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Escândalos – o que fazer?

          “… deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé…” (Hebreus 12:1,2)

Bem já nos havia avisado o Senhor em sua Santa Palavra que aconteceriam escândalos! Em Lucas 17:1-2, está escrito: “E disse [Jesus] aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por meio de quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos”.   

          Portanto, quando os vemos, não podemos considerá-los uma surpresa. Mesmo assim, sempre que surge mais um deles, a fé de muitos crentes dá uma balançada como se estivesse sendo açoitada por um forte vento; a outros, é uma tempestade tão terrível que provoca o abandono da fé, como se Deus fosse o culpado pelo escândalo ou se a confiança deles estivesse alicerçada sobre aqueles que pecaram contra Deus, não no Senhor.

          Não estou dizendo, porém, que não nos sentimos tristes, envergonhados e até mesmo revoltados. O que quero tratar neste artigo é que a fé do verdadeiro cristão deve estar alicerçada na Rocha Inabalável, que é o Senhor (1 Co 10:4; Sl 18:2; Is 26:4), pois somente dessa maneira também se manterá intocável diante dos fatos vergonhosos que temos visto eclodirem no meio do povo evangélico.

          Então, entendo que a palavra de Hebreus 12:1 e 2, deve estar mais viva e vívida do que nunca em nossa mente e coração: “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”.

          Note que o versículo primeiro começa com a conjunção portanto, a qual estabelece a relação semântica ou relação de sentido de conclusão de uma ideia ou argumento expostos anteriormente. Em outras palavras: faz o fechamento de um raciocínio que vem sendo desenvolvido ao longo do texto. E o que é?

          Se voltarmos ao capítulo 11, veremos que ele trata dos Heróis da Fé. Fala das conquistas de muitos, mas também dos grandes desafios enfrentados por outros. Inclusive, relata as perseguições, injustiças, violência, morte e privações pelas quais passaram, o que os tornam, aos olhos de muita gente, verdadeiros perdedores ou fracassados. Todavia, as Escrituras mostram o contrário e ainda declaram o seguinte: “Homens dos quais o mundo não era digno” – Hebreus 11:38. 

          Assim, quando entramos no capítulo 12, o escritor o inicia fazendo uma conclusão de tudo que havia dito no 11. E nela lemos que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, as quais estão de olho em nós. Por isso, recebemos esta exortação, instrução ou encorajamento: “… deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia…” – Hebreus 12:1. 

          Aqui, encontramos o registro de duas coisas distintas: embaraço e pecado. Desse modo, além do pecado (tudo que desagrada ao Senhor e nos faz perder a comunhão com ele – Isaías 59:1,2), existe outra, a qual é chamada de embaraço.

          Mas o que é embaraço? Para ficar mais claro, quero registrar que uma das palavras no grego para embaraço é ogkos, que significa, dentre outras coisas, um fardo. Logo, depreendemos que tudo aquilo que estorva, atrapalha ou impede de caminhar de forma livre e natural, espiritualmente falando, é um embaraço do qual devemos nos livrar o mais rápido possível.  

          A seguir, o texto declara: “… e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta…” – Hebreus 12:1. Aqui, há três coisas importantes que devem ser observadas com olhos de lince e profunda diligência.

          A primeira delas é “corramos”. Isso quer dizer que existe urgência, pois geralmente corremos quando nosso tempo está esgotado ou se esgotando e podemos perder algum compromisso importante. E, por acaso, não é isso? Especialmente nas coisas que tratam da nossa vida espiritual, não temos tempo a perder, pois o dia da vinda de Cristo se aproxima ou, quem sabe, a morte bate à nossa porta antes do que prevíamos. Afinal, como alguns dizem: “Para morrer basta estar vivo”.

          A segunda está no trecho “com paciência”. Para entender melhor, basta pensar nos atletas. Aqueles que correm apenas cem metros devem realmente empregar todas as forças para vencerem a prova, a qual geralmente dura em torno de dez segundos. No entanto, os maratonistas devem administrar com excelência sua explosão e força, uma vez que precisarão de toda a energia reservada para o sprint final, ou seja, aceleração final.

          Talvez seja por isso que em sua Segunda Epístola aos Coríntios, Paulo fala: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” – 15:58. Note que o apóstolo destaca duas palavras: firmes e constantes.

          Em outras palavras, o cristão deve ter firmeza, estabilidade, segurança e manter uma velocidade de fé permanente ou sem variações. Assim, como o maratonista, deve administrar sabiamente o ritmo, visto que haverá momentos na caminhada com Deus nos quais precisará de muita energia espiritual para vencer os desafios, as tempestades, as provocações, as decepções com aqueles que provocam escândalos ou com os próprios problemas.

          A terceira é “a carreira que nos está proposta”. Observe que a carreira foi proposta a nós, não imposta, uma vez que o Senhor respeita nossas escolhas, mesmo que, muitas vezes, não as aprove. Contudo, se você decidiu aceitar a proposta de Deus, corra com paciência. Entretanto, não uma paciência burra. Ao contrário, que ela seja sábia, cuidadosa, auxiliada pelo Espírito Santo, nosso parakletos, ou seja, ajudador, advogado, conselheiro, mentor e guia – Romanos 8:26.

           No versículo 2, o autor prossegue, dizendo: “… olhando para Jesus, autor e consumador da fé”. Note que o texto não fala que devemos olhar para o pastor, o bispo, o papa, os novos “apóstolos”, o ancião, o líder de algum grupo dentro da igreja, a denominação religiosa da qual fazemos parte, nem mesmo para aquela pessoa que consideramos a mais santa de todas. Simplesmente, não diz. Antes, exorta-nos a olharmos para Jesus, porque ele, e somente ele, é o autor e consumador da fé. E foi ele quem morreu naquela sangrenta cruz para nos reconciliar com Deus e nos garantir a salvação eterna – 1 João 2:25; Romanos 5:10.   

          Em João 13, enquanto ensinava uma lição sobre humildade aos discípulos, Jesus declarou: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” – V 15. Embora o contexto desse texto seja outro, o princípio ensinado pelo Senhor é o mesmo e se aplica às mais diversas situações. E qual é? Ele, Cristo, é o exemplo a ser seguido, não pessoas falíveis como eu e você.

          Ainda em Hebreus 12:2, o escritor continua sua instrução: “… o qual [Jesus], pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”. Observe que nesse trecho também existem grandes e preciosos ensinamentos, os quais não podem e não devem ser ignorados por nenhum servo do Deus Altíssimo.

          Primeiramente, o texto revela que havia uma proposta feita por Deus. E qual seria? Reconciliar o mundo com o Altíssimo. Em 2 Coríntios 5:18-19, Paulo informa: “E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação”. 

          Em segundo lugar, o texto diz que o Senhor suportou a cruz. Quando buscamos a origem grega da palavra suportar (do grego anechomai), encontramos que ela quer dizer (1) considerar com tolerância, aguentar; (2) passar por uma situação complicada ou difícil sem desistir.

          Sendo assim, percebemos que, apesar de haver uma alegria proposta, existia a necessidade de aguentar ou tolerar uma situação dificílima sem desistir. Logo, considerando que Cristo é o nosso exemplo, subentendemos que também temos precisamos aguentar com firmeza (e sem desistir) os desafios da fé, inclusive no que diz respeito à existência e à proliferação de escândalos no seio da Igreja.

          Mas não me entenda mal. Não estou dizendo que devemos aceitar ou tolerar passivamente tais atos vergonhosos. Ao contrário, veja o que a Bíblia declara: “Contudo, se sofre como cristão, não se envergonhe, mas glorifique a Deus por meio desse nome. Pois chegou a hora de começar o julgamento pela casa de Deus; e, se começa primeiro conosco, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?” – 1 Pedro 4:16,17.

          Certa feita, Pedro (Ele mesmo: o apóstolo de Cristo), foi seriamente repreendido por Paulo por estar agindo de forma equivocada em relação aos irmãos gentios. Veja: “Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável” – Gálatas 2:11. Na versão Linguagem de Hoje, diz: “Porém, quando Pedro veio para Antioquia da Síria, eu fiquei contra ele em público porque ele estava completamente errado”.  

          Ora, se até Pedro, um homem cheio da autoridade do Espírito Santo, que havia convivido por mais de três anos com Cristo, precisou ser repreendido por outro Homem cheio do Espírito Santo, quem somos nós para presumir que estamos acima da Palavra de Deus e, portanto, isentos de correções e repreensões? E, por acaso, os líderes atuais ou nós mesmos somos melhores do que Pedro? Estou convicto de que não somos.

          Lembra-se de Davi quando pecou gravemente? Mesmo sendo rei, a maior autoridade que um país pode ter, que supostamente pode fazer o que bem lhe aprouver e quando quiser, que pode deixar alguém viver ou mandar matar, foi confrontado e repreendido pelo profeta Natã e reconheceu seu pecado, declarando: “Pequei contra o Senhor!” E Natã respondeu: “O Senhor perdoou o seu pecado. Você não morrerá” – 2 Samuel 12:13.

          Logo, quem erra, independentemente de que posição ocupa na igreja, deve ser confrontado e acatar a decisão dos demais servos de Cristo. Caso não aceite, demonstrará claramente que não era de fato um servo do Senhor. Logo, não está apto para exercer liderança, pois o líder deve ser o primeiro a ser exemplo, a ter humildade e a submeter-se à Palavra de Deus.

          Em terceiro lugar, temos mais uma preciosa lição deixada pelo Mestre: “desprezando a afronta”, que significa que ele não levou em consideração os insultos, as ofensas e os ultrajes sofridos. E por quê? Porque havia um propósito nobre: reconectar todas as pessoas que cressem nele com o Pai – João 3:16.

          Em quarto e último lugar, vemos o resultado de tudo aquilo pelo qual nosso Senhor suportou a cruz: retornar à casa do Pai e assentar-se à direita dele, reassumindo seu lugar de fato e de direito, para interceder por nós junto a Deus: “Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós” – Romanos 8:34  

          Nós também possuímos algo muito maior pelo qual lutar: nossa salvação em Cristo. Assim como o Senhor retornou para a Casa do Pai, um dia seremos levados para a Cidade Celestial – Filipenses 3:20-21. Nosso Pai nos prometeu e é fiel para cumprir sua Palavra, pois “Deus não é o homem, para que minta, nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?” – Números 23:19.

          Desse modo, podemos estar certos e manter uma esperança viva naquilo que prometeu Cristo Jesus: Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E quando eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver – João 14:1-3.

          Agora, não podemos esquecer ou ignorar que as palavras de Cristo são muito duras para com aqueles que provocam os escândalos. Então, vou retomá-las a seguir: “E disse [Jesus] aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por meio de quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos” – Lucas 17:1-2. 

          Em minhas conversas com minha mulher, muitas vezes eu disse a ela: “Não sei que Bíblia muitas pessoas têm lido ou como a têm lido”. Digo isso porque há muitos cristãos fazendo coisas que até os descrentes não fazem, e abominam. Na realidade, não precisa ser um crente em Cristo para ter bom senso, integridade e ser alguém de caráter ilibado.

           Parece-me que tais indivíduos se esquecem disto: Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal – 2 Coríntios 5:10. Observe que ninguém ficará de fora. A palavra todos significa exatamente isso: Todos. Sem exceção. 100%.

          Assim sendo, é preciso que todos nós, a começar por mim, estejamos cientes e conscientes de que a justiça humana comete muitas falhas. Tanto pune inocentes como inocenta culpados. Basta ver a vergonha que tem sido a “Justiça” de alguns países, incluindo o nosso. Mas Deus é o Justo Juiz e sua justiça é perfeita: “(…) Ele julgará os povos com retidão” – Salmos 96:10. Dessa maneira, no tempo certo e do jeito correto o Senhor julgará com exatidão e imparcialidade.

          Vale lembrar que não estou dizendo que existe algum indivíduo perfeito, que nunca erre. A própria Bíblia deixa isso muito claro: Na verdade, não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque– Eclesiastes 7:20. O que quero dizer é que há pessoas no meio cristão fazendo coisas gravíssimas e continuam agindo como se Deus não se importasse e se estivesse tudo bem. Mas não é assim. De modo algum.

          Como vimos, Jesus afirmou que é impossível que não venham os escândalos, mas também declarou: “Ai daqueles por meio de quem vierem!”. A seguir, o Senhor diz: “Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos”.    

          Pela fala de Jesus, entendo que acontecerá um julgamento duríssimo para tais indivíduos. Não ficarão impunes. Logo, cabe a cada um de nós avaliar e reavaliar nossas ações, atitudes, comportamentos e crenças, para que não façamos tropeçar, pecar ou se desviar nenhum destes a quem o Mestre chama de “pequenos” ou “pequeninos”.

          Quando diz respeito a uma denominação cristã, penso ser necessário mencionar que, se um líder ou qualquer membro comete um crime como, por exemplo, estupro, pedofilia, assédio sexual ou moral, roubo, assassinato ou qualquer outro previsto no Código Penal Brasileiro*, deve pagar criminalmente como qualquer outra pessoa.

          Não podemos supor, muito menos admitir que tais indivíduos tenham imunidade eclesiástica ou que se escondam atrás do muro protetor de sua denominação religiosa e fiquem à vontade para cometer delitos. Em hipótese alguma, pois, quem infringe a lei de seu país deve se submeter às punições previstas em seu Código Penal. Simples assim. 

          Também considero importante deixar claro que não existe nenhuma igreja que seja 100% perfeita. Todas elas, sem exceção, são frequentadas por seres humanos como eu e você, sujeitos a falhas, às vezes muito sérias. No entanto, é inadmissível que quem comete erros graves continue exercendo algum tipo de liderança ou frequentando a igreja sem ter se arrependido, confessado, abandonado as práticas pecaminosas e se submetido à disciplina espiritual e penal cabível à situação.

          Especialmente quando se trata de líderes. Que moral tem uma pessoa que exerce liderança e vive em pecado? Não é isso que as Escrituras ensinam. Portanto, se a comunidade a que você pertence está fazendo vista grossa diante dos escândalos, é aconselhável você avaliar e reavaliar se deve ou não continuar servindo ao Senhor nela.

          Inclusive, em Apocalipse 18:4-5, Jesus fala: “E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se acumularam até o céu, e Deus se lembrou das iniquidades dela”. 

          Evidentemente esse texto está falando sobre a queda da grande Babilônia, que representa a Igreja idólatra e corrompida. Porém, o princípio é o mesmo: Se onde estamos a corrupção moral está tomando conta, e é tolerada ou acobertada, é preciso e necessário tomar a sábia decisão de procurar uma congregação que esteja o mais perto possível das verdades bíblicas e, consequentemente, de Cristo.

          Não posso deixar de mencionar que o Reino de Deus e a Igreja do Senhor são muito maiores que a denominação religiosa da qual fazemos parte. Então, não podemos e não devemos idolatrar o grupo religioso a que pertencemos ou seus líderes, como muitos o fazem, supondo que é adequado continuar servindo nele, mesmo que ele ou ela já estejam a quilômetros da Bíblia e do Deus da Bíblia.

          Por outro lado, não podemos usar os escândalos e os erros dos outros como pretexto ou justificativa para deixarmos de congregar ou nos afastar definitivamente dos caminhos do Senhor. Ao contrário, creio piamente no que dizem as Escrituras: “E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando de congregar, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia” – Hebreus 10:24-25.

          Também considero muito pertinente a comparação que Paulo faz entre a igreja e o corpo humano (1 Coríntios 12). Um membro só continua vivo e exercendo a função para a qual foi criado por Deus se estiver ligado ao corpo. Do contrário, perde sua função e morre. Assim também acontece espiritualmente conosco. Portanto, temos a necessidade de estar ligados a uma congregação onde se reúne o Povo de Deus, membros da Igreja Universal do Senhor Jesus.       

            E, como disse o escritor aos Hebreus, precisamos considerar uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, para as quais fomos feitos, conforme lemos em Efésios 2:10. Além disso, temos de recordar que Deus sempre quis ter um povo, não indivíduos agindo sozinhos. Por essa razão, formou-o a partir das doze tribos dos descendentes de Abraão, os quais não eram perfeitos, e cometeram erros gravíssimos (e foram punidos). Porém, o Senhor não abriu mão deles, assim como não abre de nós.

