevância: construir uma arca, para que fossem preservadas as espécies que Deus considerava necessárias, ele próprio e a sua família. Por conseguinte, reconstruir a História da humanidade (Gn 6:14 ao 21).

     Você pensa que foi fácil cumprir essa missão? De modo algum. Para começar, nunca havia chovido na terra. Como falar de dilúvio, então? Além do mais, ele jamais fizera trabalho semelhante (Pelo menos não existe nenhum registro bíblico sobre isso.) e com tão poucos recursos tecnológicos.

    Para piorar, muito provavelmente as pessoas incrédulas zombaram dele durante todos os longos anos de construção. Por certo, muitos o chamavam de louco. No entanto, Noé se manteve fiel a Deus e focado naquilo que estava fazendo, pois sabia da importância de sua missão e que Deus cumpriria à risca Sua palavra.

     Todos os fatos dessa história são fantásticos, no bom sentido da palavra. Contudo, o que mais me chama a atenção é ele ter conseguido manter sua esposa, filhos e noras também crentes e confiantes durante todos esses anos.  

     Como ou por que ele conseguiu tal façanha? A resposta a essa indagação, segundo já vimos, está  em Gênesis 6:9. Quando olhamos para esse versículo, parece vir à tona o principal motivo por que isso foi possível: ele se mantivera justo no meio dos injustos.

     Esse homem continuara íntegro (intocado) no meio de pessoas que tinham sido tocadas por toda sorte de coisas impuras e desonestas. Por fim, a chave de ouro: Noé andava com Deus, enquanto os demais ao seu redor caminhavam em sentido contrário ao Altíssimo, fazendo tudo aquilo que agradava somente sua natureza pecaminosa e ao maligno.

    Pelo contexto, pode-se inferir (deduzir ou concluir) que ele continuou a servir e cultuar ao Senhor com fidelidade. Embora convivesse com aqueles que se haviam desviado completamente do caminho, passando a cultuar outros deuses ou já não tivessem nenhum tipo de crença ou fé, Noé se manteve fiel ao Senhor e, sem dúvida, motivou sua família a fazer o mesmo. 

     Penso que as três coisas citadas descortinam diante de nossos olhos o segredo de ele ter conseguido colocar sua família dentro da arca. Desse modo,  tinha a credibilidade e o respeito de cada um deles porque, antes disso, possuía moral perante Deus. Assim, mesmo que fosse difícil acreditar, dadas as circunstâncias, o exemplo desse marido, pai, sogro e sacerdote da família dava a todos a segurança de que estavam no caminho certo.

     E quanto a mim e a você? Será que também temos crédito com Deus e com nossa família? Será que quando nosso cônjuge, filhos ou mesmo outras pessoas olham para nós veem indivíduos confiáveis? Vale a pena refletir sobre isso, não é?

    Se quisermos que nossa família entre na “arca” preparada por Deus, quando o Senhor Jesus vier buscar sua Igreja, é preciso que, como Noé, sejamos justos no meio de tanta gente injusta. Que não sejamos contaminados pelo mal, mesmo vivendo no meio dele. Que andemos de mãos dadas com Deus, mesmo quando a maioria tem virado as costas para ele de forma explícita (através de suas atitudes e comportamentos) ou apenas em seu coração e mente, deixando de ser ou de expressar Sua imagem e semelhança.

     Em Lucas 17:26 e 27, Jesus declarou: “Assim como foi nos dias de Noé, também será nos dias do Filho do homem. O povo vivia comendo, bebendo, casando-se e sendo dado em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Então veio o dilúvio e os destruiu a todos”.

     O que o Mestre quis dizer é que as pessoas daquela época estavam preocupadas apenas com as coisas terrenas e temporárias. Por isso ou em consequência disso, haviam se esquecido das espirituais e eternas. Desse jeito, envolveram-se com todo tipo de maldade, trazendo como resultado o juízo de Deus.

    Veja o que diz Gênesis 6: 5 e 6: “O Senhor viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal. Então o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra; e isso cortou-lhe o coração”.

    Hoje, não está muito diferente. Talvez a grande maioria esteja vivendo como naquele tempo. Afinal, a perversidade, a corrupção, o individualismo, o egoísmo, a frieza nos relacionamentos, a imoralidade, o culto à fama, ao dinheiro e a si mesmo e outros males vêm crescendo de forma alarmante.

     Mas isso não é novidade, nem nos surpreende. Apenas nos deixa de antena ligada, pois a Bíblia já falou sobre esse problema há quase dois mil anos. Veja: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te” – 2 Timóteo 3:1-5. 

     A consequência de tudo isso, conforme disse o Senhor Jesus, será a mesma do tempo de Noé. Porém, você e a sua família também podem se abrigar na “arca”, como já vimos, se continuarem a andar cotidianamente com Deus, sendo justos, íntegros e se afastando do mal.

    Talvez, para muitos, Esse homem foi um pregador fracassado, pois somente a família dele lhe deu ouvidos. No entanto, penso que ele foi um verdadeiro sucesso por ter conseguido manter seus entes queridos e a si mesmo nos trilhos da fé e obediência. Também isso é o que almejo para mim. E você? Também tem esse desejo em seu coração?  

      Se seu coração anseia por conduzir sua famíla à presença do Senhor, siga o exemplo de Josué, o sucessor de Moisés, o qual fez a seguinte declaração quando falava com o povo de Israel: “Agora, pois, temei ao Senhor , e servi-o com sinceridade e com verdade, e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do rio e no Egito, e servi ao Senhor. Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor , escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor – Josué 24:14,15.

    

 

Tags: , , , ,