          No projeto original de Deus, todas as tribos deveriam morar em Israel. Embora cada uma tenha recebido seu quinhão de terra, não era para viver isolada das demais. Assim, poderiam se fortalecer e se proteger dos inimigos. Além do mais, o povo se reunia para cultuar, oferecer sacrifícios e celebrar as festas estabelecidas pelo Senhor.

          Do mesmo modo, o projeto de Cristo também não mudou. Isso significa que quer que continuemos sendo membros do corpo do qual ELE é a cabeça. Logo, argumentar que é possível servir a Deus sem se reunir como Corpo de Cristo, pode ser uma falácia, ou um sofisma e, sem dúvida, é um laço com o qual o maligno domina o indivíduo e o lança no cemitério de crentes mortos-vivos.

          Portanto, ao concluir este artigo, quero fazer alguns reforços argumentativos importantes e necessários:

  • Primeiro, preciso relembrá-lo de que a salvação eterna é algo pessoal, intransferível e de inestimável valor: “Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” – Marcos 8:36. Logo, você deve cuidar com responsabilidade para que não a perca e não se perca.
  • Também devo enfatizar que a sua salvação custou o sangue de Cristo, não de algum ser humano como eu e você: “… sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado…” – 1 Pedro 1:18,19.
  • Precisamos e devemos seguir em frente na caminhada da fé olhando para Jesus. Caso contrário, tropeçaremos, cairemos e ficaremos prostrados espiritualmente falando. Sendo assim, “… corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé…” – Hebreus 12:1,2.
  • Assim como não deixamos de ir trabalhar porque lá na empresa há pessoas que cometem falhas, também não podemos deixar de congregar porque na igreja existem indivíduos que cometem pecados, às vezes gravíssimos: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” – Hebreus 10:25. Mas, se for preciso, procure outro lugar que realmente pregue a Palavra de Deus e sirva ao Senhor com inteireza de coração.  
  • Certa ocasião, Cristo disse que o joio cresceria junto com o trigo. Todavia, quando fosse fazer a colheita, o joio seria lançado no fogo – Mateus 13:24-30. Portanto, seja trigo, não joio, e deixe Deus agir no tempo dele.
  • Jesus afirmou que há uma recompensa para quem se mantiver firme e fiel a ele e à Sua Palavra: “… mas aquele que perseverar até o fim será salvo” – Marcos 13:13 e “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” – Apocalipse 2;10b.     
  • “Fiquemos, pois, firmes em nossa profissão de fé, sem nos abalar, porque fiel é aquele que nos fez promessas maravilhosas, como a eternidade com ele” – Hebreus 10:23; 1 João 2:25.
  • O Senhor não tem prazer em quem recua: “Ora, o justo viverá pela fé; mas se algum homem recuar, a minha alma não terá prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que creem para a salvação da alma” – Hebreus 10:38,39.
  • Quando chamou Abraão, o Senhor disse a ele: “… e tu serás uma fonte de bênçãos” – Gênesis 12:2 – Versão Católica. Então, digo o mesmo a você e a mim: Em vez de sermos fontes de escândalos, sejamos uma fonte de bênçãos àqueles com quem convivemos.

          Então, quero dizer-lhe: Não recue. Não olhe para os outros ou para as circunstâncias, por mais difíceis que elas sejam ou pareçam ser. Não fundamente sua fé em pessoas, por melhores ou por mais sinceras que sejam, pois um dia podem falhar com você, mesmo que sem a intenção de fazê-lo. Enfim, seu alvo é Cristo e o céu: “Pois a nossa pátria/cidade está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas” – Filipenses 3:20,21.

          Pensemos, pois, no que disse Charles Spurgeon, pregador Batista inglês (1834-1892): “Se desistirmos da nossa jornada com Deus por causa de péssimos exemplos, provamos que estávamos andando somente com homens, e não com Deus”.

          Sugestão de música: Olhar somente a ti 

          * O Código Penal Brasileiro é um decreto-lei (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) que estabelece as normas e os tipos penais aplicáveis no sistema jurídico brasileiro, definindo os crimes, suas penas e os princípios gerais do Direito Penal. É um conjunto de normas jurídicas que regulamenta o poder punitivo do Estado, definindo crimes e as penas ou medidas de segurança que se aplicam a eles.       

 

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Deus tem muito mais para você

O Senhor não vê as coisas como o ser humano as vê. As pessoas julgam pela aparência exterior, mas o Senhor olha para o coração.”

(1 Samuel 16:7 – NVT)

          Outro dia me peguei pensando sobre o tema relacionando ao título deste artigo. Desde então, tenho refletido sobre isso e gostaria de compartilhar algumas dessas reflexões com você, pois sinto que poderão levá-lo a uma mudança de perspectiva sobre si mesmo, a respeito de outras pessoas com quem convive e até mesmo em relação a Deus.  

          Como diz o texto de abertura, é muito comum olharmos para alguém, e até para nós mesmos em determinadas circunstâncias e fazermos uma avaliação ou julgamento negativo, baseados apenas naquilo que nossos olhos ofuscados por preconceitos veem e naquilo que nossa mente presa a crenças limitantes nos permitem entender.  

          Todavia, com o Senhor é diferente, uma vez que ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera (o Espírito Santo), conforme nos diz Paulo em Efésios 3:20. 

          Para prosseguir de maneira mais compreensível e aprofundada, preciso relembrar você de que geralmente existem três visões, ou seja, maneiras diferentes pelas quais vemos e somos vistos. São elas: a das pessoas em geral, a pessoal e a de Deus, nosso Criador – Gênesis 1:26.

          Também é necessário e importante recordar que tais visões interferem diretamente na nossa vida cotidiana (relacionamentos pessoal e intrapessoal, profissão, entre outras.), bem como na espiritual, ou melhor, em nosso relacionamento com Deus. Desse modo, podem nos levar ao sucesso ou nos deixar longe dele naquilo que somos ou fazemos.

          Talvez esse seja um dos motivos pelos quais o apóstolo Paulo, em Romanos 12:2, faz a seguinte declaração: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

          Esse mesmo texto na Nova Versão Internacional fala assim: Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

          Podemos notar nesse texto que o cristão deve trilhar um caminho bem diferente daquele que segue o mundo. É por essa razão que Paulo declara que não podemos nos amoldar ou ajustar ao modelo ditado pelo sistema que governa a sociedade, levando-a, na maior parte das vezes, ao caos moral, emocional, relacional e, sobretudo, espiritual.

          Ao utilizar a conjunção “mas”, a qual indica oposição, contraste ou mudança de direção argumentativa, o apóstolo nos leva à ideia de uma mudança radical de ação, atitude e comportamento. Então, a seguir, ele acrescenta: “… mas transformai-vos…”.

          Sabendo que a palavra aqui usada vem do grego “metamorphosis”, entendemos que Paulo nos está conclamando a uma mudança ou alteração completa no aspecto, na estrutura espiritual, mental e emocional, pois nossa natureza pecaminosa nos está levando a passos largos para longe de Deus e do propósito para o qual fomos criados, que é vivermos para o louvor da glória dele: Em amor [Deus] nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado – Efésios 1:5-6.   

          Continuando sua argumentação, o apóstolo acrescenta: “… pela renovação do vosso entendimento/mente…”. Sabendo que renovação é a ação de tornar algo novo de novo, concluímos que ele está falando da necessidade de termos a mente regenerada, ou seja, recriada ou gerada novamente. E como isso é possível?

           Torna-se algo possível por causa do que Paulo escreve a Tito: “Mas, quando apareceu a benignidade e o amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens,

não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador…” – Tito 3:4-6.   

          Desse modo, entendemos que esse renovar ou regenerar é realizado pelo Espírito Santo. Em outras palavras: não é algo que o ser humano tem a capacidade de, por si só, fazer.

          Para finalizar o texto, o apóstolo de Cristo apresenta o propósito de não se conformar, de transformar-se e de renovar-se: “… ser capaz de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para conosco”.

          Depois dessa longa, mas necessária introdução, podemos retomar o objetivo central desse artigo: argumentar que Deus tem muito mais para nós do que já temos vivido até então. Para isso, colheremos das Escrituras vários exemplos de pessoas, imperfeitas como eu e você, que puderam experimentar o melhor do Senhor para a vida deles.

─ Abraão e Sara:

          Quando olhamos para Gênesis 11:30, temos a informação de que Sara era estéril. Logo, não tinha filhos. Consequentemente, aos olhos da cultura da época, ela fracassara como mulher e como esposa. Diante desse quadro, presumo que ela sofria muito preconceito e ouvia comentários totalmente indesejáveis.

          Para piorar, Abraão já estava com 75 anos quando o Senhor lhe apareceu. Sendo assim, o que Deus lhe disse parecia não fazer muito sentido. Porém, ele decidiu crer. Veja: “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Assim, partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos, quando saiu de Harã…” – Gênesis 12:1-4. 

          E o que aconteceu com eles como resultado da obediência a Deus? Tiveram um filho (Isaque) e da sua descendência se fez uma grande nação, cujos descendentes estão no meio de nós até hoje, sendo uma influência para todo o mundo.

          Em outras palavras: O Altíssimo tinha reservado para eles muito mais que a esterilidade ou apenas prosperidade material. Por ter crido na promessa, Abraão é chamado de Pai da fé e Amigo de Deus – Romanos 4:11,12,16; Tiago 2:23 – e seu nome está na Galeria dos Heróis da Fé (Hebreus 11:8).  

─ José:

          Como a história bíblica nos conta, ele teve alguns sonhos que levaram seus irmãos a entenderem que, mesmo não sendo o primogênito, governaria sobre todos eles. Por causa disso, quiseram matá-lo. Porém, Rubem não permitiu que isso acontecesse. Então, decidiram vendê-lo por vinte moedas de prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito, onde o venderam para ser escravo de Potifar, um oficial e chefe da guarda do Faraó – Gênesis 37:28.

          Depois de um tempo, por se recusar a se deitar com a mulher de Potifar, ela o acusou injustamente de assediá-la sexualmente. Como consequência, ele foi preso. Assim, parecia que tudo estava perdido para José. No entanto, manteve sua integridade e fidelidade a Deus. E houve uma grande reviravolta em sua vida, pois Deus tinha muito mais para ele do que viver e definhar numa prisão.

          O Senhor havia reservado para José o cargo de governador de todo o Egito. Veja: “E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um varão como este, em quem haja o Espírito de Deus? Depois, disse Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão inteligente e sábio como tu. Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu. Disse mais Faraó a José: Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do Egito. E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs na mão de José, e o fez vestir de vestes de linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço. E o fez subir no segundo carro que tinha, e clamavam diante dele: Ajoelhai. Assim, o pôs sobre toda a terra do Egito. E disse Faraó a José: Eu sou Faraó; porém sem ti ninguém levantará a sua mão ou o seu pé em toda a terra do Egito” – Gênesis 41:38-44. 

          Desse modo, esse homem teve condições de cumprir o propósito de Deus em sua geração e preservar com vida todos os descendentes de Jacó, seu pai e muitos outros. E, consequentemente, as gerações futuras também. E, para fechar com chave de ouro, seu nome também está entre os heróis da fé (Hebreus 11:22).

─ Moisés:

         Quando nasceu, sua vida foi preservada de forma milagrosa. Ele foi criado como se fosse filho da princesa. Entretanto, quando adulto, matou um egípcio, tentando defender um hebreu. Tempos depois, quando tentou apartar uma briga entre dois hebreus, um deles demonstrou saber que Moisés havia matado aquele homem.

          Como esse homicídio chegou ao conhecimento do faraó, Moisés teve que fugir do Egito, para não morrer – Êxodo 2:15. Em sua fuga, foi parar em Midiã, no deserto, na casa de Jetro, o qual viria a se tornar seu sogro. Lá, tornou-se pastor de ovelhas. Contudo, não era isso que o Eterno tinha planejado para ele. Havia algo muito maior: ser aquele que Deus iria usar para libertar Seu povo da escravidão e levá-lo à terra que prometera dar a Abraão e a seus descendentes para sempre – Êxodo 3:10-12. Além disso, também foi profeta, legislador e juiz e está no rol dos heróis da fé (Hebreus 11:23-29).  

─ Raabe:

          O que dizer sobre ela? Era uma prostituta que morava em Jericó – Josué 2:1. As escrituras não registram os motivos pelos quais se prostituía. Mas certamente sua vida era vazia e difícil. Quem sabe quantas humilhações sofria? Quantas lágrimas lavavam seu rosto, mas não limpavam sua vergonha e sua dor? Até que apareceram em Jericó dois espias dos hebreus.

          Por certo, ela já ouvira falar das obras extraordinárias realizadas pelo Deus dos israelitas. Então, decidiu esconder aqueles espias, mesmo correndo risco de perder sua vida, se fosse descoberta. E o Senhor não deixou de ver o bem que ela fizera e de recompensá-la. Como presente, tirou-a daquele lugar e daquela vida infeliz, levando-a, juntamente com sua família, para o meio do povo de Deus.

          Dessa forma, ela pôde seguir viagem para uma nova vida de alegria, significado e propósito. Mais tarde se casou e tornou-se a tataravó de Davi. Como Jesus é da tribo de Judá tal qual Davi, ela é citada na genealogia do Messias – Mateus 1:4-6. Além do mais, seu nome também está na relação dos heróis, confirmando que Deus tinha algo muito, mas muito maior mesmo para essa mulher do que uma vida na prostituição – Hebreus 11: 31.

─ Jefté:

          Esse homem também teve um início muito ruim. Ele era um filho bastardo de Gileade com uma prostituta e isso lhe gerou sérios problemas: seus meios-irmãos, que eram filhos da mulher legítima de seu pai, não iam com a cara dele e o expulsaram do meio deles.

          Se ele já sofria pelo fato de ser bastardo e, como consequência, discriminado, ainda teve que sair da sua casa. Mesmo assim, tornou-se um homem valoroso e valente – Juízes 11:1-3.

          Se olhasse para as circunstâncias, que eram tão adversas, poderia ter se tornado um fora da lei. Inclusive, por um tempo, andou com homens levianos. Talvez porque estivesse meio revoltado com aqueles que o desprezaram.  Contudo, como vimos, preferiu ser uma pessoa valorosa e valente, ou seja, uma pessoa de caráter, digna e corajosa, pois entendeu que sua origem não poderia definir seu futuro, nem quem de fato ele era.

          Só por isso sua vida já teria valido a pena. Entretanto, o Senhor tinha muito mais para ele. Então, quando os amonitas entraram em guerra contra Israel, a quem os israelitas recorreram? A resposta é simples e fácil: a Jefté.

          Para resumir, depois disso, ele se tornou juiz em Israel: “E Jefté julgou a Israel seis anos; e Jefté, o gileadita, faleceu e foi sepultado nas cidades de Gileade” – Juízes 12:7. Para coroar sua vida e feitos, seu nome foi posto entre os grandes heróis bíblicos: “E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e dos profetas…” – Hebreus 11:31.  

– Davi:

          A princípio, parece-me que a família dele acreditava que seria apenas um pastor de ovelhas. Talvez, até ele pensasse isso. Mesmo sendo algo honesto, sem dúvida não era o que Deus queria para ele. Para o Senhor, aquela ocupação era apenas temporária e um trampolim, uma vez que havia algo muito maior à sua espera.

          Então, quando Deus quis substituir Saul, o qual pecara gravemente, ordenou que Samuel fosse até a casa de Jessé ungir a rei um dos filhos desse homem. Nem o profeta, que era um verdadeiro servo do Altíssimo, entendeu o trabalhar do Senhor, que precisou lhe dizer: “O Senhor não vê as coisas como o ser humano as vê. As pessoas julgam pela aparência exterior, mas o Senhor olha para o coração” – 1 Samuel 16:7 – NVT.

           O Eterno já havia escolhido Davi. Por isso, quando buscaram esse jovem, Samuel derramou o óleo sobre sua cabeça. E, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor se apoderou dele – 1 Samuel 16:13.

          Mais tarde, quando já era um rei vencedor e respeitado, vacilou feio e cometeu adultério. Para tentar consertar a situação, ordenou que Urias, marido de Bate-Seba, fosse posto na linha de frente da batalha para que morresse. Assim, cometeu o segundo e grave pecado. Porém, quando confrontado pelo profeta Natã, disse: “Pequei contra o Senhor” (2 Samuel 12:13, demonstrando reconhecimento do erro e arrependimento.

          Note que, ao ser confrontado pelo profeta, o rei não tentou se justificar. Antes, demonstrou reconhecer seu pecado e foi perdoado pelo Senhor. Por certo, esse foi um dos motivos pelos quais Deus fez a seguinte declaração a seu respeito: “E, quando este [Saul] foi retirado, lhes levantou como rei a Davi, ao qual também deu testemunho e disse: Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade” – Atos 13:22. 

          Depois de pecar tão gravemente, penso que muitos passaram a ver nele somente um adúltero e o mentor intelectual de um crime. Todavia, percebemos que o Senhor tinha muito mais para Davi, e não mudara seus planos. Inclusive, ele faz parte da genealogia de Jesus e o nome dele também está registrado entre os heróis da fé, em Hebreus 11:32.  

          E o que dizer do endemoniado de Gadara – Marcos 5:1-20? Para muitos, ele era apenas um perturbado. Para outros, um caso perdido ou um pecador. No entanto, Jesus já via nele um missionário.

          Depois de liberto, esse homem queria acompanhar o Senhor: “E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele” – Marcos 5:18. Entretanto, o Mestre tinha uma missão muito importante para ele, pois o via como um missionário ou uma testemunha viva daquilo que viera fazer na terra: “Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti” – Marcos 5:19.

          Então ele obedeceu a Cristo e o resultado foi este: “E ele foi e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilhavam” – Marcos 5:20.

          Note, portanto, que Deus tinha muito mais para esse gadareno do que ele mesmo ou qualquer outra pessoa imaginara. Assim, os familiares e a sociedade passaram a conviver com um novo homem, totalmente transformado, com um servo de Cristo e missionário.

          E quanto a mulher samaritana? Certamente, para quem a conhecia ela era somente uma mulher leviana, que já tivera cinco maridos e estava se relacionando com um homem que não era, de fato, seu legítimo esposo.

          Talvez, ela fosse o terror de muitas mulheres, as quais morriam de medo de verem seus maridos sendo seduzidos. Mas, para o Senhor, havia nela muito mais do que uma pessoa de caráter questionável ou reprovável: também existia uma missionária vivendo temporariamente fora do propósito para o qual fora criada.

          Então, quando teve aquele encontro com Jesus no poço de Jacó, fez algumas descobertas extraordinárias: quem de fato o Senhor era (Jesus lhe revelou que era o Messias), quem ela era e que a vida que levava era uma farsa. Porém, agora, encontrara o verdadeiro sentido da vida e anunciou Jesus à sua comunidade. Como resultado, pelo testemunho dela, muitos creram e foram ter com o Senhor – João 4: 39 ao 42.

          O que posso falar sobre Pedro, Paulo e tantos outros cujos nomes estão nas Escrituras? E fora da Bíblia? Ao longo da História, tantas pessoas que eram subestimadas, humilhadas e desacreditadas fizeram a diferença porque descobriram que Deus tinha muito mais para elas.

          George Foreman é um destes: negro, pobre, sem pai, vivendo no auge do racismo nos Estados Unidos, desacreditado, humilhado. Mas Deus viu nele muito mais do que alguém que se tornaria o boxeador campeão de pesos pesados mais velho da História. Enxergou um pastor cristão que faria a diferença na vida de tantas pessoas, especialmente na dos jovens.

           Outro exemplo é Billy Graham. Segundo consta, um professor do seminário disse que ele não seria um bom pregador. Contudo, Deus também tinha outros planos e o tornou o maior evangelista do século XX, de acordo com o ponto de vista de tantos servos do Altíssimo. Sua biografia mostra que ele pregou o evangelho em países da chamada “cortina de ferro” – leia aqui sobre esse assunto -, com a permissão dos governantes.

          Há muitos outros casos conhecidos e, certamente, uma infinidade de histórias desconhecidas de pessoas que, aos olhos de seus conhecidos, eram casos perdidos ou não tinham condições de conquistar coisas importantes, mas que, para o Eterno, eram joias preciosíssimas. Por isso, realizaram obras magníficas nas mais diversas áreas. Tais indivíduos empreenderam, inventaram, fizeram grandes descobertas ou impactaram a vida espiritual de outras pessoas.

          Enfim, chegou a sua vez! Deus tem muito mais para você também. Mas talvez ainda não tenha percebido isso e tem vivido ou produzido muito menos do que poderia viver ou produzir.

          Para viver o melhor de Deus, porém, é importante e necessário que você faça uma avaliação, na qual deve pôr na balança as três visões mencionadas: a das pessoas em geral, a pessoal e a de Deus. Assim, poderá soltar as âncoras que o arrastam para o fundo do oceano existencial e abrir as asas da liberdade que o levarão a conquistas inimagináveis.

         Então, preciso lhe perguntar: A opinião negativa dos outros deve definir quem você é e o que pode fazer? Sua visão distorcida de si mesmo deve definir quem você é? Ou é a visão de Deus que deve definir quem você é?

         Antes de prosseguir, quero registrar e destacar algo importante: Não subestimo nem ignoro sua dor, consequência de experiências traumatizantes que o levaram a pensar que é inferior ou incapaz. No entanto, devo enfatizar que Deus tem muito mais para você também. Mas, para isso, é necessário se desvencilhar das crenças limitantes que o tem mantido emocional e mentalmente encarcerado, há muito tempo impedindo que cresça e desfrute o sentimento de realização.

         Como Jefté, não importa se é um filho ilegítimo ou indesejado. Através do sacrifício de Jesus na cruz, você foi adotado como filho Dele, e é amado da mesma maneira que o Pai ama o Filho: Veja o que Cristo diz em sua oração por seus discípulos: “Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste” – João 17:23.

          Perceba, entenda e aceite que, em Cristo, você tem os mesmos direitos e deveres, e recebe o mesmo amor que Jesus recebe do Pai Celestial. Mesmo que seja filho de um estupro. (E falo isso com muito respeito e até emocionado.) Para o Onipotente, Onisciente e Onipresente Senhor, você é um filho mui amado. E ponto final!

          No filme Mais que vencedores, dos mesmos produtores do Quarto de guerra, quando conhece Jesus e o aceita como seu Senhor e Salvador, a personagem Hannah Scott passa a entender e admitir que ela não é um “erro”. Assim, ela se torna feliz e encontra sentido e propósito para sua vida.

          Com você não é diferente. Talvez para seus pais, você é um erro, pois não é, de fato, o que eles queriam. Porém, PARA DEUS VOCÊ NÃO É UM ERRO! A partir do momento da concepção, o Senhor foi tecendo você no ventre da sua mãe com um propósito grandioso e sublime: ser um filho amado, que vive para o louvor da sua glória e recebe o mesmo amor que Jesus.

          Você é a imagem e semelhança dele: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança…” e “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou…” – Gênesis 1:26,28. Além do mais, no Salmo 139:13-17, Davi fala que fomos tecidos por Deus no ventre da nossa mãe. Então, ainda que as ações humanas tenham sido totalmente erradas e cruéis, o Senhor se encarregou de cuidar do seu desenvolvimento durante a gestação e manterá tais cuidados para sempre, tratando suas feridas e o tornando vencedor e feliz.   

          Veja ainda: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” – 1 João 3:1,2.

          Portanto, mesmo que tenha sido gerado em uma relação sexual contrária à forma estabelecida por Deus, ele pode transformar todo mal em bem, abençoando grandemente você, para que também seja um abençoador.

          Conforme já vimos, José sofreu várias injustiças. Mas ele entendeu que o Senhor tinha muito mais para lhe oferecer do que as pessoas para tirar dele. Então, após a morte de Israel, o pai dele, os irmãos ficaram morrendo de medo, pensando que ele se vingaria do mal sofrido. Entretanto, da boca desse homem valoroso saiu a seguinte declaração: “Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande

 – Gênesis 50:20.

          Observe que ele não ignorou o mal sofrido, nem foi hipócrita para com os irmãos dizendo que não tinha sido nada. Ele sofreu muito por causa da crueldade dos irmãos. Porém, por ter se mantido íntegro e fiel ao Senhor, ele pôde enxergar que Deus havia transformado todo aquele mal em bem.

          Por certo, essa grandeza espiritual foi um dos motivos pelos quais o Senhor viu nele muito mais do que um pobre sonhador, um rejeitado pelos irmãos ou um escravo: o Onisciente Deus viu nele o governador de todo o Egito e uma pessoa que tipificava Cristo, que preserva a vida de seus filhos. Sendo assim, alguém que não poderia ficar de fora da Galeria dos Heróis da Fé.

          Logo, independentemente de sua origem, situação ou condição atual e/ou da visão dos outros, Deus está vendo em você um pai ou uma mãe, um cônjuge, um profissional e um servo melhores. Enfim, uma pessoa de grande valor. Mas você também precisa se ver assim, para usufruir as copiosas bênçãos reservadas para sua vida e ser um abençoador também – Gênesis 12:2.

          Neste ponto, não poderia deixar de falar daquele que é a razão da nossa vida: Jesus, “…porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração” – Atos 17:28.

          Para muitos, inclusive para seus irmãos de sangue, ele era apenas o filho de Maria e José ou um impostor. Veja: “Chegando à sua cidade, começou a ensinar o povo na sinagoga. Todos ficaram admirados e perguntavam: ‘De onde lhe vêm esta sabedoria e estes poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão conosco todas as suas irmãs? De onde, pois, ele obteve todas essas coisas?’ E ficavam escandalizados por causa dele. Mas Jesus lhes disse: ‘Só em sua própria terra e em sua própria casa é que um profeta não tem honra’.  E não realizou muitos milagres ali, por causa da incredulidade deles” – Mateus 13:54-58.

          Por outro lado, para quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, o Senhor Jesus é o Emanuel, ou seja, Deus conosco (Isaías 7:14; Mateus 1:23). Além disso, Ele é o que está escrito em Lucas 2:11: “Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor”.

          Para finalizar este artigo, quero retomar alguns pontos cruciais.

─ Primeiro: esteja certo de que o Onipotente Deus tem muito mais para oferecer a você, especialmente seu amor e salvação eterna.

─ Segundo: em sua onisciência, o Altíssimo vê além daquilo que os olhos humanos veem. Ele enxerga o seu coração ou a sua essência, não somente o seu exterior.

─ Terceiro: “Ele levanta do pó o necessitado e ergue do lixo o pobre, para fazê-los sentar-se com príncipes, com os príncipes do seu povo”, isto é, o Senhor transporta a pessoa de uma situação humilhante para um lugar de honra – Salmos 113:7,8.

─ Quarto: José estava escravo, mas não fora criado para ser escravo. Portanto, mantenha-se íntegro e fiel, pois, tanto em relação às coisas terrenas quanto às espirituais você nasceu para ser livre e vencedor.

─ Quinto: reconheça Deus em todos os teus caminhos (Provérbios 3:6) e, como disse Jesus, creia que “a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” – João 17:3.

─ Sexto: nada que você conquistar tem mais valor do que sua salvação. Como disse Jesus: “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” – Marcos 8:36.

          Portanto, descubra seu potencial e sua capacidade para realizar seus sonhos. Todavia, invista principalmente em seu relacionamento com o Senhor e em sua salvação, pois somente assim sua vida realmente terá significado, sentido e propósito. Também não se esqueça de que não são seus erros do passado ou suas limitações que definem que você é. O que define é a sua identidade original, onde se pode ler: Filho do Deus Altíssimo, porque “a todos quantos o receberam [Jesus] deu-lhes o poder/direito de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus” – João 1:12-13

         Sugestão: Documentário Mostra-me o Pai

https://www.youtube.com/watch?v=s5ZMWUL3nso

Sugestão de louvor:

https://www.youtube.com/watch?v=s5ZMWUL3nso

 

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Ver ou conhecer Jesus? – Um plano melhor

         “Zaqueu, desça depressa, porque, hoje, me convém pousar em sua casa.” (Lucas 19:5)   

Zaqueu - o publicano 

          Há alguns anos, escrevi um artigo chamado Ver ou conhecer Jesus?*. De lá para cá, já ministrei sobre esse tema em algumas igrejas. E, em cada uma dessas ocasiões, o Espírito Santo levou-me a abordar novas lições que podemos aprender com esse texto, pois a Palavra de Deus, assim como as misericórdias dele, se renovam dia após dia – Lamentações 3:22-23.  

          Agora, gostaria de compartilhar com você mais um pouco daquilo que o Senhor trouxe ao meu coração nesses últimos dias. Para isso, tomarei como base o texto de Lucas 19:1-10, no qual está registrada a rica e enriquecedora história de Zaqueu.

          Para início de conversa, pergunto-lhe: Por que esse homem, mesmo sendo judeu, decidiu trabalhar como cobrador de impostos para o império romano, uma vez que isso geraria sérias consequências de ordem relacional para ele e sua família?

           Talvez, um dos motivos pelos quais ele tomou essa decisão foi o desejo de ter estabilidade financeira para si e para os seus. Quem sabe, desejasse ter proteção, pois, como diz o ditado, se não posso com o inimigo, junto-me a ele. Além disso, podemos supor que tenha sido movido pela ambição, pelo poder, ganância por riquezas, status social, fama ou algo semelhante ao que foi dito.

          Embora as Escrituras não informem a razão de Zaqueu ter feito essa escolha, sabemos que ele se tornou não apenas um cobrador de impostos, mas o chefe deles, e rico, conforme lemos em Lucas 19:2. Isso, por certo, lhe dava autoridade e uma certa respeitabilidade.

          Por outro lado, também gerava olhares de inveja dos romanos e de reprovação por parte dos judeus, seus irmãos. Desse modo, ele não se encaixava nem entre aqueles que dominavam seu povo, nem entre os judeus, os quais o viam como traidor, ladrão e pecador, segundo ainda veremos.

          Neste ponto, preciso fazer outros questionamentos a você: Por que esse homem resolveu procurar Jesus? Será que não havia conquistado tudo o que queria? Afinal, como se diz popularmente, ele já estava com a mula na sombra. 

          Quem sabe, em determinado momento da vida, Zaqueu começou a passar por uma crise existencial, ou seja, um descontentamento que surge devido à insatisfação ou à confusão com a própria identidade, sentido e propósito de vida.

          Presumo que esse homem passou a questionar sua identidade, pois estava agindo como um romano, mesmo sendo judeu. Também suponho que começou colocar em xeque o sentido da sua vida: Será que realmente vale a pena viver? A vida é só isso? Além do mais, penso que ele se viu questionando qual seria o propósito da sua vida.

         Partindo desse raciocínio, penso que ele se sentia imensamente vazio e triste. Por isso, talvez dissesse para si mesmo: A vida deve ser mais do que isso. Deve existir algo maior e melhor do que poder, estabilidade, fama, sucesso, bens e riquezas. Deve haver uma forma de ser realmente feliz e me sentir realizado.         

          Mas… Por que ele tomou a decisão de ver quem era Jesus? Ou ainda: Como ele ficara sabendo da existência do Mestre?

          O evangelista Lucas também não registrou essa informação. Porém, presumo que em suas andanças pelas ruas de Jericó, além de xingamentos e provocações de seus irmãos, ele ouvia as pessoas falando sobre o novo rabi, cujas palavras tocavam profundamente o coração das pessoas e estava realizando coisas extraordinárias, inclusive ressuscitando mortos.

          Quem sabe, foram outros cobradores de impostos que lhe falaram sobre esse homem que estava causando alvoroço com seus ensinos recheados com uma autoridade, poder, carisma e empatia nunca vistos antes. Ou teria sido algum de seus empregados? Será que a esposa dele tinha ouvido de uma de suas amigas enquanto comprava mais um vestido chique no “shopping” da cidade?

          Não sabemos. Mas o que de fato importa é que ele ouviu falar do Mestre e tomou a sábia decisão de ir ver quem era esse homem fantástico. E assim foi. Contudo, havia alguns impeditivos: era de pequena estatura, existia uma multidão ao redor de Jesus e ele não era bem-vindo naquele lugar – Lucas 19:3. O que fazer então?

          Diante desse obstáculo, ele teve a brilhante ideia: “E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver, porque havia [Jesus] de passar por ali” – Lucas 19:4.

          Você consegue imaginar essa cena inesperada, inusitada e constrangedora, isto é, o chefe rico que estava pagando um grande mico?!

          Imagine você andando na rua e ouvindo falar que uma pessoa muito importante está por ali. Então resolve ir vê-la. Ao se aproximar, vê uma grande autoridade, ou quem sabe seu pastor, correndo e subindo numa árvore para ver também. O que você pensaria? O que diria?

          Certamente pensaria que esse indivíduo havia perdido o juízo. Se fosse seu pastor, talvez você tentaria se esconder para que ele não o visse. E, se alguém dissesse: “Olha o pastor da sua igreja!” Quem sabe, como Pedro você negaria conhecer “aquele homem”. Pode ser que o negasse muito mais que três vezes. E eu me incluo nessa também.

          Para Zaqueu, porém, naquele momento, não importava o que diriam ou pensariam as pessoas que o vissem pagando aquele mico. Ele estava decidido a ir em frente, independentemente do apontar de dedo da multidão. Por esse motivo, elaborou uma estratégia incomum e deu um jeito. Era o Modo Zaqueu de fazer as coisas acontecerem. Assim, finalmente ele poderia ver aquele rabi de quem ouvira falar tantas coisas maravilhosas, inovadoras, revolucionárias.

          Para surpresa dele, quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa” – Lucas 19: 5. Esse era o Jeito Jesus de realizar as coisas.

          É sempre assim. Pensamos que temos a solução definitiva para algum problema, mas o Senhor nos mostra uma melhor. Zaqueu queria ver Jesus, o que poderia acontecer a uma boa distância. Por isso subiu na figueira. Entretanto, o Mestre queria relacionamento pessoal; por essa razão, ordenou que ele descesse.

          Em uma das profecias messiânicas, o profeta Isaías declarou o seguinte sobre o nascimento de Jesus: Portanto, o Senhor mesmo lhes dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel – Isaías 7:14. E em Mateus 1:23, lemos o seguinte: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel.” (Emanuel, do hebraico Immanu’El significa: “Deus conosco“.).

          Percebeu? Jesus é Deus conosco. Isso significa que ele está entre nós, perto de nós, junto conosco e em nós. Desse modo, para o Senhor, não bastava apenas ser visto por Zaqueu. Cristo queria proximidade, relacionamento, olho no olho.

          Além do mais, em sua onisciência, ele sabia que existiam necessidades mais profundas do que esse homem imaginara até então. E não somente na vida dele, mas na da sua família também. Afinal, ninguém adoece sozinho. Quando um ente querido não está bem, há reflexos em todos (ou muitos) que estão ao redor, especialmente na vida do cônjuge e filhos.

          Sendo assim, era mais uma oportunidade para mostrar não só a Zaqueu, mas a todos que ele realmente era o Emanuel e queria fazer parte da vida de quem estivesse disposto a se relacionar com ele.

          Quando Zaqueu ouviu o convite do Mestre e teve a percepção do que isso significava, apressou-se, desceu depressa – Lucas 19:6 – e recebeu Jesus gostoso. (Ou, como dizem outras versões, com grande alegria, exultante.)

          O que é receber gostoso? Já vou explicar. No entanto, antes, pergunto-lhe: Por acaso, alguém que você não via há um tempo, ao encontrá-lo, ficou tão feliz que o abraçou tão forte para matar a saudade, que deu a impressão de que quebraria seus ossos? Eu suponho que foi isso que Zaqueu fez.

          Aquela forma de receber o Mestre demonstrou que, mesmo inconscientemente, ele sentia uma grande saudade de Deus e necessidade do amor e do abraço do Senhor. Também revelou o quanto se sentiu valorizado e honrado, o que seu povo não fazia, obviamente com razão.

          Mas pensa que saiu barato esse encontro? Não. Nem um pouco. Veja como Lucas, o evangelista, registra a reação da turma do bocão: “Vendo todos isso, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador” – Lucas 19:7.

          Notou o rótulo que deram a Zaqueu? Um homem pecador. Por certo, também o chamavam de ladrão, de traidor e outros adjetivos tão “carinhosos” quanto. E, talvez, também rotulassem sua mulher e seus filhos de “a mulher do pecador, ladrão, traidor…” e “os filhos do pecador, ladrão, traidor…”.

           Nós somos desse jeito. Temos o hábito de rotular as pessoas: o bêbado, o drogado ou o noia, a adúltera, o preguiçoso, o narigudo, o burro, a esquisita, o gordo, a girafa etc. Segundo consta, Gisele Bündchen, modelo mundialmente conhecida, era chamada de Olívia Palito na escola e não arrumava namorado por ser muito magra e alta. Também era considerada o patinho feio da família.   

          Felizmente, o olhar e o conceito do Senhor sobre nós são diferentes. E isso ficará bem claro no fim da história. Todavia, cabe agora voltar os olhos para a declaração desse novo homem que nasceu a partir do encontro com Cristo: “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado” – Lucas 19:8.

          Observe como o encontro dele com Cristo foi impactante. Segundo vimos, talvez um dos motivos que o levaram a se tornar um chefe dos cobradores de impostos foi a ganância pelo dinheiro, bens ou outras riquezas. Contudo, agora, ele percebeu que tudo isso era pouco perto do que Jesus lhe proporcionara e decidiu, espontaneamente, dar metade de seus bens aos pobres.

          Quero frisar isto: foi uma decisão pessoal. Jesus não o obrigou a fazer a doação. Nem a nós também. Entretanto, o amor ao próximo, o qual resulta em generosidade, inundou a alma desse homem, produzindo esse tipo de atitude.

          E mais: ele disse que, se em alguma coisa tivesse defraudado alguém, restituiria quatro vezes mais. Em outras palavras: não queria que sua nova vida fosse manchada por nada. Queria estar em paz com Deus e com as pessoas, como convém a todos aqueles que decidem se tornar de fato discípulos de Cristo: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” – 2 Coríntios 5:17 – ARC.

          Agora, leia o mesmo texto na Nova Versão Transformadora: “Logo, todo aquele que está em Cristo se tornou nova criação. A velha vida acabou, e uma nova vida teve início!”. Aqui, a mensagem ficou ainda mais clara. E na nova vida com Cristo não podemos ficar arrastando fardos ou dívidas do passado, se houver.

          Diante da postura de Zaqueu, Jesus fez a seguinte declaração: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão, porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – Lucas 19:9-10.

          Cabem aqui algumas reflexões ou considerações:

  • Como Zaqueu, muitas vezes fazemos escolhas com as intenções ou motivações erradas, supondo que está tudo certo. Afinal, achamos que precisamos fazer qualquer coisa para sermos felizes. No entanto, ainda que a princípio tudo pareça bem, com o passar do tempo percebemos que existem outras que são muito mais importantes e necessárias. Principalmente nosso relacionamento com Deus, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador – Efésios 2:1-10.
  • Muitas vezes, queremos apenas ver o Senhor à distância com medo do que as pessoas podem falar, por não querermos um compromisso sério com ele ou com medo de não sermos aceitos, por nos considerarmos indignos do seu amor. E tentamos fazer as coisas do nosso jeito. Todavia, não é do nosso jeito. É como o Mestre quer. Isso ficou claro na estratégia de Zaqueu: subir na figueira. Mas Jesus lhe disse para descer.
  • Ver é algo que se pode fazer à certa distância. Entretanto, o Senhor quer muito mais: ele quer proximidade; quer relacionamento pessoal, pois é o Emanuel, ou seja, Deus conosco: “O Senhor está perto de todos que o invocam, sim, de todos que o invocam com sinceridade” – Salmos 145:18.
  • As pessoas enxergavam esse homem apenas como um pecador, ladrão e traidor. No entanto, Jesus o via como um filho de Abraão. Isso quer dizer “como um filho de Deus” ou “como alguém que, pela fé, é herdeiro das mesmas bênçãos que o Senhor prometeu a Abraão e aos seus descendentes”.

          Com você e comigo não é diferente. As pessoas podem nos rotular de qualquer coisa (e às vezes realmente damos reais motivos para que nos rotulem), pois elas só conseguem ver aquilo que é exterior ou que se manifesta através das nossas atitudes e comportamentos. Mas nosso Senhor e Salvador vai infinitamente além: ele não vê apenas nosso passado, presente e erros; Deus enxerga nosso futuro como um verdadeiro filho dele: “Eu serei seu Pai, e vocês serão meus filhos e minhas filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” – 2 Coríntios 6:18.

          Portanto, o que importa de fato é como Deus nos vê e o que diz a nosso respeito, não como as pessoas nos veem e o que falam sobre nós.

  • Mesmo que Zaqueu não fosse um corrupto ou um ladrão, ele era pecador, como todos nós também somos: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” – Romanos 3:23 – e “Na verdade, não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque” – Eclesiastes 7:20.

  E mais: “Se afirmamos que não temos pecados, enganamos a nós mesmos e não vivemos na verdade. Mas, se confessamos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmamos que não pecamos, chamamos Deus de mentiroso e mostramos que não há em nós lugar para sua palavra” – 1 João 1:8-10.

Simplificando: todos nós somos pecadores. E o pecado nos torna “perdidos ou mortos espiritualmente”, ou seja, sem direito à salvação eterna, a qual só é possível por causa da morte de Jesus Cristo: “Pois o salário do pecado é a morte, mas a dádiva de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” – Romanos 6:23.

Então foi para nos reconciliar com Deus e nos dar salvação que Cristo veio ao mundo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” – João 3:16-18.

  • Naquela ocasião, jesus disse: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão, porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – Lucas 19:9-10.

Note que Jesus levou salvação àquela casa, isto é, não somente para Zaqueu. Todos ali precisavam ser salvos. Conosco e com nossa família não é diferente. Sem Cristo, estamos irremediavelmente perdidos e precisamos de um Salvador. E o único autorizado por Deus é o Senhor Jesus, que declara: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” – João 14:6.

  • Pela leitura do texto, percebemos que a princípio Zaqueu pensou apenas em si mesmo. Talvez porque estivesse tão aflito, angustiado ou não desse o devido valor à sua família. Quem sabe, seu desejo era só uma curiosidade e pensasse que não precisava de Deus, que estava tudo bem. Porém, Jesus tinha um plano melhor e sabia que toda a sua casa precisava de socorro. Esse plano incluía salvação para a família.

Quem sabe a história desse homem se assemelha muito à sua. Talvez você não tenha percebido o quanto precisa de Jesus. Pode até ser que pense que sua família precisa, mas você não. Ledo engano!!! Todos nós precisamos. E o Senhor, que sonda o mais profundo do nosso coração e para quem não há nada encoberto, sabe perfeitamente que precisamos com urgência dele e de salvação.

Portanto, ao encerrar este artigo, quero dizer a você: Aceite o Senhor agora mesmo. Assim, espiritualmente será chamado de filho de Deus: “Mas, a todos que creram nele [Jesus] e o aceitaram, ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus” – João 1:12. Faça como Zaqueu: a partir daquele encontro, ele e a família dele começaram a escrever uma nova história em parceira com o Senhor. E você também pode fazer isso. Inclusive exatamente agora, se quiser.

 Porém, caso você já tenha convidado Jesus para ser seu Senhor e seu Salvador, quero incentivá-lo a permanecer firme, pois, “por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar/se mantiver firme até o fim, esse será salvo” – Mateus 24:12-13. Assim, certamente ouvirá o Senhor a dizer: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” – Mateus 25:34.

 

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Não está tudo bem, mas pode ficar!

Não está tudo bem, mas pode ficar!
Não está tudo bem

     “Pois que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?” (Mateus 16:26 – NVI)

          Já faz bastante tempo que tenho observado e refletido sobre muitas situações, comportamentos e atitudes de bastantes cristãos. Isso porque continuamente vemos ou ouvimos coisas que são incoerentes com o exercício da fé professada e, sobretudo, com os ensinos bíblicos.

          Para início de conversa, é importante lembrar que o cristianismo se diferencia de outras religiões por não ser simplesmente um conjunto de regras e rituais. Ao contrário, consiste em um estilo de vida ensinado pela Palavra de Deus e um relacionamento pessoal com o Senhor, cujo maior expoente e modelo é Cristo. Ademais, as Sagradas Escrituras por inteiro devem ser o manual de fé e prática de todo discípulo do Senhor.

          Logo, independentemente de onde ou em que situação estivermos, precisamos agir de acordo com os ensinos bíblicos. Como disse o apóstolo Paulo em sua segunda carta a Timóteo, “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra(3:16-17).  

           Se toda a Escritura é inspirada por Deus, não apenas algumas partes dela, e tem essa finalidade, como cristãos temos que colocar em prática as instruções que ela traz. Caso contrário, iremos na contramão da vontade do Senhor para nossa vida. Consequentemente, estaremos em pecado e deixaremos de desfrutar as bênçãos prometidas por ele, especialmente a salvação eterna. Observe, portanto, a declaração de Tiago em sua epístola: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” – 4:17.

          Para ficar mais claro, vou trazer uns exemplos disso que estou tentando explicar, a fim de que entenda melhor e faça um autoexame (e eu também). E, se verificar que não está tudo bem, você poderá ou deverá rever e corrigir seu modus operandi, isto é, seu modo de operar ou de agir.

          Contudo, preciso enfatizar que meu papel não é o de juiz, mas de porta-voz da Palavra de Deus. Sendo assim, gostaria que você pedisse ao Espírito Santo que desvende seus olhos, para que veja as maravilhas da lei do Senhor, seguindo o exemplo do Salmista (Salmos 119:18). Então, vamos lá?

         – Quando algum servo do Altíssimo mente, sobretudo para obter alguma vantagem, está tudo bem?

         As Escrituras revelam que não. Jesus disse que o diabo (com letra minúscula mesmo, para não dar moral a ele) é o pai da mentira. Também está escrito: “Ficarão do lado de fora [do céu] os cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os idólatras e todos os que amam e praticam a mentira” – Apocalipse 22:15.

         – Quando alguém é idólatra, está tudo bem?

         Não. Há muitos textos bíblicos ensinando que Deus não admite a idolatria. Veja um deles: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” – Êxodo 20:3-5.

         Outro texto no qual o Senhor deixa claro que não aceita a prática da idolatria está em Isaías 42:8: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor, às imagens de escultura”.

         Vale recordar ainda que praticar a idolatria vai muito além de prestar culto a imagens ou a pessoas. Tudo aquilo que é colocado no lugar de Deus se transforma num ídolo. Pode ser a formação acadêmica, o trabalho, o cônjuge, filhos, dinheiro, sexo, o álcool e outras drogas, bens e riquezas, o clube do coração ou o time de futebol, os pets e tantas outras coisas.

         Quanto aos animais de estimação, não existe nenhum mal em tê-los e em cuidar bem deles. Aliás, a Bíblia recomenda que devemos tratar bem os animais. Veja: “O justo cuida bem dos seus animais, mas o coração dos ímpios é cruel” – Provérbios 12:10. O problema está nos excessos. Na zoolatria, isto é, no endeusamento que vemos hoje.

         – Quando alguém pratica a fornicação, comete adultério ou se envolve em qualquer outro tipo de imoralidade sexual, está tudo bem?

          Absolutamente, não. O prazer sexual foi algo criado por Deus e, de fato, é algo maravilhoso; uma dádiva carinhosa do Altíssimo. No entanto, como acontece em relação às demais coisas da vida, o Eterno estabeleceu regras e limites, a fim de que realmente seja uma bênção (para o indivíduo, casal, família, igreja e sociedade), não uma pedra de tropeço, geradora de sofrimento e perdição.

         Portanto, quando uma pessoa não obedece aos mandamentos e ensinos divinos, deixa de estar sob o guarda-chuva protetor do Pai. Como consequência, aquilo que geraria alegria e felicidade se torna uma grande pedra de tropeço, que fere todos aqueles que estão, direta ou indiretamente, ligados ao problema.

         Então vejamos alguns textos que falam sobre esse tão relevante assunto:

         “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” – Mateus 5:27-28.

         “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará” – Hebreus 13:4.

         “Mas, quanto aos tímidos/covardes, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” – Apocalipse 21:8.

          “A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de maneira santa e honrosa, não dominado pela paixão de desejos desenfreados, como os pagãos que desconhecem a Deus” – 1 Tessalonicenses 4:3-5.

          Penso ser importante registrar que um dos motivos pelos quais Deus rejeitou Esaú foi o fato de ele ser fornicador. Observe: “E ninguém seja fornicador ou profano, como Esaú, que, por um manjar, vendeu o seu direito de primogenitura” – Hebreus 12:16. Portanto, todos nós devemos estar atentos à nossa conduta no que tange à área sexual, uma vez que NINGUÉM é forte o suficiente para se permitir ser desafiado com situações relacionadas a sexo.

          Inclusive, enquanto orientava Timóteo, o apóstolo Paulo disse: “Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” – 2 Timóteo 2:22. Nesse caso, então, fugir não é sinal de fraqueza, mas de sabedoria e discernimento espiritual. Fazendo assim, não correremos o risco de ser reprovados e rejeitados pelo Senhor também. Além disso, não faremos outros sofrerem.  

          – Quando alguém mata, pratica qualquer tipo de violência contra seu próximo, age com orgulho, murmura, é ingrato, despreza sua esposa, abandona os filhos à própria sorte ou trapaceia, está tudo bem?

          Evidentemente, não! As Sagradas Escrituras nos mostram que todas as coisas citadas são reprovadas pelo Senhor. E, para tornar mais fácil de entender, o Mestre resumiu quais são os principais mandamentos: “E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” – Marcos 12:29-31.

          Entendo que uma das coisas que Cristo quis ensinar nessa ocasião foi a seguinte: Se cada um de nós amar a Deus de forma verdadeira e intensa e ao nosso próximo como a nós mesmos, jamais aprovaremos o que ele desaprova.

          Além disso, não agiremos de forma arbitrária e injusta para com o nosso semelhante. E, se por um acidente de percurso, pisarmos na bola com o Eterno e/ou com aqueles que são a imagem e semelhança dele, logo reconheceremos nosso erro, arrepender-nos-emos e buscaremos a reconciliação com Deus e com as pessoas que ferimos. Também estaremos vigilantes, para não cometermos as mesmas falhas e erros já cometidos.

          Há, ainda, algo que entendo ser importante e necessário registrar aqui. Hoje, para muitos, inclusive cristãos, a verdade se tornou relativa. Por isso, argumentam assim: “Isso é a sua forma de entender, mas eu entendo ou penso diferente” ou “Isso é pecado para você, porém para mim não é”.

           Também existem aqueles que argumentam: “Essa é a sua verdade, não a minha”. Todavia, em se tratando do cristão, não há a minha verdade ou a sua verdade. Existe apenas a Verdade, que é a Palavra de Deus. Observe o que diz o texto a seguir: “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. […] Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres”.

          Em outra situação, o Mestre declarou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” – João 14:6. Em outras palavras: só existe uma verdade, a qual está revelada e personificada em Cristo. E é ela que deve prevalecer sempre. 

          Outros usam a fala de um líder sem compromisso com a Palavra de Deus como muleta para justificar suas atitudes e comportamentos errados: “O pastor Fulano de tal diz que não tem problema fazer isso”. Outros declaram: “O influencer Fulano de Tal disse que não tem problema nenhum fazer isso porque Deus é amor”. Existem também aqueles que justificam suas práticas e condutas dizendo: “Todo mundo faz” ou ainda “Não tem nada a ver”.

          No entanto, apesar de parecerem bons argumentos ou justificativas, são verdadeiras armadilhas que podem prender e escravizar os incautos, irreverentes ou incrédulos. Afinal, devemos fazer o que é reto e justo aos olhos de Deus, não aos nossos. Também não devemos tomar como verdade inquestionável ou padrão de conduta aquilo que prega a sociedade decaída e degradada na qual estamos inseridos.

          Em diversas passagens bíblicas, vemos as seguintes declarações sobre determinados reis: “E fez o que era reto aos olhos de Deus” ou “E fez o que era mau aos olhos de Deus”. Veja um exemplo disso: “E Asa fez o que era bom e reto aos olhos do Senhor, seu Deus, porque tirou os altares dos deuses estranhos e os altos, e quebrou as estátuas, e cortou os bosques” – 2 Crônicas 14:2-3.  

          Leia ainda a declaração sobre o rei Josias: “Josias fez o que era reto aos olhos do SENHOR, andou em todo o caminho de Davi, seu pai, e não se desviou nem para a direita nem para a esquerda” – 2 Reis 22:2.

         Ezequias também foi outro que tinha o selo de qualidade concedido por Deus: “No terceiro ano do reinado de Oséias, filho de Elá, rei de Israel, Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá, começou a reinar.  Ele tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Abia, filha de Zacarias.  Ele fez o que o Senhor aprova, tal como tinha feito Davi, seu predecessor. Removeu os altares idólatras, quebrou as colunas sagradas e derrubou os postes sagrados. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés havia feito, pois até àquela época os israelitas lhe queimavam incenso. Ela era chamada Neustã.  Ezequias confiava no Senhor, o Deus de Israel. Nunca houve ninguém como ele entre todos os reis de Judá, nem antes nem depois dele. Ele se apegou ao Senhor e não deixou de segui-lo; obedeceu aos mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés” – 2 Reis 18: 1-6.

          Veja que esses homens receberam a aprovação do Eterno e o selo de qualidade das suas ações, atitudes e conduta. Além deles, felizmente há muitos outros que fizeram o que era reto, justo e bom aos olhos do Pai. Agindo com integridade, eles levaram o povo a fazer o mesmo, pois geralmente somos guiados pelo exemplo e guiamos outros, para o bem ou para o mal também.

          Por isso, ao instruir Tito, Paulo recomenda: “Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra incorrupção/integridade, gravidade [seriedade], sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” – Tito 2:7-8.

          Por outro lado, lamentavelmente outros reis, ao passarem pelo teste de qualidade do céu, receberam o carimbo com a seguinte menção: Reprovados pelo Criador. Veja um desses casos: “Acabe, filho de Onri, fez o que era mau aos olhos do SENHOR, mais do que todos os que o precederam. Ele não apenas achou que não tinha importância cometer os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, como também se casou com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e passou a prestar culto a Baal e a adorálo” – 1 Reis 16:25, 30-33.

          Nos exemplos dados, fica muito claro que todos nós devemos estar atentos às nossas atitudes, comportamentos, conceitos e valores. Isso porque o certo é aquilo que o Senhor considera certo. O errado é aquilo que Deus considera errado. Nesse caso, não é a nossa opinião que importa e não somos nós que ditamos as regras, mas o Senhor, que é soberano.

          Portanto, algo não se torna correto porque a maioria ou muitas pessoas fazem. Também não se torna certo porque a mídia, com seus apelos e apeladores, tenta persuadir e incutir na nossa cabeça. Por outro lado, alguma coisa não se torna errada porque a minoria ou poucas pessoas estão fazendo.

          Ao contrário, muitas vezes é sinal de que estamos no caminho certo. Ouça Jesus falando: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” – Mateus 7:13-14.

          Agora, sinto que já posso dizer: Tenho boas notícias para você! Pode até não estar tudo bem no momento, mas pode perfeitamente ficar tudo bem. Como? 

          A Bíblia Sagrada não apenas apresenta nossos problemas, fraquezas, limitações ou pecados. Ela traz o remédio de Deus para todas as coisas. Então, caso estejamos enquadrados naquilo que não é reto, justo nem bom aos olhos do Pai, vejamos o que a Palavra do Eterno tem a nos dizer.

          Comecemos, portanto, pelo texto de Provérbios 28:13: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”.

          Nesse texto, fica evidente que o segredo do nosso sucesso espiritual está em confessar as transgressões ao Senhor, pois isso mostra que houve reconhecimento, arrependimento, humildade e vontade de obedecer ao Senhor.

          Já em 1 João 1:7-10, está escrito: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.  Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós”.

          Que lindo e reconfortante! Não somos perfeitos, mas se formos sinceros, certamente alcançaremos perdão dos pecados e, além disso, o Senhor nos livra do poder do pecado.

          Mike Murdock, grande escritor e palestrante internacional, diz em algumas de suas obras: “Deus não espera que sejamos 100% perfeitos, mas que sejamos 100% sinceros”. Então, havendo essa disposição de mente e de espírito, certamente teremos o discernimento dado pelo Espírito Santo para entendermos o que é bom, reto e justo aos olhos de Deus e o que é mal também aos olhos do Senhor. 

          Assim procedendo, um dia, quem sabe em breve, ouviremos o Senhor Jesus nos dizendo: “Venham, benditos de meu Pai, possuam por herança o Reino que está preparado para vocês desde a fundação do mundo…” – Mateus 25:34. Então, poderemos participar da ceia juntamente com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e estar com ele por toda a eternidade, “porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” – João 3:16. Então, mesmo que não tenhamos ganhado o mundo inteiro, se nossa alma estiver em paz com o Senhor, na realidade ganhamos tudo.  

     Sugestão de música: Se Deus Não Tiver | Fernanda Tomadon

    

 

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Encontro transformador

“E disse-lhe Jesus: Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.” (Lucas 19:9)

A maioria das pessoas tem vontade de ver e estar com quem consideram importante. Em tempos de tecnologia avançada e redes sociais, muitos não apenas querem ver, mas também fazer selfies para postar ou compartilhar com seus amigos. Talvez (apenas talvez) alguns desses indivíduos não estão nem aí para os famosos; apenas querem ostentar e ser admirados.

      Por outro lado, há aqueles que realmente querem conhecer aqueles que admiram e estar com eles, mesmo que seja por alguns instantes. Também existem indivíduos que, além de estarem por um momento com seus influenciadores ou referenciais, desejam ouvi-los e aprender com eles, uma vez que os consideram importantes, sábios e agregadores de coisas relevantes à sua vida.

      Quando olhamos para os Evangelhos, vemos que Jesus sempre estava cercado por uma multidão, a qual almejava ouvir seus ensinamentos ou receber uma bênção. Outros apenas tinham a curiosidade de saber quem era aquele homem que estava agitando cidades e vilarejos com seu jeito diferente de ensinar. Também havia pessoas que queriam vê-lo e ouvi-lo somente para criticá-lo ou pegá-lo em alguma contradição, como era o caso de muitos saduceus e fariseus. 

      Dentre essas pessoas, havia um homem chamado Zaqueu*, cuja história está registrada em Lucas 19:1 ao 10. Quem sabe, você já ouviu a história dele muitas vezes (ou pelo menos uma). Ele era um dos que queriam ver Jesus. No entanto, se você não escutou nada sobre ele ainda, passará a conhecê-lo hoje.

      Já ministrei sobre Zaqueu diversas vezes e escrevei um artigo chamado “Ver ou conhecer Jesus”, o qual também está no blog. Ainda assim, gostaria de refletir uma vez mais a respeito da história desse homem, o qual era chefe dos publicanos cobradores de impostos, mesmo sendo judeu.

      Para começar, gostaria de perguntar a você: Por que, mesmo sendo judeu, esse homem se tornou cobrador de impostos para os romanos, os quais eram opressores de seu povo? E mais: Por que passou a ser o chefe deles? Você já pensou sobre isso ou ouviu alguém fazer suposições a respeito dos motivos dele?

      Às vezes, digo que as pessoas são as mesmas em todos os tempos e lugares. Com isso, quero dizer que apresentam os mesmos defeitos e qualidades, medos, sonhos, ambições e necessidades. Inclusive emocionais e espirituais. Evidentemente, há algumas variações de acordo com a época e a cultura, mas a essência disso tudo é a mesma ou, no mínimo, bastante semelhante.  Por isso, farei algumas conjecturas, ou seja, suposições ou hipóteses sobre as razões dessa decisão.

      Talvez Zaqueu visse que se aliar aos romanos era uma forma de fugir da opressão a que seu povo tinha sido submetido. Assim, ele teria mais liberdade e proteção que seus irmãos judeus. Ou seja: ele gozaria de certos privilégios e regalias que os demais compatriotas não possuíam.

      Quem sabe, ele tinha a ambição de ser rico e poderoso. Então, para conseguir seus objetivos estava disposto a trair seu povo e até sua consciência. Afinal, era preciso fazer toda e qualquer coisa necessária para conquistar o sucesso, a fama, a felicidade; enfim, o prazer da realização de seus sonhos.

      Outra possibilidade é que ele tivesse um enorme vazio interior e pensasse que sua existência não fazia nenhum sentido. Então, para mudar o status quo, isto é, o estado atual em que se encontrava, era necessário fazer algo que desse significado à sua vida vazia e, consequentemente, uma razão para se levantar a cada novo raiar do sol. 

      Também é possível que ele realmente fosse um grande materialista e mau caráter. Por isso, não se importava com seu povo, com seus pais, com sua família, com ninguém. Logo, para enriquecer e ocupar seu espaço na sociedade, deixou seu egoísmo, ganância e seu extremo individualismo falarem mais alto, pensando: “Que sofra nas mãos dos romanos quem quiser sofrer. Eu, porém, vou tirar proveito dessa situação. Como diz o ditado, se me deram um limão vou fazer uma limonada”.

      Há, ainda, a possibilidade de ele ter sido vítima de bullying durante toda sua vida por causa da sua pequena estatura. Então, a única forma de se autoafirmar e impor respeito seria se tornar rico, influente e poderoso. E, para isso, o caminho mais curto era se tornando um cobrador de impostos e, posteriormente, chefe dos cobradores. Ele desejava crescer profissionalmente!

       Evidentemente, são apenas suposições, não afirmações. A única certeza é que ele queria ver quem era Jesus – Lucas 19: 1 ao 3. Desse modo, quando soube que o Mestre estava entrando em Jericó, sua cidade, decidiu ver quem era aquele homem que estava quebrando paradigmas e mudando a história de tantas pessoas. Entretanto, existia um problema: ele era de pequena estatura e havia uma multidão cercando o Mestre – Lucas 19: 3.

      Embora estivesse diante de um grande problema, em vez de desistir ou de tentar passar pelo meio das pessoas, Zaqueu bolou uma estratégia interessante: encontrar um lugar com visão privilegiada, ou seja, sem obstáculos que o atrapalhassem. Então saiu correndo e subiu numa árvore – Lucas 19:4. E, segundo o texto, o Senhor ia passar por aquele lugar. Talvez, fosse o único acesso à cidade.

      Para uma pessoa comum, digamos que era algo normal, ou quase. (Hoje, existem pessoas que também sobem em árvores, casas e lajes para assistir a algum evento.) Contudo, para uma pessoa importante ou alguém que exercia autoridade, correr e subir numa árvore não era adequado na cultura da época e o tornaria uma figura risível, ou melhor, que causa ou que provoca riso; ridícula, grotesca, cômica.

      Provavelmente, ao verem aquela cena, muitos começaram a apontar o dedo e a zombar dele. Todavia, ele não se incomodou com isso. Quebrou o protocolo e foi em busca da realização de seu sonho: ver Jesus. Por certo, existia alguma coisa em seu coração que o impulsionava a fazer o que fez, mesmo parecendo ridículo aos olhos das pessoas.  

      Mal sabia Zaqueu que a partir daquele dia sua vida não seria mais a mesma. Pelo que se lê no texto, a expectativa dele era apenas ver o Senhor. Porém, Cristo tinha muito mais a lhe oferecer. Veja: “E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa” – Lucas 19:5.

      Nesse ponto, cabe uma observação: Muitas vezes, nossas expectativas em relação ao Senhor são muito pequenas e se resumem a coisas terrenas e materiais ou a um conhecimento teórico, distante da experiência pessoal com o Senhor. Contudo, ele sempre tem algo maior e mais profundo do que pensamos ou pedimos. Observe: “Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós…” – Efésios 3:20. 

      Com esse homem não foi diferente. Por certo, ele não imaginava que Jesus ia dar-lhe uma atenção especial. Afinal, o Mestre estava cercado por uma multidão e era uma pessoa muito ocupada. Ademais, Zaqueu era um traidor do povo judeu. Entretanto, Cristo sempre para diante de um coração disposto a conhecê-lo e ouvi-lo. E foi o que aconteceu. Como diz o salmista: “… a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” – Salmos 51:17.

      O Senhor parou, olhou para cima e lhe falou: “Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa” – Lucas 19:5. O Mestre não riu dele nem reprovou sua atitude. Não questionou por que fizera aquilo. Apenas o acolheu por saber que aquele homem passara por cima de sua posição social e de seu orgulho próprio porque havia uma sede e uma fome em seu interior as quais precisavam ser saciadas urgentemente. Por isso, disse: “… desce depressa”.  

      Mas não parou aí. Ele também declarou: “… porque, hoje, me convém pousar em tua casa”. Ao dizer “porque”, o Senhor mostra que havia uma razão muito especial para a pressa. O Senhor queria dar algo muito maior do que aquele homem imaginara ou imaginava, por saber que por traz daquela máscara existia uma pessoa como outra qualquer, isto é, com medos, sonhos, carências, dúvidas, fraquezas, incompletude. Enfim, com um vazio interior imenso, com necessidade de salvação e ressignificação da sua existência.

      As palavras de Jesus certamente calaram profundamente no coração de Zaqueu. E, naquele momento, ele entendeu que de fato estava diante do Messias. Por esse motivo, desceu depressa e recebeu gostoso o Senhor. Na Nova Versão internacional, diz que ele o recebeu com júbilo – Lucas 19:6. Isso pode significar que esse homem abraçou Cristo fortemente e pulou de tenta alegria (Talvez tenha até dançado.).

      Sem dúvida, Zaqueu era odiado por muitos dos seus irmãos judeus, discriminado e acusado de traição. E, dentro daquele contexto, isso era justo. Todavia, tais pessoas não compreendiam que elas também não eram perfeitas e tinham basicamente as mesmas necessidades, sobretudo a de libertação mental, espiritual e de salvação da sua alma. (Só para deixar registrado: Todos nós temos também.)

      Quando seus compatriotas viram e ouviram Jesus dizendo que ia pousar na casa daquele traidor, criticaram o Senhor – Lucas 19:7. É sempre assim. Todos nós temos dificuldade de compreender e aceitar que pessoas consideradas más ou grandes pecadoras tenham as mesmas oportunidades e a atenção de Deus que as boas têm. Isso, infelizmente, é natural. É humano.

      Não quero, porém, que você entenda ou suponha que Jesus aceita tudo o que fazemos. Jamais. O Senhor aceita todas as pessoas, mas lhes diz o mesmo que falou à mulher que fora pega em adultério e levada a ele: “Agora vá e abandone sua vida de pecado” – João 8:11. E o que é pecado? Tudo aquilo que o Senhor diz que é. Basta lermos as Escrituras com humildade e temor reverente que entenderemos perfeitamente.

      Portanto, se Zaqueu fazia coisas erradas, não há dúvida de que Jesus ordenou que ele abandonasse o pecado e vivesse retamente diante de Deus. Isso também se aplica a cada um de nós, pois, da mesma maneira, precisamos fazer aquilo que é justo e reto aos olhos de Deus, como fizeram muitos reis e outros servos de Deus. Por exemplo: Enoque (Gênesis 5:22,24), Noé (Gênesis 6:8,9), Jó (Jó 1º:1), Simeão e Ana (Lucas 2:25 ao 38).

      O rei Ezequias foi mais um exemplo disso: “E assim fez Ezequias em todo o Judá; e fez o que era bom, e reto, e verdadeiro perante o Senhor, seu Deus. E em toda obra que começou no serviço da Casa de Deus, e na lei, e nos mandamentos, para buscar a seu Deus, com todo o seu coração o fez e prosperou” – 2 Crônicas 31:20,21.   

      Além do que já foi dito, Cristo demonstrou que queria ter comunhão com Zaqueu. Afinal, pousar na casa de alguém requer confiança e amizade de quem vai hospedar e do hóspede. Principalmente do anfitrião. Mas ia muito além de comer uma refeição e de uma simples noite de sono. Havia um propósito nobre da parte do Senhor.

      E qual era? Levar salvação àquela família. Não era apenas a esse homem. O Cristo de Deus desejava salvar todos os presentes naquela casa. Leia: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” – Lucas 19:9,10.  

      No versículo 8, lemos o seguinte: “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens…”.

     Observe que o encontro de Zaqueu com Cristo foi tão impactante que esse homem teve seu coração transformado e preenchido imediatamente. Aquele vazio não existia mais. Logo, os bens materiais já não eram seu ídolo. Ele encontrara alguém (Jesus) e algo (paz de espírito e sentido para sua vida) que eram muito mais valiosos que status, dinheiro e poder.  Por isso, o desejo de ter foi substituído pelo de socorrer os necessitados.

       Além disso, Zaqueu fez outra declaração publicamente: “… e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado”. Note que o texto não diz que ele de fato havia defraudado, ou melhor, desapossado (alguém) de (algo) com dolo; espoliado, fraudado. Ao falar “se”, ele está fazendo somente uma suposição ou falando de possibilidade, não de certeza da existência de uma ação desonesta.

       Ainda que muitos cobradores de impostos fossem desonestos, não se pode afirmar que todos eram. Em qualquer profissão ou ocupação, há pessoas íntegras e outras, desonestas. Portanto, é injusto e temerário afirmar que ele tinha usado da sua posição para enriquecer ilicitamente às custas das pessoas.  

      Como seu encontro com o Senhor foi tão impactante e sua mudança ou conversão autêntica, Zaqueu não queria que ficasse nenhuma nódoa ou mancha que servisse de munição para aqueles que o odiavam e não criam em sua transformação, nem que o maligno tivesse algo do qual acusá-lo diante de Deus.

      Também não queria que houvesse nada que atrapalhasse sua comunhão com Cristo. Assim, pode-se dizer que esse homem entendera a seguinte mensagem: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” – 2 Coríntios 5:17.

      Pelo texto acima, entendemos que se realmente entregamos nossa vida a Cristo para que ele seja nosso Senhor e Salvador, é preciso abandonar as práticas anteriores que estavam erradas aos olhos de Deus. Isso significa a ocorrência de mudanças substanciais não apenas em nossa forma de crer, mas também de viver.

      Caso alguém diga que entregou sua vida ao Senhor, mas continua com os mesmos hábitos e práticas contrários aos ensinamentos bíblicos, é necessário e urgente que faça uma autoavaliação, tomando como referência os ensinos das Escrituras Sagradas. Só assim sua conversão será genuína e autenticada pelo Senhor. Veja: “Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou” – 1 João 2:6.  

      Há ainda outras coisas que considero importantes destacar. Uma delas é que o propósito da vinda de Jesus foi trazer salvação às famílias. Se ele disse: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.”, entende-se que existe necessidade de salvação. Logo, não podemos ignorar essa declaração do Senhor.

      Evidentemente, a salvação é individual: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” – Ezequiel 18:20.

      Cada um responde por si mesmo diante de Deus: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” – 2 Coríntios 5:10. Entretanto, a família sempre esteve no coração do Senhor e foi por essa razão ele a instituiu. Portanto, certamente, ele anseia por receber no céu cada uma delas, dizendo: “Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” – Mateus 25:34.   

      Além disso, preciso mencionar que muitas pessoas também tentam preencher o vazio que há em seu coração com bens materiais, fama, sucesso, aplausos, formação acadêmica; por isso, estudam o tempo todo. Tais indivíduos terminam um curso e imediatamente começam outro (Estudar é muito bom, mas, infelizmente, jamais preencherão com diplomas o espaço de seu coração que tem o formato de Deus.).

      Há pessoas que tentam preencher seu coração com relacionamentos diversos ou com relações sexuais com muitos parceiros ou parceiras. Mas, como já ouvi muitos declararem, após ato sexual sentiam nojo da pessoa com quem se relacionaram e de si mesmas.

      Para piorar, o vazio em seu interior se tornava cada vez maior. Então buscavam satisfação em outras coisas, tais como: viagens, drogas lícitas e ilícitas, baladas comuns ou raves, aquisição de bens, roupas e calçados de marca. E nada. Porém, quando humildemente entregaram sua vida ao Senhor, passaram a ter paz de espírito e satisfação de tal maneira que não mais precisavam daquilo que viviam ou consumiam antes. Além do mais, sua existência passou ter sentido e propósito.   

      Também não posso deixar de destacar que, independentemente de quão pecador alguém seja, existe esperança, pois Cristo falou: “… o Filho do Homem {Jesus} veio buscar e salvar o que se havia perdido”. E mais: “… eu {Jesus} não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento – Mateus 9:13. Note que ele não disse que veio para aqueles que se consideram bons, mas para quem é pecador e está perdido. (Isso inclui eu e você!)

      Infelizmente, tenho que dizer que todos nós nos encaixamos nesta categoria: a dos pecadores e perdidos, porque “na verdade não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque – Eclesiastes 6:20. Mesmo aqueles que mencionei anteriormente (Enoque, Noé, Jó, Simeão e Ana não eram perfeitos). Somente Cristo nunca pecou, conforme afirmam as Escrituras – Hebreus 4:15.

      Paulo, o apóstolo, arremata, declarando: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” – Romanos 3:23 – e “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” – Romanos 6:23. Então NINGUÉM pode se julgar perfeito, inerrante ou infalível. Logo, todos nós precisamos de Cristo, do perdão divino e de salvação.   

      Portanto, ainda que eu não saiba o que está acontecendo com você neste momento, de uma coisa tenho certeza: O Senhor se importa com você e foi justamente por esse motivo e por VOCÊ que ele veio ao mundo, anunciou as boas-novas de salvação, morreu e ressuscitou. Ele quer dar a você paz interior e paz com Deus. Também quer dar sentido e propósito à sua existência. Então: Se hoje você ouvir a voz do Senhor (ou se ouviu através deste artigo), não endureça o seu coração – Hebreus 4:7. Faça como Zaqueu: receba a Jesus gostoso, ou seja, com júbilo. Certamente, esse encontro também será transformador.  

Para ouvir e orar:

Faz um milagre em mim – Regis Danese
 

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Senhor, salva-me!

    “Mas, quando [Pedro] reparou no vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” (Mateus 14:30)      

    Criticar Pedro seria muito fácil. Mas andar sobre as águas como ele andou seria muito difícil. Por acaso, você já ouviu falar de outra pessoa, além dele e de Jesus, que fez isso sem nenhum tipo de apoio?

     Considero essa história bíblica uma das mais enriquecedoras e impressionantes. Ela está registrada em Mateus 14:22 ao 36 e ocorreu logo após a morte do profeta João Batista.

     Depois de ser informado desse fato, Jesus foi para um lugar deserto, pois queria ficar a sós. No entanto, descobriram para onde ele tinha ido e uma grande multidão foi aonde o Mestre estava. Aliás, sempre havia muitas pessoas nos lugares em que o Senhor se encontrava.

     Foi nesse dia que Cristo fez a primeira multiplicação de pães. Nessa ocasião, com apenas cinco pães e dois peixes, ele alimentou quase cinco mil homens, fora as mulheres e as crianças ali presentes – Mateus 14:13 ao 21. Em seguida, o Senhor ordenou a seus discípulos que entrassem no barco e fossem para a outra banda, onde ficava Genesaré – Mateus 14:22, 34.

     Quando terminou de despedir a multidão, o Mestre subiu ao monte para orar, como era seu costume – v 23. Ele sempre tirava um tempo especial para conversar com o Pai.

     Certamente, nesses momentos, Jesus compartilhava com Deus tudo que havia feito para ensinar e abençoar o povo. Não que o Pai não soubesse (ele é onisciente), mas por ter prazer em dividir suas alegrias e tristezas com ele.

    Enquanto isso, o barco dos discípulos estava no meio do mar, sendo açoitado pelas ondas, uma vez que o vento era contrário – v 24. Para aqueles homens experientes, os quais viviam pescando naquele ambiente, tempestades não eram novidade. Todavia, parece-me que, apesar da experiência deles, não estavam conseguindo avançar rumo à Genesaré.

     Como diz o ditado, “O que está ruim, pode piorar”. E piorou porque Jesus não estava com eles. Desse modo, o desfecho da história poderia ter sido trágico. Afinal, sabemos que, mesmo hoje, como embarcações gigantescas e com a existência sofisticados sistemas e instrumentos de navegação, ainda acontecem naufrágios. Imaginem, então, naquela época! Esses homens tinham apenas remos, velas, a cara e a coragem, como se diz popularmente.

     Por não estar escrito na Bíblia, não posso afirmar. Porém, pelo contexto, entendo que os discípulos ficaram meio perdidos, visto que ninguém consegue resistir à força de um mar revolto. Penso que muitos deles já tinham sido tomados pelo medo de morrer. Entretanto, felizmente, isso não aconteceu, pois, às três horas da manhã, o Senhor foi até eles andando por cima das águas – v 25.

     O que ocorre a seguir chega a ser meio cômico. Dadas as circunstâncias e, possivelmente, por algumas crenças que tinham, supuseram que estavam vendo fantasma e começaram a gritar – v 26. Imagine a cena! Um monte de homem barbado gritando de medo! Não é mesmo algo risível?

     Mas, a partir desse momento, a história começou a mudar. Cristo, imediatamente, lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenham medo” – v 27. Então, Pedro, sempre ele, falou: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas” – v 28. Que coragem! Que fé! Pero no mucho, ou seja, mas não muito.

     A seguir, Jesus lhe falou: “Venha”. E Pedro realmente foi – v 29. Contudo, quando sentiu o vento forte, teve medo e começou a afundar – v 30. Nesse ponto, talvez a maioria de nós se atreva a declarar que ele foi um fraco. Talvez, estúpido. Mas… Será mesmo?

     Entendo que ele não foi um fraco, como possamos pensar a princípio. Porém, mesmo que tenha sido, isso definitivamente não é mais importante nesse episódio. Aqui, o que importa de verdade são alguns ensinamentos que podemos e devemos aprender e praticar. Então, vamos lá!

  • Quanto ao que fez Jesus, aprendemos que também precisamos reservar periodicamente um tempo para conversar com Deus. O Senhor sempre fazia isso. Assim, tinha comunhão com o Pai e se fortalecia espiritualmente.
  • O Senhor permitiu que os discípulos passassem por aquela adversidade, para que amadurecessem espiritual e emocionalmente. Além disso, percebe-se com clareza que não era o objetivo do Mestre deixá-los perecer, mas lhes ensinar algo que os ajudaria a conhecê-lo melhor. Além disso,  conheceriam a si mesmos e suas limitações.
  • Também quis mostrar que, por mais experientes, habilidosos e/ou inteligentes que sejamos, não somos autossuficientes. Ao contrário, sempre precisamos da intervenção do Senhor para nos ajudar a vencer os desafios e as adversidades que surgem ao longo da nossa trajetória aqui na terra.  

     Embora hoje muitos ensinem que devemos falar repetidamente para nós mesmos “eu posso” ou “eu consigo” (a Teologia do Coaching), Jesus continua declarando a quem tem ouvidos para ouvir: “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma – João 15:7.

  • Outra lição que podemos aprender é que sempre haverá “ventos contrários”. Ninguém passa pela vida em total calmaria. Sempre há desafios e dificuldades a serem superadas, mas não estamos sozinhos. Veja o que Jesus declarou: “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” – João 16:33.
  •  Precisamos tomar cuidado com nossas crenças equivocadas. Aqueles homens não conseguiram reconhecer Jesus. Pensaram ser um fantasma que se aproximava deles. E isso os deixou em pânico, impedindo-os enxergar o Salvador e a salvação que acabaram de chegar.

Hoje também as dificuldades que se nos apresentam podem se tornar insuportáveis, se nossa religiosidade ou incredulidade nos impedirem compreender que o Senhor ainda acalma tempestades, pois ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente – Hebreus 13:8. 

  • Jesus se apresentou a eles, dizendo: “Coragem! Sou eu. Não tenham medo”. Ele ainda continua se apresentando a nós. De que maneira? Através dos registros das Escrituras Sagradas, mas também gerando uma grande paz interior, mesmo em meio ao caos exterior. Em alguns momentos, o Senhor usa pessoas e eventos para dizê-lo. E, em algumas situações, ele realmente fala de maneira audível.

     Veja o que diz o Senhor em Isaías 41:10: “Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa”.

  • Pedro teve a coragem de atender ao convite de Cristo, andou um pouco sobre as águas, mas depois sua fé vacilou. Por esse motivo, começou a afundar. Contudo, o Senhor não o deixou perecer. Antes, estendeu-lhe a mão e o salvou.

Conosco não é diferente. Muitas vezes, temos a ousadia de começar a fazer algo ou de crer em um milagre. No entanto, quando surgem as ondas desse imenso mar revolto (que é o mundo), fraquejamos e nossa fé foge de nós. Mas tenho uma boa notícia para você: o Senhor Jesus continua estendendo sua mão para nos sustentar e salvar em situações assim. Portanto, não se desespere, nem se desanime. Continue crendo, a despeito do que está vendo, sentindo, ouvindo ou de experiências negativas do passado.

  • Vendo-se numa situação em que sua força, capacidade e experiência eram insuficientes, ou mesmo nulas, Pedro fez uma sábia oração, usando apenas três palavras: “Senhor, salva-me!”.

Veja que ele não ficou enrolando, nem demonstrando todo o seu conhecimento teológico ou religioso. Também não teve receio de pedir ajuda. Naquele momento, não lhe importava o que os demais discípulos pensariam dele. Ao contrário, foi sincero e objetivo. E o socorro veio imediatamente.

Há momentos assim em nossa vida. Neles, não existe tempo para ficarmos planejando uma oração bonita para impressionar Deus (Como se isso fosse possível!), nem para preconceitos ou para demonstração de profundo conhecimento teológico, bíblico ou religioso. Só precisamos agir com sinceridade e objetividade para com o Senhor, que ele estenderá sua mão e nos salvará.

A palavra salvação, que se origina do latim salvare, pode ser tanto aplicada ao bem-estar físico quanto espiritual. Também tem origem na palavra grega soteria, a qual pode ser empregada com o sentido de cura, recuperação, redenção, remédio e resgate. Já no hebraico essa palavra envolve a ideia de segurança.

Assim, podemos ver que seu emprego engloba todas as áreas da nossa vida. No caso de Pedro, era necessário um tipo de salvação. No seu e no meu, pode ser outro. Mas isso tem pouca importância. O que de fato é relevante é que no Senhor há salvação para todos nós.   

  • Conforme vemos no versículo 32, logo que subiram no barco, o vento cessou. Isso aconteceu porque, a partir daquele momento, Jesus estava presente e no controle. Afinal, ele tem poder sobre tudo, inclusive sobre os elementos da natureza.

Conosco ocorre algo semelhante. Quando clamamos ao Senhor, ele nos estende a mão, entra no nosso barco e traz a calmaria, a paz e a segurança das quais tanto necessitamos, especialmente em dias tão conturbados como os atuais.

Cristo ainda continua chamando: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” – Mateus 11:28-30.  

Sendo assim, se ouvirmos a sua voz e atendermos ao seu chamado, não há dúvida de que haverá salvação plena para cada um de nós.

  • Depois de terem presenciado esse tão grande salvamento, os discípulos se aproximaram do Senhor, adoraram-no, declarando: “Verdadeiramente tu és o Filho de Deus” – Mateus 14:33.

Observe que existem três coisas importantes a serem destacadas aqui:

  1. Aproximaram-se do Senhor. Com eles, isso aconteceu de forma literal, ou seja, achegaram-se fisicamente a ele. Você e eu também não apenas podemos, mas devemos achegar-nos espiritualmente ao Senhor.

     Muitos, lamentavelmente, estão fazendo o contrário, ou melhor, afastando-se cada vez mais dele. Todavia, você pode agir de modo diferente e fazer o correto: aproximar-se.

2. Eles o adoraram. Um autêntico judeu jamais adoraria um ser ao qual não reconhecesse como sendo o Deus verdadeiro. Desde pequenos, ouviam e memorizavam o seguinte texto: “Ouve, ó Israel; o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. Amarás, pois, ao SENHOR teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos; e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas” – Deuteronômio 6:4-9.

Desse modo, ao prestarem adoração a Jesus, estavam afirmando explicitamente que o reconheciam como Deus. Isso também é algo que precisamos fazer. Caso contrário, não teremos direito à salvação eterna: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” – João 17:3.

3. Os discípulos disseram: “Verdadeiramente tu és o Filho de Deus”. Note que eles não apenas o reconheceram como o Filho de Deus, mas verbalizaram. Nós Também precisamos fazer essa declaração pública da nossa crença e fé, pois “Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação. Como diz a Escritura: Todo o que nele confia jamais será envergonhado” – Romanos 10:9-11.

Agora, só me resta dizer que, independentemente do problema pelo qual está passando, você pode fazer como Pedro, isto é, orar, dizendo: “Senhor, salva-me!”. Muitos talvez o tenham criticado por agir por impulso e depois fracassar. Quem sabe, você também tenha agido impensadamente e falhado. Mas, se clamar por socorro, certamente o Senhor lhe estenderá a mão e o levará em paz e segurança para o seu barco.   

Prof. Marcos Araújo

     Sugestão de música: Salva-me – Cynthia Nascimento

     Link: https://www.youtube.com/watch?v=NvbCSgfH7sY

 

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Mal transformado em bem

“Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos. (Gênesis 50:20)       

     Certamente todos nós já fomos vítimas de alguma injustiça ou, pelo menos, nos consideramos injustiçados por alguém. Afinal, as relações humanas são muito complexas e, às vezes, mesmo que uma pessoa não perceba, age de maneira injusta ou algo que fez, até inconscientemente, é interpretado como um ato injusto, causando muito sofrimento à vítima.

     Para piorar, quando a injustiça é praticada por alguém muito próximo e, principalmente por uma pessoa a quem amamos, a dor se torna muito maior. Como resultado, muitos adoecem gravemente por não suportarem esse terrível fardo. Outros passam a planejar uma maneira de se vingar. Tais pessoas consideram que pagando o mal com outro mal se sentirão melhor. Mas seria realmente a melhor forma ou a que o Senhor ensina a fazer?

     Quando olhamos para as Escrituras Sagradas, encontramos diversas histórias de pessoas que foram vítimas de algumas injustiças e traições. Em especial, Jesus. Embora nunca tenha praticado o mal contra ninguém, muitos agiram de forma completamente injusta para com ele, mesmo tendo recebido dele apenas o bem. No entanto, hoje, quero tomar como referência uma das histórias mais enriquecedoras: a de José, filho de Jacó (ou Israel), a qual está registrada em Gênesis, do capítulo 35 ao 50.

    José era o penúltimo filho. Os irmãos dele o consideravam o “queridinho do papai”. Para piorar, o pai o mandava ir aonde os demais filhos pastoreavam os rebanhos e trazer um relatório do que estava acontecendo nos campos. Obviamente, os outros o consideravam um fofoqueiro. Além disso, passou a ter uns sonhos um tanto esquisitos, os quais levaram seus irmãos a entender que José governaria sobre eles, e isso os deixou ainda mais furiosos. Mas a gota d’água foi o fato de o pai deles dar uma túnica colorida para esse jovem, indicando que ele seria o líder. Isso os fez sentir inveja e tomar a decisão de se livrarem daquele peso – Gênesis 37: 1 ao 24.

     Primeiramente, queriam matá-lo – vv 18 – 20. Quando Rúben, o primogênito soube, interveio e não os deixou tirar a vida do irmão. Porém, lançaram-no num poço. Mais tarde, quando passou uma caravana de comerciantes ismaelitas, Judá sugeriu que vendessem José, mesmo sem o consentimento do primogênito, o qual era naturalmente o líder deles. E foi isso que aconteceu. O jovem foi vendido e levado para o Egito – v 25 ao 31. Posteriormente, contaram ao pai aquela história de que uma fera o havia devorado. Essa foi a primeira grande injustiça sofrida pelo moço.

     No capítulo 39, lemos o relato de que José foi vendido como escravo a Potifar, o capitão da guarda do faraó. Lá, Deus o fez prosperar grandemente: “E o Senhor estava com José, e foi varão próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio” – Gênesis 39:2.

     Ao perceber que José era uma pessoa diferenciada e abençoada, Potifar o colocou como administrador de todas as coisas em sua casa. E, em consequência disso, veja o que ocorreu: “E aconteceu que, desde que o pusera sobre a sua casa e sobre tudo o que tinha, o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo” – Gênesis 39:3 ao 6.

    Por ser um jovem atraente e de boa aparência, a mulher do patrão começou a cobiçá-lo e desejava se relacionar sexualmente com ele. Contudo, José lhe respondeu dessa forma: “Eis que o meu senhor não sabe do que há em casa comigo e entregou em minha mão tudo o que tem. Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus?” – Gênesis 39:8,9.

    A mulher, porém, estava decidida convencê-lo. Como o rapaz se recusava a trair Potifar, e sobretudo ao Senhor, ela inventou a história de que José tinha tentado forçá-la a se relacionar com ele. Isso fatalmente o levou à prisão. Afinal, o que supostamente ele fizera era gravíssimo – Gênesis 39:10 ao 20. Assim se torna vítima de mais uma enorme injustiça.   

     Paremos um pouco aqui. Responda-me com sinceridade: Esse jovem não tinha motivos mais do que suficientes para se revoltar contra Deus e as pessoas que lhe provocaram tanto sofrimento? Já que ele estava longe de casa e tendo a possibilidade de se dar bem até com a mulher do “chefe”, a qual devia ser bonita e atraente, por que não o fez? Para a maioria das pessoas de hoje, certamente esse jovem era um grande tolo. Mas… Será que era mesmo?

     Na sequência, mais uma vez encontramos algo maravilhoso: O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor. E o carcereiro-mor entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do cárcere; e ele fazia tudo o que se fazia ali. E o carcereiro-mor não teve cuidado de nenhuma coisa que estava na mão dele, porquanto o Senhor estava com ele; e tudo o que ele fazia o Senhor prosperava – Gênesis 39:21-23.  

    No capítulo 40, encontramos o relato de que o padeiro e o copeiro do rei cometeram um “deslize” e foram parar no cárcere. Lá, cada um deles teve um sonho e o contaram para José, o qual lhes deu a interpretação. E aconteceu exatamente como fora dito. Então, José fez um pedido ao copeiro: “Porém lembra-te de mim, quando te for bem; e rogo-te que uses comigo de compaixão, e que faças menção de mim a Faraó, e faze-me sair desta casa; porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e tampouco aqui nada tenho feito, para que me pusessem nesta cova” – Gênesis 40:14,15. No entanto, o copeiro se esqueceu da promessa feita ao intérprete de seu sonho – Gênesis 40: 23. Então, mais uma injustiça foi anotada na lista.

    Segundo vemos no capítulo 41 que, passados dois anos do sonho do copeiro, o faraó teve uns sonhos estranhos, aos quais nenhum dos adivinhadores e sábios do Egito soube dar a interpretação. Nesse momento, o copeiro se lembrou de José, da promessa que lhe fizera e contou para o faraó o acontecido na prisão – Gênesis 41: 9 ao 13.

     Após esse relato, o monarca ordenou que trouxessem José. Então, contou-lhe tudo o que sonhara e ouviu a explicação sobre o significado do sonho. Mas, além da interpretação dada, houve também a sugestão de como o governante deveria agir a partir daquele momento – Gênesis 41:14 ao 37. Nesse dia, começou a mudança radical na vida desse jovem tão fiel a Deus e às pessoas em seu entorno.

     Conforme lemos nos versículos de 38 a 47, José foi nomeado a governador de todo o Egito, sendo menor em poder e autoridade apenas em relação ao faraó. Tudo estava nas mãos desse homem honrado, agora com trinta anos de idade.

     Com a autoridade dada pelo rei, José começou a colocar o plano indicado por Deus em ação. E tudo foi acontecendo como já era de se esperar, pois o Senhor o fez prosperar nesse negócio também – Gênesis 41: 48 ao 57. Mas o melhor da restituição de Deus ainda estava por vir. E veio.

    No capítulo 42, passamos a saber que a fome também chegara à terra de Canaã e, consequentemente, à casa de Israel/Jacó, pai de José. Por isso, quando souberam que no Egito havia alimento para comprar, seus irmãos receberam autorização de Israel para irem até lá adquirir mantimentos. E foram.

     Tempos depois, acabando a comida, seus irmãos precisaram ir novamente ao Egito. Lá, José se revela a eles e recebe autorização do faraó para toda a família morar naquele lugar. Aliás, receberam tudo o que era bom e necessário para viverem naquele país. E assim aconteceu.

     No entanto, passados vários anos, o pai deles morreu. Como seus irmãos ainda tinham a consciência pesada pelo mal que fizeram, ficaram muito temerosos, supondo que José ia se vingar de todos eles: “Vendo, então, os irmãos de José que o seu pai já estava morto, disseram: Porventura, nos aborrecerá José e nos pagará certamente todo o mal que lhe fizemos” – Gênesis 50:15.  

    Em consequência desse medo, enviaram representantes para falar com José: “Portanto, enviaram a José, dizendo: Teu pai mandou, antes da sua morte, dizendo: Assim direis a José: Perdoa, rogo-te, a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam” – Gênesis 50:16,17.   

    Depois desse episódio, eles mesmos foram ter com o irmão, prostraram-se diante dele e disseram: “Eis-nos aqui por teus servos” – Gênesis 50:18. Certamente, estavam reconhecendo não apenas seus erros do passado, mas também o poder e autoridade de José sobre eles. Isso os deixava amedrontados e sentindo-se reféns daquela situação. Assim, supunham que seriam punidos pela injustiça cometida há tantos anos. E, pelo que declararam, estavam dispostos a aceitar a posição de servos.

     Para dizer a verdade, analisando a situação do ponto de vista humano, José tinha todo o direito de se vingar de seus irmãos e de transformá-los em seus escravos. Afinal, eles o prejudicaram severamente. Quantas coisas ele deixou de viver junto com o pai, o irmão mais novo, amigos e, talvez, com uma namorada! Quanto sofrimento físico e emocional!… Quem sabe, poderia ter se casado, gerado filhos, sido feliz…

    Mas agora o jogo mudara. Estavam no território governado justamente por quem havia sofrido tantas injustiças da parte deles. Portanto, seria mais do que compreensível se o coração desse homem estivesse cheio de ódio, mágoa, ressentimentos, traumas e revoltas a ponto de culminar com uma punição à altura de sua dor. Porém, não foi o que aconteceu.

     Não?! Não! Veja o que José lhes disse: “Não temais; porque, porventura, estou eu em lugar de Deus? Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande. Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos meninos. Assim, os consolou e falou segundo o coração deles” – Gênesis 50:19-21.

     Agora chegamos à parte mais importante dessa história. Sendo assim, gostaria que você estivesse atento a cada palavra a seguir:

  • Por que Deus estava com esse jovem e o fazia prosperar em tudo que ele realizava lá no Egito, conforme lemos em algumas passagens bíblicas?

“E o Senhor estava com José, e foi varão próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio.” (Gênesis 39:2)

“O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor.” (Gênesis 39:21)

Entendo que o Senhor o fez prosperar porque, apesar de ter sofrido tantas injustiças, ele, como Jó – Jó 1:22, não pecou nem atribuiu falta/culpa alguma a Deus. Muitas pessoas, mesmo que indireta ou inconscientemente, culpam o Senhor pelas injustiças ou desgraças que lhes sobrevêm. Por isso, se revoltam e viram as costas para ele.

Ademais, mesmo distante da casa de seu pai e estando no meio de um povo com costumes e valores diferentes dos seus, esse jovem manteve sua fé, integridade, dignidade e fidelidade ao Senhor.

Em tese, para ele teria sido muito mais fácil aceitar a proposta da mulher de Potifar. Certamente, isso lhe traria alguns benefícios, regalias e prazer. Sem contar que sua família jamais ficaria sabendo. No entanto, veja a declaração dele: “Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus? – Gênesis 39:9.

Infelizmente, é muito comum vermos pessoas que de fato foram vítimas de injustiças e traição ou que se sentem prejudicadas se vingarem fazendo o mesmo ou algo semelhante.

Por exemplo: Quando um cônjuge é traído e faz o mesmo, não está revelando somente a deformidade de caráter do outro, mas do seu próprio. Dessa maneira, abrem mão de seus valores e compromisso com Deus e pecam também. Será que agindo assim são, aos olhos de Deus, diferentes dos outros?

Tais pessoas se esquecem de que seu caráter não é e não pode ser formado a partir do caráter de outros, mas do caráter de Cristo, pois o autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:2) e o exemplo a ser seguido é ele, não seus semelhantes – João 13:15. Em outras palavras: José não usou como pretexto ou justificativa o pecado dos que o prejudicaram para pecar também.

  • Outra razão é que esse moço não permitiu que o ódio e outros sentimentos ruins tomassem conta de seu coração. Isso fica claro em suas conversas com seus irmãos, quando diz: “Não temais; porque, porventura, estou eu em lugar de Deus?” – Gênesis 50:19.

Evidentemente, se ele fosse movido por sentimentos ruins, jamais diria essa frase. Ao contrário, teria aproveitado a oportunidade para jogar na cara os erros dos irmãos e vingar-se da melhor maneira que conseguisse.

José entendeu o que muitos de nós não entendem: “Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor. (…) Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” – Romanos 12:19, 21.

A justiça humana é sempre imperfeita e parcial, pois somos limitados e não conseguimos ir além daquilo que está diante dos nossos olhos. Mas a de Deus é perfeita e imparcial. Logo, nada melhor do que entregar nossas questões nas mãos dele, pois ele pelejará por nós, e nós nos calaremos – Êxodo 14:14.

  • Outra coisa importantíssima está registrada em Gênesis 50:20: “Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande” – Gênesis 50:20.

     Ao dizer isso, ele nos traz algumas revelações muito relevantes: não era aquela forma que Deus ia usar para garantir a sobrevivência e a continuidade de seu povo. Ele sempre tem um plano muitíssimo melhor para seus filhos: “Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que esperais” – Jeremias 29:11.

     Além disso, vemos a clareza de entendimento de José ao dizer que seus irmãos realmente haviam intentado o mal contra ele, mas que o Senhor tinha transformado o mal em bem. Ele não agiu com hipocrisia. Também entendeu por que o Deus fizera essa transformação.

     Quando estamos no olho do furacão, geralmente não conseguimos enxergar com essa clareza. Ao contrário, vemos apenas a tragédia. Entretanto, penso que hoje Deus também age assim. Até podem planejar o mal contra nós e, a princípio, parece-nos que atingiram seu objetivo. Mas, se tivermos a ajuda do Espírito Santo, certamente teremos condições de ver a ação do Senhor em nosso benefício.

     Talvez, você esteja pensando: “Ele está falando isso por não conhecer a minha história nem a minha dor”. Isso é verdade. Todavia, ainda que eu as conhecesse, provavelmente não faria muita diferença. O que importa de fato é que o Senhor sabe tudo a seu respeito. E, apesar de serem histórias, épocas, culturas e motivações diferentes, o princípio da ação de Deus continua sendo o mesmo: cuidar de seus filhos – Mateus 7:7 ao 11.

    O que quero dizer é que, independentemente do que lhe aconteceu, o Senhor pode mudar por completo o rumo da sua história, como fez com José. Quando tudo indicava que ele ficaria por um longo tempo na prisão, Deus deu sonhos ao faraó, o que gerou a oportunidade perfeita para honrar seu filho. Hoje, ele pode fazer algo semelhante com você.

     Há ainda outro motivo pelo qual Deus fez com que José fosse bem-sucedido em tudo o que fazia, embora não pareça aos olhos humanos, e o tornou governador. Estou me referindo à sua capacidade de perdoar. (Isso está totalmente ligado ao que já foi dito.) Como vimos, com a morte de Jacó, os irmãos pensaram que iam ser punidos. Mas foram perdoados. Aliás, ao que tudo indica, já haviam sido perdoados há muito tempo.

     Perdoar é fundamental. Não porque o ofensor merece. Primeiro, é preciso por ser um mandamento do Senhor: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós” – Mateus 6:14.  E mais: “Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas” – Marcos 11:26. 

     Outro motivo pelo qual devemos perdoar é para nos libertarmos do pesado fardo cheio de mágoa, amargura, ressentimento, ódio e revolta. Tais sentimentos, segundo a Ciência, mas também segundo a Bíblia, só nos fazem adoecer em todas as áreas (emocional, mental, relacional, física e espiritual).

     O apóstolo Paulo apresenta mais uma razão pela qual devemos liberar perdão. Veja o que ele disse: “E a quem perdoardes alguma coisa também eu; porque o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos por Satanás, porque não ignoramos os seus ardis” – 2 Coríntios 2:10,11.

     Mas… Como seríamos vencidos pelo maligno? Simples: Ele usaria esses sentimentos ruins para nos torturar. Poderia levar-nos à depressão, ao desejo de vingança, à revolta contra Deus por supor que ele é o culpado pelo nosso infortúnio ou infelicidade. Para piorar, em muitos casos, ele sugere o suicídio como maneira de se livrar do sofrimento ou um assassinato. E o tiro de misericórdia é conduzir-nos à perdição eterna, pois quem não perdoa também não recebe o perdão de Deus – Mateus 6:15. Por isso, quando tomamos a decisão de perdoar, o maior beneficiado somos nós mesmos.

     Agora, o motivo final da ação de perdoar é libertar a pessoa que ofendeu e prejudicou. Sei que em muitos casos a pessoa não está nem um pouco preocupada com isso. Nesse caso, a responsabilidade é toda dela e as consequências também. O que importa de fato é que façamos a nossa parte, em obediência a Deus.

     Juntando-se a tudo o que já foi dito, existe outro motivo que o levou a ser honrado: reconhecer que sua capacidade de interpretar sonhos não vinha de si mesmo, mas do Senhor. Veja: “E respondeu José a Faraó, dizendo: Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó” – Gênesis 41:16. Isso demonstra que realmente conhecia a Deus e era humilde. Afinal, ele poderia aproveitar a oportunidade para se autopromover. Porém, não o fez. Deus a glória ao Senhor.

     Agora, só me resta dizer que faz alguns meses que venho refletindo sobre a história de José, especialmente sobre a parte na qual ele diz: “Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida a um povo grande” – Gênesis 50:20. E, mais uma vez, a conclusão a que cheguei é que Deus continua transformando o mal em bem, com um propósito: conservar-nos   com saúde relacional, física, mental, emocional e espiritual, ou seja, com vida de verdade. Talvez, seja por querer conservar seu casamento, sua família, seus filhos, sua integridade e dignidade, sua igreja e assim por diante.  

     Também concluí novamente que o caráter de uma pessoa não está diretamente ligado à sua idade, mas ao seu compromisso com o Senhor. Quando José foi para o Egito, tinha cerca de dezessete anos. Era muito jovem ainda. Mesmo assim, manteve sua fé, integridade, dignidade e fidelidade a Deus, a despeito de todas as dificuldades e tentações por que passou.

      Por isso, tentar justificar suas falhas com base na idade é, no mínimo, falta de hombridade e de humildade para reconhecer que errou. Mas não podemos nos esquecer das seguintes palavras: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” – Provérbios 28:13. E ainda: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” – 1João 1:9.

     Por fim, preciso registrar: Deus não aceita desculpas ou justificativas para o erro. Mas “a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” – Salmos 51:17.

 

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Mantenha distância

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Sempre que trafegamos pelas rodovias, ou mesmo em vias urbanas, vemos caminhões ou similares com a seguinte advertência: “Mantenha distância”. Normalmente, trata-se de veículos que transportam produtos inflamáveis ou corrosivos. Outros, porém, levam quaisquer tipos de cargas, mas, ainda assim trazem esse alerta.

Talvez, por ser algo muito comum, os olhos leem, mas o cérebro parece não mais dar a devida importância à mensagem em questão. Isso, obviamente, pode representar um grande perigo a quem se aproxima demais. Justamente por essa razão, é comum, até demais, ocorrerem acidentes gravíssimos, os quais poderiam ser evitados se os motoristas levassem a sério esse aviso. Vidas seriam poupadas. Sofrimentos e prejuízos diversos não fariam parte da vida de tantas pessoas, não é mesmo?

Fazendo uma analogia com as demais áreas da vida, ou seja, uma relação, correlação ou aproximação, veremos que há muita semelhança. Quando tratamos da área espiritual, isso fica ainda mais evidente. Por esse motivo, quero compartilhar com você algumas reflexões sobre a necessidade de manter distância do mal. Para isso, veja o que diz Jó 1:1: Havia, na terra de Uz, um homem chamado Jó, íntegro, reto (ou justo), que temia a Deus e fugia do mal.

Considero essa declaração bíblica sobre Jó como uma das mais belas a respeito de uma pessoa. Entretanto, além da beleza, nela existem preciosas lições, as quais, se compreendidas e acatadas, sem sombra de dúvida evitarão que sejamos atropelados pelas carretas e caminhões que trafegam pela mesma estrada da vida que este veículo tão frágil, que somos todos nós.

A primeira coisa que me chama à atenção é que esse homem era (re)conhecido por sua integridade, isto é, por ter-se mantido ileso, intato, que não foi atingido ou agredido. No texto em questão, quer dizer que ele não havia sido afetado negativamente pela decadência moral e espiritual existentes em seu tempo. Apesar de conviver com a desonestidade e a falta de valores éticos, morais e espirituais de seus contemporâneos, Jó continuava sendo honesto. E, se você almeja obedecer aos mandamentos divinos, também precisa viver dessa maneira.

A segunda é que o texto declara que ele era reto. Segundo o dicionário, essa palavra quer dizer “que não tem curvatura, cujo traçado é linear; direto, direito. Em outras palavras: significa que ele seguia pela estrada da vida sem se desviar nem para a direita nem para a esquerda. Isso me faz lembrar do que Deus disse a Josué: “Somente seja forte e muito corajoso! Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés lhe ordenou; não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda, para que você seja bem-sucedido por onde quer que andar” –Josué 1:7.

Pelo que percebemos aqui, Jó agia desse modo. Ele se mantinha dentro da linha traçada por Deus. Ao fazer essa declaração, lembrei-me da antiga propaganda de uma marca de tênis. Ela mostrava duas situações bem distintas. Numa, a pessoa começava a correr em linha reta, entretanto, em pouco tempo, ia tombando para a direita e trombava num poste, porque estava calçando uma marca qualquer.

Logo em seguida, a segunda cena mostrava alguém que corria à vontade, fazia as curvas normalmente e chegava ao seu destino sem o menor problema porque usava o calçado da marca X. Pelo registro bíblico, vemos que Jó era assim, pois usava o calçado da obediência à palavra do Senhor. Além disso, vemos que ele era direito, ou seja, seguia a lei e os bons costumes; justo, correto, honesto; andava de acordo com os costumes, as normas morais e éticas etc.; certo, correto, justo.

Certamente foi por isso que esse homem recebeu tanto crédito de Deus e um lugar de destaque nas páginas do Livro Sagrado para os cristãos. Mas isso não é privilégio dele, pois o Pai não tem filhos prediletos: “Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas” – Atos 10:34. Por isso, nós também precisamos e devemos ter tais características. Mesmo que vivamos no meio de tanta podridão moral, devemos viver dignamente diante do Senhor e dos nossos pares. Aliás, o Senhor não nos chamou para sermos iguais, mas diferentes (Romanos  12:2). Humildemente diferentes para o bem.

Outra razão que incluiu Jó nas Escrituras foi o fato de ser temente a Deus. Temer nesse caso não significa ter medo. O temor a Deus é um sentimento de Read the rest of this entry »

 

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Amado como Jesus

Deus me ama

Geralmente as crianças gostam de brincar com seus pais. Uma dessas brincadeiras é competir para ver quem ama mais o outro.  É até engraçado ver como são criativas na maneira de “medir” o tamanho desse amor.

Algumas delas chegam a declarar que esse sentimento pelos pais é maior que o mundo inteiro. Os pais, por sua vez, também dizem o mesmo. E, lógico, todos ficam muitos felizes. Afinal, quem não gosta de se sentir amado dessa forma?

Evidentemente, não é possível calcular a intensidade de um sentimento. Não existe um “amorômetro” para fazer a medição. No entanto, pode-se percebê-la e senti-la através de palavras, gestos e atitudes da pessoa que diz amar.

Não sei explicar por que, mas faz um bom tempo que sempre penso no quanto Deus nos ama. E, nessas ocasiões, sempre me vem à mente a fala de Jesus registrada em João 17:23: “Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste”.

Esse texto faz parte da oração de Cristo pelos discípulos. Veja a profundidade dele. O Senhor declara que o amor do Pai para conosco é igual ao do Pai para com ele. Isso gera em meu coração uma alegria sem medida. Ser amado por Deus dessa maneira é algo reconfortante e motivador, não é mesmo?

Mas há algo ainda melhor. Esse amor não está relacionado apenas à salvação eterna. Obviamente, seu objetivo principal e sua manifestação maior atingem seu ponto máximo no sacrifício de Jesus para nos salvar, como lemos em João 3:16: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Entretanto, ele vai muito além, pois Deus sempre nos surpreende, manifestando-o em todas as áreas da nossa vida. Podemos perceber isso diariamente através da paz que ele permite haver em nosso coração, mesmo quando passamos por desertos, vales, tempestades e pelo fogo. Vemos ainda seu amor materializado como, por exemplo, pela provisão diária do alimento, da saúde, do trabalho, da família e de tantas outras maneiras.

Talvez você até me questione, dizendo que não tem visto essas coisas em sua vida. Então, eu o convido a fazer uma lista, escrita ou mesmo mentalmente, de tudo aquilo que um dia você considerou como bênção recebida de Deus. Se o fizer com atenção e sinceridade, não há dúvida de que vai se surpreender com o tamanho dela.

Sendo assim, quero convidá-lo a alegrar-se grandemente por ser amado de forma tão intensa e singular.  Lembre-se de que Jesus era o Unigênito Filho de Deus. Logo, alguém muito especial. Ao enviá-lo para morrer em nosso lugar, o Pai estava fazendo a mais bela declaração de amor que já foi feita neste mundo. Aproveite o momento para, também, agradecer ao Senhor por amar você do mesmo modo e com o mesmíssimo amor com que ama Jesus.

 

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Movendo o coração de Deus

“Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações.”

(Esdras 8:23)

movendo o coração

Há muitas passagens bíblicas que tratam do assunto oração. Aprecio todas elas. Todavia, existem algumas que me cativam mais do que outras por causa da sua profundidade, expressando verdades tão importantes para a vida de quem deseja tocar e mover o coração de Deus. Uma delas está registrada em Esdras 8:21 ao 23.

Esse texto está no seguinte contexto: Esdras havia saído da Babilônia rumo a Jerusalém com a missão de reconstruir o templo, que fora destruído e, desde então, estava abandonado. Porém, como ele dissera a Artaxerxes, rei da Babilônia, que a bondosa mão do Senhor era com aqueles que o buscam, ficou com vergonha de pedir ao soberano a liberação de alguns soldados para fazerem a segurança da comitiva.

Diante disso, a única estratégia para fazer a viagem em segurança foi a que vemos a seguir: “Então apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos filhos e para todos os nossos bens” – v 21.

Que coisa linda! O mais belo, no entanto, vemos no versículo 23, o qual traz a seguinte declaração de Esdras: “Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações”. Assim, eles puderam chegar ao destino (Jerusalém) em paz, pois contaram com o exército do Deus Vivo para lhes dar a proteção necessária. E lá ele e seus ajudantes conseguiram realizar a obra para a qual se sentiram chamados: restaurar o Templo onde cultuavam ao Senhor.

Hoje também não é diferente, pois, como lemos em Malaquias 3:6, Deus não mudou. Também em Hebreus 13: 8 há uma confirmação dessa verdade: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente”. Sendo assim, também podemos desfrutar dessa bênção.

Eu não sei quais são suas necessidades neste momento. Contudo, de uma coisa estou convicto: você também pode mover o coração de Deus através do jejum e da oração. Isso porque, ao agir dessa maneira, demonstrará ao Senhor que reconhece sua limitação como ser humano e também que entendeu a necessidade de tirar um tempo para Ele, abrindo mão daquilo que gosta de comer, beber ou de fazer para falar sobre suas carências, angústias, decepções e da sua gratidão por todas as bênçãos já recebidas.

Talvez num primeiro momento você possa até supor que está perdendo tempo. Porém, mais tarde, verá que abrindo mão do que já possui para estar aos pés do Senhor em jejum e oração dará a oportunidade para Deus presenteá-lo com aquilo que você ainda não tem.

Portanto, faça como Esdras. Ele havia falado ao rei Artaxerxes que a mão de Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles (v 22). Mas não ficou apenas na fala. Ao contrário, buscou a face do Senhor e o coração Dele foi tocado. Você também pode tocar o coração do Pai. E, quando Ele se move por causa da oração e do jejum de um servo Seu, o milagre acontece. Pense nisso. Tire um tempo para falar com Deus sobre tudo o que considerar importante.

 

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